Starco – O Ataque dos Pugs Malditos

Existe uma lenda, contada a gerações, que fala sobre demônios de focinhos curtos, olhos vermelhos e uma sede implacável de poder, sangue e.... Açúcar.

Toda a vez que estes ressurgem no multiverso, trazem consigo caos, pânico e um rastro de fofura.

A mesma lenda também fala que a cada vez que eles renascem, uma mulher se erguerá para enfrenta-los.

Essa história relata a batalha pela retomada do reino de Mewni.

....

Casa dos Diaz, Agora

Depois da conversa alegremente desagradável entre os dois, Star entrou e se lançou de bruços na cama, deixando que o rosto afundasse no travesseiro.

Glossaryck já estava cansado da situação, há dias. Desde que Marco decidira partir para a universidade de Stanford, eles estavam nessa de altos e baixos.

O ancião supostamente deveria ser tutor de Star, e não conselheiro matrimonial, embora estivesse se saindo muito bem na função.

— Por que você simplesmente não transa loucamente com ele como toda adolescente normal? – Insistiu Glossaryck.

É claro, depois de dias desse tipo de diálogo, as boas ideias já tinham acabado.

— Primeiro: eu já fiz isso. E ele ainda vai, mesmo assim.

E segundo: eu não quero pedir para ele não ir.

— Achei que essa fosse a intenção....

Star lançou o travesseiro na direção do ancião, que desviou tão graciosamente como uma gralha de assa quebrada.

— EU QUERO QUE ELE ESCOLHA FICAR COMIGO! – Bradou a princesa.

Depois, vendo que o conselheiro nada havia a ver com sua raiva proeminente, ela respirou fundo e tentou se acalmar.

— Desculpa, eu.... Só queria olhar nos olhos do Marco e dizer que não vou bagunçar a vida dele....

— Quer dizer, bagunçar ainda mais?

Star deu de ombros.

— É. Sei lá, se eu pudesse ter certeza, sabe? Que iria dar tudo certo entre nós.

Que ele não vai se arrepender, depois. Eu só....

E foi quando a ideia lhe acertou em cheio. Olhando para o lado, a princesa viu sua varinha na mesa de cabeceira.

Um olhar malicioso surgiu em seu semblante. Aquele mesmo olhar que normalmente leva a eventos apocalípticos e/ou despedidas de solteiros com strippers.

— Posso viajar no tempo, não posso?

— Não.

— Você pode me fazer viajar no tempo, não pode?

— Posso.

— Então...?

Glossaryck respirou fundo e parou por um tempo para analisar o pedido da princesa.

Foi uma reflexão intensa, ainda que de curta duração.

— Nem a pau – Respondeu.

Star fez um muxoxo.

— Porque não?

— Viajar pelo espaço-tempo é perigoso! Ainda mais para conseguir informações sobre o futuro!

— Não pretendia isso...

— E pretendia o que?

— Viajar pelo espaço-tempo para falar comigo mesma no futuro.

O ancião acenou negativamente, dando de ombros em seguida.

— Imaginei.

....

Mewni, 15 Anos no Futuro

Assim que o portal se fechou, Star se via em um lugar irreconhecível.

O céu estava cinzento. O ar, pesado, carregado com cinzas e um gosto inconfundível de cobre.

Não haviam casas. Apenas destroços. E nas paredes, cartazes de pessoas desaparecidas.

Milhares deles.

Andando sozinha pela terra devastada, a única coisa que vinha à mente da princesa era que Glossaryck havia errado no feitiço, e agora ela estava dentro algum filme de terror classe A, ou um dos filmes do SyFy, classe B.

....

Então, finalmente ela fora abordada pela guarda real.

Um grupo de seis Pugs, vestidos de armadura e com espaças nas bainhas pararam a princesa, em pleno dia.

Seria uma cena até fofa, costumeira, se estes não estivesse babando e atirando lasers mortais dos olhos.

Star se lançou ao chão, de cara na lama, para desviar dos raios.

Em seguida, o líder do grupo se aproximou e encostou sua pequena lâmina (que mais parecia ser uma faca de cozinha) na garganta da princesa.

— Identifique – se, verme! – Urrou o pequeno cão.

Ainda de joelhos, completamente imunda, Star balançou a cabeça em sinal negativa ao pedido do Pug.

