Starco – O Ataque dos Pugs Malditos

— Então este é o seu plano? Dois feitiços complexos? Agora?

— Tecnicamente, são dois feitiços básicos. Só que em escala um pouco maior.

Marco deu de ombros e sorriu. A audácia louca da rainha sempre o colocava de bom humor.

— É melhor não se esquecer do que me prometeu.

Ela piscou para o noivo.

— Sexo, família, nachos. Como poderia esquecer?

Depois de repassado o plano, cada um foi para sua posição.

Marco deveria alertar Toffee através do rádio, para que se preparasse para a batalha.

Depois, deveria organizar todos os que ainda pudessem se levantar para bloquear as entradas, da melhor forma que conseguissem.

Glossaryck reuniria os enfermos.

Restara às duas versões de Star preparar os feitiços.

....

Não pouparam nada. Sangue de Basilisco, dentes de unicórnio, Hidromel nórdico.

Cerejas marroquinas.

Assim que todos os ingredientes estavam reunidos, elas começaram com o processo.

A princesa olhou com esperança para a rainha.

— Olha, não sei se vale de algo, mas estou feliz por ver quem você se tornou.

Ou no caso, por quem eu vou me tornar. Obrigada por ser uma mulher incrível.

A líder da resistência abraçou sua viajante do espaço-tempo preferida.

— Eu que agradeço. Devo tudo a você.

— Uma última pergunta: fizemos aquela tatuagem?

Sem qualquer pudor, a rainha levantou a blusa e mostrou, em suas costas, uma tatuagem enorme, com os dizeres: “Unicórnios Arrebentam”.

Em letras garrafais, com desenhos de chamas ao redor.

....

Com tudo pronto, os quatro se reuniram mais uma vez na grande sala de reuniões.

— Portas seladas. Ganhamos um tempo – Disse Marco.

— Ótimo. Vamos começar. Apertem os cintos crianças, vamos decolar.

....

Do lado de fora, Corn Flakes estava exuberante com sua futura conquista.

No entanto, as insistentes investidas dos Pugs foram interrompidas pelo grito ensurdecedor que veio de dentro do castelo, saído das cordas vocais da rainha.

Algo que ficaria na memória.

“VOO DO PÔNEI SALTITANTE!!!!”

Num estremecer que fez com que todo o exército Pug caísse de costas (inclusive o rei), o castelo tomou vida, alçando voo em pleno dia.

Flutuando tranquilamente, a estrutura de pedra e aço passou a seguir com uma onda de vento rumo ao norte.

Era mesmo uma visão única. Até mesmo para Corn Flakes.

— Senhor, o que faremos agora?! Eles estão fugindo!!

O rei se reposicionou em sua cadeira e voltou a sua pomposa arrogância.

— Vamos segui-los a pé. Não poderão flutuar com algo tão pesado por muito tempo.

Logo eles irão cair. E eu estarei lá para ver. Vamos, agora!

Sem rodeios, os o exército de cães passou a seguir o castelo voador.

....

Do lado de dentro, a rainha Star usava sua varinha como timão, guiando o castelo como se fosse um navio pirata.

– Todo mundo bem? – Perguntou.

Todos acenaram positivamente.

— Legal. A primeira parte deu certo. Espero que o Toffee esteja pronto, porque eu não vou fazer esse truque duas vezes!

....

Posicionados em segurança, Toffee e seu exército aguardavam.

Curiosos, um dos orcs se aproximou do líder.

— E agora, chefe, o que faremos?

— Vamos aguardar o sinal da rainha. Assim que a barreira mágica cair, atacaremos.

— E qual é o sinal?

— Não tenho ideia – Respondeu o lagarto, em plena sinceridade – Mas disseram que notaríamos.

Espantada com o que estava vendo dos binóculos, Full Moon passou o objeto para o pai.

— O que é aquilo?

Ele examinou bem antes de responder.

O castelo voador se aproximava, a todo pano.

— Aquilo.... É algo que não se vê todos os dias.

