Dezembro de 2013 / Tokyo, Japão

— Olhe Saito, é a sua mãe! – Diz um homem japonês de aparentemente 35 anos sentado numa poltrona, apontando para o televisor. Seu filho logo chega para ver o que seu pai indica.

Na televisão, uma mulher de pelo visto 30 anos, também japonesa, vestida de trajes formais, está segurando um microfone e mostrando o que seria um prédio pelas ruas de Tokyo, segundo ela mesma, o Centro de Arqueologia e Antropologismo Japonês, sendo inaugurado naquele instante. Centenas de pessoas estavam a volta da repórter, esperando ansiosamente a abertura do prédio.

— Sim, papai, é a mamãe mesmo! – Diz o garoto loiro de doze anos sorrindo para a televisão.

— Nosso orgulho! – Fala o pai, também com um sorriso no rosto. – Quando ela retornar para casa, vamos recebe-la com todo o orgulho que ela merece por ter conquistado esse emprego, certo filho?

— E qual emprego ela conseguiu mesmo, pai? – Questiona o menino.

— Não lembra, Saito? Ela se tornou repórter de campo chefe, sendo chamada para cargos importantes e noticias quentes do centro jornalistico!

— Woooow! – Saito suspira, maravilhado.

— Olhe, olhe! Vão cortar a fita de inauguração! – Agita o pai.

Ambos olham para a tv e vêem a mãe de Saito dando lugar á câmera que iria filmar o corte da fita vermelha de abertura do CAAJ. Num toque de três segundos, tudo seria aberto ao público. A contagem é iniciada.

3.

2.

1!

A fita é cortada. Todos pulam e comemoram, entrando no edifício aos montes. A câmera volta a focalizar a repórter sênior Yukihira Ami que, sorridente, encerra a matéria.

— Obrigada a todos que acompanharam a abertura do Centro Arqueologia e Antropocentrismo Japonês e boa tarde a todos, fiquem agora com...

Yukihira Ichiro, extremamente feliz pela promoção da esposa, já distraído pela emoção, nota rapidamente algo no cenário atrás de sua mulher que o chama a atenção. Uma coisa veloz, se aproximando cada vez mais rápido da câmera. Mas o marido só percebe o que é o objeto quando já está muito próximo da filmagem e bem atrás de sua esposa. Era um avião.

Uma explosão é a ultima coisa vista antes da gravação ao vivo ser encerrada e cortar para o rosto dos ancoras do programa perplexos.

Saito chora desesperadamente e grita com tudo o que pode pela sua mãe.

Ichiro, apenas se mantém em silêncio, olhando fixamente pra tela. Ele vai até a geladeira, tirando uma lata de cerveja e se senta novamente na poltrona, com lágrimas nos olhos.

Eram 12:00 da tarde.