Durante o trajeto, Armando e Betty se mantém em total silêncio. Betty não deixava de pensar no que tinha acontecido, na carta tão dolorosa que ela leu, queria acreditar que tudo era mentira, que era um pesadelo mas infelizmente não era estava ali no carro com o homem que a feriu profundamente, sem saber onde estavam indo querendo e tentando saber o porque de ele ter feito isso com ela.
No outro banco, Armando estava inquieto não sabia o porquê de isso ter mexido tanto com ele, pensava : “Porque estou tão preocupado? Será que é pela empresa? Não, claro não, é pela minha Betty não sei se isso é amor, nunca me apaixonei, Mas não quero perdê-la. Porque fui cair nesse jogo do Mario.” Armando olhava para Betty, e via outra pessoa, não parecia ela. Estava com aquele olhar tão radiante, tão profundo apagado parecia outra pessoa.
Betty, estava ansiosa, não sabia onde iriam, estavam indo em direção ao bairro nobre de Bogotá e já tinha se arrependido de ter aceitado sair da empresa sabia que se Seu Armando tentasse algo, ela não iria conseguir escapar, que iria se entregar mesmo sabendo que todo esse suposto romance, não passava de um plano para ele não perder sua empresa. Então o perguntou:
— Doutor, aonde estamos indo?
— A um lugar onde podemos ter privacidade, Beatriz. Onde possamos conversar e falar de frente. Quero te explicar tudo desde o início. Já estamos chegando.
Betty o olhou e mais uma vez se pôs a chorar, não conseguia entender o porquê de ter acontecido essa tragédia mais uma vez em sua vida, o porque de não poder ser feliz e amar e ser amada. Armando, não conseguia a ver desse jeito, então pisou no acelerador para chegarem mais rápido ao seu destino.
Em poucos minutos, entraram na garagem de um prédio que Betty achou lindo, parecia ser bem chique. Aquilo não era para ela, que vivia numa casa tão simples em um bairro de classe mais pobre. Armando estacionou e saiu do carro para abrir a porta para ela descer. Ela desceu e eles foram caminhado para o elevador. Percebeu então que estavam indo para o apartamento dele.
“Por que ele me trouxe aqui? Onde ele e dona Marcela já estiveram juntos várias vezes.”
Desceram então no 8⁰ andar, Armando saiu e fez sinal para que ela passasse, então parou em frente à porta, pegou suas chaves e a abriu. Quando entraram, o cachorro de Armando veio em direção a eles, Betty ficou encantada em ver o animal é hesitou pergunta-lo:
— Não sabia que o senhor tinha um cachorro, posso passar a mão nele?
— Claro, Betty.
Betty então começa a acariciar o cachorro e Armando a questiona:
— Você diz isso porque eu quase não estou em casa?
— Sim, doutor. Responde Beatriz um pouco sem jeito
— Quem cuida dele é o porteiro, ele vem aqui todos os dias pela manhã e coloca ração e água. Você sabe, eu quase não venho aqui. Respondeu a olhando e ela entendeu o porquê dessa afirmação. – Eu vou levar ele para a varanda que tem na cozinha, para podermos ficar mais a vontade e conversar, com ele aqui não termos sossego. Disse dando uma risada tímida no final. – Você quer beber algo, Betty?
— Tem algum suco, doutor? Perguntou enquanto o seguia até a cozinha, e enquanto Armando colocava o cachorro na varanda e fechava a porta.
— Tem de laranja, pode ser? Disse enquanto olhava a geladeira
— Sim, doutor. Obrigada
Armando então tira o suco e pega dois copos, coloca o líquido nos copos e a chama para ir a sala.
— Sente-se aqui, Beatriz. Aqui está seu suco. Entregando o suco para ela.
— Obrigada, doutor. O senhor também irá tomar?
— Sim, Betty. Hoje quero estar o mais sóbrio possível, para você saber que tudo o que lhe digo é a mais pura verdade. Disse isso olhando diretamente para seus olhos.
Betty fica um pouco vermelha ele parecia estar sendo sincero, mas pensou que nas outras vezes ele também pareceu e estava mentindo. Armando então começa a explicar:
— Bem Betty, tudo começou no dia do último lançamento, quando você foi levar os cheques para trocar e a Bertha veio com alguns contratos para eu assinar, o telefone da sua sala começou a tocar e você sabe que eu não gosto muito do barulho, pedi então para ela atender. E quando você chegou que ela disse que “seu amor, seu namorado” Nicolas tinha ligado, eu não sei o que aconteceu mais fiquei com muito ciúmes, não podia imaginar que a minha Betty tinha namorado. Vi como você ficou sem jeito e fiquei nervoso. Então vocês saíram e o Mário chegou, me viu nervoso e eu contei para ele o que tinha acontecido.
