Superfreddie

A Primeira Vez


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Março de 2017 - Havaí

Sentado à beira da praia, sobre uma toalha com um desenho do Homem-Aranha combatendo o Dr. Octopus, para vergonha da namorada, Freddie observa o movimento na praia. Os três melhores amigos haviam combinado de passar o fim de semana em uma praia do Havaí, como forma de aliviar todo o estresse passado nas últimas semanas. O sol, que está a pino, banha o corpo quase nu do rapaz (à exceção, é óbvio, de sua sunga vermelha – uma ironia à fantasia popular do Superman que Sam o obrigara a usar), fazendo-o sentir-se mais forte. A sensação é deliciosa.

“Está usando bloqueador, Freddie?”, pergunta uma incauta Carly Lane Shay, recém-saída do mar, preocupada com seu amigo.

“Opa, sempre uso...”, mente para ela Freddie.

Carly, que está vestindo um belo (e pequeno) biquíni amarelo com detalhes em preto, que fazia um belo contraste com seus cabelos negros, senta-se em sua esteira, coloca seus óculos escuros e mexe na bolsa disposta ao seu lado, pegando o tubo de bloqueador solar.

“Ah, que bom. Pois você sabe, câncer de pele é um perigo.”, a morena afirma, enquanto passa o produto em seus braços e pernas.

À distância, Freddie repara que sua namorada está saindo do mar.

Sam emerge da água, jogando para trás seus cabelos loiros, que alcançam aproximadamente o meio de suas costas. Ela o faz enquanto sorri, jogando levemente sua cabeça para trás. O rapaz apura sua visão, notando detalhes de seu corpo. Ele conta cada gotícula que escorre do seu pescoço até o colo dos seus seios, as que se alojam em sua barriga definida, em suas coxas... Presta atenção em cada movimento sutil nos quadris que Sam faz ao caminhar em sua direção...

E essas nuances fazem-no perceber que sua visão de calor está sendo acionada. Ele se encolhe e coloca os óculos escuros.

“Hum... pela secada que você deu nela, hoje a cama de vocês vai sofrer, hein?”, pergunta Carly, com um sorriso malicioso em seus lábios.

Freddie sorri timidamente para a amiga.

Quem dera, Carls... pensa ele. Os dois combinaram que à frente de todos agiriam como um casal normal com vida sexual ativa, uma vez que Sam notoriamente tinha relações com seus ex-namorados e Freddie, apesar de ninguém saber sobre ex-namoradas, jamais insinuara ter restrições sobre sexo antes do casamento.

“É... hoje promete.” ele se limita a responder, com um pequeno suspiro após terminar a sentença.

“Ai, ai, ai... invejinha.”

A loira aproxima-se dos dois jovens, sentando-se ao lado do namorado, que ela cumprimenta com um singelo beijo nos lábios.

“E aí, nerd? Gostando dessa viagem entre amigos?”

“Está sendo show, minha loira.”, ele responde, colocando seu braço direito ao redor da cintura da moça.

“Engraçado, Freddie... eu e a Sam estamos bronzeadas, e você continua igual, mesmo depois de horas debaixo do sol.” Carly diz isso olhando para o corpo do amigo.

“Como eu disse, muito bloqueador solar.” Ele aproveita para apertar a bisnaga de bloqueador solar na mão, espalhando o produto em abundância pelo seu corpo.

“Bom... vamos para o quiosque, tomar uma Piña Colada?” Sam interfere, após perceber a situação.

Aliviado, o garoto alienígena se levanta e abraça a cintura da namorada. Os três jovens vão em direção ao quiosque, onde degustam as bebidas.

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À 01:45 da manhã, Sam está arrumando a cama de casal do quarto pertencente ao hotel onde os três amigos haviam se hospedado. Ela está sozinha no quarto. Após arrumar a cama, a loira se senta nela e liga a TV.

A cortina se move rapidamente. E, num piscar de olhos, ela vê que namorado está em frente à cômoda, tirando sua camiseta regata branca.

“Foi rápido.”

“Assalto à mão armada. Um peteleco no queixo e uma ligação anônima pra polícia já resolveram, nem precisei do Superman...”

Freddie se senta na cama e abaixa a cabeça, abatido.

