Spotted: Behind the Gossip

Capítulo 13 - I can't say THE WORDS because my HEART IS OF STONE



"Tijolo por tijolo, eu construí um muro de uma centena de pés de altura. Agora, todas essas paredes estão bem mais altas do que eu imagine. Deixei meu segredo escapar e agora quero que essas paredes caiam. Para isso, te entregarei meu coração de pedra, pois só você poderá quebrá-lo. E só assim é que as palavras escaparão da minha boca e eu, finalmente, terei a chance de dizer: meu amor, estou apaixonada por você."

[Fragmentos das músicas Heart of stone, de Britt Nicole e The Words, de Christina Perri]

***

**Leiam o capítulo 12: The words

AnteriormenteemSPOTTED...

— Leighton, eu realmente sinto muito. — Ele disse ainda com ar de arrependimento na voz e baixou os olhos, concentrando-se na bandeja.

— Para com isso. Está tudo esclarecido agora. — Falei com a boca cheia, aquele cupcake estava realmente muito bom.

— Mesmo assim...

— Mesmo assim, você até consertou meu aquecedor... — Fiz uma pausa para engolir o último pedaço do doce. — E eu ainda não te agradeci por isso. — Interrompi-o e falei de um jeito bem humorado.

— E você está pensando em fazer isso agora? — Ele projetou um biquinho atrevido.

XXX

— Uhum... — Balancei a cabeça em afirmação e mordi o lábio inferior, com um olhar bastante malicioso. Aqueles jeans apertados estavam me matando.

— E como você pretende fazer isso, senhorita Meester? — Ele retribuiu ao meu olhar, com um ainda mais provocador e me encarou com uma sobrancelha arqueada.

— Estava pensando em algo um tanto insano... — Me aproximei lentamente, divertindo-me com seu olhar lascivo.

— Parece uma proposta tentadora... — Ele disse quando eu posicionei-me a menos de cinco centímetros de sua boca. Eu concordei, balançando a cabeça e quando ele jogou o corpo para frente, para me beijar, ataquei-o com punhado de chantilly de outro cupcake. Ele assustou-se, mas, quando caiu em si, acabou soltando uma gargalhada adorável. Não resisti e acabei gargalhando também. O som de sua risada era tão natural quanto o de uma criança.

— Isso não vai ficar assim! — Ele disse, retribuindo o ataque com chantilly, bem no meio do nariz. Gargalhamos ainda mais alto. E eu agradeci por aquele momento de paz e alegria.

— Agora estamos quites. — Falei, com lágrimas nos olhos provocadas pela sequência de risadas.

— Não! — Ele disse, colocando-se de joelhos na cama. — Foi um serviço profissional, Leighton.

Mal tive tempo de questionar, quando ele jogou-me na cama, pousando o seu corpo sobre mim com um beijo avassalador. Estávamos completamente cheios de doce na no nariz e na boca. Enquanto nos beijávamos, a sujeira se espalhava, mas não nos importávamos, porque o gosto era ótimo. Foi um ótimo pretexto para nos limparmos com a língua. Eu já estava completamente sem ar, quando ele parou o que estava fazendo e encarou-me sério, enquanto eu soltei com uma risada divertida.

— Agora estamos quites! — Ele sorriu e beijou a ponta do meu nariz. — Depois de sair daqui às sete da manhã, todo sujo e bastante atrasado para a gravação, acho que meu pagamento está feito.

— Não estamos, não! — puxei-o de volta pela gola V da camisa. Àquela altura já havíamos tirado todo o excesso de chantilly um do outro apenas com beijos. — Acho que seu serviço vale ma... — Fiz uma pausa. — Que horas você disse que saiu daqui na segunda mesmo?

— Às 7h. — Ele disse enquanto beijava minha nuca.

— Não acredito! — Soltei um grunhido e afundei a cabeça no travesseiro, junto com o clima para aquele momento.

— O que houve agora, Leigh? — Ele disse calmamente, franzindo o cenho.

— Seria muita coincidência se eu dissesse que meu celular despertou justamente nesse horário? — Fechei os olhos com força, sentindo uma sensação muito estranha invadir meu corpo.

— E por que você não cruzou comigo? — Ele lançou um sorriso desafiador — Dormiu de novo, não é?

