– Ele vai resistir, mas...Eu não sei se são boas ou más notícias, nem se vocês já foram informados, mas… Venham aqui por favor, não quero que ele acorde e nos ouça.
Ao lentamente abrir meus olhos me deparei com Mikhael, Bia, Winter e Mathias conversando em um canto isolado do quarto com uma quinta pessoa, que eu não pude reconhecer por causa da claridade em meus olhos.
Aparentemente eu tinha sido levado para um hospital bem chique, mas eu não conseguia me lembrar do porquê.
Olhei ao meu redor, e pude ver, na porta, um rosto familiar. Quem era ela? Uma garota ruiva, não pude notar sua altura nem detalhes do rosto, mas ela parecia me observar. Quem era ela? Sim, ela me observara. Por algum motivo, quando olhei pra ela seus olhos negros como a noite se desviaram para algum outro lugar. Quem era ela? Essa pergunta não saiu da minha cabeça nem mesmo depois que ela desapareceu da minha visão. Quem era ela, e por que ela era familiar?
Voltei meu olhar para a janela que ficava na minha esquerda, mas não pude ver nada pois a cortina tapava boa parte da visão. Olhei para cima e vi a lâmpada branca, que não mais atrapalhava minha visão, e em seguida baixei meu olhar, voltando a ter uma visão parecida com a de quando acordei.
Winter estava de frente pra mim, e ao notar que eu havia acordado eu uma piscadela em minha direção. Mikhael estava em sua frente e de costas pra mim, e Bia estava a seu lado. Mathias de alguma maneira conseguiu sair do quarto sem que eu notasse, e o homem, que parecia ter cerca de trinta e oito anos estava usando um jaleco branco era um médico, e parecia meio irritado.
Abri a boca para falar, mas Winter me lançou um olhar de reprovação, e eu então me toquei o que ocorrera: aquele era um hospital humano, por isso toda aquela riqueza. Se o médico descobrisse que eu acordei eu seria executado, segundo as leis humanas.
“E agora? Se eu falar ou me levantar eu vou ser executado junto com todos os outros nessa sala com exceção do doutor. Se eu só ficar aqui eu vou acabar sendo descoberto… Não tem outro jeito, é melhor arriscar que nem tentar.”
Peguei o objeto mais próximo de mim arremessei-o no médico. Em seguida me levantei e corri em direção da porta. Peguei Winter pelo braço e abri-a rapidamente. Em seguida saí correndo em um corredor onde encontrei Mathias.
– O que você está fazendo? - Winter perguntou assim que paramos em frente a Mathias
– Não gosto de hospitais, muito menos humanos - Respondi, dando uma boa olhada nas minhas “roupas” - Eu também detesto as roupas que os humanos colocam nos pacientes.
– Eu encontrei o lugar onde eles guardam as roupas dos pacientes, é só dobrar a direita aqui. - Mathias diz
– Excelente.
– Por favor, diga que você não quer sair pela porta da frente.
– Tudo bem. - Corri na direção que Mathias apontou enquanto Winter me seguia.
Chegando lá eu me toquei que eu não tinha a chave da porta.
– Está trancada, não é? - Winter pergunta ao chegar na porta.
– Nada que eu não possa resolver - Chutei a porta, arrombando-a.
– Bela solução. - Ela disse, entrando no lugar.
– Procure um interruptor. - Ordenei, enquanto tentava enxergar alguma coisa
– Quem precisa disso? - Ela cria uma bola de luz em sua mão, que ilumina quase todo o lugar.
– Verdade. - Abro uma gaveta que estava em minha frente,e começo a procurar minhas roupas (Ou ao menos algo que coubesse em mim).
Depois de alguns minutos encontrei uma calça e uma camisa de manga comprida preta, que pareciam caber em mim.
- Muito bem… - Dei uma olhada ao redor. Não tinha nenhum lugar onde eu poderia me vestir. - Ótimo.
– Qual o problema? - Winter pergunta, se aproximando de mim.
– Você vai precisar sair do quarto uns segundinhos… - Ela apaga a luz que estava em sua mão. - Certo, isso também funciona - Digo, tirando a roupa do hospital.
– E qual o problema nisso? - Ela reacende a esfera de energia. - Afinal de contas...
– Nós ainda temos que conversar sobre nossa relação - Eu interrompo-a e me viro de costas pra ela. - Afinal de contas, você não acha que está indo rápido demais? - Ela apaga a luz novamente, e eu sinto algo me empurrar no chão.
