Starco – O Ataque dos Pugs Malditos

Castelo de Mewni, Núcleo da Resistência ao Pugs

Na sala de reuniões, rainha e ancião aguardavam a volta do conselheiro real.

Só não esperavam que Marco fosse trazer companhia.

Assim que cruzaram a porta, a presença da princesa tomou ambos de surpresa.

Ao mesmo tempo, o fato da princesa encontrar sua futura versão lhe tirou o ar.

Aos trinta e poucos, a rainha estava belíssima, considerando que era a líder de uma resistência rebelde.

Por outro lado, a líder estava chocada com a presença da princesa. Era como olhar num retrato antigo, ou em alguma espécie de túnel do tempo. Ainda assim, a tiara de chifrinhos era inconfundível.

— Ah meu Deus, os Pugs me clonaram?!

— Eu não sou um clone! Sou você. Só que.... Do passado.

A rainha olhou nos olhos do conselheiro.

— Ela me convenceu – Disse ele, em resposta ao olhar.

Acho que está falando a verdade. Ela sabe muito a seu respeito.

— Só que eu nunca viajei no tempo!

A seguir, ela se virou a Glossaryck.

— É possível – Reiterou o ancião – Ainda que improvável.

— E olha que foi você que me enviou – Completou a princesa.

A rainha Star passou as mãos pelo rosto. Haviam muitos problemas no reino, não esperava que Marco retornasse com outro, não até o almoço, pelo menos.

— Tudo bem. Se você é realmente minha versão do passado, prove.

Convença – me, da mesma forma que você convenceu o Marco.

— Certo – Respondeu a princesa.

Pra começar, sei sua data de nascimento, seu nome do meio e inclusive seu CPF.

— Isso tudo está na internet.

— Sei seus fetiches sexuais. E os dele também.

E dito isto, a princesa piscou para Marco. Ele corou e deixou uma leve gota de suro gelado escorrer pelo rosto.

— Isso também está na internet.

E estava. Em detalhes sordidamente específicos.

Cortesia StarFan31.

— Sei sua senha do Wifi.

— Wow – Espantou - Marco – Essa nem eu sei!

No entanto, a rainha ainda estava com um pé para trás.

— Não sei não, parece um blefe....

Analcomdalmatas01. E você só inseriu o “01” porque o computador obriga a incluir números.

Marco saltou de sua cadeira, levando as mãos ao alto.

— Você tem tara por dálmatas?! Então é por isso que me obriga a vestir aquela cueca ridícula branca e preta, toda a noite?!

O rosto da rainha passou de um branco pálido a um vermelho intenso, em um instante.

— Tudo bem, me convenceu. Ela sou eu, do passado.

Mas, porque veio pra cá? Porque agora?

— Bom.... O Marco estava prestes a partir pra faculdade. Então, viajei no tempo pra saber se ele ia mesmo, ou se ia escolher ficar comigo.

— Deixa eu ver se entendi bem: cruzou o espaço-tempo, arriscando o universo, só por uma insegurança pessoal, ao invés de uma conversa sensata com seu namorado?!

— .... Talvez....

A rainha esboçou um sorriso no canto do rosto.

— É a minha cara. Acredito em você – Disse, por fim.

Meninos, poderiam me deixar a sós com.... A princesa, por uns minutos?

— Quer dizer, consigo mesma? – Reiterou Marco.

Claro, porque não?

....

Agora, princesa e rainha estavam sozinhas na grande sala.

— Acho que você quer saber o que está acontecendo, não é?

A jovem Star concordou com a cabeça.

— Há dez anos, esses Pugs surgiram. Não sabemos como. Só que os monstrinhos são espertos, maus e só pensam em uma coisa.

— Poder?

— Açúcar. É como cocaína, pra eles. Vão de reino em reino, saqueando, matando e colocando escravos para trabalharem nas fábricas, onde extraem glucose do sangue dos unicórnios.

— Meu Deus....

— E fica pior. Já tomaram milhares de mundos. O do Tom. Da Hekapoo. Cabeça de Pônei. E agora, o rei Pug quer o nosso.

Corn Flakes.

— É. Está liderando o ataque a Mewni em pessoa. Pug bastardo.

— E a Terra?

A rainha respondeu com um gesto negativo.

Corn Flakes a vendeu aos pinguins. Os babacas governam do Canadá.

Mas isso é irrelevante, no momento. Temos que vencer os Pugs, antes.

A princesa se levantou da cadeira com determinação no olhar.

— Eu quero ajudar.

Mais uma vez, a mulher acenou em negativa.

— É perigoso. Não podemos deixar que nada ocorra com você.

Aliás, você nem deveria estar aqui.

— Eu sei.... Mas eu preciso saber. Como fez o Marco ficar com você, todo esse tempo?

