Star Wars- Coração Rebelde

Capítulo 1-O trio de prisioneiros


General Hux entrou na Ala médica do Star Destroyer. Avaliou os feridos e depois seguiu para uma sala contígua. Sentado numa cama especial, Kylo Ren olhava a tela do aparelho que monitorava seu metabolismo, enquanto um droid-enfermeiro cauterizava o corte em seu rosto. Faixas limpas envolviam seu abdômen e Hux falou:

—Está se recuperando bem.

—Estou.

—A mira daquele wookie não estava tão boa, não é?

Kylo Ren ergue os olhos para Hux:

—Lamento por isso... Aposto que estaria mais feliz comigo fora do seu caminho.

Hux sorri, sarcástico:

—Trabalhamos pela mesma causa, Ren... Espero que seus interesses pessoais não interfiram no interesse da maioria.

—Questiona minha lealdade, General?

Hux sentiu o ar ficar pesado ao seu redor. Conhecia os poderes de Kylo Ren e como ele se irritava facilmente. Nisso, a voz trovejante de Snoke ecoa na mente dos dois comandantes e Hux fala:

—Nossa conversa pode esperar, Ren...

—Certamente. Snoke quer vê-lo logo.

O general sai dali rapidamente. Estava aliviado por Snoke quebrar a tensão que havia se formado entre os dois homens de confiança do Líder Supremo. Hux sabia que os poderes de Ren poderiam mata-lo facilmente e não arriscaria ter o jovem comandante como inimigo. Hux esteve à frente do ataque com a Base Starkiller, mas as ações intempestivas de Kylo Ren trouxeram os inimigos para dentro da base e ao subestimar o Trooper desertor, não perceberam o risco que corriam. Tanto Phasma quanto Ren haviam deixado o rapaz livre e isso desencadeou uma sucessão de eventos que culminaram com a perda da poderosa base.

Hux entrou no gigantesco salão e ergueu a cabeça, esperando as palavras de Snoke. O líder supremo estava em silêncio e seu rosto, envolto em sombras, deixou o comandante apreensivo. Logo a voz de Snoke soou, imponente:

—A Starkiller foi perdida...

Hux não responde e espera. Snoke suspira:

—Podia ter impedido Kylo Ren...

—Impedi-lo? Seu pupilo não ouve a razão e ...

Snoke interrompe:

—O comandante Ren deu um passo ainda mais ousado para o lado sombrio. A escuridão que cresce nele agora se condensa. A ambição desse jovem em ser tão poderoso quanto Darth Vader será de grande valor à Primeira Ordem.

Em respeito, Hux se inclina e se vira para sair. Snoke ainda fala:

—General... Breve meus espiões descobrirão onde se escondem os rebeldes e até lá, Kylo Ren estará pronto para desferir o golpe decisivo.

—Como quiser, Lorde Supremo.

Pouco mais tarde, em seus aposentos, Hux está sentado, analisando documentos. Sua juventude e obstinação eram o que a Primeira Ordem precisavam, mas Kylo Ren era uma pedra em seu sapato. Se não fosse pelos seus poderes, Hux já teria dado um fim ao problema.

Ambos disputavam a atenção de seu líder, mas no futuro, somente um seria escolhido para comandar junto a Snoke. Hux esperava que o temperamento instável de Ren fosse uma carta em sua manga. Se Kylo Ren se tornasse um Sith, ele seria seu subordinado.

Noutro ponto da galáxia, Leia Organa está em seus aposentos, observando a noite pela janela. Ela respirou fundo e murmurou:

—Han...

Fechou os olhos:

—Ben...

Cobriu o rosto com as mãos e chorou em silêncio. Seus problemas familiares e crises emocionais não podiam estar acima da Resistência, assim, naqueles momentos de repouso e solidão, a General podia exprimir o seu pesar. Suas esperanças agora estavam depositadas em Luke Skywalker, seu irmão e último Jedi vivo da antiga escola. Porém, nem mesmo Luke atendeu seu chamado mental e Leia nunca se sentiu tão só.

O Star Destroyer seguia seu curso. A ponte de comando aguardava uma janela espacial favorável para entrar no hiperespaço, quando os sensores da nave captaram algo naquele quadrante. Hux foi chamado e informado que era uma nave-cargueiro de porte médio, que voava com os comunicadores desligados. O escâner do Destroyer informou que havia carga de todos os tipos no interior da nave, de biológico a eletrônico. O General supôs que tal nave poderia pertencer à Resistência e ordenou que fosse interceptada.

O raio trator foi acionado e a nave clandestina moveu-se para escapar. Naves menores partiram de seu casco e Tie Fighters partiram para deter sua fuga. Nesse momento, a nave maior explodiu violentamente e permitiu que duas, das cinco naves, escapasse pelo hiperespaço, enquanto outras duas eram abatidas pelos fighters. A quinta nave foi capturada pelo raio-trator e arrastada para dentro do Destroyer. Os Tie fighters se recolheram em seguida.

