Superando Você

Capitulo 4 - A Vingança: Parte 1


A equipe ainda não haviam descoberto o que o paciente tinha e a situação dele só piorava. Então todos acabaram passando a maior parte da noite de plantão e depois foram, cada um, para suas casas, exceto por House que não conseguia relaxar sem ter descoberto o diagnóstico.

Cameron chegou ao hospital às 7:30, como sempre fazia. Mesmo seu horário sendo somente às 9:00, ela gostava de chegar mais cedo para adiantar a organização de alguns papéis e e-mails de House antes da equipe chegar, já que House não fazia nada alguém tinha que fazer. Ao entrar na sala de diagnósticos, ela jogou suas coisas em cima de sua mesa e se direcionou a máquina de café. Ela foi até a sala de House e se deparou com ele dormindo no sofá, de frente para a porta. Ela não havia percebido que House estava lá, porque ela não reparou nas persianas, portas e janelas fechadas, quando chegou. Ela daria meia para sair e voltar mais tarde, mas quando voltou o seu olhar para House novamente ele parecia desconfortável, ali, e pela testa franzida Cameron poderia afirmar que House estava com dor. A doce médica, sem pestanejar, colocou o Vicodin em cima da mesinha de centro, que ficava em frente ao sofá, permitindo que House o alcançasse apenas esticando o braço para a frente, quando acordar. Sem perceber, depois que posicionou o remédio em cima da mesinha, Cameron colocou delicadamente uma almofada em baixo da cabeça de House e as costas de sua mão correu pelo rosto de House, fazendo um caminho que começou pela testa, desceu para as bochechas e finalmente chegou a barba, ainda por fazer. Quando Cameron voltou em si e viu o que estava fazendo, parou e se virou brutalmente e saiu em direção a porta, resmungando e com raiva dela mesma por estar cedendo... De novo! Mas não desta vez, não desta vez. Ela deixou o escritório de House, agradecida por ele não ter acordado e a flagrado neste momento constrangedor, e se dirigiu ao seu computador para verificar os e-mails.

Cameron já havia saído quando House abriu um dos olhos para confirmar se ela já havia deixado a sala. Após ver que ela tinha saído, ele esticou o braço e pegou dois comprimidos de Vicodin e os engoliu a seco. Voltando a fechar os olhos um pequeno sorriso apareceu nos lábios de House, quando sua mão fez o mesmo percurso que a de Cameron tinha feito antes. Ele estava sim acordado aquela hora, o incomodo não o deixara dormir. House parou se sorrir no instante em que percebeu o que estava fazendo, mas isso não impediu o seu orgulho crescer mais ainda.

'Eu disse Wilson, incapaz de fazê-lo. Ela não consegue deixar de me amar' – com esse pensamento, e seu remédio começando a fazer efeito House voltou a dormir.

Ao acordar e se dirigir a sala de diagnósticos, House, encontrou Foreman lendo o jornal, Chase estava fazendo palavras-cruzadas e Cameron estava no computador. Ao perceber a presença de House, na sala, Cameron se levanta e vai em direção a máquina de café. Chase que estava acompanhando o percurso de Cameron, com os olhos, quase pula da cadeira quando Foreman cochicha para ele.

“Cuidado. Você está molhando seu jogo com baba...Hihihihi” - Chase se recompõe, mas perde o olhar furioso que House lançou para ele e Foreman.

Cameron ao ficar de frente para House, estica o braço para frente, lhe oferecendo a caneca vermelha com o líquido escuro. Quando House levou a caneca à boca ele resmungou alguma coisa ela achou que era alguma reclamação sobre o café estar muito quente ou alguma coisa assim, mas de alguma maneira, ela achou que aquele resmungo parecia um 'Obrigado' disfarçado. Mesmo ela achando que era sua imaginação pregando peças nela mesma, ela não pôde deixar de ficar confusa por tal ato. House achou engraçado a expressão de confusão que Cameron tinha em seu rosto e resolveu continuar com a brincadeirinha, então piscou e sorriu sensualmente para ela por trás da caneca. Cameron revirou os olhos e voltou para o computador. Foi tudo muito rápido, ninguém havia percebido a cena anterior, do mesmo jeito que perderam a surpresa e atordoação de House.

