Março de 2020 / Sitio Arqueológico de Micenas, Grécia

— Sítio Arqueológico de Micenas, 90 quilômetros a sudoeste de Atenas, nordeste do Peloponeso. Ultimo dia de viagem, marcação da retirada do sítio e finalização do projeto de exploração... – Começa a falar á um gravador o professor Andrew Louis, da Universidade de Columbia, Nova York.

Pele morena e cabelos curtos negros, altura mediana, olhos também pretos e porte muscular condizente com a idade, Andrew Louis Plata tem 25 anos, professor acadêmico á um ano e formado na cadeira de Idiomas e graduado em Simbologismo e Antropologismo. Exímio aluno durante todos os cursos, Andrew agora participa da excursão ao sítio de Micenas, em busca de mistérios e premiações por descobertas arqueológicas. Juntamente á uma equipe de dez pessoas, incluindo oito alunos e dois amigos professores de Andrew, já era o terceiro dia na Grécia. Depois de quase dois dias de trabalho cansativo, poucos frutos foram colhidos, mas a experiência foi vívida e proveitosa a todos os integrantes.

Após concluir o seu diário gravado, Andrew se vira dos seus acompanhantes e fala:

— Pessoal, vou caminhar por aí,quero respirar um pouco sozinho antes de irmos.

Mal conclui a frase, o jovem professor sai do grupo de expedicionários e atravessando a famosa Porta do Leão, uma das estruturas mais famosas de Micenas. Ele olha as horas no celular, presumindo que lá em Nova York seriam algo em torno 10:00 da manhã. O céu já estava começando a escurecer na Grécia. Andrew tira de seu bolso uma carteira de cigarro e já põe uma unidade na boca, pondo-se a traga-la. Numa borrifada de fumaça, ele suspira e fala:

— Um dia eu paro... qual é, o dia foi cansativo... – Diz arrastado, como se arrumando desculpas pra si mesmo.

Observa a paisagem micênica ao seu redor enquanto traga o cigarro, imaginando que cenários épicos, que conflitos ali se sucederam. Quantos heróis, guerreiros desfilaram por aquelas calçadas. Será que entidades mitológicas caminharam por essas ruas? Será que elas causaram os destroços que vemos hoje? Andrew pensa vagamente nessas loucas teorias por alguns minutos, até que um de seus alunos o chama para pegarem o carro até o hotel e de lá para o aeroporto. Andrew amassa o cigarro, apagando-o e jogando o ao chão, quando vê um reflexo abaixo de seus pés. Um pedaço de metal.

— Só um minuto, Michael! – o Sr. Louis se abaixa para pegar o objeto, sob uma pedra enorme no chão, bem na sua frente. Com um único deslize de um puxão, o professor retira a placa de metal debaixo do concreto. Era uma peça média, parecida com um escudo, ou metade de um. Era hexagonal, diferente do padrão grego de escudos da época qual deveria pertencer. Na metade do seu relevo visível, algo um tanto quanto surpreendente e que logo de cara causa um sorriso enorme no rosto do moreno. Meia face de uma górgona.

—------------------------------------------

Canecas batem na mesa de um bar. Na cidade mais próxima ao sítio, todos os alunos e professores integrantes da expedição brindam em nome de tão aclamada descoberta. Mesmo metade de um escudo nunca antes visto pela arqueologia mundial já é o suficiente pra consagrar todos naquela mesa e mais alguns estranhos se o quisessem. Analises posteriores de datas garantiriam muito mais do que cadeiras de graça na faculdade no próximo ano e o dinheiro envolvido em tal descoberta seria muito bem vindo. Andrew se recusa a soltar o objeto, analisando-o cuidadosamente com um sorriso maior que o rosto.

— Professor Andrew, você salvou nossa expedição. – Diz Victoria, uma das alunas presentes na expedição, sorvendo em seguida um longo gole de cerveja.

— Disponha, jovem, disponha. – Fala risonho o professor, ainda embasbacado. – Imaginem o que podemos fazer com esse escudo, amigos.

— Limpar a bunda com papel umedecido pro resto da vida é uma coisa! – Fala Michael, um dos favoritos de Andrew. Todos começam a rir do comentário.