— Longe disso. — Girei o corpo e coloquei-me sentada, apoiando as mãos sobre a beirada da cama e trazendo à mente as lembranças que eu queria evitar. — Eu tive outro pesadelo... — Abaixei a cabeça, virada de costas para ele.

— Leigh... — Ele sussurrou e tocou meu ombro, mesmo sem ter muito o que dizer. — Você quer falar sobre isso?

— Não... — Falei, sem olhar para trás. — É algo que você não tem que saber.

— Mas eu quero! Leigh, eu quero me aproximar e cuidar de você.

— E esse é exatamente o motivo pelo qual você não deve tentar. — Fechei os olhos novamente para encarar o peso daquelas palavras.

Estava acontecendo de novo. As lembranças entupindo o meu cérebro de dúvidas. Aquele pesadelo impediu-nos de nos encontrarmos. Se não tivesse acontecido isso, aquele mal-entendido não teria desencadeado tantos problemas e resultado em uma semana tão cheia de sentimentos ruins. E a culpa de tudo era minha. Se eu não tivesse um passado tão escuro, certamente aquele tipo de coisa não aconteceria.

— Mas, Leigh, eu quero lutar por você. — Ele disse, colocando-se ao meu lado.

— Não, Ed. — Levantei os olhos e busquei os seus. A claridade me permitiu enxergar algumas marcas ainda existentes da noite de em que ele ficou entre a vida e a morte naquele bar. — Olha para você. — Passei uma mão na marca que havia abaixo dos olhos. Não estava mais tão roxa, mas ainda era visível. — Olha o que aconteceu com você. Eu te feri mesmo antes de saber que você sentia algo. Agora eu posso ser uma bomba relógio só para te evitar. — A culpa por aquele ato suicida, da parte dele, me consumia por dentro. Tinha medo de levar Ed ao precipício e empurrar com as minhas próprias mãos. Eu não estava preparada para uma relação. Mas isso era tudo que o Ed queria. A decepção iminente era a única coisa certa entre nós dois naquele momento. — Você é uma pessoa iluminada e não merece perder o seu tempo com uma pessoa que tem um passado escuro como eu. — Mantive-me com os olhos fixos nos dele e com a mão parada sobre o seu rosto.

"Tenho me escondido da luz
por muito tempo."
(Britt Nicole)

— Sou eu quem deve saber o que fazer com o meu tempo. — Ele colocou a mão sobre a minha, que estava pousada sobre o seu rosto e moveu a cabeça para beijá-la. — Você precisa entender que eu quero fazer isso. E que eu quero te ajudar a encontrar a sua luz interior novamente. Mesmo se você disser que não. — Ele falou com firmeza na voz e eu não pude retrucar.

Concordei em silêncio.

Ele estava certo, eu precisava fazer algo para me libertar das marcas do passado. Mas,por saber que não se tratava de uma tarefa fácil, eu sempre desistia antes de tentar.

"Você sabe que eu fechei a porta.
Sim, eu fiz isso porque
eu não queria mais me ferir."
(Britt Nicole)

— Eu não entendo o que pode ter te acontecido de tão cruel que tenha feito você ficar tão perturbada assim.

— É uma longa história.

— Eu tenho exatamente 4 horas e 47 minutos para ouvir. — Ele conferiu no relógio que estava no pulso.

— Ed, o dia está tão lindo. Não vamos estragar. — Levantei-me e caminhei até o closet para pensar no que vestiria.

— Você sabe que eu não vou sair daqui, não sabe!? — Ele sorriu com um ar desafiador.

— Você vai perder seu voo. — Retruquei enquanto passava as roupas de um lado para o outro.

— Que seja. Pago até a multa. — Ele deu de ombros e jogou o corpo para trás, deitando na cama.

— Ed, isso é muito complicado. — Falei, pegando um dos cabides e, em seguida, me movendo para perto dele.

— Se eu nunca ouvir, não vou saber porque você está querendo me dispensar. — Ele riu e mordeu o lábio inferior em seguida.

Admirava a forma como ele conseguia me fazer ficar confortável até mesmo nas situações mais constrangedoras, com um senso de humor único. Se eu já o tivesse encontrado antes, minha vida já estaria em paz há muito tempo.

