Duas horas depois...

Cyrene terminava de decorar a taberna. O local foi fechado para clientes, o dia era mesmo especial. Os empregados já se preparavam para ir embora.

— Matheus! Não quer ir lá perguntar a Cirene se a filha dela não vai demorar muito não? - Disse Giselle. Matheus apenas olhou para ela.

— O que iremos falar com a Xena quando ela chegar? - questionou Juliana.

— O mesmo que falamos para mãe dela. -respondeu Giselle.

— Vocês não acham que ela nos achou meio loucos? Não sei se ela acreditou na gente - disse Juliana.

— Que outra opção nós temos? - indagou Giselle.

Juliana deu de ombros. Logo depois um silêncio se fez presente no ambiente. Cada um deles emergiu em seu próprio pensamento. Giselle olhava para Matheus e pensava que finalmente estava diante do homem que ela tanto admirava e nem sequer havia dado um abraço nele. As coisas haviam acontecido tão rápido. Ela esperava que a noite que estava por vir lhe trouxesse a oportunidade de estar bem perto daquele homem. Ao mesmo tempo ela não parava de pensar que em questão de horas, ela estaria diante do homem que ela desejava fisicamente, o homem que ela sonhava em beijar ardentemente, Joxer. Ela estava se sentindo dividida.

Juliana pensava nas possibilidades, no que estaria acontecendo, se sentia dividida entre a emoção do sentimento de estar ali, prestes a conhecer suas maiores heroínas, mas tinha medo do desconhecido que teria levado ela e seus amigos ali. A falsa sensação de sonho e ilusão, que a fez pensar ser tudo aquilo produto de sua cabeça, agora passava distante de sua mente. Ela sabia que o que estava vivendo e o que estava para acontecer era real. O cansaço que sentia por ter viajado mais de dois mil anos no tempo e no espaço eram amenizados pela ansiedade que estava sentindo. Matheus também era um misto de sentimentos. Também pensava em Giselle, ali diante dele, precisavam conversar tantas coisas. Pensava se conseguiriam os três voltar para casa, para suas cidades. Nunca imaginavam se encontrar naquelas circunstancias e sequer que uma viagem no tempo seria capaz de levá-los a Xena e Gabrielle. Para eles as personagens não passavam de ficção, até agora...

A tarde caía quando Cyrene se aproximou da mesa onde o trio se encontrava.

— Bom, acho que vou dar uma chance a vocês. Xena deve estar aqui pelo anoitecer. Vocês podem ir tomando banho, vou preparar um almoço. - disse a taberneira.

Cyrene os acompanhou até os aposentos. Deixou que Juliana e Gisele ficassem no antigo quarto de Xena, que só tinha uma cama de solteira, por isso precisou arrumar um colchonete. Matheus dormiria no quarto de Lyceus, com Joxer. Xena e Gabrielle dormiriam ali essa noite, no antigo quarto de Toris. Eles tomaram banhos, um de cada vez. Cyrene emprestou os vestidos de sua filha às moças, que vestiram empolgadas.

— Ju, já caiu a sua ficha que estamos vestindo uma roupa da nossa maior heroína? - disse Giselle

— Eu penso nisso o tempo todo. Eu queria tanto tirar uma foto para postar no Facebook. Imagina se pudéssemos mostrar no Xenites Recomendam? - imaginou Juliana.

— Mas você já parou para pensar em como vamos fazer para voltar? - indagou Giselle.

— Se eu pensar muito nisso, acho que vou enlouquecer. - respondeu Juliana.

— E se ficarmos presos aqui como em Caverna do Dragão. - Disse Giselle.

— Se pudermos ficar ao lado de Xena vai ser incrível, vamos conhecer Gabrielle, deuses, amazonas, aprender a lutar, viajar todo o mundo. - imaginou Juliana - Eu só vou sentir saudades dos meus pais, alguns amigos, meus animais.

— E eu vou morrer de saudades do Erick – Lamentou Giselle.

— Não vamos pensar muito nisso hoje, só vamos aproveitar o solstício, amanhã pensamos em algo. E nós vamos ter a ajuda da Xena ok? Pense, o que pode dar errado com uma mente como a dela? - Falou Julliana, tentando ser otimista, antes que a melancolia se espalhasse pelo ambiente.

Lá fora estava Matheus. Giselle o fitou vestido de camponês, “como estava bonito”, ela pensou. A admiração foi recíproca, Matheus também se sentiu encantado ao ver as duas nas vestes locais.

As amigas foram de encontro a ele e se sentaram à mesa. Cyrene já havia servido uma cerveja ao rapaz. Como bem havia dito, ela não costumava oferecer bebida de graça, mas era véspera de Solstício e ela estava tendo um ótimo dia, com a expectativa de ver sua filha outra vez, depois de muito tempo. Ela havia dito a Matheus que sentia falta dos filhos e que era bom tê-los ali. Ela estava começando a gostar e se apegar aos "viajantes do tempo". Matheus contou para as meninas com empolgação. Logo Cyrene chegou com o almoço e dividiu a mesa com eles. Conversaram sobre a Grécia, fizeram perguntas sobre os deuses, sobre a invasão de Cortese a Amphipolis (um assunto que Cyrene preferiu cortar logo, pois não lhe trazia boas lembranças).

O trio, após o almoço, caiu em suas camas emprestadas e dormiu. Estavam exaustos.

A tarde passou e quando eles acordaram a princesa guerreira ainda não estava ali. A ansiedade os consumiu por mais uma hora, quando ouviram o trotar de um cavalo se aproximando. Eles correram para fora da taberna, lá estava ela. Xena, Gabrielle e Joxer, ao lado de Argo.