Superfreddie

Hulk Esmaga!


\"\"

Dois dias depois da separação

“Então, o motivo de você ter sido irônico, violento e preguiçoso nos últimos dias foi uma kryptonita vermelha?”

O microfone da repórter Carly Lane, que, nota-se, está com um semblante pesado, parecendo estar chateada, fica a poucos centímetros da boca do herói.

“Sim... infelizmente, esse novo tipo de kryptonita de alguma forma mudou minha mente, nublou meu julgamento. Por isso, fiz coisas deploráveis e das quais irei me arrepender pelo resto da vida.”

“Sem dúvidas, fez, Superman” a morena diz sarcasticamente “Contudo, Seattle e os Estados Unidos precisam saber: quais as garantias de que isso não ocorrerá novamente?”

“Eu... eu... não tenho como dar qualquer garantia. Até onde pude, verifiquei a existência de outros pedaços, mas não consegui localizar nada.”

“Então, corremos o risco de você perder o controle de novo, Superman?”

“Eu espero que não...”

“Benson!” - um berro tira a atenção de Freddie, que estava assistindo à TV disposta no centro de distribuição de tarefas do Planeta Diário. Era Perry White, editor do jornal.

Ele se aproxima do fotógrafo, dando-lhe um tapa forte no ombro.

“Benson, meu rapaz! A sua amizade com o Superman poderá vir bem a calhar neste momento, em que ele parece louco.”

“Hã... como assim, Sr.White?”

O homem mais velho, com um charuto na boca, coloca sua mão direita sobre o ombro de Freddie, conduzindo-o até a sua sala.

“Ora, filho... é óbvio que o Superman é o assunto do momento, e, como você estava vendo agora há pouco, o Seattle News já conseguiu uma exclusiva com ele... e, como você bem sabe, na parte escrita, nós que temos a maior quantidade de matérias sobre o alienígena, graças a você. Então, quero que você o entreviste, Benson.”

“Ele anda um pouco recluso, Sr. White.”

“Qual é! Convença-o a falar algo... faça isso e o contrato em definitivo.”

“Okay, vou tentar...”

“Bom garoto!”

O homem dá outro tapa nas costas de Freddie e volta ao seu escritório. O rapaz suspira, fazer uma auto-entrevista seria estranho, mas, ao menos, lhe garantiria um emprego fixo no jornal, algo que há muito tempo deseja.

Enquanto anda em direção aos elevadores, Freddie é interceptado por uma loira usando roupas ao mesmo tempo formais e sensuais. Era Cat Grant, repórter de entretenimento.

“Oi, Freddie...” ela disse, aproximando-se dele e pegando em seu braço.

“Oi, Cat.” ele responde um pouco seco.

“Fiquei sabendo que você e a Sam terminaram o noivado. Sinto muito...”

Freddie olha para o lado. Aquela lembrança ainda era muito dolorosa.

“É...”

Ela olha para ele de forma sedutora. De certa forma, seus olhos azuis lhe lembram os da Sam.

“Freddie... se você estiver disponível hoje, conheço um restaurante muito bom na Zona Norte, eu ficaria encantada se você pudesse ir.”

O rapaz coloca a mão direita sobre o ombro da garota, olhando-a com afeto.

“Olha, Cat... eu adoraria, mas é muito recente e ainda não me recuperei. Mas com certeza uma mulher bonita e gentil como você conseguirá algum ótimo pretendente por aí, com certeza melhor do que eu...”

O elevador chega e Freddie se despede da loira.

Cat pensa, Xi, pra ele falar desse jeito, será que chifrou a Sam? Melhor mesmo ficar longe desse aí, mesmo sendo gostoso... e volta para seu trabalho.

Duas semanas depois

Cabisbaixa, depois de chorar na noite passada – fato que tem se repetido sistematicamente todas as noites depois da separação – Samantha Lang anda pelas calçadas do centro de Seattle, desfrutando do seu período de almoço.

Aos outros, a mulher tenta passar uma imagem forte e resignada com a recente separação de Freddie Benson, mas, por dentro, ela bem sabe que ainda não conseguiu se recuperar. E nem sabe se algum dia conseguirá.

Após tentar se entreter com algumas vitrines de lojas de roupas, ela para em frente a uma banca de jornais, pois uma reportagem de capa de uma revista de fofocas lhe roubara a atenção. Ela pegou a revista em mãos.

Uma grande foto estampa a capa da revista: tratava-se do Superman, sentado na beirada do alto de um edifício, com a cabeça baixa, segurando seus joelhos. Seu semblante era de tristeza. Na chamada da reportagem, lia-se: O QUE ACONTECE COM O HOMEM DE AÇO?

“Eu vou levar esta”, a loira fala ao dono da banca, dando-lhe duas notas de um dólar.

Sam se senta em um banco localizado em uma praça arborizada, folheando com pressa a revista, querendo chegar à matéria principal.

Conforme seus olhos percorrem as linhas e parágrafos, Sam sente seu estômago revirar. Basicamente, a matéria tenta estipular o porquê do Superman ter estado disperso nos últimos dias, após o período de loucura causado pela kryptonita vermelha. Há diversas especulações, desde um plano secreto para a dominação do planeta até um suposto romance com aquela amazona de vestes vermelhas e azuis.

Sam suspira, sabe que não era nada disso. O problema do Homem de Aço era ela.

Em outro ponto da cidade, instalado em sua luxuosa torre, Nevel Papperman folheava a mesma revista que Sam lia, mas, ao contrário da jovem, o bilionário se deleitava maquiavelicamente com a má fase do super-herói.

“Rê, rê, rê... maldito alienígena... há quanto tempo eu esperava pelo momento em que você revelaria a sua verdadeira faceta.”