— Ok, Edward. A questão é a seguinte... — Sentei-me ao lado dele, enquanto ele me encarava deitado de lado na cama. — Bom, — Respirei fundo. — Eu me machuquei bastante com o amor. Aos 16 anos, conheci um cara que era quatro anos mais velho do que eu e me apaixonei por ele. Alto, loiro, olhos azuis. O típico garoto californiano. Então, ficamos juntos por um tempo, até que ele começou a fazer uma série de questionamentos e nós começamos a ter brigas. Mas ele sempre voltava, pedia desculpas, me comprava presentes e tudo voltava ao normal. Em uma dessas brigas, pedi um tempo. Ele concordou. Até que um dia, na escola, fiquei sabendo que ele havia ficado com uma amiga minha em uma festa. Eu não soube quem era, na época, mas isso me magoou bastante, principalmente porque já havíamos resolvido nossas questões quando eu soube da notícia. Depois disso, as coisas entre nós perderam o controle. Brigas e mais brigas. E quando eu pensava em sair, ele encontrava um motivo para me fazer ficar. E eu ficava por achar que, sem ele, minha vida não faria mais sentido e que ninguém iria me amar novamente. Depois de muito tempo nesse vai e volta, eu me dei conta de que estava cansada de tanta humilhação e do mal estar que ele me causava. Sugeri que terminássemos de uma vez, mas ele não aceitou muito bem. Disse coisas como "Você nunca vai se livrar de mim" e eu não levei a sério, até que ele começou a aparecer nos encontros e em festas, fazendo escândalo apenas por eu estar com outros caras. Eu me sentia completamente constrangida. Todo mundo falava sobre e, com o tempo, fui me tornando a piada das festas. A atitude dele fez com que eu me afastasse das pessoas e passasse a ser uma pessoa mais retraída. No dia que você me conheceu, eu estava vivendo esse momento da minha vida ainda. Tivemos uma briga por causa de uma foto minha com o Matthew. Dá para acreditar? Estávamos em uma série juntos e ele me tratava como um pai. Além disso, ele é muito mais velho do que eu.

— O mesmo Matthew que faz o Rufus na nossa série? — Ele questionou e eu concordei com a cabeça. — Que imbecil!

— Era por isso que eu estava tão estressada. Não foi nada que você tenha feito ou dito. Eu havia me tornado uma pessoa rude. Estava amargurada com apenas 20 anos, dá para acreditar?

— É completamente compreensível, Leigh.

— Mas eu acho que minha vida começou a melhorar naquele mesmo dia.

— Por quê? — Ele sorriu, um pouco intrigado.

— Aquela senhora que encontrou comigo na cafeteria era a minha ex-professora. Ela me falou sobre Gossip Girl. E essa série me fez voltar a sonhar. Devo tudo isso que estou vivendo agora à ela. Depois disso, eu me envolvi na preparação para os testes e minha mente se esvaziou. Esqueci de Phillip por um tempo e ele nunca mais voltou a se aproximar ou entrar em contato.

— Tá vendo, Leigh? Essa é a sua chance de recomeçar.

—Não é tão fácil assim, Ed. Eu me machuquei muito. Nesse último ano, eu tenho me envolvido com muitos caras e tudo não passa de uma noite. Quando vai um pouco mais além, algo me puxa e me diz "não". Estou vivendo como uma prisioneira da minha própria cabeça. Eu ergui um muro de tijolos e não pretendo derrubá-lo, porque me sinto segura aqui dentro. — Falei com calma, mas sem pausas. Nunca havia aberto meu coração daquela forma. Foi muito difícil dizer tudo aquilo para ele. Mas, se eu perdesse aquela oportunidade, nunca mais diria.

"Um coração aberto é como uma ferida aberta..."
(Christina Perri)

— Leighton, é por isso que eu preciso fazer algo por você. — Ele disse com a voz um tanto chocada. — Olha o quanto você sofreu a troco de nada...

Mal sabia ele que aquela era apenas a sinopse da história, sem riqueza de detalhes. Havia muito mais por trás de tudo o que eu havia dito, mas eu guardava para mim. Havia fatos bastante comprometedores que eu preferi apagar da memória.

— Por que você quer fazer isso por mim? Eu não sou a melhor pessoa que existe, principalmente quando o assunto é relacionamento.

— Sempre tem a primeira vez na vida, Leigh. Você ainda tem 21 anos e eu 20. A gente tem tanto para viver e ver. — Ele disse com a voz séria.

— Eu estou vivendo. — Dei um sorriso convencido. — E me sinto mais segura estando completamente sozinha.

