Superfreddie

Confronto final com Nevel


Carly estava apreensiva em seu quarto. Havia mais de um dia e meio que não vira mais seu filho Percy, sendo que os médicos sempre lhe davam respostas evasivas. Outro fato estranho era Nevel ter sumido.

Farta daquela situação, a repórter já se preparava para vestir suas roupas e arrumar alguma confusão com o chefe da maternidade. Ela vestiu sua calça, pôs seus tênis e uma simples camiseta branca.

De repente, Carly percebeu que a porta se abriu.

Por ela, adentrou ao quarto um homem de uns 50 anos, cabelos já grisalhos, semblante pesado e forma física não muito em dia.

“Bom dia, Srta. Lane Shay.”

“Hã... bom dia. Em que posso ajudá-lo?”, Carly perguntou confusa.

Sem ser convidado, o homem se sentou no sofá destinado às visitas, apoiando sua pasta em cima de suas coxas e retirando alguns papéis logo em seguida. Ele pigarreou e deu as folhas para a jovem morena.

“Srta. Lane, eu sou o Dr. Marston, advogado do Sr. Papperman. Devido ao seu comportamento errático, meu cliente resolveu requerer a guarda do pequeno Percy Papperman, para o bem o da criança.” Carly abriu involuntariamente sua boca e arregalou seus olhos, incrédula, “Estes papéis são, respectivamente, a guarda da criança e uma liminar para que a senhorita mantenha-se pelo menos 250 metros longe do meu cliente e de seu filho. Meu cliente está disposto a recompensá-la muito bem caso a senhorita aceite os termos sem argumentar.”

“COMO?! Deve haver algum engano, você deve estar brincando, Nevel e eu planejamos até o casamento.”

Dr. Marston levantou-se, dando pouca atenção à histeria da desesperada mãe.

“Não estou aqui para perder tempo, madame. Se a senhorita tem algo contra, vemo-nos nos tribunais. Passar bem.”

O homem saiu.

Carly sentou-se na cama, desnorteada com a guinada de acontecimentos. Ela fitava os papéis à suas mãos mal compreendendo o que ocorrera.

Dias depois

Sam e Freddie acolheram sua debilitada amiga, que ainda estava em frangalhos. Nevel realmente havia posto uma restrição contra a pobre morena, que havia sido achincalhada nos tribunais.

Nevel não tinha como perder a guarda da criança, tinha em suas mãos juízes e políticos, tornando a missão da repórter impossível de se concretizar.

Em uma noite, Carly chorava nos ombros da melhor amiga.

“Oh, Sam... o que eu posso fazer?”

Sam nada respondia, pois era a milésima vez que ela se lamentava. A loira, apesar de ser uma das policiais honestas de Seattle, nada tinha a fazer, sabia do peso político que Nevel possuía.

“Vai dormir, amiga...” a loira ofereceu um copo d’ água e um calmante à morena, “Nós... vamos pensar num meio de você rever o Percy.”

Sam a conduziu até o quarto de hóspedes, onde deitou Carly na cama, beijando-lhe a bochecha.

“Obrigada, amiga... eu não sei o que eu faria sem vocês...”

“Irmãs são pra isso, Carls.”

Sam delicadamente se levantou e apagou a luz do quarto. Dirigiu-se depois ao seu próprio quarto, onde encontrou o marido perto da janela. As tênues luzes do exterior iluminavam fracamente seu rosto, que estava severo.

“O que a gente pode fazer, amor?”, ela perguntou, depois de abraçá-lo pelas costas.

Freddie colocou sua mão direita por cima das mãos da esposa.

“Colocar alguém até então fora do assunto para trabalhar.”

Ele delicadamente afastou as mãos da esposa e pressionou um ponto em seu antebraço.

Um brilho azul tomou conta de seu corpo, a partir do centro do seu peito, e logo seu bio-uniforme kryptoniano tomou o lugar da sua bermuda e camiseta.

“Super-Nerd, quebra a cara daquele almofadinha!”

“Eu vou fazer pior do que isso.”

Freddie inclinou-se levemente e beijou os lábios da esposa. Então, afastou-se um pouco e abriu a janela, saindo voando por ela logo em seguida.

