-Stara...- minha avó clara me advertiu e eu dei de ombros.

-Não, esta tudo bem- disse Mark voltando a sentar.

Eu já de primeira não gostei de Mark. Ele era tão... bonito que me desconcertava. E ele não demonstrava horror pela a minha condição, o que me deixava confusa e sem controle sobre a situação.

Sentei-me à mesa ao seu lado e disse fria.

-Então vamos começar. -ele sorriu e eu ignorei os arrepios que passaram pelo meu corpo.- está um dia lindo lá fora, e eu não quero ficar presa aqui tendo aula- frisei- com você.

Mark riu e começamos a estudar.

Mark era um ótimo professor tenho que confessar, mas essa atração repentina que senti por ele me dava uma repulsa... medo.

- Bom, por hoje é só. – eu apenas assenti com a cabeça.

Enquanto via ele se levantar para ir embora, fui, mas rápida que ele e subi para meu quarto lembrando que dia era hoje. Dia 8 de novembro... Um dia para meu...

Meu aniversario.

Lembrar-me desse dia desde dois anos atrás sempre me trazia tristeza. Toda a família junto com... Jason, viajávamos comemorávamos, mas que no próprio natal.

Esse dia eu não abria mão de passar com minha família que agora... por causa de Jason...

“Merda” pensei indo em direção a minha estante pegando meu porta joia e dentro uma caixinha com um colar que havia ganhado de Jason.

Segurei com raiva e taquei a caixinha com o colar com toda força. Levei um susto quando ouvi o barulho do vidro da janela quebrar e alguém dizendo “ai”.

Quando desci para ver quem era vi Mark Walker com a mão na cabeça e uma expressão não muito boa na cara. “droga taquei com muita força.”

-Tá já percebi que você não gosta de mim!!- ele pegou a caixa com a presilha com cuidado para não machucar com os cacos de vidros que tinha em volta.- mas fique tranquila. Porque aqui eu não volto mais. - ele jogou a caixa na minha direção sem olhar enquanto ia em direção seu carro e ia embora. “idiota”- Adeus. Stara Gilbert- Mark disse meu nome como se fosse um xingamento.

Entrei no meu quarto e me joguei na cama e resolvi dormir um pouco. E a ultima coisa que eu me lembro de antes que a inconsciência me dominasse era que o sorriso de Mark era lindo.

Acordei essa manha como as outras chorando e gritando pelo os sonhos que tinha toda a noite. Revivia aquela cena sempre que ia dormir.

Mas diferente dessa vez, era que antes de acordar o rosto de Mark apareceu, mas se desvaeceu no fogo que queimava meus pais.

Fiquei deitada na cama sem forças para levantar. Mas me assustei ao ouvir batidas na porta e ver minha avó clara entrando e cantando parabéns enquanto carregava um pequeno bolo com uma vela acesa no meio.

Fiz cara feia para ela que sorriu divertida

-Parabéns Stara Gilbert. Minha neta mais linda!

- Obrigada- falei com descaso.

-Ah vamos lá! Anime-se! Você está fazendo 18 anos! Não é qualquer idade!

É... Bom me dê esse bolo, estou morta de fome.- sorri para ela que me deu um enorme sorriso de volta.

-Mas antes tem que apagar a velinha! E não se esqueça de fazer um pedido.

Revirei os olhos e apaguei a vela ignorando o meu pedido.

Comi o bolo na cama junto com minha avó clara. Eu sabia que ela estava feliz, mas ela preferiu –ainda bem- ficar quieta me olhando e comer o bolo. Eu sorria uma vez ou outra, mas sem muito entusiasmo.

Acabamos de comer o bolo e minha avó clara levantou indo em direção á porta dizendo.

-Vamos levante, saia um pouco! Hoje é seu aniversario!

-Não vó. Não estou muito afim... – fiz manha

- Vamos! Vá naquele parque perto da estrada. Quase ninguém vai lá.

-Talvez...

-Talvez é sim pra mim.- minha avó clara disse e se virou para sair mas antes disse- você tem 5 minutos, se não eu venho e te tiro a força.- “merda” pensei “é só dar uma folga e ela abusa.”

Levantei, tomei um banho e peguei a primeira coisa que vi em meu guarda-roupa. Minha saia de couro preta e minha blusa azul marinho estampado e minha ankle boots preta de couro com um salto baixo.

Fui procurar um espelho e vi o meu antigo que já estava bem empoeirado no canto do quarto quebrado.

O peguei e pendurei. Enfrentei meu rosto.

Ainda estava horroroso e não pode evitar as lagrimas -que ultimamente eram minha companheiras- derramarem pelo meu rosto.

Passei maquiagem no meu rosto esperando esconder o máximo à queimadura. Passei sombra preta nos olhos e apenas um brilho transparente na boca. ”Ta bom, pior que tá não fica.”

Saí de casa ignorando minha avó clara e seus elogios. Eu não sabia dirigir e o parque era a 15 minutos dali então resolvi ir andando enquanto ouvia musica no meu fiel IPod.

Cheguei ao parque e sentei num banco que havia ali. Não vinha quase ninguém no parque porque ele era velho e as maiorias dos seus brinquedos estavam quebrados.

Poucas pessoas que estavam ali e passavam por mim me olhavam com desdém. A maioria nem me notava sentada no escuro.

