Starco – O Ataque dos Pugs Malditos

Dias depois

Com o fim da barreira, Toffee e seu mar de criaturas cumpriram o prometido.

Se armando com o equipamento que um dia pertencera ao exército da rainha Star Buterfly, ele eliminou os Pugs restantes em Mewni.

Sempre a frente da batalha, e sempre acompanhado da filha.

Os Pugs caíram.

Humanos, unicórnios e todo e qualquer ser escravizado fora liberto.

A notícia se espalhou rápido por entre os reinos. Com a morte de Corn Flakes e o sacrifício da rainha, toda a coragem em lutar fora restabelecida, em toda a parte.

E Toffee manteve a palavra. Paz entre todos.

Surgiu assim, O Reino Democrático Mewniano, ou apenas Mewni Livre.

....

Quando a poeira baixou, o enterro cerimonial pode ser realizado.

De toda a parte, criaturas vieram prestar suas homenagens a Star.

É claro, havia uma dor muito maior acumulada nos peitos de Marco e da princesa, vinda de outra época.

Ver seu próprio enterro, com certeza não estava em seus planos.

Todos se juntaram para ouvir o discurso do conselheiro real.

Em fato, ele começou muito bem. Usou palavras como amor, dedicação e incondicional, para lembrar de sua noiva.

Contudo, terminou utilizando as palavras sádica, babaca e estúpida ao final, em meio ao balbucios, choro e tristeza.

Ninguém poderia culpa-lo por isso. Ele ainda não aceitara o fim.

E talvez nunca aceitasse.

....

Enfim, chegou o momento. Hora de mandar a princesa de volta ao passado.

Depois de se despedir de todos, Glossaryck pediu que ambos ficassem sozinhos na sala de reuniões, uma última vez.

Afirmou que precisaria de privacidade para o feitiço.

— Eu quero ficar mais, por favor – implorou a princesa.

Ele precisa de mim.

— Ele vai ficar bem. E você precisa voltar. Sua presença aqui é perigosa.

Não se deve brincar com o tempo.

— Então, isso é tudo? Eu me vejo morrer e você só me manda de volta?

Mais nada?

O ancião balançou a cabeça.

— Temo que não seja tão simples. Vou ter que apagar sua memória.

Não posso te mandar de volta com informação do futuro. Sinto muito, princesa.

— Como é que é?! Isso não justo! Não posso esquecer de algo assim!

— Não se preocupe tanto. Estou apagando sua mente, não seu coração.

Apenas lembre-se de ser feliz. E viver o momento.

Adeus, princesa.

....

Casa dos Diaz, 15 Anos Antes

Star ressurgiu no quarto de Marco, como se nunca tivesse partido.

Ela demorou um tempo até se situar, não se lembrando do motivo de estar de pé, no meio do quarto do rapaz, estática.

— Então, como foi a viagem? – Perguntou Glossaryck.

— Que viagem?

— Ué, não acabei de te enviar pro futuro?

Como foi por lá? Eu ainda tenho barba? Porque eu estava pensando em tirar....

Star olhou para o relógio de pulso, aflita.

Deixando o ancião falando sozinho, ela correu as escadas o mais rápido que pôde.

Mas Marco ainda estava ali. São e salvo, na poltrona da sala.

— Tá tudo bem, Star? – Indagou o jovem.

— Eu.... Não. Não está bem. Nada bem.

— O que foi? Fala!

— Eu amo você. Não quero que vá embora. Quero que se mude comigo, pra Mewni.

Mais rápido do que podia sentir, ela deixou que as palavras escapassem do peito.

Algo estava diferente. Ela só não sabia definir.

— Sei que tornei a sua vida um inferno. Mas você mudou a minha, também.

Eu morreria por você. E vou morrer, se for embora.

Não posso viver sem te amar. Sem te preparar aqueles nachos queimados. Sem te fazer vestir aquela cueca branca e preta toda a noite.

Eu não posso....

Ele a abraçou e a beijou, com tanta intensidade como da primeira vez.

— Me ganhou quando disse que me amava. Era só isso que eu queria ouvir.

Vou com você. Vamos ser felizes em Mewni. Pra sempre.

....

O sorriso e a satisfação em ouvir a voz de Marco sumiram com as últimas palavras.

Para sempre.

Ela escondeu o rosto molhado de lágrimas no peito dele.

— Vamos só viver o momento, tá bom? Um de cada vez.

....

O Reino Democrático Mewniano – Mewni Livre, Futuro

Após a viagem da princesa, Marco também decidira partir. Sem sua noiva, não havia mais significado permanecer em Mewni.