“Que foi, amor?”, a loira pergunta preocupada, abraçando-o.

Ele demora alguns segundos para responder.

“Eu... estava te olhando na praia hoje, tão linda...” o rapaz dá um suspiro “E eu... sou apenas meio namorado, não podemos... nos conectar, entende? Eu queria tanto te dar prazer como os caras geralmente dão para suas namoradas...”

Ela se agacha à frente dele e coloca suas duas mãos sobre suas bochechas.

“Você me dá prazer, Freddie. Nós podemos conviver sem sexo tradicional, nossa relação é maior do que isso.”

Longos segundos se passam. Freddie olha para o nada.

“Eu... estava pensando em usar a kryptonita amarela. Desistir dessa vida, construir uma normal ao seu lado.”

Sam se levanta e apoia sua mão no queixo do namorado, erguendo seu rosto.

“Não se atreva! Eu não quero ser a responsável pelo mundo perder o Superman! Freddie, pelo amor de Deus, você não entende a importância do seu alter-ego pras outras pessoas? Não se trata simplesmente de salvá-las, mas sim de lhes dar uma esperança para o futuro, um alento a tanta desgraça que estava acontecendo...”

“Mas...”

“Sem mas. Eu já lhe disse mil vezes, podemos nos dar prazer de outras formas. Não seja egoísta, Freddie... uma vez que você decidiu dar as caras por aí como um modelo a ser seguido, não pode dar pra trás. Você tem responsabilidades.”

Freddie sorri.

“É uma das raras vezes em que você está certa.”

“Que é isso... Mamãe sempre está certa. Agora vamos dormir, que estou com sono.”

O casal se deita na confortável cama e em pouco tempo a moça está dormindo. Ele, por sua vez, permanece acordado. Talvez houvesse uma forma de fazer o que queria e não ter de desistir da vida de super-herói.

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Em Chicago, um senhor idoso chamado Carl Friedson, usando um chapéu-coco, observa espantado dois estranhos homens fantasiados tirarem seus sobretudos logo após entrarem na joalheria, a qual o idoso estava visitando para comprar uma joia para sua mulher, em celebração ao 40º aniversário de casamento.

As fantasias eram muito estranhas: um deles, mais magro e com um cabelo castanho comprido, usava uma espécie de camisa bastante larga, na cor azul, com desenhos de bumerangues estampados, em conjunto com uma calça preta; o outro usava um casaco de estilo esquimó, mas azul, e havia colocado um par de óculos escuros com aros azuis, completando com a touca do casaco.

“Nós somos o Capitão Bumerangue e o Capitão Frio, e estamos assaltando esta loja!”, diz o homem mais magro, com um sotaque australiano carregado.

O 'Capitão Bumerangue' tira dois bumerangues de seus bolsos e faz um gesto como que ameaçando atirá-los nas pessoas. O 'Capitão Frio' apontava uma arma que parecia de brinquedo, de cujo cano saía vapor. Não pareciam muito ameaçadores.

“Rendam-se e passem as mercadorias que todo mundo termina bem!”

O gerente da loja, um elegante senhor de terno e com bigodes bem feitos, se aproxima da dupla.

“Os senhores estão brincando, não é? Caros, já passamos do carnaval... Por favor, este é um estabelecimento sério e de nível.”

Contudo, o homem é surpreendido por um rajada da arma do Capitão Frio, que lhe congela as pernas. Ele urra de dor.

“Então, gostou da brincadeira, garçom?”

O segurança que tomava conta do estabelecimento saca seu revólver, mas seu intuito é freado, quando um bumerangue corta o cano da sua arma, inutilizando-a. O bumerangue retorna à mão do Capitão Bumerangue, que brada confiante:

“Bom, vocês já viram que somos uma ameaça real. Agora... passem carteiras, joias, relógios...”

O Sr. Carl Friedson dá um passo para trás, temeroso de que levem sua aliança de casamento que tanto prezava. Ele tropeça em um fio e o chapéu-coco cai de sua cabeça.

Um borrão azul e vermelho cruza a sua frente.

De repente, percebe que o chapéu-coco está novamente em sua cabeça, e vê que Superman segura pelas gargantas os dois pretensos supervilões, ao mesmo tempo derretendo o gelo das pernas do gerente da joalheria com sua visão de calor.