'Como assim ela não fez nada?! Ela deveria ter corado ou ficado sem graça ou tudo junto ou ter mostrado aquele lindo sorriso doce e meigo que el-... O quê?! Por que eu pensei nisso?! Ah esquece... Ela tinha que no mínimo ter arregalado aqueles olhos verdes e ficado com a boca aberta, sem conseguir dizer uma palavra, igual um peixe morto, da mesma forma que ela ficou daquela vez quando eu disse que eu a amava. Mas não, ela tinha que revirar os olhos e sair... Mulher Estraga Prazeres! Estragou minha brincadeira...' - House estava tão absorto em seus próprios pensamentos que não viu a Dean of Medicine chegar.

“House... House... HOUSE!!!” - Com o grito House se virou para a porta, ao ver quem era as piadas mais sórdidas e sujas começaram a passar em sua mente.

“Cuddy!! Seus seios pulando para fora da blusa, me distraíram...” - Ele disse dando de ombros como se fosse a coisa mais normal do mundo cumprimentar uma pessoa deste jeito, mas ninguém se importava mais, já haviam se acostumado com essas piadinhas de House.

“Hous-” “Eu não estou indo fazer minhas horas de clínica, se não percebeu eu iria começar um diferencial agora!” - House disse cantarolando e apontando para seus companheiros para provar o seu ponto.

“Achei que soubesse de tudo o acontecia neste hospital Cuddy. Me decepcionou!”

“Não foi por isso que eu vim. Eu estou aqui par-”

“Já avisei antes pra você. Sexo casual no local de trabalho é proibido... Pensando bem, dizem que o proibido é mais gostoso, então sim eu topo!” - House a interrompeu de novo.

“Cale a Boca House!!” - Cuddy usou a sua voz alta e autoritária. Ao ver que House continuou calado ela fez menção em continuar. Quando Cuddy abriu a boca, House abriu a dele também pronto para interromper, mas permaneceu calado quando foi fuzilado pelo olhar de Cuddy.

“Como eu estava dizendo... Eu estou aqui para acompanhar o diagnóstico.”

“Pra quê?” - House quis saber.

“Preciso saber o desempenho se cada um dos seus patinhos.”

“Pra quê?”

“Porque sim. Aliás eu trouxe um novo paciente.”

“Pra quê?” - Cuddy já estava se irritando com House a esse ponto.

“Nós já temos um paciente.” - Foreman falou pela primeira vez

“Na verdade Dr. Foreman, este caso eu passei para o Princeton Central.”

“Pra quê?” - House percebeu a irritação de Cuddy e continuou com a provocação.

“Não dava pra você avaliar a gente com o mesmo paciente?” - Cameron perguntou com preocupação em sua voz e ignorando a pergunta de House.

“Não se preocupe Dra. Cameron, o Jordan já foi diagnosticado e está respondendo bem ao tratamento.” - Cuddy sorriu, gentilmente, para Cameron que retribuiu o sorriso.

“Não é justo! Este era o MEU caso, era EU quem tinha que diagnosticá-lo...” - Finalmente House disse outra coisa além de 'Pra quê?', Cuddy pensava.

“Esse paciente está em estado crítico e é conhecida de um dos colaboradores do hospital. Precisam que descubram o que ela tem.”

“Novidade... Pra quê?” - House voltou com a provocação. Cuddy havia pensado cedo de mais...

“Porque sou EU quem paga o salário de todos vocês e estou dizendo que vão fazer isso. Fui clara? Tem alguém com problemas em relação a isso?!” - Todos negaram com a cabeça. - “Ótimo! Então podemos começar.” - Cuddy entregou uma pasta pra todos ali presente. Depois de alguns minutos todos estavam sentados na mesa discutindo sobre a nova paciente.

“Garota, 6 anos, sintomas no quadro. GO!” - House começou.

“Alguma coisa no sangue, talvez?” - Chase falou primeiro

“Sege mais específico Wombat...”

“Eu não sei, pode ser qualquer coisa.”