Nevel larga a revista sobre sua mesa, começa a pensar sobre o assunto. Seria o momento ideal para lançar um benfeitor sob sua influência para apagar de vez a presença do Superman em Seattle. Ele então aciona o intercomunicador, chamando sua secretária.

“Srta. Jones, por favor, peça para algum motorista preparar meu veículo, eu estarei na garagem em dez minutos. Ah, e ligue para o laboratório de ciências experimentais. Visitarei o Banner.”

E, naquele instante, Bruce Banner estava no corredor dos laboratórios pertencentes ao gigantes aglomerado da NevelCorp. Banner era um homem bastante retraído, tanto que andava até curvado, olhando para o chão.

Um de seus poucos amigos na empresa era Tony Stark, que inexplicavelmente sempre o tratara bem. Mas agora estava morto, fora encontrado enforcado em sua cela, depois de enlouquecer, auto-denominar-se Homem de Ferro e ser derrotado pelo Superman.

E agora toda a responsabilidade de gerar um super-herói que ofusque as ações do Superman recaíam somente nos esquálidos ombros de Bruce Banner.

Ultimamente, o cientista tem dormido pouco, trabalhado muito, mas ainda não conseguira desenvolver um soro que desse poderes a um ser humano normal. Os testes ainda não haviam dado certo sequer em macacos, imagine-se em humanos.

“Dr. Banner?”, vem ao seu encontro uma mulher jovem, de aproximadamente 25 anos, com um jaleco branco e uma prancheta em mãos.

“S-Sim, Ariel?”

“A secretária do Sr. Papperman pediu para lhe informar que ele está vindo visitar o laboratório.”

Oh, não!, pensa aterrorizado o cientista, que arregala seus olhos e começa a suar frio.

“Dr. Banner, tudo bem?”

“E-eu... estou... só preciso tomar um ar...”

E a estagiária olha para aquele homem atormentado, que sai de perto dela, em passos vacilantes.

Nevel era o pesadelo de Banner. A simples menção de que ele vinha visitá-lo o faz tremer.

Banner sempre foi uma pessoa tímida e medrosa, apesar da inteligência fora do normal, aspecto percebido desde muito jovem. Talvez na infância esteja localizada a origem de seus medos e insegurança; seu pai, também cientista (menos brilhante que o filho), fora o responsável pela morte da esposa e mãe de Bruce. Como órfão, fora adotado por uma família que nunca lhe deu apoio apropriado.

Ainda assim, sua genialidade se sobressaiu, tornando-se ainda jovem um prodígio na ciência da genética. A notícia de que clonara um camundongo superforte logo chamou a atenção de Nevel, que lhe fez uma proposta irrecusável.

Contudo, pouco avançou nesses anos. Conseguiu criar um soro que deu superforça a chimpanzés, o equivalente animal mais próximo dos humanos, mas em todos os testes as cobaias ficaram fora de controle, tornando inviável testes em humanos.

De repente, enquanto vislumbra o exterior por uma vidração, Banner é interrompido por um pigarro.

“A-heim... espero não estar incomodando em suas divagações, Doutor.”

Bruce quase sente seu coração pular pela boca.

“S-Senhor P-Papperman...”, ele tenta falar sem gaguejar.

“Sim, Bruce. Eu mesmo. Estou aqui para saber a quantas anda o nosso soro do supersoldado...”

Papperman não parecia alegre, o que faz Bruce ficar ainda mais nervoso.

“É... é... estamos... aprimorando...”

“Bruce Banner!” O atarracado homem coloca o dedo em riste à frente do cientista, falando em um alto tom “Há anos eu pago para você o maior salário de um cientista no mundo! E, como contrapartida, esperava o desenvolvimento desse maldito soro do supersoldado!”

“V-veja bem... o desenvolvimento inclui m-muitas etapas...”

“Maldito Banner, sugador de recursos! Vou te dar apenas mais uma semana para desenvolver essa lástima de soro, ou contratarei o Dr. Cavill, jovem que está impressionando a comunidade científica com seu trabalho!”

“S-S-Senhor P-Papperman...”

Nevel agarra o colarinho de Banner com as duas mãos, fazendo-o arregalar seus olhos.

“Uma semana, Banner. Uma semana!”

E, dito isso, Nevel Lex Papperman dá as costas ao amedrontado geneticista, que precisa ir ao banheiro para jogar uma água no rosto.

Algumas horas depois, à frente de um avançado computador que simula resultados, Banner, de forma nervosa, aciona-o e adiciona uma equação que espera funcionar na fabricação do soro. À sua frente, um holograma mostra um chimpanzé cujo DNA havia sido inserido no sistema, emulando suas reações aos soros.

Oh, Senhor... que funcione...

Ao lado do holograma do macaco, há barras de medição, notadamente força, resistência, velocidade, força vital, entre outros. Quando o macaco está sem qualquer improvimento, essas barras permanecem no nível amarelo.

Depois que Bruce insere virtualmente o supersoro, a simulação do primata começa a grunhir e bater, mas pouco depois se estabiliza. As barras se preenchem do amarelo para o verde, indicando que sua força, resistência e outros atributos tinham se elevado ao máximo.

“Eu consegui!”, comemorou animadamente o cientista.

Analisando mais detalhadamente os dados, Bruce aferiu que o chimpanzé virtual estava cem vezes mais forte do que o seu normal. Com um comando, ordenou ao sistema que fabricasse o supersoro.

O próximo passo era testar o supersoro em seres humanos, cuja complexa compleição genética era impossível de se reproduzir em um ambiente virtual, mesmo nas poderosas máquinas do complexo NevelCorp, as mais avançadas do planeta.

Por precaução, os testes em humanos não deveriam ocorrer em menos de seis ou mais meses; contudo, o momento era decisivo, Nevel queria desesperadamente resultados em humanos, esperando criar algum super-herói ligado à NevelCorp, aproveitando que o planeta inteiro desconfiava do Superman.