Uma vez a quinhentos metros do solo, ele acionou seu disfarce facial. Parou por uns instantes, estático. Forçou um pouco sua vista e, auxiliado por seus poderes de raios-x, viu que sua melhor amiga ainda não tinha dormido, apesar da dose maciça de antidepressivos que Sam havia lhe ministrado. Um pesar tomou conta de seu ser quando reparou que ela soluçava, agarrada ao travesseiro.

Seu foco mudou. Direcionou-o à Torre NevelCorp, onde residia o homem mais rico dos EUA. Naquele momento, o odioso Nevel estava degustando um sanduíche de picles enquanto uma babá dava leite para o pequeno Percy.

Freddie apertou seus punhos. Seria muito fácil entrar à força no apartamento e tomar Percy, devolvendo-o aos braços de Carly; contudo, isso iria contra tudo o que ele sempre pregou. Ele daria um jeito em Nevel da maneira correta, sem abusar dos poderes que o sol lhe dava.

Freddie então fechou os olhos e começou a apurar sua superaudição. Levou alguns minutos até achar a frequência cardíaca que estava procurando, mas, quando assim o fez, abriu seus olhos e virou o rosto na direção do tênue som, vendo exatamente onde estava Chloe Sullivan. Como de costume, ela estava em um tipo de pub, onde afogava suas mágoas.

O repórter havia mantido contato com ela, apesar da ‘trégua’ não-oficial que ele impusera nas investigações contra Nevel. Trégua essa que agora seria eliminada.

Ele esperou pacientemente até que Chloe finalmente pagou sua conta e saiu.

Um pouco mais aliviada, a loira de cabelos curtos caminhava pelas ruas de Seattle, à procura de algum táxi que pudesse levá-la para sua casa, para enfim poder se deitar e esquecer um pouco sua frustrante vida.

Quando Chloe passava na frente de um escuro beco, uma voz a fez interromper seus passos.

“Srta. Sullivan, boa noite.”

Assustada, a assessora de imprensa da NevelCorp virou-se bruscamente, sua mão direita já procurando dentro da bolsa o spray de pimenta que ela adquirira para proteção pessoal. De dentro do beco, saiu um homem alto vestindo o indefectível uniforme azul do maior herói do planeta, Superman.

“Superman?! O que você está fazendo aqui?”

“Quero trocar umas palavras com você.”

A mulher se afastou alguns passos, enquanto o herói permanecia em pé, braços cruzados à frente do peito.

“O que você quer comigo?”

Superman se aproximou de Chloe.

“Eu sei que sua consciência está pesada, Chloe. Também sei que você vê muita coisa errada e é obrigada a mentir para o público... Coisas que, no fundo, a fazem sentir nojo de fazer o que você faz.”

“Você não tem poder de ler mentes!”

“Não. Mas eu enxergo a verdade através de você. Aliás, seria bom parar de beber depois do serviço, seu fígado já apresenta os primeiros sinais de fadiga... Eu procuraria um hepatologista.”

“Me deixe em paz!”

A mulher correu, mas o kryptoniano voou e a interceptou alguns metros à frente.

“Eu vou gritar!”

Kal ergueu seu punho esquerdo à frente do rosto, pressionando um ponto eletrônico do uniforme. Da manga da avançada roupa, projetou-se um vídeo logo à frente de Chloe Sullivan.

No vídeo, aparecia uma criança de dez anos, cabisbaixa em meio a outros colegas, que brincavam no pátio. Em suas mãos, um celular onde se notava uma foto de um homem com um uniforme de segurança.

“Sabe quem é esse?”

“Claro que não! Deixe-me em paz!”

“Esse garoto tristonho se chama Alex Williams. Seu pai, Dante, morreu quando tentava desempenhar seu trabalho, assassinado pelas mãos do Homem-Hídrico.”

Chloe cerrou seus dentes, com raiva.

“Eu não tenho nada a ver com isso!”

O kryptoniano nada respondeu, apenas pressionou novamente a manga do uniforme.