– Você acha que eu estou indo rápido demais? - Vejo seu rosto colado ao meu.
– Sim, muito. - Tento, sem sucesso, tirá-la de cima de mim e a luz é reacendida. - Por favor…
– Dessa vez não fui… - Nós dois olhamos para a porta e nos deparamos com Suzi nos observando.
– É… Ahn… Então… Acho que eu vou deixá-los sozinhos… - Ela diz meio sem jeito enquanto se afastava.
– Espera, não é… - Tento dizer, mas ela já estava muito longe para ouvir. Eu então empurrei Winter e tentei vê-la no corredor, mas ela não estava lá.
– Ei, - Winter me puxou de volta para o quarto. - Não queremos ser descobertos por humanos, não é? Podemos falar sobre isso depois.
– Tudo bem - Voltei a me vestir, enquanto Winter dava uma olhada pelo lugar onde estávamos.
– isso é uma lavanderia. - Ela disse depois de alguns segundos. - Não um quarto.
Silêncio.
– Muito bem, vamos - Disse após algum tempo.
Nós voltamos ao quarto e ele estava vazio, por exceção do doutor desmaiado,e nós chegamos a conclusão que eles nos esperavam do lado de fora do hospital
– Muito bem… Onde fica a entrada? - Perguntei a Winter, ao sairmos do quarto.
– Oi?
– Por favor, diz que você sabe onde é a entrada desse hospital.
– Então… Acontece que no desespero eu acabei não prestando atenção em detalhes como esse.
– Excelente.
– Mas deve ter algum mapa do hospital em algum lugar por aqui.
– Então vamos ter que procurar um mapa nas paredes desse hospital enorme sem ser notados por ninguém?
– Bom… Não pode ser difícil, afinal em um hospital desse tamanho eles devem colocar vários para os visitantes não se perderem.
– Winter, para sua própria segurança é bom que realmente tenham.
– Isso foi uma ameça? - Ela me provoca de uma maneira tão sexy que não me irrita.
– Vamos! - Puxei-a pelo braço novamente.
Depois de muito tempo correndo nós finalmente encontramos um mapa.
– Muito bem… - Arranco o mapa da parede e procuro pela entrada.
– Aqui! - Winter aponta a entrada no mapa - É só voltarmos ao quarto e... - O alarme de emergência começa a tocar.
– Acho que encontraram o corpo.
– Vamos! - Dessa vez Winter me puxou pelo braço
Ela foi pelo caminho oposto ao que nós percorremos, e virou à esquerda. Corremos mais alguns metros e nos deparamos com vários seguranças em nossa frente.
– Por aqui! - Ela me puxou pra trás e nós chegamos na cozinha.
– Ótimo… - Eles tinham nos cercado.
– Não ataque pra matar. - Ela ordenou. - Vamos abrir caminho e fugir.
– Tudo bem - Concordei, chutando um deles no… Enfim, eu chutei um deles. Logo depois um deles avançou pra cima de mim e eu o derrubei, em seguida pisando em suas costas. Enquanto isso, Winter tentava enfrentar três deles de uma só vez, e eu fui ajudá-la. Empurrei um deles contra a parede, e o soquei com tanta força que a parede rachou um pouco. Eu então ouvi um grito feminino. Me virei rapidamente e vi Winter em cima de um deles e o espancando.
– Winter, já chega. - A tirei de cima dele e ela pôs as mãos nos rosto, começando a chorar. - Ei, o que foi?
– Não, sai daqui! - Ela me empurra.
– Winter. - Eu tiro as mão do rosto dela. - Não se preocupe, você vai ficar bem. - Aquele desgraçado. Ele havia queimado o braço dela, e ferido uma parte de sua bochecha com uma faca - Vamos atrás de um quarto, lá eu posso cuidar de você. - Eu me levanto e estendo minha mão para ela.
– Depois eu que sou a apressada… - Ela pega minha mão.
– Vamos.
Nós então vamos atrás de um quarto, e quando achamos eu a coloco na cama, pego água, algumas gazes e esparadrapo.
– Vamos começar por essa queimadura aqui. - Digo, jogando um pouco d’água em seu antebraço. - O que aconteceu lá Winter? - Pergunto enquanto secava a queimadura.