Os dois se debatem, tentando se soltar, porém, em vão.

“Cês tão de brincadeira, né? Capitães Bumerangue e Frio?!? De onde tiraram esses nomes, de um gibi? É cada uma que me aparece...”

“Você... é de Seattle...” um deles se esgana para falar.

“Eu protejo o mundo inteiro, seu baitolo. Agora, peçam perdão a esses senhores!” Superman os agarra pelas golas, colocando-os de frente às pessoas que eles queriam assaltar.

“Perdão, por favor... não nos machuque...”

Superman traz os dois para encará-los. Sua visão de calor é acionada, dando-lhe o ar ameaçador. Os dois até conseguem sentir o calor emanando de suas pupilas.

“Deem-se por felizes por eu só prendê-los. Se soubessem o que interromperam, seu significado para mim... da próxima vez eu os mando para o hospital!”

Os dois homens choram, esperando o perdão do super-herói. Ele os atira no chão, para que a polícia, que havia acabado de chegar, os levasse.

Superman se ajoelha perante o gerente da loja, preocupado.

“Olhei suas pernas, senhor. Felizmente, nenhum dano permanente, mas o senhor sentirá um desconforto por um tempo. Vou pedir aos policiais para que chamem uma ambulância, OK? Mas, novamente, não se preocupe, o senhor ficará bem.”, o herói diz isso, colocando sua mão direita sobre o ombro do gerente, o que lhe dá conforto.

O maior herói do mundo se levanta e olha para o Sr. Carl Friedson, dando-lhe um sorriso.

“Presente para a esposa?”

O homem, sem palavras, acena com a cabeça.

“O senhor deve ser um bom marido. Agora, se me dá licença...”

O herói, depois de conversar com os policiais, alça voo e desaparece no céu nublado.

“Que rapaz bem educado...”, limita-se a afirmar o idoso.

Já a vários quilômetros de distância, Freddie se lamenta por ter sido interrompido outra vez.

Tá doido, até quando esses manés vão continuar aparecendo?

O kryptoniano entra em sua Fortaleza da Solidão, desativa seu uniforme e caminha até o laboratório, parando em frente a uma parede transparente. Aproximadamente na altura da cintura do herói há um painel de controle avançado, com comandos que parecem joysticks de Atari, contudo, com mais botões. Do outro lado da parede transparente há dois braços mecânicos com garras em suas pontas e alguns apêndices futuristas. Um dos braços mecânicos segura uma pequena amostra da kryptonita amarela, de aproximadamente dois centímetros.

Você está quase lá, Clark...

Mordendo sua língua, o rapaz manipula os braços mecânicos, que pegam a amostra de kryptonita. Um dispositivo com uma pequena bola de metal se aproxima da amostra.

Quem sabe, se eu irradiar essa pedra com ondas beta...

Aos olhos de um humano comum, nada acontece. Contudo, Freddie tem sentidos muito mais apurados, sendo capaz de enxergar ondas de rádio e radiação. Ele percebe que a radiação emitida pela pedra se modifica. Aos poucos, a cor da pedra também muda.

O dispositivo se retrai, e os braços mecânicos colocam a pedra sobre uma travessa.

“Kelex, por favor, analise a radiação da pedra e faça projeções com minha fisiologia.”

“Sim, Kal-El.”

O rapaz se retira até a sua sala de monitoramento. Esta sala transmite em milhares de imagens tudo o que passa nas emissoras de TV em todo o mundo. Uma pessoa normal jamais conseguiria compreender qualquer coisa que passasse lá, pois se tratava de uma caótica mistura de imagens e sons.

Para Freddie não era problema. Assim ele conseguia monitorar problemas os quais ele devia intervir. Particularmente, uma transmissão lhe chama a atenção: Carly estava na tela, entrevistando ninguém mais do que Nevel “Lex” Pappermann. Os dois trocavam ideias de maneira até informal, para espanto do kryptoniano.

Como Carly conseguiu uma entrevista com ele? Eu conheço o Nevel... ele jamais iria conceder algo a alguém sem ter benefícios... qual é a jogada dele?

