Não tão longe do bairro de Palermo, Armando estava enlouquecido se sentia culpado pela sua assistente.
— Meu Deus, como eu pude me submeter a isso? Por que eu fiz isso? Pega um copo e põe whisky. – Betty, minha Betty porque não acredita que te amo? Toma o whisky de uma só vez e já enche o copo.
Armando já estava ficando embriagado, porém pensa que fazendo isso seria pior e tenta se acalmar, quando recebe uma ligação de Marcela.
— Meu Deus, que Cruz! Marcela, eu esqueci dela. Então atende o celular.
— ALÔ
— Oi, meu amor. Como você está? Está aonde?
— Estou bem, Marcela. Estou em meu apartamento, por que? Não acredita?
— Claro que acredito, Armando. Você saiu mais cedo da empresa hoje? Tinha algum compromisso?
— Como as fofocas voam, sua amiguinha oxigenada nem perdeu tempo para te falar dos meus passos né?
— Ela só me contou que achou estranho você sair cedo com a sua assistonta. Disse que você parecia nervoso e que até gritou com ela.
— CLARO, É OTIMO TER UMA PESSOA PARA TE VIGIAR PORQUE A SUA NOIVA NÃO ACREDITA EM VOCÊ E ACHA QUE É SÓ ELA SAIR QUE EU A VOU TRAIR!
— NÃO SEI PORQUE ESTÁ GRITANDO, ARMANDO. POR ACASO ESTAVA COM A OUTRA? SAIR COM A BEATRIZ FOI SÓ UMA DESCULPA. EU SABIA.
— MARCELA, PELO AMOR DE DEUS EU TIVE QUE IR AO BANCO COM A BEATRIZ
— CLARO, A SANTA BEATRIZ QUE TE PROTEGE E TE AJUDA A SE ENCONTRAR COM A OUTRA. Armando que já está sem paciência por causa do ocorrido com a Betty, resolve respirar fundo. Já basta a desconfiança de sua Betty, não quer ter Marcela no seu pé.
— Meu amor, eu fui ao banco estava nervoso porque tivemos problemas hoje, só isso. Depois deixei a Betty e vim para o meu apartamento.
— Armando, estamos juntos há 4 anos nos casamos em poucos meses eu quero ter a certeza de que é isso que você quer.
— Claro que é, amor. Claro que vamos nos casar. Armando revira os olhos. – Olha, eu vou tomar um banho e deitar, o dia hoje foi muito estressante, até logo.
— Até meu amor. Se cuida, te amo.
Armando desliga o telefone e tem vontade de gritar, detesta essa ideia de casamento, ainda mais agora que deu conta dos seus sentimentos por Betty, mas infelizmente tem que aguentar porque a empresa está embargada.
Levanta e vai tomar um banho, ele pensa na Betty, nas suas noites de amor com ela, na discussão que tiveram. No quanto doeu ver sua amada naquele estado, e decide fazer de tudo para que ela acredite no seu amor, se impõe a fazer esforços para que isso aconteça. Sai do banho, veste seu pijama e se deita para dormir, ou pelo menos tentar.
No bairro de Palermo, Betty está em sua cama totalmente sem sentido de vida. Está paralisada olhando para o teto e pensando em tudo que já aconteceu na sua vida. De como todos a faziam de boba, de como foi sua infância, de como seu pai a super protegeu, nunca deixou ela brincar com seus colegas de rua. De seu aniversário de 15 anos onde ninguém queria dançar com ela e só debochavam dela.
Lembra da época da faculdade, do primeiro dia de aula onde ninguém quis ter contato com ela até os professores faziam cara de nojo e deboche para ela. Se sente vazia, a única coisa que foi boa nisso tudo, foi sua amizade com Nicolás, seu irmão. Então, se levanta e pega seu diária na sua mesinha de canto e começa a escrever.
“Quem escreve esse diário hoje são pedaços do que já foi uma mulher, hoje entendo que minha vida não é mais que um ciclo onde a tragédia se repete de uma maneira cada vez mais cruel. É como se eu não tivesse aprendido com as minhas dores e as mortes passadas, já não tenho respiração para ressucitar não vale a pena. E não é porque o homem dos meus sonhos se converteu novamente no meu pertubo e sim por causa de solidão, da dor e não é por causa da história de Miguel e sua aposta e de seu Armando e seus enganos para manter uma empresa e, a história que se repete desde que eu nasci.”
