Já eram quase 10:30h da manhã e Betty não tinha chegado na ecomoda. Armando estava aflito, passava mil coisas em sua cabeça, que ela poderia ter se acidentado, que poderia não ter ido para casa ou que ela não iria mais trabalhar na empresa. Num impulso, se levanta e decide ir até sua casa para saber o que estava acontecendo.
Foi em direção ao elevador, quando viu Patrícia sentada em sua mesa:
— Veja quem nos deu a honra de vir trabalhar hoje. Bom dia, Patsy Pat achei que teria que ir buscá-la em sua casa já que perdeu o horário.
— Aí, Armando hoje estava um trânsito terrível, você sabe que eu sempre chego no horário.
— Jajaja, faça-me rir, oxigenada. Teve que vir devagar para não gastar a gasolina do seu carro porque não tem dinheiro para abastecer? Sandra e Mariana que estavam ouvindo a conversa, não consegue esconder a gargalhada.
— De que vocês estão rindo suas intrometidas? Estava com trânsito, Armando e eu hoje acordei tarde perdi o horário.
— Sabe o que acontece, seu Armando? A coisa está tão feia para ela, que não tem dinheiro para comprar pilhas para o despertador. Diz Sandra que começa a rir
— Suas deeeeesgraçadas, eu não preciso levantar junto com as galinhas igual a vocês para pegar ônibus eu tenho meu próprio carro.
— Mas não tem o dinheiro para gasolina, ou você esquece que uma vez o Fred teve que levar dinheiro para você abastecer? Lembra, a dona Marcela que te emprestou? Diz Mariana, debochando dela. Patrícia então fica sem graça e finge voltar a fazer alguma coisa.
— Eu não quero mais saber de atrasos, Oxigenada. A próxima vez, você está na rua!!!
— Mas, Armando…
— Mas, nada você me ouviu. Nisso chega o elevador e quando Armando ia entrando Patrícia mais uma vez se intromete em sua vida
— Armando, vai sair?
— Não te interessa, faça seu trabalho! A mas é claro, tem que ligar para sua amiga e avisar o que eu vou fazer, né? Afinal, você só trabalha aquí para me espionar, te pagamos para ser detetive da vicepresidente dos pontos de venda, Porque seu trabalho de secretaria, quem faz é a Beatriz.
— Não precisa falar assim, Armando.
— ENTÃO FAÇA SEU TRABALHO E ME DEIXA EM PAAZ!
Todos se assustam com o grito de Armando e o elevador fecha. Sandra e Mariana não podem deixar de rir, com a chamada que Patrícia levou de Armando. Mas, voltam a fazer seus trabalhos.
Patricia então como boa fofoqueira disfarça que vai ao banheiro e liga para Marcela.
— Isso mesmo, Marce ele saiu e não disse onde vai.
— Mas você não perguntou onde ele iria?
— Perguntei, mas ele começou a gritar para eu tomar conta da minha vida e fazer meu trabalho direito já que quem faz tudo é a Garfio.
— Aiii sempre essa mulherzinha. E ela saiu com ele?
— Não Marce, por incrível que pareça. Hoje eu não a vi, na verdade nem sei se ela veio trabalhar. Ontem ela saiu com uma cara de quem estava doente.
— Não deixe de me dar informações, Patrícia. Assim que ele voltar, você me avisa agora vá trabalhar, porque se ele chegar e não te ver você já sabe.
— Está bem, Marce. Beijinho. Desliga o telefone e volta a trabalhar, com as meninas que estavam reunidas na mesa de Bertha olhando.
— A lá meninas já foi fofocar com a dona Marcela que o seu Armando saiu, essa aí não perde tempo. Diz Bertha
— Claro meninas, vocês acham que a dona Marcela não mandou ela ficar em cima? Ela sabe a fama do doutor. Não vai deixar ele andando por ai. Diz Sófia. – Falando nisso, meninas e a Betty? Não veio hoje estou preocupada
— Sabe, eu acho que ela deve estar doente, vocês viram como ela saiu daqui ontem. Diz Mariana
— Podíamos ligar para a casa dela, para saber como ela está. Mas mudando de assunto, onde o seu Armando foi em? Diz Bertha doida para saber da fofoca
— Pois ele não falou, acha que iria falar com a Patrícia? Jamais. Porque já sabia que ela iria correndo contar para dona Marcela. Diz Sandra
— OLHA SÓ, PORQUE VOCÊS NÃO VÃO TRABALHAR EM? JA VIRAM QUE O ARMANDO ESTÁ ESTRESSADO HOJE. Patrícia fala com a mão na cintura em frente à sua mesa, claro que estava tentando ouvir o que elas estavam falando. Sandra e Mariana decidem ir para o seu lugar.
— Mas ele está com raiva de você, oxi querida. Nós sempre fazemos nossos trabalhos, chegamos no horário todos os dias, não igual a você. Debocha Sandra.

Não muito longe da ecomoda, Armando está dirigindo rumo a casa da Betty, iria ver o que tinha acontecido e tentar conversar com ela, dessa vez mais calmo e iria fazer de tudo para reconquistar o seu amor. Chega em frente à casa azul, estava com as mãos suadas, estava muito nervoso. Então toca a campainha e espera, quando abrem a porta e ele vê que é ela diz:
— Betty, podemos conversar?
— Doutor, o que o senhor faz aquí?
