Stay with me

Challenger's Expedition


Challenger, Summerlee, Roxton e Ned estão em Brighton tentando não chamar atenção por causa das roupas molhadas, dos rifles e das mochilas com os souvenirs, pois eles suspeitam que mais mercenários estejam disfarçados e atocaiados no porto, por isso eles resolvem seguir por fora da plataforma. Enquanto caminha Roxton gira o rosto para observar as direções, ele olha para todos os lados e examina todas as mulheres, pois ainda não desistiu de encontrar Marguerite e não se cansará de procurá-la, porque não quer tirar conclusões precipitadas, só que depois de não ter nenhum sinal dela o Lorde começa a desanimar, então conclui que Marguerite não aparecerá nesta noite, porém ele espera que Challenger esteja certo sobre tudo. Depois de verificar pela milésima vez as condições do ovo de T-rex dentro da mochila, Challenger se junta ao grupo para procurar um meio de chegar à Londres, pois uma condução agora não é uma tarefa fácil, porque tem muita gente desembarcando dos navios que precederam o Sea Hope, por isso conseguir um carro de aluguel será parte da aventura de voltar para casa. Mas, após circularem pela estação eles finalmente encontram um motorista disponível, só que se trata de um sujeito grandão, com cabelos loiros e que fuma cigarro enquanto espera por clientes, então Roxton, Summerlee e Challenger concluem que ele é americano e com grande chance de ser da cidade de Malone, por isso Roxton escolhe o rapaz para esta missão: - Por que eu tenho que negociar com aquele senhor? – O jornalista está visivelmente cansado, tem olheiras nos dois olhos, o rosto está abatido, as roupas úmidas e o estômago com muita fome.

— Porque você parece o mais apto de nós Malone!

— Roxton você sabe que não está fazendo sentido! Se pelo menos a Marguerite estivesse aqui ela saberia argumentar. : - Nesta hora Malone percebe que falou demais, pois o sorriso nos lábios de Lorde Roxton esvaiu-se rapidamente, então o rapaz fica arrependido, só que não tenta se desculpar porque Challenger que está um pouco atrás do caçador faz um gesto pra ele parar, então Malone cala o bico e começa a caminhar até o motorista antes que outro viajante consiga o carro. Breves segundos de negociação depois o jornalista volta com a corrida combinada em $107 libras esterlinas pelo o aluguel do Alfa Romeo verde escuro. Malone disse ao condutor do veículo que Roxton pagará pela corrida porque é o único milionário do grupo.

— Bom trabalho Malone! Que maravilha!!! – Roxton debocha porque esta é uma pequena vingança do rapaz.

— Roxton você está certo, sou o mais apto para negociar e você para pagar. - Ned debocha à altura enquanto abre a porta para Summerlee, então o botânico se senta no banco da frente enquanto os outros dividem a traseira.

Quando o Alfa Romeo sai de Brighton avança a viagem pelas curvas da estrada que liga a principal praia inglesa à Londres e em poucos minutos o carro passa pela última estação de trens que está desativada desde o término da guerra, no local restam apenas casas construídas a beira dos trilhos. Enquanto dura a corrida, Challenger olha para fora porque está pensando nas mudanças ocorridas nos últimos anos, então neste momento ele se lembra do futuro horrível de Finn e seus olhos vagam de volta ao momento em que conheceu a garota. O cientista sabe da importância de sua expedição, pois significa uma nova esperança para o mundo, mas com o solavanco dos pneus ele é arrancado das lembranças para a vida real e então sente o coração pular dentro do peito porque está transportando um novo futuro para a humanidade.

Menos de 100 km depois o automóvel adentra a cidade, Lorde Roxton que tinha cochilado desde o início abre os olhos e em seguida olha pela janela, neste momento ele rever a fachada do Bloodle`s enquanto seu olfato reconhece o aroma inconfundível das confeitarias que ele freqüentava com a mãe e o irmão, às vezes com o avô e também com o pai, só que depois do serviço militar, seu avô William Jacoby Richard Roxton raras vezes saia da propriedade em Avebury, por isso era Lady Janet Roxton quem passeava com os garotos. Voltar ao lar trás para John uma grande nostalgia porque a expedição foi o auge de sua vida, mas agora poderá rever a mãe, porém nada será como antes de conhecer Marguerite, então enquanto luta com as emoções, ele coloca a mão no queixo e o olhar vaga nas lembranças. No dedo mindinho está o anel de seu antepassado que ele herdou na noite em que foi condecorado o orador mais eloqüente na câmara dos Lordes, mas então, de repente John sai do transe porque Summerlee avisa que estão em sua residência. O caçador ergue o rosto e se endireita no banco, nesse momento o carro para diante da casa pintada de branco, com jardins mal cuidados e com uma lâmpada apagada sobre o umbral. Gentilmente Arthur salta para fora, em seguida fecha a porta novamente e caminha com dificuldade até a janela dos companheiros, então ele olha com doçura e se emociona.

— Ora, mas esta não é uma despedida seu velho rabugento!!! – Challenger não quer deixar o bom amigo para baixo.

— Oh não, claro que não George. – Agora todos escutam sua voz cansada enquanto as bochechas se comprimem.: - Mudaremos o mundo!!! Foi isto que você disse quando nos reunimos na noite da sua palestra.