“Kal-El, os resultados estão prontos. Os dados estão na tela W-5678.”

“Obrigado.”

Freddie se desfaz de seus pensamentos e presta atenção à tela citada, que contém caracteres kryptonianos.

“Só 95% de certeza? Pensava que teria uma margem maior...”

“É impossível calcular com as variáveis apresentadas, Kal-El.”

“Bom, vai ter de servir... você pode fazer aquilo que pedi, Kelex?”

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Sam já havia arrumado sua mala e esperava por Freddie há quarenta e três minutos. A loira estava estranhando, não era comum seu namorado se atrasar. Outra coisa incomum era fazê-la pedir alguns dias de folga no serviço sem mais nem menos.

Para sua alegria, ele adentra seu quarto pela janela. Diferente das outras vezes, ele estava sem uniforme.

Cumprimentam-se com um rápido beijo.

“Pegou bastante roupa de frio? Roupas pesadas?”

“Sim, mas eu não entendo pra onde...”

“É surpresa. Agora, vamos até o estacionamento, você vai dirigir até o Parque Discovery.”

“Eu não estou entendendo nada, nerd...”

“Confie em mim! Vamos, vamos!”

A loira dá de ombros, e desce o elevador com seu namorado, indo até o estacionamento e pegando o carro.

Em poucos minutos eles estão no Parque Discovery. Como já é tarde (passa da meia noite), o local está vazio.

Freddie desce do carro.

“Deixe algumas peças de roupas de frio para fora da mala e vista quando começar a esfriar muito, OK? Não deve demorar pra chegarmos no lugar, deve levar uma hora e meia, mais ou menos. Eu levaria muito menos tempo, mas em uma velocidade muito alta eu destroçaria o carro.”

Sam faz o que seu namorado havia mandado e sente o carro se erguer, ganhando altura. Ela olha pela janela, admirando a paisagem.

Em pouco tempo, começa a sentir frio, e resolve colocar uma blusa de lã. Mais algum tempo e fica mais frio ainda, e ela precisa colocar uma pesada jaqueta por cima da blusa. O céu começa a clarear, e a paisagem abaixo começa a ficar branca, coberta de neve. Os vidros do carro embaçam.

“Tudo bem aí? Muito frio?” - a voz do seu namorado sai pelo comunicador que ele havia lhe dado há alguns meses.

“Tudo bem, está frio mas dá pra suportar.”

“Que bom! Estamos chegando.”

Poucos minutos depois ela sente o veículo baixar, sendo deixado no chão. À sua frente, uma infinidade de paisagem branca. Freddie sorri para ela (ou ao menos é o que ela pensa ao vê-lo através do vidro embaçado) e começa a derreter o chão com sua visão de calor.

Mais uma vez Sam sente o veículo se levantar e vê pela janela que estão descendo ao subsolo daquele deserto ártico. Quinze segundos depois, o carro é deixado no chão de um complexo gigantesco e altamente tecnológico.

Freddie abra a porta do sedan.

“FRIO! TÁ FRIO DEMAIS!” - ela berra, com as mãos esfregando freneticamente seus braços.

“Putz, desculpe. Kelex, por favor, aumente a temperatura para algo confortável para humanos. Ah, e aproveite para mandar os nanobôs arrumarem o motor de arranque do carro da Sam, que está desregulado, além de instalarem aquelas melhorias que planejei, que constam no meu arquivo pessoal, sob código Samantha.” - a loira o olha espantada.

“Sim, Kal-El.”

A temperatura quase instantaneamente se altera, ficando agradável para Sam, que tira as blusas, ficando de camiseta. Ela olha espantada para o local, uma mescla de paredes de cristal com aparelhos eletrônicos que parecem muito avançados. O local tem o teto alto, de aproximadamente 30 metros de altura, e há pequenas naves-robôs que levam equipamentos de um lado para outro.

“Essa é a sua Fortaleza?”

“Sim, você é a segunda pessoa que a visita. Minha mãe foi a primeira, mas ela só veio uma vez. Essa paisagem a assustou.”

“Que louco... você construiu isso tudo sozinho?”

“Hum... mais ou menos. A tecnologia que meus pais me deram é auto-replicante. Parte do local foi automaticamente construído pela minha nave, parte fui que aprimorei.”