— Como sempre doutor, o senhor não esconde nada dele, não é? Disse ironicamente.
— Betty, eu estava preocupado um dia antes você tinha dito que o Nicolas sabia da empresa, do embargo. Eu e Mário ficamos preocupados e surpreendidos por saber que você teria um suposto namorado.
— Porque? A claro, eu não posso ter um namorado porque sou muito feia .
— Não, Beatriz não é isso. É porque eu sempre te contei as minhas coisas, minhas intimidades e você nunca tinha me dito que tinha um namorado.
— Mas, eu já tinha falado que Nicolas e como se fosse meu irmão, doutor. Nunca foi meu namorado.
— Eu sei, mas estava confuso. Eu disse a Mário que ele não era seu namorado, mas ele ficava me atormentando, dizendo que se o Nicolas não era seu namorado porque suas amigas ficariam dizendo essas coisas. Então, eu disse a ele que iria te perguntar e foi isso que eu fiz e você negou dizendo que ele era apenas seu amigo, eu fiquei aliviado, como se tirasse um peso das minhas costas. Então, na hora do seu almoço, eu chamei a Bertha e pedi para ela me contar sobre esse seu namoro.
— Mas uma vez o Senhor não confiou em mim.
— Sim, eu confiei mas queria saber o que você dizia para suas amigas sobre o Nicolas. Então ela me falou sobre algo relacionado a leitura de cartas, que você estava doida por ele e que ele não ligava muito pra você. Aí no dia que a Mariana leu as cartas, fosse que você estava apaixonada por um homem e que esse homem mudaria a sua vida e você a dele. Que tinha muita riqueza nisso. Então eu fiquei maluco, pensei que o Nicolas queria tirar o dinheiro da ecomoda, que iria fazer você tirar. Fui ao encontro do Mario no hotel e ele propôs esse jogo.
Armando fez uma pausa, suspirou, viu o quanto Betty estava pálida e sofria com essa história. Ele também sofria em contar para o seu amor, um capítulo tão doloroso na história deles dois.
— De início eu não queria aceitar, me negava a fazer isso.
— Eu não era como as modelos que o Senhor ficava né, doutor? Não tinha um corpo 90-60-90, não tenho um rosto agradável, eu o entendo.
— NÃO BEATRIZ!!! Não queria, porque você era minha amiga, minha cúmplice, minha mão direita. Como faria isso com você? Mas então o Mário me convenceu, disse que nossa empresa estava em jogo e eu aceitei.
Betty então não aguentou mais, se levantou e disse:
— Não preciso mais saber, o restante já está nessa bolsa, nessa carta de instruções que ele deixou para o Senhor. Não quero mais saber de nada, quero ir embora para minha casa. Não quero ficar mais nenhum minuto aqui.
— Betty me escuta! As coisas mudaram, nesse jogo eu acabei me apaixonando por você. Tenho sentimentos por você, meu amor. Por favor, não faça isso
— Como o Senhor tem coragem de seguir mentindo? Não precisa disso, se eu vou continuar nessa empresa é por causa de seus pais que não merecem esse desgosto. Fica tranquilo, doutor sua empresa está a salvo! Disse isso e foi saindo, Armando então a segurou e a pôs contra a parede.
— Betty, você tem que acreditar em mim. Eu te amo, meu amor te amo. Não quero te perder. Disse isso com os seus lábios bem próximos ao dela e a beija. Betty tenta o empurrar, mas ele é mais forte e a segura, ela então se rende ao beijo e quando volta ao sentido o empurra.
— NUNCA MAIS VOLTE A ME ENCOSTAR. COMO PODE CONTINUAR COM ESSE JOGO, SE MEUS BEIJOS TE DÃO ASCO, SE TEM NOJO DE ME ENCOSTAR?
— ISSO NÃO É VERDADE. EU AMO SEUS BEIJOS, SÃO DOCES, TERNOS PERFEITO, MINHA VIDA.
Betty, não aguenta mais e sai correndo abre a porta e vai em direção ao elevador, entra e vai embora deixando um Armando desolado e desesperado dentro de seu apartamento.

CONTINUA....