— MAIS UM BRINDE AO PROFESSOR LOUIS! – Grita um dos grisalhos professores acadêmicos , já um pouco bêbado.

— YIP YIP, UHAAA! YIP YIP UHAAA! – Gritam todos na mesa.

Muita felicidade estampada nas faces de todos presentes naquela reunião comemorativa. Tudo ia muito bem, até um som se elevar em meio a todo o burbúrio festivo. Era um plantão geral. Um informativo urgente. Todos olham pra tela plana do bar, homens no fundo do estabelecimento grita pro balconista aumentar o volume no máximo. Todos se calam pra ouvir a mensagem tão alarmante que iria ser anunciada. E escutam:

“- A poucas horas, uma grande operação arqueológica á Palestina recebe frutos incomensuráveis para a história da humanidade. É a descoberta da arca sagrada, a dada com desaparecida ou destruída pelos Babilônicos em épocas distantes. Foi encontrada: A Arca da Aliança.”

Boquiabertas, todas as pessoas no recinto olham sem saber o que dizer para a televisão. Imagens da reportagem mostram a Arca sendo puxada até a superfície, antes enterrada num santuário subterrâneo em Jerusalém. Uma caixa com tampa de mais nobre madeira, cerca de 111cm de comprimento e 66,6 de largura e altura, segundo a reportagem. Banhada por dentro e por fora de ouro puro, com uma peça dourada acima da tampa de dois querubins de frente um para o outro, cujas asas se tornavam uma só peça com a tampa. Sem tocar na arca até o dado momento, ela está na superfície sendo analisada pelos arqueólogos e teologistas presentes. Todos estão perplexos.

Andrew assim que fita a arca recebe um choque mental e, como tentando se livrar de uma pontada de dor na cabeça, sacode a mesma. Ele jura a si mesmo ter visto um leve ondular brilhante sendo emanado do escudo em sua mão. Todos os seus companheiros de mesa estão chocados olhando para a tv, menos um. O colega professor grisalho que antes comemorava com o moreno agora olhava fixamente para Louis, sorrindo. Andrew não entende porque está sendo observado, mas rapidamente tem o reflexo de olhar para o lado e ver uma luz vermelha mirando diretamente na sua cabeça. Numa janela ao longe, ele vê, acima de um dos pequenos sobrados, um homem equipado de um rifle. Juntamente a uma bala voando na sua direção.

Sem tempo para reagir, Andrew apenas aceita a morte, fechando os olhos.

Até que uma deslocação de matéria totalmente anormal e imperceptível a todos, menos á Andrew, surge espontaneamente dentro do bar. Quando a bala voa almejando atingir o crânio do jovem professor, um ser enorme, de quase três metros, transparente surge á sua frente. Um guerreiro, trajando uma armadura leve completamente prateada que cobre seu torso, pernas e seu braço esquerdo. O braço direito, apesar de nu, possui um grande escudo de tamanho equivalente ao seu tronco, de formato hexagonal, também prateado e com o rosto em relevo de uma horrenda Górgona e seus pés possuem detalhes de asas prateadas saindo da parte traseira da armadura. Seu rosto não é visível devido á um elmo que envolve sua face, permitindo apenas a visualização de seus olhos brancos e brilhantes, tais como de um espírito. O elmo possui uma crista negra saindo de seu topo e a região da boca também se mostra coberta pelo capacete, vedando-a.

Num movimento rápido do braço direito, o espírito de três metros põe seu escudo á frente do corpo, defendendo a bala que se projetaria contra a cabeça de Andrew. A colisão e aparição rápida e precisa do espírito causa uma deslocação de ar tão grande dentro do local que todos na mesa do professor saem voando, quebrando cadeiras e derrubando uma duzia de pessoas ao chão, inclusive Andrew. Desnorteado, o mesmo se senta no chão que havia caído e olha em volta. Seu espírito guardião, ainda de pé em posição de combate, joelhos flexionados e escudo á frente. O espírito olha para trás e lança um olhar ao professor, antes de esvanecer-se no mesmo silvo luminoso prateado que surgiu. Ninguém parece ter notado sua presença. Parecem apenas chocados com o acidente. A janela da qual veio o tiro está quebrada. O atirador não está mais lá. Andrew olha para cima. E desmaia.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.