Por mais que fosse confortável requisitar um voluntário, Bruce não poderia fazer isso sem uma margem de segurança adequada; era um bom homem, não colocaria a vida de outro em risco desnecessariamente. Mas, ao mesmo tempo, tinha de manter aquele emprego, ou estaria fadado ao desconhecimento junto à comunidade científica.

Banner vai até o seu WC privativo. Uma vez lá dentro, fica em frente ao espelho. Tira seu jaleco e a camiseta que veste por baixo, ficando com o magro e esquelético torso exposto.

Será que eu devo...?

Ele veste novamente as roupas, sai pelo corredor; a esta hora, o complexo científico está vazio, todos já haviam ido embora.

O cientista vai até a máquina responsável pela fabricação do supersoro, abre uma portinhola e retira dali um frasco com uma solução verde, que ele verifica através da iluminação da sala.

Ele pensa bastante sobre as possibilidades. Sempre fora fraco e ridicularizado por todos, criar alguns músculos, ainda que de forma artificial, certamente lhe faria muito bem.

Quase involuntariamente, o cientista enche uma seringa de pressão com a solução.

Olhando fixamente para a solução, Banner reflete mais uma vez; estava farto de ser fraco... e, sem pensar mais, tira o jaleco, arregaça a manga da camiseta e pressiona a seringa de pressão contra seu braço.

“Ungh!”

Ele sente o líquido queimar na medida em que seu sistema circulatório espalha o soro pelo seu corpo, e imediatamente começa a se arrepender do que havia feito.

Banner sente uma pressão em seu peito, que o obriga a se ajoelhar no chão, curvando-se, na tentativa de aliviar a dor.

O cenário continua por alguns minutos, até que a dor simplesmente se vai, como se o cientista nunca houvesse injetado o supersoro em si próprio. Em princípio, Bruce se sente bem; levanta-se e fica curioso para ver as mudanças no seu corpo.

Ele fita uma pesada mesa de mármore, que com certeza Banner nunca teria força para levantar. Confiante, aproxima-se da peça de mobília, apanha sua borda e tenta levantá-la.

Faz toda a força que pode, mas não consegue erguê-la sequer um milímetro.

Ou seja, estava tão fraco quanto antes.

“Raios... vou ter de emular uma nova fórmula...”

Bruce Banner levanta seus óculos e massageia a região dos olhos. Estava cansado, não adiantaria nada ficar lá, nada de útil sairia de sua mente.

Ele deixa o jaleco pendurado e vai embora.

0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0

Sam estava enclausurada em seu apartamento, quando é retirada de seus devaneios por um toque na campainha. A loira se levanta e olha pelo olho mágico.

Se não identificasse a pessoa que estava do outro lado, diria que estava olhando ao espelho: era sua irmã gêmea, Melanie.

Um sorriso brotou do nada em seus lábios, e ela abriu a porta apressadamente.

“Mel! Há quanto tempo!” Sam exclama, abraçando sua irmã.

“Oi, mana... vim assim que pude.”

Sam dá passagem para que Melanie adentrasse o apartamento.

Melanie se senta no sofá, pega a mão da irmã.

“Eu fiquei sabendo, Sammy. Por que acabou, hein?”

Os olhos da outra loira se enchem de lágrimas.

“O Freddie... me traiu.”

“Traiu? Dormiu com outra? Com quem?”

Neste momento, Sam precisa segurar a sua língua, ou acabará contando o segredo do maior herói do planeta.

“Não, diz ele que só beijou e quase chegou nos finalmentes... com uma... amiga da faculdade com quem ele antigamente tinha um rolo. Ele... estava bêbado.”

“Oh, isso é ruim... mas, como você soube?”

“Freddie me contou...”

Melanie torce a boca.

“Aparentemente, ele se arrependeu, então...”

“Mas não deixa de sentir desejo por outra. Por isso eu acabei tudo com ele.”

“É... fica difícil discordar. Apesar de que não há pessoa que não sinta atração por outras, Sammy. Mesmo amando outra. Até mesmo você, que foi a traída da situação. Não me diga que não acha o George Clooney um gostoso?”

Sam detestava quando Melanie tentava fazê-la de caso de estudo. A irmã era uma psiquiatra muito boa, ainda que jovem, atendendo diversos pacientes em Michigan; inclusive, estava com planos de escrever um livro sobre deficiência de atenção.

“Não comece a analisar o meu problema com o Freddie!”

“Okay, não vou...”

“Ótimo. Você deve estar com fome, vamos jantar...”

As gêmeas preparam rapidamente uma refeição e se sentam à mesa, saboreando-a. Melanie notadamente comia menos do que a irmã, apesar de também gostar muito de comida bem feita.

“Ah... que saudades da nossa comidinha de supergêmeas...” Melanie se espreguiça no sofá, acariciando a barriga.

“Eu também, Mel.”

Na TV ligada na sala passavam imagens do arroubo de loucura passado pelo Superman recentemente, onde ele quase matou os mutantes Samantha e Richard, agora presos na ala de supercriminosos da penitenciária Riker.

“Que coisa o Superman perder o controle assim, não? Fiquei sabendo que foi por causa de um novo tipo de kryptonita...”

“Sim... uma kryptonita vermelha.”

“Hum... pelo que pude perceber, essa pedra deve tê-lo afetado inibindo seu superego. Assim, todos seus desejos ocultos devem ter vindo à tona. Não duvido que ele tenha pensado em algum momento em dominar o planeta.”

Sam se põe um pouco à frente, curiosa com o que a irmã havia acabado de lhe falar.

“Como assim?”

