Amber atacou um cachorrinho

Ver seus pais em frente à casa de Amber foi um choque maior do que ver sua tia Joane cantando Lady Gaga no karaokê de Ano Novo da família. O que eles faziam ali quando deveriam estar na Inglaterra?

— Estão procurando por ela - disse a mãe de Scott, e Trevor pulou ao ouvir a voz.

— Sra. Thopmson? - Trevor sussurrou. - Ela? O que aconteceu com ela?

— Ela sumiu, Trevor. Margaret, a madrinha, disse que a viu pela última vez na árvore em frente à casa. Ela desapareceu bem à vista de Margaret.

— Ok, mas o que meus pais têm a ver com Amber Wayne?

— Trevor...

E, então, a voz de Amber surgiu na cabeça de Trevor.

— Trevor - berrava. - Trevor, por favor, me ajude!

— Era ela - disse o garoto, com o coração acelerado. - Ela era a sombra, Amber é a garota com quem venho sonhando.

— Sim, era ela - explicou a sra. Thompson. - Trevor, ela corre um perigo enorme. Amber tem uma magia muito poderosa. Você também a possui, mas existe uma maldição sobre ela. A maldição da pedra a condenou a possuir poderes das Trevas e, assim, ser uma ameaça para nosso mundo.

— Nosso mundo? Que mundo?

Julliane hesitou e o puxou para longe da multidão na casa de Amber, para longe dos pais. Para a casa dela.

— Neste livro - disse ela, ao abrir um armário no sótão da casa - está a origem do nosso povo. Fique com ele. Leia-o. Mas longe daqui. Longe da sua casa também.

— Espere - disse ele -, Scott. Ele sabe desse mundo?

— Não, ele não possui poderes. O sr. Thompson é humano.

Humano? O que diabos Trevor, Julliane... Amber... seus pais... eram, então?

— Obrigado - disse a Julliane, sua segunda mãe. - Cuide de Nala enquanto eu estiver fora, por favor.

Trevor disparou para fora da casa de Scott, em direção ao bosque da cidade. Sentou-se em um banco e o livro se abriu sozinho, em uma página que mostrava a árvore genealógica de várias famílias. Ele encontrou o nome dos pais duas vezes: na família Goldshade, viu o nome de Ravena; na família Shadowchild, viu o nome do pai e da mãe, ligados por uma linha, e o nome dele, ligando-o ao nome dos pais. A ponta da página estava destruída, ocultando um nome.

Enquanto lia sobre a origem de sua família, ele ouviu um cachorro latindo. Imaginou ser um cachorro de rua, mas ele se aproximava de Trevor, rosnando ameaçadoramente.

Quando o garoto parou para observar atentamente o animal, as patas dele começaram a se tornar mãos monstruosas, com garras. Ele teria continuado a se transformar se Amber não tivesse lançado um feixe de luz na direção dele. Bem, não era exatamente Amber, era como se fosse a sombra ou o reflexo dela.

— Amber? - Trevor sussurrou, em pânico. - Amber!

— Cala a boca, Trevor, e me escuta - ela disse, ofegante e desesperada. - Eu vejo que tem o Livro dos Sorts; eu costumava ler ele na biblioteca dos meus padrinhos, acreditando ser um livro de fantasia. Bom, sabe o que nós dois somos. Esse é um dos meus poderes, aparecer como sombra, mas por pouco tempo, estou muito fraca.

— Onde você realmente está? - ele perguntou, preocupado.

— Eu não sei, mas existe uma página que explica como rastrear sombras. Aprenda e me ache, o mais rápido que puder!

— Como vou fazer isso sozinho?

— Ache Edward Towerkey. - Ela revirou os olhos sem pupila. - Ele mora na sua rua, mas não sei a casa. Meus padrinhos disseram que ele é um dos nossos.

Amber desapareceu, o deixando só com o livro e o corpo do monstro destruído. Ele queria perguntar para Amber por que aquela coisa o atacou, mas precisava achá-la antes.

Ele correu para a casa de Edward, seu vizinho, aliás. Como todas essas pessoas conseguiram esconder tamanho segredo dele por tanto tempo? Sorts? Trevor costumava dormir na aula de Francês, mas sabia que tal palavra pertencia ao idioma.

Parou de correr na frente da casa de Edward. Ele morava só, embora tivesse a idade de Trevor. Bateu na porta.

— O que fo... - Edward abriu a porta, sonolento, e travou ao ver o livro na mão de Trevor. - Trevor, onde conseguiu isso?

— Você sabe rastrear sombras? - ele perguntou, ignorando a pergunta de Edward.

— Trevor. Onde... você... conseguiu... isso? - o vizinho perguntou novamente.

— Julliane Thompson - respondeu Trevor, impaciente. - Você sabe rastrear sombras?

Edward suspirou.

— Entre.

A casa de Edward parecia absurdamente comum. Exceto uma tapeçaria na parede da cozinha. Edward empurrou a tapeçaria para o lado, revelando uma porta.

— Entre aí - ele disse, indicando a porta com a cabeça.

Trevor entrou, seguido pelo vizinho.

— Pode me explicar o que... nós somos? - perguntou Trevor, cautelosamente.

— Somos sorcières. - Edward pegou pós de diferentes cores e esticou a mão. - Uma mexa do seu cabelo.

— Ok, o que são sorcières? - perguntou, puxando uns fios e entregando a Edward.

— Somos uma linhagem de feiticeiros muito antiga. Você, eu, seus pais, Julliane... Todos nós somos criaturas mágicas. Podemos nos transformar em objetos, animais, temos poderes, uma parada meio "Harry Potter". O que nos diferencia dos bruxos é o que há em nosso sangue. Existem duas forças: Luz e Trevas. Não são pessoas, são espíritos. Uma vez, quando o mundo estava sendo criado, as duas forças entraram em duas pessoas e elas procriaram, gerando sorcières com poderes escuros e poderes luminosos. Diga o nome de quem deseja rastrear.

— A-Amber Wayne - Trevor quase sussurrou, assustado com tanta informação.

Edward o olhou.

— O que houve com Amber? - ele perguntou.

— Desapareceu. Alguém... sei lá, das Trevas, deve ter a sequestrado. Preciso achá-la. Há dias sonho com ela me pedindo por ajuda.

— Ah, você precisa ajudá-la - Edward concordou, colocando o que parecia ser o timbre da voz de Trevor dizendo o nome de Amber no caldeirão. - Você tem luz o suficiente para derrotar o que a pegou. Além disso - Edward deu de ombros, mexendo o que colocou no recipiente -, ela é sua família, não é mesmo?