– Um deles estava com uma faca... - Ela é interrompida pela dor - Ele me atacou, e eu não consegui me esquivar por completo, mas pude desarmá-lo… Depois o outro veio por trás… Eu me virei - Eu coloco a gaze na área queimada. - Consegui me defender, e depois quebrei a perna dele… Não vai fazer muita diferença, não é? Afinal, nós estamos em um hospital, então… Eu me virei pra finalizar o que estava com a faca e ele jogou água quente em mim… E eu usei os braços pra proteger o rosto - Eu termino o curativo.
– Bom… Poderia ter sido pior, não é? - Eu uso minha mão para limpar sua bochecha e ela me puxa para perto.
- Thomas… Você promete que não vai me deixar sozinha? Que você não vai me colocar nas piores situações possíveis e me deixar para os lobos? - Seu rosto estava bem próximo do meu. Por que ela estava fazendo esse tipo de pergunta?
- Por… Por que está perguntando isso?
- É que… Eu quero muito ficar do seu lado, mas… Eu vim aqui para cuidar de você e agora é você que está cuidando de mim, e isso prova o quanto eu sou inútil sem você. Se você não estivesse lá para me ajudar, eu provavelmente teria morrido, a menos que usasse meus poderes, e… Eu tenho medo que… Se algum dia você decidir que eu não te mereço mais eu não consiga mais me virar sem você. Além disso, vai tornar tudo menos doloroso se nos separarmos agora e não mais tarde.
– Não, Winter. Eu vou cuidar de você. Sempre. E mesmo que nos metamos nos piores problemas eu não vou deixar os lobos se aproximarem, mesmo que eu tenha que morrer pra impedi-los. O que aconteceu hoje foi um erro meu, e eu assumo total responsabilidade. Se você não estivesse comigo eu provavelmente estaria sendo executado nesse exato momento.
– Mas e se no nosso longo tempo de vida decidirmos que não gostamos mais um do outro? Quer dizer, acontece com todo bruxo, e nós ainda somos bem novos…
– Lembra do que você me disse naquele dia? Sobre nós dois e os outros bruxos? Você estava certa. Nós somos mesmo muito diferentes deles. E é isso que eu mais gosto em você. Você é diferente deles, você sente medo, você é humana e você gosta disso, e eu não vou encontrar isso em mais ninguém. Por que você é única Winter. Você é unicamente minha.
- Thomas… - Ela me puxa mais perto e um estrondo é ouvido.
Eu sinto alguma coisa estranha em meu peito, olho para cima e vejo a mulher ruiva com uma arma na mão.
– Eu errei o tiro. - Ela parecia chorar. - Era uma bala de titânio, e eu errei o tiro. - As lágrimas escorriam rapidamente por seu rosto - Eu sinto muito
Então uma sensação de dor intensa toma conta de mim, e eu acabo caindo.
– THOMAS! - Ouço Winter gritar.

ALGUM TEMPO DEPOIS

Eu acordei na cama onde Winter estava, naquele mesmo quarto, e a sensação estranha e a dor haviam passado. Winter estava do meu lado, e me abraçou com força ao ver que eu tinha acordado.
– O que aconteceu? - Perguntei, ainda meio atordoado.
– Você foi acertado por uma bala de titânio. Quem atirou conseguiu fugir, mas eu tirei a bala antes que ela causasse muito estrago e dei um jeito em alguns problemas que a bala causou, mas você não vai poder fazer muito esforço por agora.
– Como ela sabia sobre as balas de titânio? - Pergunto, me sentando na cama
– Acho que ela era uma das tais Mages. - Ela afirma, sentando ao meu lado na cama.
– Mages?
– São humanos protegidos pelo governo, com equipamento anti-bruxo criado no departamento de defesa humana. Basicamente são uma milícia criada para proteger humanos de “aberrações” como nós
– Ótimo. E os W.H.U. sabem disso?
– Apenas os bruxos e alguns políticos muito importantes sabem deles. Será que eles foram enviados para acabar conosco?
– Bom… Se eles foram, então seria melhor terem recusado essa missão, por quê eu vou te proteger e nós dois vamos sair daqui. - Me levanto da cama, visto “minha” camisa e vou em direção da porta. - Vamos Winter, temos uma milícia para exterminar, e eu não vou conseguir sem sua ajuda! - Tento imitar os protagonistas de comédias policiais.