Algumas crianças que reparavam no meu rosto, apontavam para mim mostrando para as mães eu apenas fingia que não ouvia seus comentários aumentando o volume do IPod.

Peguei um cigarro e o acendi dando uma primeira e longa tragada.

Fiquei sentada no banco não sei por quanto tempo, mas percebi que meu maço de cigarros já estava acabando e pensei que já estava na hora de ir embora já era bastante para satisfazer minha avó clara.

Me levantei preguiçosa e quase cai no banco de susto quando eu o vi.

Ele estava muito perto de mim e eu podia sentir seu hálito em meu rosto. E seu cheiro inebriando meu nariz. Nem havia reparado que não estava respirando e tentei recuperar o folego mas não consegui “o que ele esta fazendo aqui?” eu tinha que correr mais minha pernas não se moviam.

-sentiu minha falta? maninha- ele perguntou e eu senti tudo rodar.

- ja... ja... Jason- gaguejei desesperada.

Ele apenas sorriu e aproximou a mão do meu rosto, mas antes que ele pudesse me tocar bati em sua mão furiosa.

- Ah qual é Stara! Não foi minha culpa!

-Monstro! Como você teve coragem de drogar e matar seus pais? - não pode controlar as lagrimas.

-Ah por favor eu não fiz isso... você não pode achar que eu fiz isso...- Jason estava triste e revoltado ao mesmo tempo.

O empurrei para longe de mim enquanto minha fúria florescia.

-Não tente mentir pra mim! Eu vi!

-Ah por favor Stara! Eu os amava...- eu me aproximei dele o segurando pela gola da sua camisa branca e o interrompendo.

-Depois de tudo que eles fizeram por você... Você os ...-respirei fundo.- matou... Seus próprios pais?? Meus pais? E ainda diz que é mentira eu vi ok?! EU VI!

-Sabia que você não ia acreditar em mim... - Jason disse magoado.

Falso, idiota!

- Ah vai se fuder!!- grunhi - Você é um idiota psicopata e destruiu meu rosto. Eu te odeio!

-Quantas vezes vou ter que dizer!-Jason segurou meu braço e puxou meu corpo mais de encontro ao seu corpo- Não foi minha culpa!- e pela primeira vez ali vi raiva no rosto do Jason e senti medo.

Ouvimos um barulho e nos viramos.

- Esta tudo bem Stara?- suspirei aliviada quando vi que era Mark

- Sim- respondeu Jason- Agora vá embora!

Mark se aproximou e disse bem perto de Jason.

- E se eu não quiser ir?

- Eu te tiro a força.- Jason soltou meu braço concentrado em Mark e fui em sua direção começando a o puxar pela mão.

-Por favor vamos embora daqui!- gritava já não aguentando mais aquele inferno.

- Eu só não acabo com a sua raça aqui e agora, por causa dela... Mas se te ver a perturbando de no...

-Apenas vamos embora!- gritei interrompendo Mark.

Sai dali puxando Mark sem olhar para Jason.

Andei puxando Mark para bem longe dali.

Minhas mãos tremiam e eu não conseguia respirar direito e tive que parar para respirar e pela primeira vez soltei a mão de Mark desde que saímos do parque.

Eu fiquei de costas para ele tentando respirar. A raiva me dominava e eu não conseguia pensar direito.

-Merda! – gritei frustrada, pegando um cigarro e o acendi o tragando profundamente, a procura de alivio.

Eu respirava fundo tentando me controlar quando senti mãos em meu ombro.

Me virei e vi Mark com um olhar preocupado

-Esta tudo bem?? – ele perguntou.

Não respondi fiquei quieta o olhando. Estava cansada de mais da minha vida, e o pesar estava me perturbando.

Mark veio ate mim e me abraçou e não me importei aninhando-me mais em seus braços.

Ficamos em silêncios por alguns segundos ate que meu choro secou um pouco e então percebendo isso Mark disse

-Acho que você podia me dizer quem é aquele cara...- Mark procurou meu olhar mas desviei.

-Meu... meu irmão.

- Seu...- não o deixei dizer mais nada.

Eu não queria mais falar sobre aquilo.

- Me tire daqui, eu preciso sair daqui agora!

-Ok.- ele disse assustado com minha reação repentina.- Meu carro esta aqui perto, posso te levar para a casa.

- Não! Eu...- olhei ao redor para saber aonde estávamos e lembrei que ali perto tinha um bar.- Me leve no Rub’s -apontei na direção do bar.

-hum... não sei se você vai entrar...

-Eu tenho 18! Fiz hoje.- sorri sem vontade.

- Ah parabéns!

- Tá, tá. Como presente você podia me levar para o rub’s- sorri irônica.

- Tá, mas...

- Mas nada- interrompi Mark já indo em direção ao bar.

-Stara...

Chegamos ao Rub’s e ele não estava cheio, mesmo sendo à noite. Nem havia notado que havia passado tanto tempo.

Mas as poucas pessoas que estavam ali me olhavam- Quer dizer- olhavam meu rosto deformado.

Sentei num banco que tinha em frente ao balcão, aonde tinha barmens fazendo malabarismo com a bebida.

Quase cai da cadeira quando senti Mark sussurrar no meu ouvido.

-Alias você esta linda. - fiquei vermelha e ele riu.