Sorts: A alma perdida

A caçada apenas começou


Oi. Eu sou Amber Wayne. Ou Shadowchild, como Trevor me explicou. Falando nisso, Trevor é um garoto de 17 anos muito bonito que conheci na escola. Ele ter minha idade e ter braços bem definidos para quem não malha não é um fato incomum. Incomum é o fato de eu ter descoberto que somos sorcières, feiticeiros de uma linhagem antiga oriunda do lugar onde hoje é a França. Ah, e o melhor: Trevor e eu somos irmãos. Gêmeos. E eu sou amaldiçoada por causa de uma pedra.

Mas claro que vocês sabem disso e do que ele e nosso companheiro Edward fizeram para me resgatar de um galpão imundo, porém...

— Temos um problema - falei. - A pessoa que quer me matar não estava no galpão.

— Vamos ver se conseguimos alguma pista nas cartas que o seu irmão recebeu - disse Jeremy, pai do Edward. - Mas é uma informação muito importante, quem quer que queira matar você não quer sujar as mãos...

— ... O que significa que essa pessoa deve ter um nome a zelar - completou Camilla Towerkey. - Boa sorta, vocês dois. E não se matem. Cooperem.

Edward e Jeremy desapareçam no que eles chamaram de fenda no espaço-tempo. Camilla deu um sorriso sem mostrar os dentes e se retirou, levando o prato e o suco, antes preenchidos com bolo e suco, mas agora completamente vazios.

Trevor estava numa poltrona ao lado da cama em que eu estava. Como nenhum de nós dois percebeu que nós temos aspectos físicos parecidos? Ou mais ninguém? Eu sei que o amiguinho dele é meio lesado, mas como não notar os fios dourados no meio dos nossos cabelos castanhos? Ok, eu percebi isso agora.

— Está tentando encontrar semelhanças entre nós? - ele perguntou, como se lesse meus pensamentos. - Já fiz isso: os fios loiros misturados aos castanhos, o lábio inferior mais cheio que o superior... Até o formato de olho semelhante nós temos. Não somos iguais, óbvio, mas... Camilla disse que você sou eu de top cropped.

Eu ri, mas uma dor no estômago me atingiu. Ele se levantou apressadamente e segurou minha mão. Apertei com a intensidade da dor que senti e ele respirou fundo.

— Desculpe. - Soltei sua mão. - Eu não ia deixar que me sequestrassem sem antes lutar com eles.

— Tudo bem, eu finalizei um deles por você - ele falou, rindo.

— Eu tenho a sensação de que você é um irmão muito protetor.

— Eu não tenho irmãos, mas sou bem ciumento com a minha cachorrinha Nala.

Ele se sentou ao meu lado na cama.

— Essa história de irmãos super-poderosos e amaldiçoados é nova para nós - ele começou -, mas Edward disse que te observava de longe e me falou que você é muito durona. Para enfrentarmos essa tal Duquesa C., precisamos ser mais que durões.

Assenti, encostando a cabeça no travesseiro. Poderia me acostumar a ter Trevor como irmão, ele é um garoto bonzinho.

Um barulho veio da sala e ouvimos dois pesos caírem no chão. Jeremy e Edward voltaram.

Levantei da cama com a ajuda de Trevor e vimos os dois com as roupas rasgadas e sangue nos rostos e na mão.

— Criaturas estavam vigiando a casa, caso você retornasse - informou Edward. - Viemos antes que mais deles chegassem.

— Falando nisso, quebramos sua escrivaninha - Jeremy falou casualmente.

— Vocês o que? - Trevor elevou a voz.

— Você tranca as cartas numa gaveta e espera que a gente a abra com mágica em 20 segundos antes de Criaturas invadirem o quarto? - protestou o sr. Towerkey.

Ele mostrou as cartas.

— Esta - mostrou a que tinha palavras em um idioma muito estranho - é a carta de sua maldição, Amber.