— Leighton... — Ele segurou minhas mãos. — Eu vou quebrar pedra por pedra desse muro que você ergueu no seu coração e você vai encontrar a luz novamente. — Ele disse com uma voz mansa. — Apenas... — Ele abaixou a cabeça. Parecia estar devastado por dentro. — Confie em mim.

Respirei fundo. O mais fundo que pude e me concentrei nas nossas mãos unidas.

Ele estava fazendo de tudo para chegar mais perto enquanto eu tentava fugir. Mas, quanto mais eu tentava, mais ele se aproximava. Ed parecia ter uma espécie de devoção.

— Eu quero confiar! — Falei com a voz fraca. — Eu juro que estou tentando. Mas não quero que você compre essa briga.

— Por que você me afasta desse jeito, Leigh? — Ele estreitou os olhos.

"Eles dizem que a armadura te faz forte.
Posso estar segura estando totalmente sozinha."
(Britt Nicole)

— Porque eu tenho medo. — Baixei os olhos novamente. Estava ficando cada vez mais sem forças para lutar.

— De quê?

— Medo de ter o meu coração quebrado de novo. Tenho medo que você veja todo o meu pecado.

— Você é um anjo, Leighton.

— Mesmo que você pense assim, vamos ser realistas. A vida não é um mar de rosas. Primeiro vem o amor, em seguida, decepção atrás de decepção. E o que vem depois? A dor. — Fiz uma pausa e engoli a seco. — E eu sei bem o quanto ela pode ser insuportável. Eu estou cansada disso e eu não quero mais me ver nessa situação.

— Eu não quero te ferir. E eu vou lutar por você, mesmo que você não queira. — Ele insistiu.

— Você está disposto a quebrar um coração de pedra? — Voltei os olhos para ele e ergui uma sobrancelha.

— Você está disposta a permitir? — Ele retrucou, fitando-me seriamente.

"E, no meio desse vento,
há uma escolha importante a se fazer."
(Christina Perri)

— Desde que você tome bastante cuidado e seja bem paciente .— Falei de maneira divertida para aliviar a tensão do momento.

— Com certeza, Leigh. — Ele sorriu com vontade. — Vamos fazer assim... — Ele sacudiu minhas mãos, animado. — Quando eu voltar de viagem, vamos começar de novo.

— Começar de novo? Que história é essa, Ed? — Falei um tanto intrigada, franzindo o cenho.

— Sim, vamos fingir que nada aconteceu. Eu quero ter o prazer de te cortejar todos os dias até você estar pronta para dizer o que sente.

— Você sabe que vai ter muito trabalho, não sabe? — Lancei-lhe um olhar desafiador.

— Leighton. — Ele falou com firmeza na voz e segurou meus braços. Eu estremeci por dentro. — Eu não ligo! Eu esperei por você durante um ano, não me importo de esperar mais um pouco. — Ele falou com firmeza na voz e eu encarei-o, surpresa. — Por enquanto, eu só quero que você fique bem e livre dos fantasmas do seu passado. — Ele disse com os olhos presos aos meus, sem soltar meus braços. Eu apenas balancei a cabeça, concordando.

"Essas palavras são meu coração e minha alma. Nesse momento, pensamentos lidos e falados e pedaços de memórias caem no chão. Eu sei o que eu não tive, então, eu não vou deixar isso acabar."
(Sum 41, With me)

ra muito para processar e eu estava, novamente, sem palavras. Ao mesmo tempo que eu sentia angústia por não saber o que esperar daquele recomeço, estava sentindo-me livre e pronta para recomeçar.

— E agora não precisamos nos preocupar tanto com o Josh. — Ed continuou. — Ele parece estar um pouco mais flexível, depois da discussão de segunda. O Penn e a Blake até já assumiram. Um dia podemos ser nós...

— É, isso foi bem legal da parte de Josh. — Interrompi-o, com a voz trêmula, levantando rapidamente, para evitar aquele assunto. Assumir algo? Um passo de cada vez. Ele me acompanhou com os olhos, depois abriu um sorriso, compassivo.

Josh não estava mais flexível, muito menos realizando uma boa ação. Ele só estava colocando na frente da mídia um escândalo para abafar um maior. E eu sabia que a nossa vez não chegaria, não enquanto aquele trato estivesse de pé. Aquilo me fazia sentir medo de estarmos sujeitos a consequências bem piores do que não podermos nos aproximar no set de gravação.