“Bom, segundo Freud, nós somos compostos de três vertentes que equilibram nossa personalidade: id, ego e superego. O id é o lado selvagem, dos instintos primários. Fome, sexo, violência, entre outros. O superego é o oposto; tem todas as definições do que é certo, é o nosso lado responsável. Já o ego é quem decide qual lado deve ser ‘libertado’, é ele quem media as duas contrapartes. Pelo que entendi, o Superman deve ter tido seu superego afetado.”

“Será?”

“Bem provável. Ainda bem que o julgamento dele é muito forte; imagine as milhares de tentações que o homem mais poderoso do planeta não deve ter? Inclusive, acho que essas acusações sobre ele são injustas...”

Sam nada responde. No fundo, uma ponta de esperança surge em seu âmago.

0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0

Freddie, trajado como Superman, observava a cidade do alto do prédio do Planeta Diário, que continha um enorme globo terrestre, onde ele estava sentado. Como sempre, poucos criminosos faziam algo, pois qualquer um da cidade já estava ciente que provavelmente criminosos seriam pegos pelo kryptoniano.

Há duas semanas (mais especificamente, depois da separação) Freddie não dorme.

O jovem não sente vontade de fazê-lo, e, no fundo, tem medo de que sonhasse com a amada. Como kryptoniano, Freddie não tinha necessidade de dormir; contudo, tinha necessidade de ficar ‘offline’ e deixar sua mente sonhar, ou provavelmente ficaria louco.

Mas, apesar de sua mente estar cansada, o corpo continuava afiado. Então, Freddie evitava dormir, até que fosse inevitável.

O inferno astral em que estava parecia não ter fim; mesmo quando salvava pessoas, estas o tratavam com desconfiança e, em geral, eram pouco amáveis. Paciência é uma virtude, sempre dizia seu pai Jonathan, então Freddie persistia ate que todos voltassem a confiar nele.

Uma recepção de rádio chama sua atenção. Mais uma vez, desmoronamentos haviam ocorrido no Brasil.

Ele se levanta e alça voo até o país tropical.

0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0

No dia seguinte, Bruce Banner, ainda fracote, caminha em círculos em seu escritório. O supersoro fora inefetivo, o cientista tinha de buscar outras soluções.

Alguns minutos antes, lera um e-mail enviado diretamente por Nevel Papperman, o que colocou ainda mais pressão no pobre homem. Precisava pensar em algo... talvez irradiar com mais radiação gama o supersoro.

Ele rapidamente foi ao laboratório central, onde ordenou que seu assistente, Ricky Jones, preparasse o aparelho de radiação gama para que fosse utilizado o mais rápido possível.

“Okay, Doutor Banner, está feito, a radiação será liberada em dois minutos. O que faço agora?”

“C-Coloque uma amostra do soro do supersoldado naquele suporte.” - o cientista diz, apontando para o suporte localizado dentro da câmara anti-radiação.

O assistente, um rapaz de cabelos castanhos escuros, apanha um tubo contendo o supersoro, adentra a câmara e o coloca no suporte. Entretanto, seu relógio prende na máquina; normalmente, conseguiria soltá-lo facilmente, mas, como já estava ciente de que a contagem regressiva fora acionada, desespera-se e acaba ainda mais preso à máquina.

“Ricky, saia daí!”

Bruce corre, abre a porta do compartimento e pega o rapaz pelo braço. Faltavam menos de trinta segundos para a liberação da radiação gama.

O cientista faz força, puxando o braço do rapaz, mas não consegue livrá-lo. Quando finalmente consegue soltar o relógio, faltavam apenas cinco segundos para a liberação, então, ele joga o rapaz para trás e coloca seu próprio corpo à frente dos módulos de força, que o irradiam com ondas gama.

“Aaaaahhh!!!” - ele berra e cai desacordado.

0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0

Nevel estava visitando um site de roupas finas e antiquadas quando é interrompido por sua vice-presidente, Valerie, que adentra o escritório, sem sequer se anunciar. Era a única de toda NevelCorp com coragem para fazê-lo.

“Nevel, estamos com um problema sério...”

Ele dá ALT+TAB e olha para sua Vice-Presidente.

“Hã... sim?”

“O Banner... sofreu um acidente no laboratório de desenvolvimento do do soro do supersoldado... parece que recebeu uma carga de raios gama...”

Nevel esfrega a região dos olhos, pega uma caneta e começa a bater com ela na mesa de mogno.

“Oh, céus... que lástima... era tudo o que eu precisava: notícias de um dos maiores cientistas do planeta sofreu um acidente mortal... Qual é a situação atual dele?”

“Bem, pelas últimas notícias que tive, está estável. Precisam verificar se há resíduos de contaminação gama em seu corpo.”

“Raios, não há o que fazer, então. Mantenha-me informado sobre a situação daquele ridículo.”

Valerie acena com a cabeça e sai do escritório.

Nevel aciona o interfone.

“Srta. Jones, queria saber se a senhorita já encaminhou uma equipe ao meu flat privativo, conforme lhe ordenei há duas horas?”

“Sim, senhor.”

“O local foi devidamente enfeitado com as flores importadas da América do Sul? As garrafas de Don Perignon foram enviadas?”

“Sim, tudo providenciado, senhor.”

“Ótimo.”

Nevel desliga o aparelho e esfrega as palmas de suas mãos; nesta noite, ele havia combinado um encontro especial com Carly... e, para tanto, havia reservado seu flat, que o bilionário normalmente utilizava como abatedouro.

Naquela noite, Carly seria definitivamente sua...

0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0

Bruce havia passado uma tarde bastante agradável, apesar de estar em um hospital; seus colegas o haviam visitado, demonstrando um carinho que ele nunca sentira na NevelCorp. Ricky em especial parecia muito agradecido pelo fato do cientista tê-lo salvado. Fizeram até a gentileza de lhe trazer sua calça de pijama favorita, na cor roxa.

