Sonhos de Solstício

Capítulo 2 - Um sonho com pitadas de mistério


— Como assim? Tem certeza? - perguntou Giselle.

— Mas então, Matheus, já que está sabendo ler grego, saberia perguntar a alguém aqui que lugar é esse? Na língua deles? - indagou Juliana.

— Falar eu não aprendi. - respondeu Matheus, já começando a ficar irritado por não ter o domínio da situação.

— Quem trouxe a gente para cá poderia, por favor, fazer a gente começar a entender grego também? - gritou Giselle olhando para o céu como se estivesse pedindo a alguma divindade.

— O que foi amiga? Quem você acha que trouxe a gente para cá? - disse Juliana

— Sei lá, a Alti? A Afrodite? Alguém querendo pregar uma peça na gente! - respondeu.

— Hum, a gente podia tentar ir a um templo de Afrodite. Pelo que me lembro na série, para invocar a deusa do amor é só começar a quebrar várias esculturas dela, jogar oferendas no chão. - Disse Juliana rindo.

—Não importa, não temos tempo para especulações. - disse Matheus entrando na Taberna.

Juliana e Giselle se olharam como se tivessem consentido com os olhares e então seguiram o amigo.

Lá dentro havia mesas redondas, uma média de dez mesas com quatro cadeiras cada uma. No meio, um grande balcão, que tinha atrás uma adega. O estabelecimento não estava cheio no dia, apenas 3 das mesas estavam ocupadas. No entanto havia movimentação de uma mulher e alguns homens, que pareciam ser funcionários. Estavam decorando o lugar com empolgação.

— Será que vai ter alguma festa aqui hoje? - Disse Juliana

— Perai...Você está...? - Giselle disse trocando olhares de espanto com Matheus.

— Falando grego? - Disseram em uníssono

— Você também. E eu estou entendendo. - Rebateu Juliana.

— Giselle, parece que seu pedido a divindade misteriosa foi atendido. - Concluiu Matheus.

— É verdade! - Respondeu.

— Sim, eu confesso que estou um pouco assustada com isso tudo. Vamos descobrir logo o que está acontecendo. Acho que você poderia perguntar aquela mulher ali que cidade é essa e em que ano estamos. - disse Juliana a Matheus.

— Também acho. Aproveita e pergunta se ela conhece a Xena. - Disse Giselle.

— Giselle!! - Repreendeu Juliana

— Ué, vocês não acham ela parecida com a Cyrene?- Perguntou Giselle.

— Sabe que você tem razão? - Juliana respondeu, olhando para a mulher.

— Provavelmente é ela. Não acreditaram em mim quando li o nome da Taberna para vocês?- Matheus retrucou.

Antes que pudessem falar mais alguma coisa, a mulher se aproximou.

— Olá, em que posso ajudar? Pelas vestes, vejo que não são daqui. - Disse a mulher.

— Ah, olá!- disse Matheus...

— Se estão procurando lugar para ficar não lhes garanto que encontrarão em Amphipolis nesta época do ano. - interrompeu a mulher.

A palavra Amphipolis os deixou estarrecidos.

— Na verdade estamos procurando Xena. - Disse Giselle como que por um impulso, por ter ouvido o nome da cidade da princesa guerreira.

— Hum! - Ouviu a mulher curiosa.

— E o que querem com ela?

— Somos viajantes. - Disse Juliana

— Sim, pode parecer loucura, mas viemos do futuro. - Entregou Matheus.

A mulher ouvia incrédula.

— Nosso tempo se encontra devastado com mazelas da injustiça, ninguém mais tem honra. Os opressores estão no poder. - Disse Juliana.

A mulher estava prestes a cair na gargalhada. Quem seriam aqueles loucos a procura de sua filha? De qualquer jeito pareciam indefesos e muito cansados.

— Vocês podem se hospedar em minha casa quando Xena chegar. - Disse a mulher

— Ela está a caminho? - Perguntaram, sem conseguir esconder a empolgação. Os olhos dos três brilhavam.

— Sim, ela está. Ela vem comemorar o Solstício de inverno com sua amiga Gabrielle e um amigo delas, chamado Joxer. Sentem-se em uma das mesas, vou procurar algumas vestes de meu falecido filho Lyceus para você. - Disse olhando para Matheus. - E para vocês meninas. Arrumarei algumas antigas roupas que guardei de Xena, que ela deixou antes de sair de casa. -Disse a mulher.

— Obrigada! - Disse Giselle.

"Nós vamos vestir uma roupa DELA", pensou Juliana.

— Acho que já sabem que podem me chamar de Cyrene, vou voltar ao trabalho, pedirei a um de meus empregados que lhes tragam água. Assim que Xena chegar e confirmar que os conhece, eu prepararei seus aposentos e poderão passar a noite de solstício com a gente...

Os três já estavam sentados, não poderiam estar mais empolgados e felizes, ainda que confusos.

— Acho que estou vivendo um sonho - Disse Juliana olhando Matheus e Giselle - Se isso for um sonho, é o melhor sonho da minha vida. E de longe é o mais real.