— Eu, me identificar? Identifique – se você!

O pequeno cão cerrou seus olhos sanguinolentos em cima da jovem.

— Sou o segundo sargento PepperCandy, a mando do rei Pug todo poderoso Corn Flakes! Viva ao rei!

Os demais Pugs bradaram suas espadas, gritando e balançando suas lâminas ao alto.

Sem dúvida, um gesto de respeito ao líder supremo deles.

— Rei.... Corn Flakes?

O Pug encerrou a pequena saudação e voltou a encostar sua lâmina na garganta de Star.

— O rei de todos. E o seu também, inseto.

— Chefe, acho que ela não vai colaborar – Mencionou um dos sodados, atrás de PepperCandy.

— Tem razão, recruta – Concordou o sargento – Vamos leva – la até o campo de concentração. Deixem que lidem com ela por lá.

Mocinha, a partir de agora, considere – se propriedade do nosso rei!

Segundos as leis dos Pugs, você trabalhará nas nossas fábricas de açúcar, onde será escravizada e molestada!

— E vai fazer carinho nas nossas barrigas! – Mencionou, mas uma vez, o soldado.

— Bem lembrado, recruta. Bem lembrado.

....

A princesa precisou de um minuto para assimilar tudo o que estava ouvindo.

Mewni destruída. Pugs no poder. Carinho nas barrigas.

Star sempre imaginou que morreria de forma violenta, mas não dessa, especificamente.

Quem imaginaria?

— E seu eu me recusar a ir com vocês? – Indagou a princesa.

PepperCandy passou sua espada de leve no rosto de Star, fazendo um leve corte na bochecha.

— O que disse, escrava?

Os demais Pugs mantinham seus olhos brilhantes no alvo, apenas esperando a ordem do sargento para atirar.

— E se eu me recusar.... Educadamente?

— Mais alguma gracinha e acabamos com seu sofrimento aqui mesmo, agora.

Entendido, verme?

Antes que ela pudesse responder, uma sombra escura pairou por cima dos Pugs e de Star.

Nesse momento solene, os cães escutariam da princesa as últimas palavras que ouviriam nessa vida.

— Cuidado com o coelho – Ela disse.

— O que?

No instante seguinte, todos o grupamento dos Pugs foi violentamente pisado até a morte por um coelho gigante, que apenas poupou a adolescente.

E montando o coelho, um homem de sobretudo e capacete controlava a fera.

Quando terminou com os cães, o guerreiro deu uma boa olhada na garota.

De cima a baixo.

— Eu não acredito – Ele disse – Os Pugs clonaram a Star?!

— O que? Não! – A princesa respondeu – Eu sou a Star Buterfly, de verdade!

— Olha, a verdadeira está na casa dos trinta.

— Eu sou a verdadeira! Só que eu vim do passado, em missão diplomática.

— Você é uma viajante do tempo?

— Exatamente.

Em reação a informação, o guerreiro retirou o capacete.

Marco sempre se surpreendia com Star. Mas até para eles, aquilo saía um pouco do padrão.

— Tô vendo que vai ser um dia longo – Comentou Marco – Espero que possa provar o que diz.

A princesa perdeu as palavras ao ver o rosto de Marco.

Ele não se tornara apenas um homem muito atraente no futuro.

Era forte, corajoso, intrépido.

Um bom soldado, de barriga tanquinho e que, depois de todos estes anos, ainda estava lutando por Mewni.

Ao seu lado, ela esperava.

— Posso provar, sim.

— Ótimo. Me conte no caminho. Temos que sair daqui antes que mais Pugs apareçam.

— E pra onde vamos?

— Vamos para o castelo. Para a sede da resistência aos Pugs.

Vamos trocar uma ideia com a rainha. Se você é que diz ser, ela precisa estar ciente.

— Então.... Eu virei rainha, no futuro?

Marco soltou um riso de leve.

— Rainha, líder, de vez em quando, minha noiva. Bom, pelo menos quando você está afim de sexo selvagem. Vamos, sobe aí. Temos um longo a caminho.

Estendendo sua mão, ele ajudou a princesa a subir no coelho gigante e partiram rumo ao castelo.

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Se você acha que está esquisito até aqui, relaxe.

Vai ficar muito mais.