“Vai ser bem legal passar uns dias aqui, Freddie. Obrigada!” - ela lhe agradece, abraçando-o.

“Não foi só por isso que eu te trouxe aqui.”

Um pequeno robô entrega a Freddie uma caixa metálica, que a repassa para Sam.

“Aqui dentro... tem um exemplar de kryptonita amarela...”

Ela o interrompe rudemente.

“Eu já te disse! Não quero ser a responsável pela perda dos seus...”

Ele coloca o dedo indicador sobre os lábios dela.

“Quer deixar eu terminar? Então... aqui dentro tem uma amostra da kryptonita amarela modificada por mim.”

“Modificada?”

“É isso aí. Pelo que pude analisar, ela apenas impede meu corpo de acessar meus poderes, enquanto eu estiver a dez metros dela.”

“É... certeza?”

Ele sorri.

“Não. Tenho 95% de certeza. Em 5% eu perco meus poderes definitivamente.”

“Você... tem certeza que quer tentar? E como sairíamos daqui se você perdesse seus poderes?”

“Kelex consegue nos tirar daqui. Bom, eu estou disposto a tentar.”

“Ai... não sei... se você perder seus poderes...”

“Só tem um jeito de saber. Abre.”

Sam olha diretamente nos olhos do amado, que sorri e acena com a cabeça. Procurando espantar a lembrança de que talvez estivesse acabando com o maior herói do planeta, ela lentamente abre a caixa de chumbo.

E sorri ao olhar seu conteúdo. Tratava-se de um pingente com uma joia esculpida no formato do símbolo peitoral do namorado. A joia era roxa, muito bela.

“Ei, roxo não era a nossa cor, conforme os fãs do iCarly diziam?”

“Sim, muita coincidência, não?”

Ela coloca o pingente no pescoço.

“Como você se sente?”

“Igual. Preciso fazer um teste.”

Ele a agarra pela cintura com as duas mãos e a ergue. Como não era muito pesada, consegue erguê-la até a altura dos seus ombros, mas com dificuldade.

“Unh... eu fiz mais força pra te levantar do que faria pra erguer um guindaste de quinhentas toneladas!”

Freddie a põe no chão novamente.

“Isso não é uma coisa legal pra se dizer pra uma garota, nerd...”

“Desculpa! Me dá um beliscão.”

Com prazer, Sam assim o faz.

“Ai! Perdi a invulnerabilidade também. E não consigo mais voar ou acionar minha visão de calor, estou surdo, pelo menos para os meus padrões... Acho que a pedra tirou meus poderes...”

“Mas será que eles voltam?” ela tira o pingente e o acondiciona na caixa.

Os olhos do namorado ficam vermelhos, ele flutua à frente dela.

“Eu sou um gênio, consegui suprimir meus poderes...”

A moça se aproxima dele com um sorriso malicioso nos lábios, abraçando-o, após colocar o pingente de volta ao seu pescoço.

“Bom... acho que não me trouxe aqui só pra me mostrar isso, né?”

“Absolutamente... no meu quarto tenho uma cama enorme...”

Então, sob toneladas de gelo, o jovem casal, ela terráquea, ele kryptoniano, se beija empolgadamente, como se o amanhã não importasse. Alheios às máquinas que parecem ter vida, os dois continuam, desejando que seus corpos fundissem em apenas um; ela acariciava quase com desespero a nuca dele, trazendo-o mais para perto ainda, o que ele aceitava com satisfação.

Sam se separa e, olhando fixamente para o namorado, ergue acima da sua cabeça sua camiseta regata, jogando-a longe. Freddie a sustenta pelas pernas, fazendo-a entrelaçá-las em sua cintura.

E assim, ainda se beijando, o kryptoniano leva sua namorada até seu cômodo de descanso, que detecta a presença dos dois, abrindo como mágica uma entrada para seu acesso.

Vários metros acima, no céu do deserto gelado... nada acontece. Relâmpagos e trovões certamente dariam um tom mais dramático à primeira vez que o Homem de Aço faz amor, mas tudo isso era irrelevante para os dois jovens que se descobrem pela primeira vez.

Os dois se amavam. Era tudo o que importava.