— Você não apareceu na empresa, fiquei preocupado, achei que tivesse acontecido algo com você. Então resolvi vir aqui.
— Fique tranquilo doutor. Respondeu irônica. – Eu não vou fugir com sua empresa, só perdi a hora hoje. Mas, antes de Armando responder se ouve um grito de dentro da casa.
— BETTY, QUE É QUE ESTA AI? Diz seu Hermes já impaciente
— A papai, é o doutor Armando, veio pegar um documento que eu trouxe para casa ontem. Seu Hermes então corre até a porta
— Doutor Mendoza, que prazer tê-lo em minha humilde residência novamente. Por favor entre vamos tomar um café.
— Não, papai o doutor já está indo, tem muitas coisas para fazer hoje, não é?
— Tenho sim, Betty. Mas não vou me atrasar se tomar um café, não é mesmo? Responde a olhando e vê como ela fica assustada pela resposta.
— Que modos são esses, Beatriz Aurora? Entre doutor. Sinta-se em casa.
Armando entra e Betty sorri amarelo para seu pai. “Meu Deus, o que ele veio fazer aqui? O que será que ele quer conversar? Será que veio pedir a empresa de volta para sumir de minha vida?” Não pode deixar de segurar uma lágrima que escapa pelo seu rosto e Armando percebe e fala baixo perto dela:
— Não chore, Betty. Eu vim aquí para conversar, vamos ir a um lugar mais tranquilo. Quando ela ia responder, sua mãe aparece já que Hermes foi na cozinha atrás dela para que ela fosse cumprimentar o doutor.
— Bom dia, doutor. É um prazer o ver novamente. Sente-se já trago um cafézinho.
— Muito obrigado, dona Júlia. Não precisa se incomodar.
— Claro que não é incômodo doutor, já volto.
— Então doutor, o que lhe traz aqui? Já que o senhor deu uma semana de folga para minha filha. Fala Hermes olhando para Armando.
Armando fica assustado e percebe que Betty disse isso para evitar ir a empresa por conta dos acontecidos.
—É que sabe seu Hermes, eu esqueci que hoje tínhamos uma reunião muito importante com o banco e quando eles ligaram para confirmar, eu tive que aceitar e então vim aquí pedir para que Betty vá comigo.
— Mas, eu não preciso ir, doutor. É só um almoço de negócios, o senhor não irá precisar dos meus serviços. Diz Betty o olhando friamente pois sabe que é mentira de seu chefe.
— Betty, você sabe que você é a minha mão direita e que é a cabeça da ecomoda. Que você é muito importante e nesse compromisso você não pode deixar de ir. Armando fala quase suplicando para que ela vá.
— O senhor precisa muito dela né, doutor? A menina é uma genia, não é? Armando da um sorriso e responde.
— Claro, seu Hermes. Betty é muito inteligente, não sei o que faria sem ela na minha vida. A olha com um olhar terno, apaixonado. Betty estremece.
— Fico muito feliz, doutor. O Senhor não sabe como me esforcei para pagar os estudos dessas menina. Mas, claro que ela herdou isso dos Pinzon.
— Verdade, seu Hermes. E então Betty, posso contar com você?
— Está bem, doutor. Irei com o senhor. Responde contrariada.
Nisso, dona Júlia chega com o café e todos tomam em silêncio, até que a campainha soa novamente. Nisso, seu Hermes levanta e vai atender e Nicolas entra falando:
— Que fome dona Júlia, o que temos para o café? Entra alegre e quando vê Armando ali na mesa paralisa e lembra o que sua amiga lhe contou na noite passada. – Bom dia!
— Bom dia Nicolas meu filho, achei que não viria mais. Seu café já está aqui. Nicolas então se senta e antes de comer diz:
— Betty agora trabalha até quando está de folga? Que trabalho escravo. Armando então o olha com diferença. “Então esse é o Nicolas Mora? Além de ser feio ainda é abusado.”
— Que modos são esse, saco sem fundo? O doutor veio buscar a Betty para uma reunião, a menina é importante.
— A, é que eu achei que ela não fosse trabalhar essa semana, mas já vi que ela é bem requisitada, é a frente da ecomoda quase a presidente. Diz Nicolas com ironia e Armando entende.
— Sabe doutor Mora, essa reunião é com o banco mais importante de nossa empresa e como é a Beatriz que sempre trata com eles, ela tem que ir. Não sabia que a Betty tinha outra pessoa que mandasse nela, além do seu pai. Diz Armando já começando a se estressar.
— Claro que não doutor, esse aí é um intrometido não se importe. Diz seu Hermes.
— Nicolas, que modos são esse de tratar o doutor? Ele é chefe da menina e nosso convidado. Diz dona Júlia com muita vergonha
— Chefe? Tá bem. Diz Nicolas sem se importar muito. Seu Hermes bate com o jornal em sua cabeça.
— Respeite o doutor, seu paspalho. Betty observa calada como seu amigo a protege, mas num impulso se levanta e diz:
— Doutor, vou me trocar e já desço para podermos ir. Já volto, com licença.
— Como assim, Betty? Você vai nessa reunião com ele? Você nem está trabalhando essa semana, não tem que ir.
— Nicolas, por favor. Depois conversamos, não aborreça mais meu pai. Licença.
Betty sai e Armando a acompanha com o olhar e depois se volta para encarar Nicolas, que também não tira os olhos de cima dele.


Continua..