Superfreddie

Difíceis Decisões...(mesmo para um Super-Homem) II


Ele está sentado em uma pedra localizada no lado escuro da Lua há horas, imerso no silêncio espacial. Neste ponto, ele não consegue escutar nada nem ninguém, e é um dos poucos lugares onde realmente encontra paz e quietude.

Com sua mão direita, ele pega um punhado de solo lunar e o solta gradativamente, observando os grãos caírem muito mais lentamente do que ocorreria na Terra.

Ele voa até a parte onde consegue visualizar o planeta, admirando sua beleza. Freddie sente-se grato por ter sido acolhido de forma tão carinhosa pelos terráqueos – em especial por seus pais adotivos, Jonathan e Marissa.

Mas, neste momento, duas terráqueas em especial povoam sua mente.

O rapaz não sabe o que pensar sobre os últimos acontecimentos de sua vida amorosa; obviamente, quando adolescente, fora apaixonado pela morena, mas a loira também sempre circundava seu coração.

E agora as duas haviam revelado gostar dele.

Freddie se atenta para o planeta Terra, percebendo que um montante de solo gigantesco se movera abruptamente na região do Irã; isso só podia significar uma coisa: ocorrera um terremoto lá.

Esquecendo por ora seus dilemas pessoais, ele aciona seu disfarce facial e voa em alta velocidade para a região.

Superman já salvara incontáveis vidas de desastres naturais e sabia como agir nessas situações. Por mais difícil que fosse, ele sabia que não conseguiria salvar todas as pessoas que ficam soterradas sob prédios mal conservados, em especial em países do terceiro mundo, como é o caso do Irã. Por isso, o herói tem de escolher rapidamente as pessoas que irá salvar.

Ele sobrevoa o local povoado mais afetado, varrendo com sua visão de raios-x os pontos críticos onde deve agir. Há muitas pessoas feridas e soterradas, e nenhuma ambulância ou centro médico próximo que possa ajudá-las. O herói pensa em uma maneira de transportar várias pessoas ao mesmo tempo, e consegue localizar uma balsa para transporte de automóveis em um canal próximo.

Superman vai até o canal onde a balsa está parada, conversa rapidamente com o responsável por ela, que por fim acaba aceitando o proposto pelo herói, ergue-a e a leva até o ponto povoado mais próximo do epicentro do terremoto.

Em poucos minutos ele recolhe dezenas de pessoas feridas, levando-as rapidamente ao maior hospital do Irã.

Quando todas são desembarcadas para o devido atendimento médico, Superman é abordado por um oficial do exército iraniano, acompanhado por homens fortemente armados.

“Superman! Em nome do governo iraniano, eu ordeno que você saia de nosso país! Recusamos a ajuda dos Estados Unidos!”, diz o homem em um inglês cheio de falhas.

“Lamento, senhor. A despeito das cores do meu uniforme coincidirem com as cores da bandeira norte-americana, não sou representante dos Estados Unidos, eu só resido lá. Estas cores e este símbolo”, ele afirma, falando fluentemente a língua persa, e apontando para o símbolo em seu peito, “são marcas da minha família kryptoniana, a Casa de El. E meu intuito é tão somente ajudar as pessoas, sendo iranianas, brasileiras ou norte-americanas, eu não me importo com raças ou credos, apenas quero ajudar pessoas. Então, caro Sr. Mohsen, o senhor tem duas opções: ou utilizar suas armas, que, garanto, serão inúteis contra mim, para tentar me retirar daqui, ou me ajudar a resgatar os inocentes que estão soterrados, que, pelas minhas contas, passam de 10.000.”

O oficial olha para o severo kryptoniano e passa um comando ao soldado mais próximo, voltando sua atenção logo em seguida para o herói:

“Pois bem. Mas acompanharemos atentamente suas ações enquanto você estiver no solo do Irã!”

“Claro. Agora, se me permite, preciso voltar para o resgate.”

Um dia e meio se passa, e finalmente Superman consegue retirar a última pessoa dos escombros. Quando salvas, as pessoas o agradecem efusivamente, o que alegra o herói; sua ação salvara milhares de vidas iranianas.

Freddie resolve voltar para Seattle, entrando no apartamento de sua mãe.

“Freddie! Amor, que saudades!”, diz-lhe Marissa, abraçando-o fortemente.

“Oi, mãe!”

“Você viu sobre suas ações no Irã?”

“Não, o quê?”

Marissa entra no Youtube e clica em um vídeo, mostrando-o para Freddie. Tratava-se do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, falando em uma coletiva em solo iraniano.

“O Irã, infelizmente, foi vítima de mais um terremoto de proporções gigantescas. Vale salientar que nosso país estava e sempre estará preparado para as contingências demandadas por um desastre dessas proporções.” o presidente iraniano pigarra levemente e continua. “Contudo, é inegável que a ajuda do Superman salvou milhares de vidas iranianas. E é por isso que nossa nação agradece a esse grande herói.”

O vídeo termina.

“Uau...”

“Sinto tanto orgulho de você, filhote...”

Freddie, com o disfarce facial desativado, mas ainda portando seu uniforme, senta-se no sofá da sala com uma feição apreensiva.