Conforme fora avisado, aparentemente Banner não estava infectado pela radiação gama; neste momento, estava apenas em observação, com previsão de ser liberado no dia seguinte.

Depois que todos vão embora, o cientista fica sozinho em seu quarto, sentado sobre a cama, com as pernas pendendo para fora. Ele pega sua carteira, abre-a e retira de um dos plásticos uma foto de uma bela mulher de cabelos castanhos e olhos azuis.

Tratava-se de Betty Ross, a única mulher com quem Banner se envolvera em toda a sua vida.

Namoraram por anos, mas a mulher não aguentou a indecisão de Bruce, abandonando-o por um militar chamado Glenn Talbot.

Glenn Talbot.

A simples lembrança daquele milico odioso faz o sangue de Banner ferver. Mas o estranho é que ele jamais se sentira assim antes....

Bruce coloca a carteira no criado mudo e pega um copo com água, bebendo um pouco logo em seguida.

A água estava... quente. Muito mais quente do que deveria estar!

O cientista arfa... algo estava errado, um ódio imensurável começa a tomar seu ser, sentia que nada no mundo estava a seu favor.

Banner começa a suar. Seu coração começa a bater mais forte.

Ele olha para seu crachá, que estava pendurado em um suporte disposto na parede oposta à onde estava sua cama. A simples visão da logomarca da NevelCorp o irrita.

O irrita porque o faz se lembrar de Nevel, o odiável e tacanho Nevel...

“Rargh...”

O homem involuntarimente bufa, sua respiração acelerando. Ele se senta na cama, soca o colchão, cerra os dentes.

Bruce olha para os lados, tudo parece borrado.

“Argh... o que está acontecendo comigo?!?”

Banner cai ao chão, de quatro. Sua musculatura começa a crescer de forma espantosa, a camisa branca do hospital começa a se rasgar.

“Sr. Banner? Algum problema?” - um enfermeiro vem em auxílio ao homem.

“Nevel...!” ele grunhe, batendo com os punhos no chão; onde há impacto, criam-se rachaduras. A região de suas veias começa a ganhar um tom esverdeado.

“Sr. Banner, por favor, acalme-se...” o enfermeiro coloca as mãos sobre os ombros de Bruce, tentando acalmá-lo.

“Banner... fracote... Hulk...” Bruce começa a se transformar, sua musculatura crescendo constantemente, seu corpo fica esverdeado. “Hulk esmaga Nevel...”

“Hulk? O que é isso, oh, meu Deus...”

O enfermeiro é atirado longe, batendo em uma parede e ficando inconsciente. A esta altura, Banner não mais existia: quem comandava aquele corpo era o Hulk, uma criatura que há anos estava oculta dentro da psique de Bruce Banner, acumulando seu ódio por todos que o desprezavam, e que finalmente viu uma chance de emergir e assumir o controle.

“RAAAAARRGH!!!” o gigante berra, socando a parede do hospital, destruindo-a.

“HULK ESMAGA NEVEL!”

“Deus, tem um monstro verde aqui!” uma enfermeira exclama, ao ver a figura gigantesca de 2,5 m de altura pisando forte pelos corredores do hospital. Seguranças pulam em cima do monstro, mas são atirados longe como se fossem formigas.

O gigante verde salta e atravessa dois pisos, saltando em seguida novamente até que alcançasse o teto.

Ao ver a cidade de Seattle por cima, Hulk solta um grunhido altíssimo, saltando novamente e caindo no meio do centro da cidade.

Ele tinha um objetivo: o prédio administrativo da NevelCorp.

0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0

Samantha Puckett estava tomando café e praticamente o cospe quando vê na tela da TV as imagens de um monstro verde destruindo a cidade.

“Pessoal, tem um 738 ocorrendo no centro da cidade! Vão pegar suas armas, e vamos logo, seu bando de molengas!” - a loira comanda para seus soldados.

Em poucos minutos a unidade da SWAT chegou ao local, totalmente destruído; no centro do caos, uma criatura com aparência humana, mas extremamente musculosa e gigantesca, trajando somente uma calça roxa.

“HOMENZINHOS FRACOTES, SAIAM DO CAMINHO DO HULK!” - a criatura bradava com toda a força dos seus pulmões, atirando veículos em prédios, destruindo frentes de edifícios e espantando os incautos que cruzavam com ele.

“Meu Deus, o que é isso?” - Sam exclama, enquanto ordena com as mãos para que sua equipe se alinhasse. Utilizavam o armamento mais pesado possível, o que era necessário em casos de ataques de meta-humanos.

“Equipe, vamos chamar a atenção desse monstrengo!”

Os policiais, em linha, começam a atirar no gigante esmeralda, que se protege com o antebraço; ainda que as armas fossem de um grosso calibre, as balas apenas ricocheteavam na pele invulnerável do monstro, só o deixando ainda mais nervoso.

“RARGHHH!!! HOMENZINHOS ESTÚPIDOS QUEREM ATIRAR NO HULK! MAS HULK SABE COMO TIRAR ELES DO CAMINHO!”

A criatura levanta um caminhão tanque e o joga em direção aos policiais.

Sam tem apenas tempo para pensar em como gostaria de ver Freddie uma última vez, na medida em que vê o caminhão se aproximar, prestes a esmagar ela e toda sua equipe de policiais.

Mas, como que por um milagre, o caminhão para como se estivesse flutuando, a poucos metros das pessoas.

Não era um milagre; era o Superman, que segurava o caminhão pelo chassi.

O herói abaixa gentilmente o caminhão, assoprando e extinguindo uma chama que poderia fazer o tanque explodir.

“O que diabos é aquilo?” ele pergunta, vendo a criatura, que estava a trezentos metros de distância.

Sam toma a frente da equipe, falando com o herói e procurando ignorar que provavelmente seu amado iria entrar em combate com uma poderosa criatura.