“Tudo bem. Chase faça os exames rotineiros. Foreman vá a casa da paciente e verifique se pode ser ambiental e Cameron converse com os responsáveis e pegue os detalhes que faltam no histórico médico. Podem ir.” - House falou pensativo. Todos se levantaram e foram cumprir suas tarefas, apenas Cuddy permaneceu sentada na mesa, com os braços cruzados.

“O quê que foi? Eu disse 'Podem Ir'... Até balancei a mão pra dar ênfase, olha só.” - House disse repetindo o gesto com mão, a balançando para frente e para trás como se estivesse expulsando alguém. Cuddy continuou imóvel.

“Você já sabe o diagnóstico, não sabe?” - Cuddy disse com certo receio, estava na verdade com medo do que ele afirmaria. Ela o conhecia muito bem para saber quando ele sabia a resposta e ficava escondendo o jogo. E agora ele estava fazendo exatamente isso.

“Hãã... Noap!” - Ela sabia mais ainda quando ele estava mentindo.

“Oh! Essa não. Você sabe sim!” - Ela sussurrou. - “Por que não aplicou logo o tratamento na criança, House?!” - Ela não conseguia gritar. Ela queria, mas sua voz não saia. Ela estava aponto de avançar em cima de House, segurando a mesa com muita força.

“Não se preocupe. Não prejudicará a paciente... Quer dizer, não mais do que ela já está. Relaxa, eu tenho um plano! Por isso não conte isso a ninguém, estragaria meus planos...” - House afirmou.

Cuddy podia muitas coisas, mas ganhar uma briga com House, ela sabia que era impossível ela sair vencedora. Outra coisa que ela aprendeu com o tempo foi que, quando se tratava de medicina, ela podia confiar em House. Ele podia ser um louco viciado em Vicodin, mas ele sabia o que fazia e quase sempre estava certo.

“Tudo bem House, desde que você não prejudique a garotinha...” - Cuddy suspirou cansada. Ela deixou a sala de diagnóstico rumo ao seu escritório. Mal ela sabia que não era contra a pequena paciente que House tramava.

“Não se preocupe Cuddy meu plano.. Quer dizer: Minha vingança não prejudicará a pequena, mas sim outra pessoa. Chegou a hora Dra. Cameron!”

_________________________________________________________

Passaram-se 3 dias e ninguém havia descoberto o que tinha de errado com a pequena Lucy. Cameron se apegou muito a garota, mesmo não querendo ela não pôde evitar de se sentir hipnotizada por aquela coisinha, por aquelas bochechinhas rosadas, e o cabelo loiro longo cacheado somente nas pontas, a pele branquinha e pálida e a voz doce que a menina possuía. Os pais adotivos de Lucy a abandonaram quando a situação da menina se agravou, simplesmente saíram e não voltaram desde então. Cameron arcou com todas as despesas do hospital, para que Lucy permanecesse no hospital e foi mandada, por House, para dar a notícia a menina. Esse foi o começo de uma pequena amizade entre a criança e a doutora. Quem passasse em frente daquele quarto, a qualquer hora do dia, veria Cameron junto com Lucy e quem não a conhecia diria que ela era a mãe da pequena garotinha hospitalizada. E nem poderia ser confundida por uma médica, porque ela não estava usando mais o jaleco. Lucy a pedira para não usá-lo, porque médicos a assustavam, então a partir dai Cameron deixou de usar o uniforme, quando estava no quarto, o que duraria quase o tempo todo. Foi muito pouco tempo, mas a ligação entre as duas ficou tão forte que parecia que elas se conheciam a vida toda. Chegou ao ponto, onde Lucy só permitia ser tocada Cameron, e mais tarde só Cameron podia permanecer no quarto por mais de 10 minutos.

“... E eles viveram felizes para sempre! Fim.” - Cameron fechou o livro e olhou para Lucy, que estava sorrindo para ela.

“Será que a princesa e o príncipe encantado tiveram uma família?”

“Humm...Certamente sim, querida”

“E eles foram felizes também? Com a família deles?”

“Creio que sim...” - Cameron não estava gostando do rumo que aquela conversa estava tomando.

“Então sou só eu mesmo...”

“Só você o quê Sweetheart?” - Cameron usou sua voz mais doce e calma.