Um novo vídeo se abriu à frente da assessora. Desta vez, mostrava um jovem cabisbaixo à frente de um túmulo. Seus olhos estavam inchados, indicando uma tristeza sem fim.

“Este é Erick Maulder, companheiro de Phillip Jordan, esmagado pela porta do cofre atirada pelo Homem de Ferro, enquanto tentava apenas se proteger da confusão. Ele tinha ido ao banco para sacar dez dólares com o intuito de comprar um sanduíche para um sem-teto.”

Com horror estampado na face, Chloe retrocedeu.

Mais um toque na manga, e centenas de pequenos janelas abrem ao redor de Chloe, cujos olhos começam a lacrimejar.

“Estas pessoas... todas foram afetadas pela destruição do Hulk! Várias delas ficarão com sequelas para sempre, Chloe! Se você reparar na janela à sua frente, naquele garotinho oriental, verá que ele usa uma cadeira de rodas... Ele só tem oito anos, Sullivan... e nunca mais andará!”

Chloe cai de joelhos no frio concreto da calçada, chorando copiosamente.

Superman desligou os vídeos, manteve-se impassível para a mulher.

“Você é a única que tem consciência e que pode fazer algo, Sullivan. Escute-a. No fim, creio que você se arrependerá amargamente se não fizer algo a respeito desse homem maligno...”

E, deixando para trás uma nuvem de poeira, o herói partiu.

Chloe colocou as mãos sobre o rosto, cobrindo-o. De repente, toda a amargura por seu ato de ‘lavar as mãos’ foi jogada com tudo na sua cara.

A grande pergunta era: o que ela podia fazer?

▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫

Passava das três da manhã quando Freddie adentrou seu quarto pela janela. Sam estava com os músculos relaxados e ressonava, o que indicava que ela estava em um sono profundo.

Ele depositou um leve beijo na bochecha dela e foi até o banheiro, onde desativou seu uniforme. Olhou para o espelho. Pensou se tinha feito a melhor abordagem naquela questão, se conseguira tocar a consciência da mulher que era considerada o braço direito de Papperman.

De repente, seus sentidos aguçados sentiram a radiação do seu celular tocando.

Em supervelocidade, apanhou o aparelho e foi até a varanda, fechando a vidraça atrás de si, a fim de não incomodar as duas mulheres que dormiam no imóvel.

Um sorriso apareceu em seus lábios quando viu no visor que se tratava do número de Chloe Sullivan.

“Alô?”

“Freddie? Aqui é Chloe Sullivan... Desculpe a hora, m-mas... preciso... falar com você... eu não aguento mais...”

▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫

Dois dias depois

Perry White deu uma grande baforada em seu charuto cubano exportado para os EUA clandestinamente. Seus olhos estavam esbugalhados, mal acreditava no que via à sua frente. Suas mãos folheavam nervosamente algumas folhas colocadas em uma pasta, contendo também cópias de documentos e fotos comprometedoras de um certo megaempresário residente em Seattle.

Incrédulo, o editor apoiou sua cabeça em suas mãos, fazendo cara de pensativo. Enfim, após alguns momentos para fazer sua mente voltar ao presente, ele levantou seu olhar, encontrando seu repórter fotográfico Freddie Benson.

“Clark... Você tem certeza de que este material é autêntico?”

“Absoluta, Perry.”, o repórter respondeu convicto.

Perry respirou profundamente, tentando levantar cada possibilidade.

“Você sabe... que estará mexendo com o homem mais poderoso dos Estados Unidos, Clark? Que isso poderá trazer consequências para você e sua esposa?”

“É pra isso que eu sou repórter, Perry. Trazer a verdade para o público, fazer o certo. Eu não tenho medo das consequências.”

Perry baixou o olhar e voltou a olhar para os papéis espalhados sobre a superfície da sua mesa. Pigarreou e finalmente voltou a olhar para Freddie.

“Isso que eu chamo de repórter... Clark, você é macho de verdade. Vamos publicar esta porra o mais rápido possível!”

Freddie sorriu, enquanto Perry se levantava, gritando e chamando o responsável pela impressão.

Tinha conseguido seu intuito.

▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫

Nevel acordou bruscamente, despertado por causa do seu telefone particular. Resmungando, o bilionário apanhou o aparelho, ainda grogue de sono.

“Alô...” ele balbuciou.

“Nevel, é Valerie.”

“Sua mequetrefe, como ousa me acordar às quatro da manhã???”

“Nevel, é sério... Eu... não sei nem como começar... primeiro, olhe no portal do Planeta Diário, e me ligue depois...”

Sem entender nada, Nevel se sentou na cama, esfregou os olhos.

“Computador, Internet. Endereço do Planeta Diário.”

Uma tela de cristal líquido desceu do teto e acessou o site do Planeta Diário. Demorou alguns segundos para compreender, mas, quando o fez, todo o sono desapareceu como que por encanto.

Não por menos. Na página principal do portal, lia-se, em letras garrafais:

MEGAEMPREENDEDOR NEVEL ALEXANDER PAPPERMAN DESMASCARADO por Freddie C. Benson

Sem quase piscar, Nevel leu a matéria, que esculhambava tudo o que sua empresa havia feito de errado, além de diversos crimes cometidos por ele, como, por exemplo, a relação da NevelCorp com os vilões Homem-Hídrico, Homem de Ferro e Hulk. A matéria era tão detalhada, que havia até cópias de documentos ultrassecretos, contendo inclusive sua assinatura.

“Oh, não, não, não!”

Nevel puxava seus cabelos de tanto desespero.

“Ligar para Valerie!”

O telefone chamou apenas uma vez, e a vice-presidente da companhia o atendeu.

“Valerie, meu Deus, o que significa aquela matéria do Planeta Diário?!”

“E-eu não sei... N-Não sei como isso aconteceu... Nevel, até eu estou comprometida...”

“Procure enrolar a imprensa, eu preciso consultar meu advogado!”

Logo depois de interromper a chamada, Nevel ligou para seu advogado, Marston.

“Marston! Você soube da matéria do Planeta Diário?”

“Sim... Céus, estamos perdidos...”

“O que eu faço, homem? Diga-me, pelo amor de Deus!”

“Eu... eu... aconselharia a sair dos Estados Unidos, ir para algum país que não mantenha relações diplomáticas muito boas com o governo. Talvez a Venezuela... Pelo menos até a poeira desse escândalo baixar.”

Nevel desligou e ordenou que seu administrador pessoal cuidasse de tudo para que ele e Percy pudessem escapar do país com a maior brevidade possível.

“Maldito Fredward... você lastimará essa traição...”

Duas horas depois, Nevel Pappeman estava preparado para entrar no helicóptero parado no heliporto do prédio onde residia. A babá e Percy já estavam dentro da aeronave.

O bilionário olhou pela última vez para Seattle, resignado por ter de abandonar a cidade daquela maneira.

Virou-se com a intenção de embarcar, mas deu de frente com um peitoral musculoso.

“Su-Su-Superman?!”

“E aí, Nevel? Pensando em passear?”, perguntou o herói, com um sorriso irônico.

“Saia da minha frente!”

“Não. Você tem de pagar pelos seus crimes.” Superman colocou a mão direita atrás de sua orelha, olhando para o lado, “Oh... será que ouço o FBI entrando no prédio?”

“Maldito alien... Eu vou conseguir escapar dessa...”

O herói apanhou o bilionário pela gola, fitando-o com sua visão de calor acionada.

“Almofadinha... Com sua empresa, você poderia fazer tanta coisa boa. Mas não, preferiu me combater, só pra ser o ‘homem mais poderoso’ de Seattle... Seu idiota, eu não faço isso para aparecer, eu só procuro ajudar as pessoas...”

Da porta que dava para o heliporto, saem dez homens de terno preto e óculos escuros. Tomando a frente, um homem com fortes entradas, tamanho médio, que mostrou a Nevel seu distintivo.

“Agente Coulson, FBI, Sr. Papperman. O senhor está preso por mandos de homicídios, homicídios culposos, destruição de propriedade pública, sonegação de impostos, desvio de verbas para fins ilícitos. O senhor tem o direito de permanecer calado...”