“Ele se auto-denomina Hulk, é muito forte... destruiu metade do Centro da cidade, parece ter vindo do hospital central. Ele também é invulnerável, atiramos contra ele com nosso melhor, sem nenhuma eficácia.”

Os dois superseres se encaram por alguns segundos.

“Capitã Puckett, peça para seus homens afastarem as pessoas deste perímetro. Vou tentar conversar com ele, mas não sei o que vai acontecer... peça para os bombeiros ajudarem os feridos, vou procurar mantê-lo distraído.”

Sam dá ordem para que seus homens obedeçam ao kryptoniano, que voa em direção ao monstro verde.

Superman anda calmamente até o Hulk, sem demonstrar agressividade.

“Calma, amigo. Não queremos mais encrenca. O que você quer?”

O gigante dá alguns passos em direção ao herói, e ambos ficam se encarando a menos de dois metros de distância.

“HULK CONHECE VOCÊ, HOMENZINHO DE CAPA. VOCÊ SE ACHA O MAIS FORTE DO MUNDO, MAS É O HULK QUE É O MAIS FORTE DE TODOS!”

“Olha, Hulk, amigo, ninguém precisa provar...”

Contudo, antes que o kryptoniano terminasse a frase, o gigante esmeralda o agarra pelo pé direito, batendo-o no chão como se fosse um boneco de pano, por cinco vezes seguidas. Buracos são feitos a cada vez que o Homem de Aço atinge o chão.

Ao final, Hulk o larga, totalmente abalado.

“AGORA HULK TE ESMAGA, HOMENZINHO FRACOTE!”

O gigante junta suas mãos e golpeia o herói, mas este consegue bloquear o golpe, aparando as mãos com as suas próprias. Ele afunda no chão devido ao poder do golpe.

Freddie faz força e consegue atirar Hulk para trás.

Levanta-se e olha ao redor; havia pessoas feridas muito próximas, ele não podia lutar naquele lugar. Mas o Hulk não se importava com isso: com um salto, estava logo à frente do herói, agarrando sua cabeça com sua mão direita e batendo com ela no prédio que estava atrás dele.

Hulk golpeia seguidas vezes.

Sam olhava com desespero enquanto os dois titãs se digladiavam, e percebera que Freddie estava em desvantagem. Mais uma vez, ela teme pela vida de Freddie.

Ao final, solta Freddie, que cai ajoelhado ao chão; o prédio havia sido avariado em sua base e agora ameaçava ruir.

O monstro sentiu que havia vencido o herói, e resolveu continuar sua busca: liquidar o tacanho Nevel Papperman.

“HAH! AGORA HULK ESMAGA NEVEL!”

Após alguns segundos, Freddie se recupera e olha para onde Hulk havia ido; contudo, os ruídos do prédio ruindo lhe chamam mais a atenção do que o monstro esmeralda. Ainda havia gente dentro do edifício, 46 pessoas, todas correndo risco de morte.

Freddie voa e apoia a parte que ameaça ruir, contrabalançando o prédio. Tinha de ficar lá até que todas as pessoas saíssem, e depois ainda teria de tentar reparar o edifício da melhor maneira possível para que aguentasse até depois da luta.

O Hulk teria de esperar.

0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0

Naquele momento, Nevel estava em seu escritório, olhando para a TV, que mostrava a luta desesperada dos dois seres superpoderosos, que devastava a cidade. Ele sabia que o monstro verde era ninguém menos do que Bruce Banner, aquele por quem Nevel destilava tanto desprezo.

Mesmo através dos precários microfones das equipes de TV, era possível distinguir que o monstro vinha ao seu encalce; na realidade, em poucos minutos estaria lá.

Nevel se levanta. Valerie, Chloe e a Srta. Jones, que estavam no seu escritório, o observam.

“Valerie, acione o código de evacuamento do complexo. Não quero ter a má publicidade de vidas de funcionários da NevelCorp perdidas. Depois, junte-se a mim, à Chloe e à Srta. Jones, nós vamos sair daqui por meio do meu helicóptero particular. Aquela besta indomada não saberá onde me localizar.”

0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0

Em saltos enormes, a montanha de músculos verde vai chegando ao seu destino, alheia ao fato de que seu principal alvo já estava a quilômetros dali. Pelo seu caminho, Hulk vai deixando um rastro de destruição e centenas de pessoas feridas.

De repente, enquanto para para atirar um automóvel em um edifício, Hulk vislumbra um borrão azul, e logo depois sente um forte golpe no seu queixo, fazendo-o cair sentado metros atrás.

Ainda sem se recuperar, o monstro sente ser carregado pela cintura em alta velocidade, até ser atirado contra um morro, localizado a vários quilômetros de Seattle, fazendo um buraco nele.

“ARGH... QUEM BATEU NO HULK?”, grunhe a criatura, coçando sua cabeça.

O Superman, com os olhos incandescentes, flutua à frente do titã.

“Eu... o amigão da vizinhança. É hora do segundo round.”

Superman arremete contra o Hulk, e os dois combatentes se engalfinham em uma luta feroz, onde o que conta é o poder de cada golpe, técnicas sendo deixadas de lado pelo kryptoniano.

Freddie soca três vezes o rosto do monstro, mas é novamente jogado ao chão, onde Hulk pisa em cima dele, afundando-o no solo.

A visão de calor é acionada e atinge o peito do monstro, que urra de dor.

O herói utiliza seu sopro ártico e congela a mão do gigante, mas este pouco se abala, golpeando a cabeça do herói com o gelo, fazendo-o recuar. O monstro dá um chute reto no peito do Superman, jogando-o longe.

Enquanto isso, a bordo de um helicóptero a vários metros do solo, Carly Lane mostrava a épica batalha, ao lado de seu fiel escudeiro Jimmy Olsen.

