01h30, São Paulo, 11 de janeiro de 2010.

Acordei com a minha barriga gritando de fome, fui em direção à cozinha, vi o sanduiche e o suco de laranja, levei tudo para sala, liguei a televisão e coloquei em um canal qualquer, até que escuto a campainha tocar, quem seria chegando a essa hora? Levantei e fui atender a porta, sim, era ele.


– desculpa incomodar, acho que toquei na casa errada – ele disse confuso, como sempre meio atrapalhado ele estava diferente, estava mais bonito (?)

– Não Pedro, essa é a sua casa – murmurei olhando para baixo, o vi arregalar os olhos.

– PRISCILLA? O que faz aqui? – vi um sorriso safado em seu rosto – O seu papaizinho não te aguentou novamente e te mandou para cá? – respirei fundo, saí dali indo em direção à cozinha, o mataria se pudesse, ouvi o ri.

RIDICULO, IDIOTA, FALSO, BURRO!

Abri a geladeira procurando por uma garrafa de água, até que senti duas mãos envolvendo a minha cintura e senti a sua respiração na minha nuca, arrepiei, escutei o seu riso baixinho, ele percebeu a minha reação, droga.

– senti sua falta pequena – ele falou em meu ouvido, mas como eu disse, não seria idiota, não outra vez.

– mas eu não – tirei as mãos dele de mim e fui em direção a porta da cozinha, que infelizmente estava fechada, botei a mão na maçaneta e quando fui gira-la

– tá querendo fugir de mim é pequena? – ele estava se aproximando, chegando a uma distância pequena, menor do que deveria, colocando suas mãos na minha cintura e me virando para ele, ele estava se aproximando

– não se atreva tocar em mim Pedro Gabriel, saí! – falei um pouco mais alto, estava com medo de Leni nos pegar desse jeito – vai embora!

– você gostava quando eu fazia isso, há alguns anos atrás, lembra? – ele riu sem humor – ou terei que refrescar a sua memória?

Ele me beijou, um beijo cheio de saudade, mas alguma coisa dentro de mim estava gostando, estava correspondendo, o que eu estava fazendo? E aquela historia de não ser idiota?

O empurrei.

– Não se atreva a fazer isso nunca mais! – saí da cozinha indo em direção ao meu quarto, tranquei a porta e me joguei na cama, mas minha mente resolveu voltar, no que aconteceu a dois minutos atrás, sentia meu coração palpitar, mas o que eu estava sentindo? Não sentia mais nada por Pedro? Ou sentia? Mas seja o que for isso que eu estou sentindo, nada vai mudar o fato de eu odiar Pedro.

10h, São Paulo, 11 de janeiro de 2010.

Acordei com o sol batendo em meu rosto, esqueci de fechar as cortinas, fiquei virando de um lado para o outro na cama, na tentativa de dormir outra vez, fracasso. Levantei e fui direto para o banho, coloquei a primeira roupa que vi em minha mala, fiz uma maquiagem leve e penteei meus cabelos deixando solto, senti meu estomago roncar, mas estava com medo de sair do quarto e encarar Pedro, mas se eu o conheço bem, ele pode estar dormindo esse horário, respirei fundo, umas três vezes, vai dar tudo certo, eu repetia isso pra mim.

– Bom dia tio Mauro! – ele estava sentado na mesa da sala, tomando café, beijei a sua bochecha, tanto tempo que não o via.

– Bom dia Priscilla! – ele sorriu, sorri de volta – quanto tempo não te vejo, cresceu! – nós rimos.

Escutei a porta da cozinha se abrir, senti meu coração ir parar na boca.

– Bom dia Priscilla – era a tia Leni, suspirei aliviada, parece que ninguém percebeu ou fingiram que não perceberam – Pedro chegou nessa madrugada, mas eu estava dormindo, você atendeu a porta Pri? – droga. tinham que falar do assunto “Pedro” pela manhã? Fiz um sim com a cabeça, bebendo meu suco de manga depois – fiz sua matricula na escola, ontem pela manhã, suas aulas começam já na terça feira, ou seja amanhã – ela riu – vai querer comprar os matérias hoje? Chamo Pedro para ir com você, tudo bem? – aí meu deus e agora? Não posso falar um “não, porque eu não gosto do seu filho e ele me agarrou ontem, quero evita-lo o maximo possível.” Mas acabei fazendo um sim com a cabeça, não tinha escolha e estava com vergonha de falar não. Dei uma mordida no meu pão e bebi o resto do meu suco.

– Tchau Pri, já está mais do que na hora de ir trabalhar, fim de semana acabou – Mauro falou e nós três rimos, eu amo aquela família, ou quase ela.

Despedi deles e fui em direção ao meu quarto, escovei meus dentes e ajeitei a franja e fui ver TV já que o tédio me consumia, mas quando saio do meu quarto do de cara com alguém de cabeça baixa mexendo no I-phone, apenas de toalha, ele me olhou e eu virei a cara, indo em direção a sala.

Estava sentada no sofá assistindo algum filme que passava, vi Pedro saindo do seu quarto vindo eu direção ao sofá, sentando exatamente do meu lado

– foi aqui que tudo começou, lembra – vi o coçar a cabeça, rindo um pouco, ele estava com vergonha (?) aumentei a televisão, mas ele continuou falando – eu sei que você também sente a minha falta – ele colocou sua mão sobre a minha, fechei os olhos e ele começou a beijar meu pescoço, subindo para minha bochecha, descendo para o meu queixo, indo em direção a minha boca, até que ele parou e riu, eu estava toda arrepiada, estava gostando, abri os olhos e o vi dando risada e saindo indo em direção ao seu quarto. BURRA! ISSO QUE EU SOU!