Depois de escrever isso com muita angústia, levanta põe um pijama e se deita. Mas, não consegue deixar de pensar na carta e também no que o seu Armando falou para ela, e na sinceridade que ele parecia demonstrar. Ela ficará fora da empresa durante uma semana, será que ele pensaria nela? A procuraria? Ou aproveitaria que a dona Marcela e ela não estarão na empresa para ir atrás de alguma modelo?
Sem deixar de pensar, tenta com muito esforço dormir. E depois de bastante tempo consegue.

Amanhece o dia, o despertador de Armando toca e ele se levanta. Teve uma péssima noite não lembra nem como dormiu mas não dormiu nada bem. Levanta pensa em Betty, da um sorriso e vai para o banheiro toma um banho e pega um terno. Sai de seu apartamento e vai para uma padaria tomar café. Toma seu café, paga a conta e decide parar em uma floricultura, compra um lindo buquê de margaridas e vai para ecomoda.
Chegou bem cedo, nem as secretarias estavam lá, mas imaginava que Betty já tinha chegado, como sempre então vai direto para sua sala e quando chega lá se assusta ao ver que ela ainda não estava ali. Então pensa:
“Claro que ela não chegou ainda, com tudo o que aconteceu ontem ela não deve ter dormido direito. Deve chegar mais tarde hoje.”
Então, põe o buquê na mesa de Betty e vai para sua mesa para esperar sua chegada. Começa a trabalhar e escuta o barulho das secretarias e imagina que Betty tenha chegado, se levanta de sua cadeira e vai até a porta da presidência abre e vai andando pelo corredor. Quando chega elas estão conversando e se assustam com o chefe parado as observando.
— Bom dia!
— Bom dia, doutor. Respondem em coro
— A Beatriz não veio com vocês?
— Não, doutor. Ela ainda não chegou? Bertha responde
— Não, ainda não.
— Que estranho, ela sempre chega primeiro que todas nós. Se bem, que com a cara que ela estava ontem, deve demorar hoje. Deve ter brigado com o Nicolas, coitada.
— Cara, mas que cara Bertha?
— O senhor não viu, doutor? Quando o senhor saiu com ela parecia que esteve chorando, pálida.
— Não, não reparei. Armando responde, fingindo que não percebeu mas no fundo sentiu uma dor porque sabia muito bem o porque disso. – Mas, daqui a pouco ela chega, vamos trabalhar. Onde está a Patrícia?
— A doutor, essa aí nunca chega na hora sempre atrasa. Responde Sandra.
— Como sempre. Vamos trabalhar, aquí não é ligar para conversas e sim para trabalhar. Ninguém aquí recebe para fofocar.
— Sim, doutor. Respondem juntas novamente.
Armando vai em direção a sua sala e já senta em sua cadeira esperando a sua amada.
As meninas indo para sua mesa param para fofocar
— Meninas, o que será que aconteceu com a Betty? Questiona Sófia
— Não sei, mas estou preocupada. Ela estava tão abatida ontem. Que estresse. Mariana responde.
— Meninas, vamos trabalhar já viram que o seu Armando está estressado hoje. Inesita diz e elas vão para suas mesas trabalharem.
Na casa de Betty, ela acorda olha pro relógio e se assusta com a hora mas lembra que ficará uma semana em casa para poder pensar em sua vida, no que aconteceu e no que irá fazer.
Se levanta, troca de roupa e desce as escadas e vai para a mesa tomar seu café, ou pelo menos tentar.
— Bom dia.
— Bom dia, filhinha está melhor?
— Estou mamãe. O analgésico ajudou a melhorar, obrigada.
— Bom dia, minha filha. O que está fazendo em casa? Já viu a hora? Não ira trabalhar
— Não, papai. Pedi ao doutor Armando para ficar uma semana em casa, porque estou estressada tenho trabalhado muito e dormido menos e ele permitiu então.
— A, então esta bem (faz seu barulho com a boca), é até bom que você nos ajuda com a outra empresa.
— Hermes, por Deus a menina vai ficar em casa porque está trabalhando demais e você quer que ela trabalhe aquí?
— Júlia, não se meta. Ela só irá ver os números e não será todos os dias, né minha filha?
— Claro, papai claro. Betty responde e olha para a sua mãe.
— Filha, vou trazer seu café já volto.
Dona Júlia vai para a cozinha, nisso tocam a campainha da casa.
— Só pode ser a tralha do Nicolás, Betty vai abrir a porta.
— Sim, papai.
Betty se levanta e vai abrir a porta, nisso leva um susto.
— Betty, podemos conversar?

Continua…