— É o sinal?

Toffee sorriu.

— Pode apostar.

....

Em rota de colisão com a barreira, os Pugs continuavam a seguir o castelo do solo.

Nesse momento, Star e os demais se reuniram aos feridos na enfermaria.

De mãos dadas, todos os sobreviventes do castelo se preparavam para o último feitiço.

Todavia, pouco antes do final, a rainha se virou para o noivo, com um sorriso acompanhado de uma lágrima.

— Sabe que eu te amo, mais do que tudo, não é?

— Gosto de pensar que sim.

— Ótimo. Mantenha isso em mente, sempre.

....

“TROCA NINJA MORTAL!!!!”

....

E com o grito, um brilho dourado surgiu em volta dos sobreviventes.

Do lado de fora, o mesmo brilho circundou a maior parte dos Pugs.

....

O rei Pug levou um tempo até entender. Em um minuto, estava do lado de fora.

Agora estava dentro do castelo voador. Com seus seguidores.

Rumo a colisão que, certamente, levaria a morte certa.

A troca rápida da rainha fora perfeita. Do solo, os sobreviventes enfermos comemoravam a vitória.

Corn Flakes estava com seus aliados, presos em uma ratoeira gigante, rumo a uma colisão que não só mataria a todos os Pugs presentes, como destruiria a barreira mágica e libertaria os demais monstros liderados por Toffee.

Perfeito.

Ou quase.

....

— Cadê a Star?! Cadê a rainha?!

Marco e a princesa correram desesperados pelo campo.

Olharam por todo o canto. Perguntaram a todos. Mas ela não estava lá.

Nunca estivera.

....

O comunicador no bolso de Marco estava recebendo uma chamada.

— Star?! Onde você está, amor?

— Ainda estou aqui dentro. Sinto muito.

Marco e a princesa se entreolharam em puro pânico.

— O que?! Porque?!

— Desculpa, mas tem que ser assim. Você ouviu o Toffee. Eu preciso morrer.

E você viver.

— Não, não, NÃO! NÃO FAZ ISSO COMIGO! VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO!

Do outro lado, as lágrimas da rinha escorriam do rosto direto para a tela do comunicador. Para a imagem do conselheiro e da princesa.

— Eu sinto muito ter mentido pra você. Eu queria mesmo ser a mãe dos seus filhos, sabe? Só não deu tempo.... Eu sempre vou te amar. Nunca se esqueça que....

....

Fim de transmissão.

....

O rio laser, vindo dos olhos de Corn Flakes, destruiu o comunicador de Star.

— Sua vadia, condenou a todos!

Ainda em prantos, ela só pode rir, frente ao desespero nada sutil do Pug.

— Qualé fofinho, não sabe mesmo perder com estilo, não é?

Todos os Pugs circundaram a rainha.

— Nós vamos te estraçalhar....

— Manda a ver, focinho curto.

E no exato momento em que as feras avançaram em cima de Star, ouve o choque.

O castelo colidiu.

....

O estrondo foi enorme. Sem igual.

Todos, do lado de dentro e de fora da barreira caíram.

O monumento que um dia fora a glória do reino de Mewni estava se despedaçando em pleno ar, levando consigo não apenas a barreira, mas selando a vida dos Pugs e da primeira e única rainha, Star Buterfly.

Marco correu desesperadamente até os escombros, mas a princesa o impediu.

Ele tentou se livrar dela para continuar a correr. No entanto (e você pode associar isso a tanto a emoção quanto ao peso da Star do passado), as pernas do conselheiro perderam a força.

Ele foi ao chão.

Gritando de dor, de raiva.

De medo. De tristeza.

A agonia dele só não era maior do que a da princesa, que tentava consola-lo, sem sucesso.

Abraçados ali, eles ficaram no chão, por um tempo.

Apenas chorando e olhando para o céu.

O mesmo mar de nuvens cinzentas que levara a rainha para longe.

Para longe dele. Para sempre.

....

Nem todas as surpresas são boas.