Nevel foi algemado e levado pelos homens do FBI. Antes que eles chegassem, Superman já havia desaparecido.

▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫ - ▫

A TV mostrava imagens de Nevel Papperman sendo levado sob custódia a uma das prisões de segurança máxima do Estado de Washington.

Sentados no confortável sofá de sua sala, estavam Samantha Lang e Freddie Clark. Pareciam despreocupados com a vida.

A oitocentos metros de distância, posicionado na janela de um prédio abandonado, estava um assassino profissional conhecido no meio como Falcão, de 30 anos de idade, cabelos castanhos.

Sua orientação: atirar na garganta da mulher, fazer o marido sofrer vendo-a morrer lenta e dolorosamente.

Falcão pegou uma garrafa térmica contendo café amargo, deu uma pequena golada. Era sua rotina.

Apanhou seu rifle de longa distância GSE Match e o apoiou no tripé.

Pela poderosa mira, focou a cabeça daquela bela loira. Era uma pena matar uma mulher tão bonita, mas trabalho era trabalho.

Inspirou fundo, prendeu a respiração. Já havia calculado de antemão as variáveis do vento e gravidade, o tiro seria certeiro.

Puxou o gatilho. Um som abafado foi ouvido somente poucos metros além.

“Arma legal. Essa faz um estrago, hein?”

Falcão caiu de traseiro no chão, vendo assustado o herói conhecido como Superman flutuando logo à sua frente, com a gigantesca bala da sua arma entre seus dedos.

“Su-Su-Su...?”

“Sussussu o quê? Esse não é meu nome não, cara.”

“Nã-nã-não me bate...”

O herói o levantou pelo colarinho.

“Não vou. Agora. Mas eu quero que você espalhe uma noticiazinha para seus colegas calhordas... Eu estou de olho nessa família e em todos os envolvidos no caso Papperman. Nada vai acontecer com nenhum deles. Ou, caso contrário... eu vou dedicar minha vida a acabar com esse submundo de vocês. Acredite, eu faria uma zona...”

Superman soltou o assassino.

“Recado dado. Agora chispa daqui.”

Falcão saiu correndo desesperado pelas escadas do prédio.

Freddie apenas sorria, aquilo deveria bastar para manter atiradores longe de Sam e Chloe.

Finalmente, havia dado um jeito em Nevel.

As coisas seriam melhores dali para a frente.

Epílogo

“Srta. Croft, tenho o último relatório da câmara.”

“Sim, Sr. Dchnosky, quero vê-lo.”, respondeu a mulher jovem, com um sotaque britânico. Ela deu uma passada de olhos rápida pelos papéis, ficando claramente impressionada com o que tinha lido.

“Esses níveis de energia... estão corretos?”

“Sim, senhorita. Há uma quantidade de energia maciça lá dentro. Só que ainda não conseguimos saber como abrir a câmara. Quem construiu aquilo, queria manter todo mundo longe do seu conteúdo...”

“Bem, continuem tentando.”

O cientista acenou para a morena, e pomposamente deixou-a só. Lara se apoiou em uma grade de meia altura, enquanto via a movimentação do complexo montado ao redor da câmara que havia encontrado meses antes.

Por um breve momento, questionou-se se seria sábio mexer com forças desconhecidas. Afinal, se tanto esforço foi dispendido para manter aquela força dentro da câmara, seria correto abri-la?

Retirando-a de seus devaneios, o administrador de logística encarregado pelo projeto a chamou.

“Srta. Croft?”

“Sim, Sr. Madsen?”

O homem, portando um elegante terno preto, aproximou-se com um semblante pesado.

“Tenho más notícias. O Sr. Papperman foi preso.”

“Oh, não... e nosso projeto aqui?!”

“Continuará, mas com menos recursos... Isso certamente atrasará seu andamento.”

“Bem, que seja... É melhor do que cancelá-lo.”

“Oh, não. O Sr. Papperman frisou que dá imensa importância ao nosso projeto A.”

Lara se despediu de Madsen e desceu até o nível do solo, onde funcionários da NevelCorp trabalhavam arduamente na tentativa de abrir a câmara extraterrestre.

“O que será que tem aqui dentro...?”