— Leigh, agora eu preciso mesmo ir. — Ele levantou e caminhou lentamente em minha direção, envolvendo-me pela cintura, em seguida.

— Quando você volta? — Respondi o olhar baixo e projetei um biquinho. Apesar de tudo, ele me faria muita falta naquela semana.

— Eu ainda não sei. Meu pai está doente e eu quero aproveitar essa pausa para passar um tempo com a minha família. Já faz meses que não nos vemos.

— Ele ainda está doente? O que ele tem?

— Câncer. — Ele soltou-me, cabisbaixo ao dizer. Em seguida, virou-se para sair.

— Ei! — Puxei-o pelo ombro. — Vai ficar tudo bem. — Ele sorriu com ternura e acariciou a minha mão que estava sobre o seu ombro.

— Obrigado, Leigh.

Caminhamos em silêncio até a sala, apenas ouvindo o barulho de pés sobre o assoalho. Ele pegou o casaco e foi direto para a porta. Ao abrir, ele virou-se e me encontrou acariciando o meu próprio braço por causa da corrente de ar frio que invadiu a sala.

— Eu te aviso quando eu voltar e te ligo assim que eu puder. — Ele rompeu o silêncio e falou, encostando-se na porta aberta.

— Eu vou aguardar ansiosamente. — Dei um sorriso sincero.

Ele se aproximou e me encarou por um tempo, tentando imaginar qual seria a despedida mais adequada. Puxei-o para um abraço e ele retribuiu, apertando meu corpo contra o dele. Se eu tivesse um controle remoto, certamente pausaria aquela cena só para não deixar de sentir a alegria de estar naquele abraço. Quando conseguimos nos afastar, ele pegou minha mão e beijou com carinho.

"O amor tem uma voz calma que lembra
que agora também sou sua." (Christina Perri)

— Até breve, Leighton.

— Até, Edward.

Ele se foi e eu fiquei, ainda tentando juntar os meus cacos. Finalmente, uma vitória que eu nunca tive antes. Depois de tudo que Ed disse, sentia como se os portões estivessem abertos para mim. E tudo que eu mais queria era correr para fora. Quando ele assumiu o compromisso de lutar por mim, algo se rompeu no meu interior. Contar aquele segredo, ainda que em partes, me ajudou a entender que já era hora de acabar com aquele medo. E, naquele momento, eu decidi que não queria voltar para as cadeias que me prendiam antes.

E eu sei que a parte mais assustadora é deixar tudo para trás.
Porque o amor é um fantasma que você não pode controlar.
Prometo que a verdade não pode nos ferir agora.
(Christina Perri)

Voltei para o quarto quase saltitando de alegria, mas não era pelo fato de ter de passar a tarde trabalhando na leitura do script do episódio 9 da primeira temporada.

Estava caminhando para o banheiro, quando meu celular notificou uma nova mensagem. Corri para verificar, acreditando ser Ed. Era de um número desconhecido e não tinha nenhum tipo de identificação. Quando comecei a ler, meu corpo paralisou.

"Sentiusaudade,querida?Finalmente,euteencontrei. Esperoquetenhagostadodorecadinhoquedeixeiparavocêpormeiodoseunamoradinhonocomeçodasemana. Aquilofoiparavocênãoseesquecerdequesempreseráminha."

Tenho ciência de todos os degraus que me levam até você
e de todo o inferno que tenho que percorrer [...]
(Christina Perri, The words)

O choque foi tão grande que derrubei o celular no chão. Depois de tanto tempo, Phillip voltou a me ameaçar com recados daquele tipo. Desesperei-me ao saber que ele armou pra cima do Ed no dia do bar. Eu tinha certeza de que não era apenas bebida. Havia mais coisas envolvidas e foi por isso que ele ficou tão alucinado. Por causa dele, Ed correu risco de vida. E mais uma vez, a razão de todo esse problema voltava para mim.

Esse era o meu medo. Enquanto eu estivesse perto de Ed, ele não estaria seguro e eu precisava arrumar uma solução para aquele problema urgentemente.

Mas eu ia precisar de ajuda. Entrar na minha vida poderia ser a missão mais difícil da vida de Ed.

Então, eu entrego a você
o meu coração de pedra.
Tome-o, quebre-o
e faça dele o seu lar.
(Britt Nicole, Heart of stone)