O que disse quando ele estava prestes a ir para a faculdade?

A líder da resistência levou um tempo, analisando como responder da forma maia adequada.

Em seguida, se levantou e se aproximou de sua versão do passado. A olhou bem no fundo dos olhos.

Contudo, ela não estava sorrindo. Sua cara estava séria, e meteria medo até nos mais bravo Pug.

— Acha que pode ficar se comportando assim? Viajando no tempo, arriscando a vida dos outros?

— Eu.... Eu não queria atrapalhar vocês....

— Mas atrapalhou! – Gritou a rainha.

Acha que tem o direito de brincar com a vida das outras pessoas? Ou com a do Marco?!

— Não! Eu nunca faria isso!

— Então porque não o deixa ir? Porque não o deixa ser feliz?!

Star começou a tremer e balbuciar palavras. Queira responder a sua versão futura, mas o ar parecia arranhar os pulmões, roubando a capacidade de se defender.

— Eu.... Nunca quis.... Eu....

— O que?! Nunca quis destruir a vida dele? Torna – la um inferno?

Então porque não o deixa ir embora?

— PORQUE EU O AMO!!!!!!!!!!

A princesa se afastou da rainha, completamente ofegante.

— Eu o amo demais! Morreria por ele. Enfrentaria Pugs e qualquer coisa que se metesse com o Marco. Não posso viver sem ele....

Satisfeita com a resposta, a líder da resistência se aproximou de novo, dessa vez com um afago, beijando Star na testa.

— Então, quando voltar, diga exatamente isso. É tudo que ele quer ouvir.

....

Estava claro, naquele momento.

Certas coisas só entendemos quando dizemos em voz alta.

Como admitir ter tara por furries. Ou admitir que é depressivo e pensa em suicídio pelas manhãs.

E nesse caso, admitir que você ama uma pessoa mais do que a si mesmo.

O plano da rainha de fazer sua versão passada entender parecia ter sido um sucesso.

Não restava dúvidas no olhar da jovem. Tudo fazia sentido. Mesmo nesse mundo louco e sem qualquer nexo.

— Uau.... Isso foi maligno. E esperto. Obrigada.

— O prazer foi todo meu. Mas não sou tão mais esperta que você, pra ser sincera.

Só mais experiente.

Anda, vem comigo. Vamos te limpar e te mandar pra casa.

....

— Não é possível – Afirmou Glossaryck.

— Como assim, não é possível?! Se ela veio, ela tem que poder voltar!

O Ancião coçou o queixo. Era a marca registrada dele para quando não podia fazer nada.... A não ser é claro, coçar o queixo, em negativa.

— Não posso manda – la de volta sem ingredientes. E nosso estoque está perto do fim.

Só temos o necessário para feitiços básicos. Sinto muito.

— Que inferno....

— É melhor se preparar, porque a coisa só piora – Disse Marco.

Sem cerimônias, o rapaz estendeu um enorme mapa sobre a mesa de reuniões.

As duas Star e Glossaryck observavam atentamente enquanto o conselheiro explicava a situação.

— O nosso último grupamento acabou de voltar. Todos na enfermaria.

Recuperamos muitas armas, mas não temos com quem usar.

Nosso exército acabou. E o rei Pug se aproxima.

....

— O que é essa área circulada no mapa? – Perguntou a princesa.

— É onde banimos todos os monstros, há anos – Respondeu Marco – Mesmo antes dos Pugs começarem a invasão.

— Não podemos prende – los por lá?

— Já tentamos. Criamos uma barreira mágica que impede os monstros de fugirem. Humanos podem transitar livremente.... E Pugs também.

— Hum.... Essa barreira, é muito forte? Não dá pra, sei lá, fazer uma brecha?

– Ah, já sei onde você quer chegar. Não podemos contar com a ajuda deles.

Os monstros nos detestam e são liderados pelo homem-lagarto que mais amamos odiar.

— Quer dizer....

— Isso mesmo. A última coisa que queremos é ir lá pedir a ajuda do Toffee.

....

Todos ficaram quietos por um tempo, até que a princesa quebrou o silêncio.

— Tenho uma ideia.

— Que seria?

— Ir lá pedir ajuda do Toffee.

Incrédulo com as palavras da jovem, Marco se virou para a rainha.

— Que opção nós temos? – Disse a líder – É um plano ruim, mas é a minha cara.

O conselheiro passou a mão pelo rosto. Mais suor frio.

— Sabia que esse dia ia demorar a passar – Disse, por fim.

E sem mais objeções, rainha, princesa e conselheiro tomaram três coelhos gigantes como montaria e se dirigiram até a barreira.

Hora de fazer um acordo.

....

Ainda não está estranho o suficiente, não é?

Eu sei. No entanto, ainda tem mais.

A parte divertida começa agora.