“Superman parece ter extrema dificuldade em deter o monstro chamado Hulk. Os dois combatentes estão lutando ferozmente na floresta XXX, para onde o herói levou a luta, provavelmente para que ameçar a mínima quantidade possível de vidas inocentes...”

Dentro do furgão de operações táticas, Samantha olha com ansiedade para o monitor, que reproduz as cenas da feroz luta. Quase sem que percebesse, a jovem junta as suas mãos e começa a orar pelo ex-noivo, que estava com dificuldades para deter a criatura verde.

A loira já havia visto Freddie em desvantagem, notadamente contra o Homem de Ferro e contra os três kryptonianos, mas jamais o havia visto lutar de maneira tão selvagem contra alguém.

As proporções do embate eram tão estupendas que, de onde ela estava, quilômetros distante, era possível ouvir os sons da batalha, parecidos com sons de trovão rasgando a cidade de Seattle.

No epicentro do caos, Superman chuta o Hulk no estômago, fazendo a criatura se arquear; ele se prepara para dar um upper no gigante, mas este se recupera rapidamente, agarrando-o pelos ombros e dando uma cabeçada no herói, que cai sentado no chão, atordoado.

O gigante esmeralda aproveita para pegar os dois braços do herói, esticando-os e levantando o Superman do solo, como se estivesse crucificado.

“AGORA HULK QUEBRA NO MEIO O HOMENZINHO DE CAPA!”

Freddie sente uma terrível pressão nos dois ombros, sentindo que o monstro está prestes a destroncá-los. Com uma expressão de dor, ele olha para o monstro.

“Aaaarrrhhhh... ú-última chance de se render, s-seu abacate tamanho família...”

“HULK NÃO É ABACATE, HULK VAI DESTRUIR HOMENZINHO!”

“Tá bom, eu avisei.” - o rapaz murmura.

E, num relance, Freddie aciona sua visão de calor, atingindo o monstro nos olhos; Hulk cambaleia para trás, atordoado com a dor lancinante na sensível região.

O herói se posiciona à frente do monstro, dando um gancho de direita na região do fígado do Hulk; o golpe é tão forte que uma onda de choque varre um raio de vinte metros do epicentro, levantando folhas e desfolhando arbustos próximos.

“AAARRGHHH!!!”

Hulk arqueia devido ao dolorido golpe.

Superman afunda seus pés ao chão, aproveitando o impulso para desferir, com os dois punhos unidos, um fortíssimo uppercut bem no meio do queixo do Hulk, que o levanta a uma altura de aproximadamente cinquenta metros.

Quando a criatura atinge a altura máxima, Superman já estava lá, esperando-a. Ele segura na cintura do Hulk, arremetendo com velocidade máxima em direção ao chão; em milésimos de segundos, um poderoso estrondo é ouvido a centenas de quilômetros, e um tremor é sentido em toda a região de Seattle. No local, levanta-se um cortina de poeira, deixando tudo escuro.

Quando a poeira assenta, verifica-se, no meio de uma cratera de 50 metros de raio e dois metros de profundidade, a imagem do Superman, em pé à frente do corpo estendido do Hulk, nocauteado com o golpe recebido segundos atrás.

“O Superman venceu!” dizia Carly, deixando um pouco de lado o profissionalismo e exaltando o feito do herói, aliviada.

Freddie está exausto; sua capa estava toda estraçalhada, seu rosto, ferido; as bases dos seus metacarpos sangravam, em razão dos golpes dados na dura pele do Hulk. Nunca lutara de forma tão selvagem contra alguém, mas ele não podia descansar; tomou fôlego, tomou o corpo do Hulk em seus braços e saiu voando em direção à Fortaleza da Solidão.

Em poucos minutos lá estava.

O herói coloca o corpo do gigante em um tubo.

“Kelex, coloque essa criatura em êxtase! Rápido, antes que ele acorde!”

Um luz azul envolve o corpo do Hulk, colocando-o em animação suspensa. O kryptoniano suspira aliviado.

“Por Deus... essa coisa quase arrancou minha cabeça...”, desabafou Freddie, sentando-se em uma cadeira disposta à frente de um terminal, finalmente relaxando. Ele desativa seu disfarce e seu uniforme, e aproveita para passar a mão pelo seu rosto, que estava dolorido. Os ferimentos das mãos já estavam cicatrizando, obra de sua genética kryptoniana bombada pelos raios solares amarelos.

“Por favor, Kelex... faça uma varredura do DNA desse Hulk. Eu vi que ele possui níveis de radiação gama altíssimos, quero ver se consigo ajudá-lo.”

E o kryptoniano analisava detalhadamente cada dado que aparecia no monitor logo à sua frente, procurando soluções para o pobre Bruce Banner.

0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0

Próximo da uma da manhã, depois de um jantar luxuoso, Carly e Nevel estavam no flat localizado na cobertura do prédio mais luxuoso de Seattle, pertencente ao jovem e ambicioso bilionário.

Os dois olhavam para a cidade, instalados confortavelmente na sala do imóvel, rodeada por vidraças que possibilitavam visualizar o exterior, mas não o contrário, de fora, era impossível ver o que ocorria dentro. Carly segurava o braço de Nevel.

"Não fosse o Superman, talvez esta cidade inteira estivesse destruída, não, amor?"

"Humpf. Duvido, minhas forças especiais teriam dado conta daquela criatura; isso se ela não tiver sido inventada pelo Superman."

"Que paranoia essa com o Kal-El, Nevel..."

"Kal-El? Que intimidade é essa?"

"Ora, ele é... era... meu amigo..."

"Lastimável..."

"Mas deixe ele pra lá. Hoje, sou só sua..."