“Que nunca fui feliz com a minha família..”

“Como assim?” - A voz de Cameron saiu culpada, ela não havia contado sobre os pais de Lucy para a menina.

“Eles não me fazem feliz. Eles brigam comigo, me machucam, não me deixam brincar nem ver TV, nem nada... Eles não contam historinhas pra mim dormir igual você faz. Eu queria que você fosse a minha mamãe...” - Lucy choramingou com seus olhinhos cheios de lágrimas. Cameron não se conteve e deixou uma lágrima escorrer de seus olhos enquanto sorria. Ela se aproximou e se sentou na cama com Lucy de forma que agora estava de frente para a pequena.

“Oh Lucy, eu sinto tanto querida... Mas você precisa ser forte agora. Acha que... que pode fazer isso Princesa?” - Cameron falou pausadamente enquanto fungava e secava algumas lágrimas que restaram.

“Você-Você acha que eu sou uma princesa?! Como-Como a do livro?” - Lucy a olhou com expectativa. Cameron abriu um largo sorriso e passou a mão pelo rosto da criança na sua frente.

“Claro que você é, querida. Princesa Lucy! Soa bem para você?” - Lucy deu uma risada que contagiou Cameron. Logo as duas estavam gargalhando e suas risadas se espalhando por todo o hospital, enquanto Cameron fazia cócegas em Lucy.

House observava toda cena do lado de fora e resolveu interromper o momento entre as duas. Ao entrar repentinamente, no quarto, House assustou Cameron, que saltou da cama e rapidamente retomou sua postura profissional enquanto arranhava sua garganta e passava a mão na roupa esticando o tecido, como se estivesse amassado. Cameron olhou para Lucy e as duas sorriram em consentimento de culpa, por serem pegas, mas não deixaram de olhar assustadas para House quando ele voltou a falar.

“E então Dra. Cameron? Já contou a menina que os pais dela a abandonaram?” - House foi mais frio do que gelo, o que fez Cameron estremecer por dentro.

“O quê?! Eles-Eles foram embora? Para sempre?” - Lucy a essa altura já estava chorando.

“Eu preciso que fique calma querida...” - Cameron tentou acalmar a menina tocando levemente no ombro dela.

“Ele me deixaram, Tia Allie, eles não me querem mais... Eles-Eles não gostam de mim, por quê?” - Lucy falou em meio aos soluços. Cameron a abraçou fortemente.

“Querida se acalme, por favor. Você não está sozinha, estamos aqui com você.” - Cameron sussurrou, ainda abraçada a Lucy e afagando os cabelos louros da menina, até que ela se acalmou novamente.

“Mas e agora? Eu não quero voltar para o orfanato. Por favor Tia Allie, eu não quero ficar sozinha pra sempre...” - Lucy pediu mais calma do que antes.

“Nós vamos dar um jeito, Honey. Não se preocupe” - Ela se virou e olhou para House um momento antes de voltar sua atenção para a menina.

“Me promete que não vai me deixar sozinha?” - Lucy perguntou fazendo biquinho.

“Eu prometo criança” - Cameron depositou um beijo no topo da cabeça de Lucy e a abraçou protetoramente. - “Eu nunca irei te dei-... PI-PI-PI-PI-PI-PI-PI”

Todos tomaram um susto quando as máquinas começaram a apitar loucamente e o corpo de Lucy começou a tremer, em cima da cama, até que ela caiu inconsciente. Cameron e House controlaram a situação o mais rápido possível e depois de estabilizado o silêncio reinou sobre o quarto.

Cameron estava em pânico, uma menina de 6 anos acaba de ter uma parada cardíaca. Ela olhava de House para Lucy alternadamente. Quando percebeu que não teria as respostas para suas perguntas, Cameron deixou o quarto e foi em direção ao laboratório.

'Provavelmente foi calibrar a centrífuga de novo.' - House começou pensando consigo mesmo. - 'Ela se apegou a menina mais cedo do que eu imaginei. Ótimo! Porque a doença está evoluindo. É hora de finalmente revelar o diagnóstico. Se prepare Dra. Cameron, a hora é essa, minha vingança irá começar' – com esse pensamento House seguiu para a sala de diagnóstico.