Mesmo com a proposta de Toffee, de governarem lado a lado.

Ele só queria ir para casa.

Levou um tempo até que se despedisse de todos os companheiros.

A última pessoa com que teve contato fora a filha de Toffee, Full Moon.

Ele tinha um presente para a jovem.

Uma caixa de madeira confeccionada a mão revelava em seu interior uma velha tiara, vermelha, de chifrinhos.

A adolescente adorou. Ela usaria dali por diante, durante muito tempo.

....

Ao chegar em casa, de volta à Terra, só queria poder deitar – se na cama e sonhar com ela.

Sonhar que Star ainda estivesse viva, em algum lugar. Que ainda o surpreenderia, uma última vez.

É claro, também tinha a questão dos pinguins terem tomado conta da Terra.

Mas, comparando-os com os Pugs, até que as aves não eram tão ruins. E a taxa de educação crescera desde que estes assumiram o controle.

Ele pensaria nisso com mais afinco depois. Agora, só queria se jogar de baixo dos lençóis.

....

Não conseguiu.

No instante em que cruzou a porta, teve que correr até a cozinha para desligar o fogão.

Do contrário, a nuvem de fumaça espessa não se dissiparia.

— Mas que.... Merda! Quem consegue queimar nachos?!

— Desculpa! Eu ainda estou tentando pegar o jeito do fogão. Ele é malvado, se quer saber....

Marco quase caiu para trás ao ouvir a voz da noiva.

Ao se virar, a ex – rainha não estava apenas ali de pé, mas viva e bem.

Quer dizer, “bem” é um termo relativo, que varia a cada pessoa.

Ela estava coberta de ataduras, que iam dos braços às pernas.

Também haviam cicatrizes profundas no rosto. Mas de fato, estava viva.

Já era alguma coisa.

....

Marco tentava reunir palavras que o cérebro teimava impiedosamente em esconder, devido ao choque.

— Como... Como você....

— Como eu sobrevivi? Eu nasci naquele castelo, bobão.

Sabia de uma passagem secreta ou duas. Mas os Pugs deram trabalho.

Os malditos mordem com muita força.

Os joelhos do rapaz começaram a afrouxar. Sentia que ia tombar a qualquer momento.

Mas teve força de vontade para continuar.

— Tudo aquilo.... A conversa pelo comunicador.... VOCÊ MENTIU PRA MIM?!

OUTRA VEZ?!?!?!?!

Star estremeceu ao ouvir a voz de Marco. Não era medo.

Era remorso.

— Eu não queria ter mentido assim. Mas tinha que parecer real. Toffee tinha que acreditar.

E eu tinha que dar um jeito de ficar com você. Porque eu te escolhi.

Porque você é a única coisa que me interessa.

O choro fazia as cicatrizes arderem ainda mais, mas não o suficiente para que ela parasse de lacrimejar.

— Pode me bater, se quiser. Eu mereço. Mas me dá uma chance....

Me dá uma chance de passar o resto da vida queimando os nachos, te fazendo rir.

Eu juro que nunca mais....

Ele a abraçou e a beijou, com tanta intensidade, como sempre fizera

E sempre faria.

— Me ganhou com a piadinha do “fogão”. Era só isso que eu queria ouvir.

Eu te amo, sua babaca sacana....

O abraço e a emoção foram tão fortes que ambos tombaram no tapete da sala.

Mas não importava. Era o lugar mais aconchegante do mundo naquele momento.

Não o tapete. Os braços dele, envoltos nela.

....

— Acho que estou te devendo uma família, não é?

— Além de sexo selvagem e nachos.

E como você já queimou a comida....

Um olhar malicioso surgiu no semblante de Star. Aquele mesmo olhar que normalmente levava a uma maratona de sexo ou....

Bom, levava a uma maratona de sexo.

— Você é um tarado, senhor Diaz.

— Ah, não sabia dos meus novos fetiches? Agora eu tenho uma certa queda por mulheres de cicatrizes e dálmatas....

....

A ironia do argumento era que, de fato, Star já estava grávida.

Seis semanas.

Mas com certeza, chegando nesse ponto do conto, duvido muito que o leitor esteja interessado na história de uma Star grávida que voou até Toronto, acompanhada do marido, para derrotar pinguins malvados – apenas com garra, determinação e um pequeno grupo de Basset Hound mercenários a tiracolo.

Isso já seria outra lenda.

....

Starco – Os Pinguins Contra-Atacam.

Num universo paralelo, perto de você.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.