— Eu disse! E começaremos amanhã mesmo!!!

— Muito bem, você conseguiu seu grande teimoso.

— Poderei contar com sua presença?

— Claro que sim! – A resposta do professor é animadora, então Malone coloca a cabeça para fora, pois quer se despedir também: - Vai ficar bem Summerlee???

— Muito bem meu jovem, obrigado por perguntar.

— Cuide-se, Summerlee! – Amigavelmente Roxton estende a mão para Arthur.

— Até breve John, foi uma honra conhecê-lo e obrigado por salvar minha vida!!! – Arthur volta a se emocionar, em seguida ele sai andando para sua solitária casa. Novamente o Alfa Romeo pega a estrada, ele vai deixar Ned Malone em seu apartamento no Bexley perto do Centro. O jovem jornalista está ansioso por retomar a vida no bairro tranqüilo que é tão diferente da Casa da Árvore e das trilhas do platô onde escondiam surpresas geralmente perigosas e mortais. Ned não gostava de morar na selva, ele só gostava de ficar perto da garota mais corajosa que já conheceu, pois se apaixonou por Verônica desde o instante que ela salvou sua vida pela primeira vez, só que agora ele não sabe como será quando amanhã reencontrar Gladys. Quando chega sua hora de terminar a viagem, o rapaz abre a porta do Alfa em silêncio e em seguida olha para Challenger e Roxton:

— Nunca achei que seria tão comovente me despedir das pessoas que salvaram minha vida centenas de vezes, porque quando aceitei participar da expedição eu só queria impressionar uma garota!

— Amanhã você irá encontrá-la! – Challenger sorri para o jornalista.

— Então é aqui que você mora Ned?!!! – John lança um olhar para o sobrado vermelho espremido entre dois prédios velhos.

— Agora você pode ver com seus próprios olhos que tudo que eu disse é verdade.

— É!! – Roxton solta uma boa gargalhada, pois se lembra das conversas compartilhadas.

— Até mais Malone, seus diários contam uma boa história.

— Challenger espera só até contar pros meus leitores como a sociedade zoológica caiu aos seus pés. – Todos riem muito.

— Até amanhã? – Pergunta Challenger.

— Estarei lá! – Malone nem hesita, depois ele segue para a porta do sobradinho enquanto o Alfa Romeo vai devolver George Challenger para os braços da esposa. Challenger mora no Enfield, o bairro modesto de Londres, pois é muito agradável, também fica perto do Centro e mantém a cara de vila interiorana, pois sua atmosfera é sempre calma, porém há muitos casarões nas proximidades. Metade dos cientistas que George conhece mora lá ou pelo menos morava até 1919. Então quando o carro para pela penúltima vez, Challenger e Roxton trocam um afetuoso abraço, pois o caçador fez questão de descer também.

— Obrigado John, você cumpriu sua promessa! – Os olhos do cientista estão úmidos.

— Você fez muito por mim e por todos também. Sem as suas engenhocas não teríamos sobrevivido e Verônica não estaria segura agora.

— Eu faria tudo novamente sem pensar duas vezes.

— Sentirei falta do platô!!! – Agora o tom da voz de John está deprimido.

— Não se preocupe, encontraremos Marguerite onde quer que ela esteja e então dentro de muito pouco tempo estaremos prontos para a expedição de retorno.

— Eu não sei se quero ir sem Marguerite. – Roxton percebe a decepção do cientista, pois Challenger espera que esteja no grupo quando voltar ao platô. – Desculpe meu velho, mas uma vez você me disse que a Marguerite é para mim como a ciência para você, eu acho que eu sei o que isto quer dizer, portanto quando encontrar Marguerite eu vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para nunca mais perdê-la.

— Só não se esqueça de dizer o quanto você a ama!

— Assim como você dirá pra sua esposa??? – Nesta hora John aponta pro cientista olhar para trás, pois uma bela senhora apareceu na porta.

— Jessie? – O coração do cientista se enche de amor. – Oh minha querida Jess!!! – Challenger corre para abraçá-la e por um momento ele se esquece do conteúdo frágil em sua mochila. O marido não parece o cientista, mas John acha bonito o reencontro e sente alegria por ver seu melhor amigo feliz, pois o caçador sabe o quanto todos mudaram e aprenderam a valorizar as coisas que importam. Depois Roxton decide deixar o casal a sós, pois terá bastante tempo para conhecê-la, então ele volta para dentro do veículo e se senta no banco da frente, em seguida pede que o motorista dirija depressa para seu endereço que fica no coração da nobreza inglesa.

As ruas de Kensington são maravilhosas, o bairro é um dos melhores, só que John nunca se importou, porém a sua residência localizada na Egerton Street é uma mansão exuberante de tijolos e pedras, construída em 1814, quando os ingleses tomaram a cidade de Washington nos Estados Unidos. O seu bisavô Jonathan Richard Roxton foi o general do exército britânico da época e mandou construir a mansão para sua querida esposa Mulie Roxton e seus dois filhos Jacoby e Joe Willie. A obra levou 11 meses para ser finalizada, mas Mulie nunca moraria ali, pois adorava Avebury.