“Será que vai continuar sentindo orgulho depois que eu te falar umas coisas?”

Marissa se senta ao lado do filho e ouve atentamente o que ele tem a dizer sobre o ocorrido nos últimos dias. Após Freddie terminar, ela se encosta no sofá.

“Agi errado, né, mãe?”

“Realmente, certo não foi... mas vou dar um desconto porque, apesar de ser o homem mais poderoso do planeta, você só tem 22 anos.”

“E o que eu faço?”

“Só você pode decidir o que fazer, Freducho. Faça sua escolha com o coração, filhote. Só não vá me ficar com as duas ao mesmo tempo, eu não te criei desse jeito!”

Ela fica à frente dele, passando a mão carinhosamente em seu rosto.

“Longe de mim querer dar pitacos na sua vida amorosa, Freddie... mas você tem que ver quem você é realmente: Freddie Clark Benson ou Kal El?”

Marissa beija Freddie na bochecha, deixando a sala.

“Eu acho que você tem importantes e difíceis decisões pra tomar, amor. Vou deixá-lo sozinho para você pesar direitinho.”

Freddie olha para o relógio da sala, que marca 19:00. Ele precisa se decidir rapidamente.

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Às 20:00, em sua bela cobertura, Carly Shay aguarda ansiosamente sua visita. O risoto já estava feito, o clima da sala de jantar estava perfeitamente romântico, só faltava chegar seu convidado.

A morena estava um pouco apreensiva, porque ouvira rumores de que Superman estava ocupado resgatando pessoas no Irã, mas ela tinha ouvido também que os resgates já tinham sido encerrados na região.

Ela ouve ruídos na sacada, e fica feliz quando vislumbra a silhueta azul e vermelha do Superman.

“Boa noite!”

“Boa noite, Carly.”

Ela pega na mão dele, conduzindo-o até a mesa, muito bem decorada, contando até com velas. Eles jantam e conversam principalmente sobre as ações do herói no Irã; ele autorizou a repórter a repassar as informações que ele citara.

Terminada a refeição, ambos vão à sacada, onde Carly pega as mãos do herói, fitando-o diretamente nos olhos.

“Então, Super... sobre nós dois.”

Ele olha para o lado.

“Era sobre isso que eu queria falar com você, Carly... eu não estou preparado para entrar em um relacionamento, e nem sei se um dia vou estar. Eu... não sei se conseguiria colocar uma pessoa em risco por estar comigo, você sabe, eu tenho muitos inimigos...”

A repórter fica com os olhos marejados.

“Mas... eu pensei... eu sei que podemos passar por cima disso...”

“Carly...” ele diz, olhando fixamente para seus olhos negros, “Você é uma mulher maravilhosa e tenho certeza de que encontrará alguém que será muito bom com você. Eu não suportaria ver algo acontecer com você por minha culpa.”

Superman a abraça e lhe beija a testa. Chorando, ela sorri para ele, acenando positivamente, compreendendo a difícil situação do herói.

“Eu preciso ir. Se precisar de mim, sabe como me chamar.”

E o herói alça voo pela noite escura de Seattle, deixando para trás uma jovem com o coração triste.

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Ela olha para o relógio, são 20:55. O lombo já esfriou, e, por incrível que pareça, ela não sente um pingo de vontade de tocá-lo.

Samantha Lang Puckett está sentada no sofá de sua sala, com o vestido vermelho comprado dias antes, só que com uma blusa moletom cinza por cima. Os sapatos pretos estão jogados no chão.

Ela suspira. Aparentemente seu flerte sobre Freddie Benson não surtira efeito.

Mas a loira não se arrepende do que fizera. Como Freddie mesmo dissera, era melhor ter certeza do que viver para sempre com a dúvida de um amor não correspondido. Depois de sua experiência de quase-morte, ela decidira de uma vez por todas se declarar ao rapaz, algo engasgado nela desde o colegial.

Uma lágrima solitária corre por sua bochecha, mas Sam sabe que ela se recuperará.

A campainha toca. Haveria ainda esperança?

Ela se levanta e, descalça, vai atender a porta. Seu coração pula uma batida ao perceber que era Freddie quem estava lá.

“Oi... o lombo ainda está de pé?”

“Não sei... eu não gosto de ficar plantada uma hora esperando por um banana, sabe...”

“Desculpa... minha mãe desconfiou que eu estava com carrapatos e... cê sabe... ela quis fazer uma vistoria... digamos... detalhada em mim. Além de querer me dar um banho contra esses bichos.”

“Urgh! Tá, pula esse pedaço!”

Freddie abraça Sam pela cintura.

“Ei, se não me engano, você tinha me prometido que ia usar o vestido que nós compramos naquele dia... mas o que esse treco tá fazendo por cima dele?”

“Só tiro essa blusa se você me disser do que ia me chamar aquele dia, quando você babou olhando pra mim.”

“De deliciosa? É o que você é, Sammy. Uma delícia de transgressora.” ele diz, dando um beijo no pescoço da loira, que se arrepia com o gesto.

“Seu nerd... nem acredito que me apaixonei por isso...”

E os dois partilham um apaixonado beijo, o primeiro de muitos daquela noite.