– Tudo bem, vamos! - Ela me acompanha na imitação e abre a porta.
Eu olhei no mapa onde ficava a porta, e nós seguimos caminho.
Ao chegarmos na recepção nos deparamos com o lugar praticamente abandonado e uma equipe de seis Mages nos esperando.
– Isso vai ser bom. - Digo me preparando para a batalha.
– Somos tão perigosos assim? - Winter pergunta ironicamente, também se preparando.
– Senhor, as duas ameaças nível seis parecem dispostas a brigar - Um dos Mages, que usava um uniforme verde e uma arma laser, disse
- Ótimo. - Um grandão com o uniforme vermelho apodrecido e um facão começa - Eles vão apanhar de qualquer maneira.
– Um deles é uma mulher e outro tem jeito de mulher. Certeza que são nível seis? - Um de equipamento cinza e um rifle provoca.
– Acho que não foi necessária evacuação da área. Podemos acabar com dois moleques facilmente. Tempo desperdiçado. - Uma de traje Laranja e um fuzil reclama.
– Imbecis, lembrem-se: nunca subestimem um inimigo. Não importa o quanto eles pareçam imbecis. - Uma de uniforme vermelho e uma escopeta reclama.
– Muito bem, vamos fazer o seguinte: - O único que não usava máscara, tinha uniforme preto e uma pistola ordenou - Al, Brutus e Carl,vocês pegam a garota.
Dona, Eliza e eu pegamos o garoto.
– Opa, não, espera aí, isso vai ser injusto. Se você se dividirem você vão ser só três contra um de nós. É melhor vocês continuarem juntos e nos atacarem todos de uma vez, assim fica mais justo pra vocês. - Sugeri, mas a de vermelho partiu pra cima de mim com tudo, e em seguida o de preto e a de laranja a seguiram, enquanto o verde, o azul e o vermelho apodrecido iam pra cima de Winter. - Opa, espera aí, que isso tá errado. Brutus e Carl, pra cá, agora! - Empurrei as duas moças para o outro lado e puxei o grandão e o limão pra o meu lado.
– Não precisava, mas… - Winter diz.
– Mal agradecida! - Reclamo. - Muito bem, agora podemos continuar.
– Você que sabe. - O verde pegou sua arma (gigante, diga-se de passagem) e começou a mirar em minha cabeça, e um laser pequenininho apareceu.
“Certo, ele deve precisar de alguns segundos pra poder disparar, então eu só preciso ficar fora da mira quando ele for atirar e eu vai dar tudo certo… Eu espero”
Avancei na direção dele, mas o grandão bloqueou minha passagem. Eu tentei atacá-lo, mas ele se protegeu e me atacou com seu facão, quase cortando meu braço fora. Enquanto isso, Winter parecia lidar bem com seus oponentes. Tentei atacar o grandão mais rápido, mas dessa vez o de preto decidiu se meter na briga e quase me acertou tiro, mas eu aproveitei o momento em que ele estava sem munição e joguei sua arma longe, e, se tivesse sido mais rápido, ele já era. Acontece que o grandão decidiu me atacar, e eu fui obrigado a fugir do combate de curta distância. O limão ainda não havia disparado, o que era bom, pois eu poderia usar a arma dele contra o grandão. Um grito feminino. Olhei para meu lado e vi Winter sendo espancada na parede pelo cinza.
– WINTER! - Tentei ir até ela, mas o grandão me impediu.
– Sua batalha é aqui.
Eu então soqueio algumas (muitas) vezes e derrubou seu facão. Logo em seguida o limão disparou , mas eu consegui fugi do disparo. Eu parti pra cima dele e peguei sua arma, depois o acertei com ela e a arremessei no grandão. Em seguida levei o de preto para perto da cabine das secretária, e o joguei através do vidro. Agora que eles não iriam mais me atrapalhar peguei o facão do gigante e, antes que as moças percebessem enfiei o facão nas costas do cinza, o que obviamente o fez soltar Winter.
– O que ele fez com você? - A ajudei a se levantar.
– Eu estava indo bem, consegui desviar dos tiros deles, mas daí ele me pegou e arrancou o curativo… - Ela me mostrou o braço queimado, agora sem o curativo.
– Você acha que…
– Eu não…
– Tudo bem, só fique aqui e vai ficar tudo bem. - Ordenei.
– Tudo bem. Ei - Ela me chama.