"מי לוקח את האבן כמו שלו מבלי להיות צריך לשאת בתוצאות. Condemned הוא הצאצא, שיש Darkness שלו בעיצומו של האור שלו.
עם זאת, יש רק ישועה אחד. A alma perdida deve salvar, libertando-a do Mal e contra Ele lutar. לכן, יש צורך כי מי שהורשע להרוס את האבן, אבל זה נשמר עם הממשל, לא משאיר ברירה אלא להפוך לסכנת עולמנו."

— Quem toma a Pedra como sua, sem realmente o ser, deve sofrer as consequências. Condenada é sua criança, que possuirá Trevas no meio de sua Luz. No entanto, há apenas uma salvação. - traduziu Edward. - A alma perdida deve salvar, libertando-a do Mal e contra Ele lutar. Portanto, é necessário que a pessoa condenada destrua a Pedra, mas esta é guardada com a Governança, não deixando outra escolha senão tornar o condenado uma ameaça ao nosso mundo.

— Fizeram isso com você para que seus pais aprendessem o perigo que seria ter a Pedra de Âmbar nas mãos de feiticeiros comuns - comentou Camilla. - Você é uma amostra do que poderíamos ser todos nós se a Pedra fosse manuseada de forma errada.

— E esta - prosseguiu Jeremy - é a carta de sua tia. Carolin Shadowchild. Líder da nossa Governança.

Edward se apoiou numa armadura medieval decorativa e a desmontou inteira.

— Ela é uma Shadowchild? - ele indagou, surpreso e irritado.

— Ela pode mudar de sobrenome - falou sua mãe, pegando a carta. - Aqui ela pede para seu pai te matar, Amber. Livrar o mundo de Sorts de você e sua maldição em prol dos outros sorcières.

Vi a mente de Trevor colocando as engrenagens para funcionar.

— Então... - ele começou - ... A Duquesa C. é nossa tia e a toda-poderosa da Governança?

— Sim - explicou Edward. - Quando Amber foi condenada, ela ainda era senadora. Conheço uma das mulheres que trabalhou em sua casa antiga, ela disse que sua tia sabia que a Governança estava vindo e escondeu Trevor no quarto.

— Mas... por que ela não pegou nós dois? - questionei.

— Não faço ideia - respondeu Camilla. - Mas precisamos descobrir. Edward, treine Trevor. Eu mesma vou me encarregar de ensinar umas coisas para Amber. Jeremy, contate os Shadowchild.

— O que devo falar para eles? - perguntou Jeremy, parecendo não muito feliz com sua tarefa.

— Diga a eles que a caçada apenas começou - falei, saindo de perto de Trevor e seguindo Camilla.

Entramos em uma sala repleta de equipamentos: facas, adagas, espadas, chicotes, hastes, escudos etc. Em um canto da sala havia um baú, de onde Camilla tirou um frasco com líquido azul-piscina e o colocou em um copo.

— Tome isso - falou ela. - Vai liberar adrenalina instantaneamente em você, por tempo o suficiente para treinarmos hoje.

Bebi e automaticamente senti meu corpo despertar para a luta.

— Primeira lição é - falou ela - nunca abaixe a guarda.

E então ela socou minha mandíbula, forte o suficiente para eu cambalear uns dois passos para trás.

— Segunda lição: descongele sua habilidade.

Lembrei do que Trevor me falara sobre nossa habilidade de defesa e, milissegundos antes de Camilla me acertar no mesmo local, segurei seu punho e o torci.

Ela gemeu de dor e murmurou um "ótimo começo".

— Escolha uma arma - ela ordenou.

Corri para a adaga e ela pegou uma também.

Camilla avançou, a adaga apontando para meu pescoço. Girei para o lado, empurrando-a no braço que segurava a adaga e bati com o cotovelo no mesmo braço, fazendo-a soltar a adaga. Peguei a adaga dela, a acertei com o punho nas costelas e ela virou, batendo as costas em uma das colunas da sala. Apontei uma agada para o pescoço dela e outro para o coração. Sorri e...

Ela me deu uma rasteira.

Nunca baixe a guarda— ela repetiu.