Kylo Ren estava em repouso, quando sentiu algo diferente no ar. Ergueu-se da cama e olhou ao redor. Presenças estranhas estavam à bordo e ele não conseguiu decifrá-las. Vestiu-se e colocou o temível capacete, apesar da dor incômoda em sua face ferida. Seguindo pelos corredores, percebeu movimentação de Stormtroopers em direção ao hangar de pouso das naves. Ren seguiu até lá e viu uma nave pequena, desgastada pelo tempo e cercada de soldados. Hux comandava a ação e dava ordem para a retirada dos tripulantes.

A rampa de acesso foi aberta mecanicamente e oito soldados, armados de potentes blasters subiram à bordo com cautela. Pouco tempo depois, desceram três ocupantes da nave, mãos na cabeça e em fila. Trajavam roupas de cores neutras e rústicas, capacetes e óculos semelhantes aos de corredores do deserto. Dois eram homens adultos e o terceiro tripulante parecia mais jovem.

Sempre sob a mira das armas, os três foram colocados frente à Hux, enquanto a nave era vasculhada. As caixas e sacos foram abertos e o General foi informado que continhas sementes variadas, alimentos desidratados, munição e componentes eletrônicos para comunicação, além de fichas de crédito monetário, certamente roubadas.

Ren estava parado, esperando Hux informar-lhe o ocorrido. Enquanto aguardava, sondava mentalmente os prisioneiros e percebeu que não conseguiu captar nenhum pensamento. Talvez fossem ciborgues ou ele estava muito esgotado devido aos ferimentos que sofrera e seus poderes estavam falhando, mas sentiu que era algo mais. Hux ordenou que os três fosse conduzidos à sala de interrogatório e dois soldados forçaram os tripulantes a se moverem.

O menor dos prisioneiros era o último da fila e quando seguiu, pareceu tropeçar em alguma coisa, caindo pesadamente no chão. Um soldado aproximou-se para levantá-lo, quando recebeu uma rasteira do prisioneiro e um golpe no braço que fê-lo deixar cair a arma. O prisioneiro deu uma cambalhota, apanhou o blaster e atirou com perícia, atingido quatro soldados. Nesse movimento, ergueu-se e ficou frente à Hux, mirando em seu rosto. Naquele segundo fatal, Ren ergueu a mão e o prisioneiro teve a arma arrancada de suas mãos para, em seguida, ser erguido do chão.

O General parecia paralisado, enquanto os outros prisioneiros caíram de joelhos no chão e gritando:

—Poupe-a!!! Por favor!!! Ela agiu sem pensar!! Poupe-a!

Kylo Ren voltou-se para os dois e desceu o prisioneiro que flutuava acima deles. O corpo miúdo do atacante bateu no chão frio e ele gemeu com o impacto da queda. Ren falou aos soldados:

—Levem os três agora. Um movimento qualquer e atirem para matar.

Hux olhava a nave em silêncio. Kylo Ren aproximou-se e esperou, até que o General falou com voz embargada:

—Por que o impediu de atirar em mim?

—Trabalhamos pela mesma causa, lembra-se? “Meus” interesses pessoais não devem interferir no interesse maior e você é uma ferramenta útil à Primeira Ordem. Seria um desperdício perder seus talentos.

Hux respira fundo e depois fala:

—Devo ser grato, então...

—Como quiser, General. Mas o que temos aqui?

—Nave de fuga. Um Cargueiro clandestino explodiu antes que pudéssemos capturá-lo.

—Acha que pertencem à Resistência?

—Talvez... Mas parecem diferentes. Não há nenhum emblema que indique que pertençam à ela.

—Disfarçados. Logo vou descobrir o que fazem e quem são.

—Você vai? Eu estou à frente dessa empreitada.

Kylo Ren virou-se, sarcástico:

—Oh! É verdade! Deixe o prisioneiro menor comigo... Diante do seu estado de espírito, acho que o mataria antes de descobrir algo útil.

Na sala de interrogatório, os prisioneiros foram colocados em cadeiras de metal especiais, repleta de mecanismos estranhos. Os dois homens falavam baixo, preocupados:

—Não sei o que faremos por ela...

O outro balançou a cabeça:

—Não se preocupe. Precisamos confiar que tudo pelo que passamos até agora nos preparou para isso...

—Perdemos duas naves... Lembra-se de quem as ocupava?

—Não...Espero que o novo Comandante tenha escapado.

—Acha que vão nos matar?

—Sim, mas... Podemos negociar por ela.

—Vai entregar nossa causa?

—O que acha que devemos fazer? Ela é inocente! Não devia estar aqui...Assim.

Ambos olham à sua esquerda. Algemada à estranha cadeira, jazia uma jovem inconsciente. Hux entrou na sala algum tempo depois. Junto dele, dois soldados, um droid e Kylo Ren. O General aproximou-se da jovem desmaiada e falou com o droid:

—Desperta-a.

Continua...

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Caríssimos,
Primeiro capítulo.
Revisei algumas coisas e espero continuar. Já tenho algum material pronto, mas sempre posso mudar o rumo como as coisas estão acontecendo. Estou lendo quadrinhos sobre o tema para não perder o fio da história. Existe muita coisa já escrita entre os episódios dos filmes, mas acho que consigo aproveitar algum ponto perdido. A morte de Snoke é um desses pontos e quero ver isso.
Boa leitura!