– O quê? - Me aproximo dela e ela me beija.
– Boa sorte.
– Pode deixar, esses lobos não vão mais se aproximar de você. - Ela dá um sorriso e eu me viro de volta pra eles - Muio bem, então vocês queriam acabar com a gente? - Grito - Então venham! - Eu estou bem aqui, disposto a brigar com todos ao mesmo tempo, e se vocês conseguirem passar por mim vão poder levar ela também. - Eu pego o facão que tinha soltado e a laranja prepara seu fuzil.
“Certo, eu só preciso ir ao redor dela.”
O grandão tentou me acertar um soco, mas eu me esquivei e tentei cortar seu braço fora.
– Do que o seu braço é feito? - Pergunto surpreso
– Nosso uniformes tem uma programação especial que nos protege de cortes. - Ele responde
– Nesse caso… - Corri ao redor da laranja, e ela começou a atirar, mas felizmente não acertou nenhum tiro até ficar sem munição. Ao me aproximar, a vermelha tentou protegê-la, mas errou o tiro e antes que pudesse se preparar para dar outro peguei a escopeta de suas mãos e atirei, matando-a . - Espero que já tenha recarregado. - Preparo a próxima bala e miro a arma na barriga da laranja, fazendo-a se desesperar, derrubando o pente de munição que tentava colocar na arma.
– Não, por fav…
– Boom! Uma cabeça a menos. Faltam três. - Olho para o gigante e corro em sua direção. - Me tire uma dúvida. - Digo ao chegar onde ele estava. - Esse seu traje te protege de fogo amigo?
–S-sim. - Ele responde assustado.
– E ele também protege contra qualquer ataque de magia?
– Certeza? - O desafio.
– Sim.
– Que tal testarmos isso? Winter? - Busco por seus olhos azuis entendendo o que eu pretendia fazer.
– Tudo bem, já entendi - Ela responde e usa seu ataque “neve” no gigante, que acaba por fazer efeito.
– Bom… Aparentemente não são todos, apenas os conhecidos. Agora, fato engraçado: Sabia que se eu usar um feitiço de fogo na neve ele vai funcionar?
– O quê?
– Quer testar? - Acendo a neve de Winter, que vira água e causa um curto no uniforme dele. - Que pena, ele não funciona mais. Isso quer dizer que ele não te protege mais de fogo amigo? Que tal testarmos isso também? - Me esquivo para o lado e o laser atravessa o gigante, matando-o. - Muito bem, então agora só faltam o limão e o chefão… E quando eu tenho limões eu adoro fazer uma boa limonada. - Vou na direção do verde, e ele, desesperado, tenta atirar em mim. - Essa arma demora setenta segundos para atirar, você não teria tempo para isso - eu me aproximo e o levanto pelo pescoço. - Winter!
– Aqui!
– Qual a melhor maneira de fazer uma limonada mesmo?
– Espremendo limões?
– Exatamente. - Eu começo a apertar o pescoço do verdinho até ele morrer sem ar. - Agora… Como acordar esse líder dorminhoco? Afinal, já está de noite, mas ainda é cedo. Eu acho.
– São onze e trinta e seis.
– Bom… Eu passei o dia inteiro desacordado, então… Me dá um desconto. - Dei um chute no líder da equipe. - Bom dia minha criança, hora de acordar! - Grito enquanto ele se levanta.
– O que você… Como você conseguiu matar todos eles? - Ele pergunta alguns segundos após levantar
– Bom… Parece que sua milícia não é tão boa quanto você pensou. - Eu miro a escopeta na cara dele
– Espera, podemos negoci… - E pedaços de cabeça voaram por todo canto.
– Ninguém manda não proteger a cabeça. Bom, bônus de estragamento de velório, eu acho. - Winter! - Corri na direção da garota.
– Você conseguiu! - Ela comemora
– Quem diria que eu conseguiria acabar com uma milícia sozinho. - Estendo a mão para ela.
– Eu sabia que você ia conseguir. - Ela se levanta e me abraça.
– Mas ainda não acabou. - Digo, me soltando de seu abraço e comecei a pegar as mascaras dos Mages.
– Vamos realmente sair pela porta da frente? - Ela pergunta, provavelmente já imaginando o que eu pretendia fazer.
– Óbvio que sim.