Carly beija profundamente Nevel. Por um instante, ela para e começa a desabotoar a camisa de seda do bilionário, percorrendo suavemente com a ponta de seus dedos a pele do peito dele, que não possuía nenhum pelo.

"Me possua, Nevel..."

0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0

Bruce Banner lentamente abre os olhos, as imagens borradas vão tomando forma: primeiramente, ele vê um teto de madeira rústica; com um pouco de esforço, ele levanta um pouco o pescoço e vê que está deitado em uma cama de madeira, ao lado de um criado mudo também de madeira, tudo à volta parecia bastante rústico.

E, ao seu lado, ele percebe um homem forte, com um uniforme azul e capa vermelha, sentado em uma cadeira. Sua mente imediatamente associou-o ao Superman.

"Bom dia, Doutor Banner. Fico feliz em saber que o senhor acordou."

"O-Onde... onde eu estou?" - pergunta o cientista, que estava vestido com um confortável pijama feito de um tecido desconhecido por ele.

"No interior da Venezuela, em uma cabana."

O confuso homem se senta na cama, coçando a cabeça.

"O-O que aconteceu? Como eu vim parar aqui?"

Superman coloca a mão direita sobre o ombro do franzino homem, dando-lhe um olhar confortador.

"Ainda bem que o senhor está sentado, a história é longa..."

O herói explica tudo detalhadamente ao cientista, que fica horrorizado com as ações impetuosas realizadas por seu alter-ego verde, demonstrada por Freddie através de um gerador de hologramas instalado na manga de seu uniforme tecnológico.

"M-Meu D-Deus..." Bruce cobre o rosto com as mãos, aterrorizado com a visão do golias verde. "Eu sou um monstro..."

"Não é mais, eu consegui limpar seu corpo do soro e da radiação gama. O senhor não mais se transformará no Hulk. Só que... sua situação nos EUA não é fácil, Doutor Banner."

"Como assim, Superman?", pergunta o cientista, preocupado.

"O estão acusando de destruição generalizada, múltiplas tentativas de homicídio (felizmente, ninguém morreu), além de uso indevido da propriedade da NevelCorp."

"M-Mas... eu... não tenho culpa, não lembro de nada..."

Superman se abaixa e olha para o homem.

"Dr. Banner, por favor, diga para mim o que aconteceu em detalhes... Se eu souber, talvez possa ajudá-lo..."

O cientista assente timidamente com a cabeça, e começa a contar detalhadamente o que acontecera, desde a sua contratação pela NevelCorp. Freddie mal acreditava no que Nevel fazia para tirá-lo de cena...

"Tudo isso por ódio por mim... que desperdício. Dr. Banner, vejo duas opções para o senhor: ou o senhor encara tudo frente aos tribunais, lembrando que Stark faleceu de maneira bastante obscura, bem como todos envolvidos em situações 'estranhas' ligadas à NevelCorp; ou o senhor opta por sumir por un tempos, talvez definitivamente."

Bruce nem precisa pensar por muito tempo.

“Eu não sou ligado a ninguém nos EUA, mesmo... e acho que ficaria mais feliz aqui, na América do Sul, cuidando de pessoas, fazendo coisas boas.”

“Posso tentar ajudá-lo, Doutor...” o herói tira um pequeno frasco de um compartimento do cinto “Eu... meio que consegui sintetizar o soro que o senhor estava desenvolvendo... talvez o senhor precise caso resolva ficar por aqui.”

O cientista olha espantado para o frasco.

“Conseguiu?!? Mas...”

“Não foi nenhum feito, eu tenho acesso a tecnologia muito mais avançada do que o senhor. Caso tivesse os equipamentos que tenho, teria descoberto muito antes...”

Superman se levanta.

“Bem, faça o que achar necessário. Vou lhe deixar com um comunicador, caso precise entrar em contato comigo.”

“Obrigado, Superman.”

“Eu que agradeço.”

E o herói sai voando em direção à sua cidade natal; muito ainda havia a ser feito para reparar a cidade.

0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0

Pausando um pouco o conserto dos estragos feitos pelo Hulk, Freddie, em roupas civis, adentra a lanchonete Groovy Smoothie, pois havia recebido uma ligação de alguém muito importante para ele.

Cumprimenta amigavelmente Costela e se senta em sua mesa favorita, disposta no meio do salão, pedindo para si uma vitamina de chocolate.

Alguns minutos depois, ele vislumbra aquela que ele estava esperando, uma loira com aproximadamente 1,65 m de altura, cabelos longos e levemente ondulados. Ela vem rebolando alegre em sua direção, dando-lhe um apertado abraço e um beijo na bochecha.

“Freddie!”

“Melanie, que saudades...”

Epílogo

Em uma floresta da Colômbia, um gringo de barba comprida castanha, com roupas do estilo Indiana Jones, inclusive com o chapéu, medicava em sua barraca cerca de 20 pessoas de poucas posses que viviam em vilarejos próximos.

Eschucha tu padre y toma la medicina, ¿okay?”

De repente, chegando em jipes e fortemente armados, homens carrancudos e mal vestidos empurram os pobres moradores necessitados, derrubando muitos ao chão.

¡Vos soys enemigos de nuestro gobierno! ¡Estos medicinas están siendo apoderados por nosotros!

Por favor, señor. Son medicinas para curar las personas que están mal...” - tenta colocar alguma razão aos soldados o homem barbudo.

Tu, gringo... ¡no te mietas! ¡Los que ayudan a nuestros enemigos son nuestros enemigos también!”

Dito isto, o líder empurra o homem barbudo, fazendo-o cair ao chão. Ele simplesmente se levanta e começa a sorrir.

“Señor... está a me dejar enojado...” um brilho verde se percebe na pupila do homem, outrora conhecido como Bruce Banner, “No gostaría de verme enojado...

E gritos de homens sendo surrados são ouvidos por quilômetros afora na floresta amazônica...