Paramos na frente da porta. Uma luz, provavelmente vinda de um helicóptero, encadeava minha visão. Estendi minha mão para Winter, procurando coragem para abrir a porta e atravessá-la. A partir desse momento, duas coisas podiam acontecer: Eles poderiam abrir fogo ao nos ver, ou eles esperariam e nos ouviriam. E então abririam fogo. Ela agarrou minha mão, e parecia não querer soltar nunca mais.
– Tem certeza? - Olhei pra ela para confirmar e ela balançou a cabeça afirmativamente. Escondi minha mão direita nas minhas costas.
Saímos. Eles não atiraram.
– NÃO ATIREM, VAI SER PIOR PRA VOCÊS! - Gritei. Em seguida revelei minha mão direita, que segurava as mascaras de cinco dos seis Mages. - Essas são máscaras de cinco pessoas. Não inocentes. Eles eram Mages. Vocês nunca devem ter ouvido falar neles, mas eles são uma milícia criada pelo ministro de defesa humana para caçar bruxos. - Aquilo estava sendo transmitido ao vivo em vários canais de notícias ao redor do mundo, e logo todos, inclusive os líderes dos W.H.U. seriam avisados dos Mages. - Eu precisava de atendimento médico urgente, e esse era o hospital mais próximo. Acontece que, por ser um bruxo, não fui aceito, e passei o dia inteiro tentando fugir desse lugar. Acontece que algumas horas atrás eles foram enviados para nos exterminar, porquê bruxos não podem usar o mesmo hospital que humanos em casos de emergência. Agora, se vocês entrarem lá, vocês vão encontrar os corpos de seis humanos mortos, e eu provavelmente serei apedrejado por isso, mas se fosse ao contrário o homem que saiu desse hospital seria um herói! Muitos bruxos são mortos anualmente por causa dessa milícia, e muitos deles não fizeram nada contra vocês humanos. Mas agora, se eu souber que mais um bruxo inocente foi atacado ou assassinado por essa milícia, bom… Ele vai ter desejado nunca ter tido essa idéia imbecil de perseguir os bruxos.Agora pra todos vocês, soldadinhos de chumbo aqui na frente...Eu vou dá-los uma escolha: Vocês podem atirar e ter o mesmo destino que os cinco lá dentro ou vocês podem abaixar as armas e voltar pra suas casas mais um dia. A escolha é de vocês.
Todos os soldados então baixam suas armas e recuam.
– Fizeram a escolha certa. - Solto as máscaras e procuro por Mikhael, Bia, Mathias e Suzi na multidão.
– Eles estão ali. - Ela aponta para um lugar na frente da multidão.
– Vamos. - Nós vamos na direção deles.
– O que aconteceu aqui? - Bia pergunta ao nos aproximarmos.
– Eu matei uma equipe de milícia e atraí atenção desnecessária. - Respondi.
– Por que quando você decidiu fugir do quarto você só desacordou o médico e puxou a Winter? - Mike pergunta.
- O que, queria que eu fizesse um desfile no quarto anunciando minha fuga?
– Não, mas… Poderia ter conversado, nós o ajudaríamos e…
– Toda ajuda que eu precisava era dela. - A puxei pra perto.
– De quem são essas roupas? E o que houve com ela? - Era a vez de Mathias perguntar.
– Bom… Não faço a menor idéia, e… Que parte de fomos atacados por uma milícia você não entendeu? Ela apanhou obviamente
– Ei! - Ela me deu um soco fraquinho. - Ai.
– E por que você não usou um feitiço de cura?
– Um… Feitiço de cura…
– Sim. Por que você não usou um?
– Por que… Bem… Eu talvez não tenha pensado nisso.
– É… Eu tambêm não… - Winter diz.
– O que vocés estavam fazendo naquele quarto? - E a pergunta de um milhão vinda de Suzi Ender.
– Era uma lavanderia. - Winter diz, claramente constrangida.
– Então… Foi um dia longo e cansativo, o que acham de eu e a Winter irmos em casa dormir um pouco e amanhã nós respondemos todas as suas perguntas? - Eu sentia minhas bochechas corarem, e tentei sair de lá com Winter.
– Meu Deus Thomas, ela é sua aluna! - Mikhael parecia bem irritado com o fato de eu namorar uma estudante do colégio onde eu ensino.
– Amanhã! - Eu finalmente consigo fugir da multidão com Winter, e ainda por cima adiei um questionário e longas reclamações.