Diego:

Quando a soltei, pude ver sua expressão frágil, seu olhar de insegurança, e a sombra que aquela menina carrega, continuamos abraçados, sentindo o seu nariz gelado tocando no meu, sentindo sua respiração acelerada, quando a porta do quarto se abriu.

-Diego, eu te procurei por todo o colégio! – Tomás disse. – Como assim... Você estava com ela? Com ela? – Ele disse em um péssimo tom.

-Hã... Não, não, claro que não. – Falei, a empurrando. – Já pode me soltar Roberta.

-Agora eu entendo o seu pai falando que qualquer mulher pode te controlar! – Ele disse rindo de mim.

-Não Tomás, não, eu só estava...

-Estava o que Diego? Me beijando? Olha Tomás, seu amiguinho que me agarrou! – Ela me interrompeu.

-Lindinha, entenda. Eu só fiquei com você, por... Por pena.

-Dieguinho, Dieguinho, eu esperava pouco de você, desde que te conheci, mas o pouco que eu esperava, era mais do que isso.

-Veja pela lado bom, agora você já pode sair por aí dizendo que me beijou! – Disse, apertando a sua bochecha.

-Nem se preocupe Diego, eu teria vergonha de dizer que beijei alguém como você. E olha, isso só aconteceu porque eu estava fora de mim e porque eu imaginei que você não consegue ficar com ninguém sabe?

-Ui Diego. – Tomás disse, dando um murro de brincadeira em mim.

-Não se mete. – Respondi.

-Agora vão embora do meu quarto, vão. Só não sai dizendo por aí que me beijou, se não as pessoas vão ter nojo de mim.

-Não precisa se preocupar, lindinha. – Falei, me dirigindo até a porta.

-Diego, o que é que dá em você pra sumir assim hein? A gente tinha combinado de sair com aquelas meninas, vamos rápido! – Tomás me disse enquanto nós íamos andando para o nosso quarto.

-Vamos logo, e eu não vou nem levar o meu celular porque se não o meu pai vai ligar me matando.

-Mas cara, eu te imaginava em qualquer lugar... Mas no quarto da Roberta? – Ele falava enquanto trocava de blusa.

-Eu fui lá pra a gente terminar o trabalho, mas só que a coitada não tem ninguém pra escutar os problemas delas, e quando eu fui um pouquinho simpático, pronto, ela não parava mais de falar. – Eu disse rindo.

-Diego, você não me engana, e pra que você tinha logo que beijar ela?

-Você não entende! Quando eu , sei lá, quando eu abracei ela, ela é tão frágil... Ela pode parecer dar uma de durona as vezes, mas cara, você não tem noção não, dava pra ver nos olhos dela o quanto ela é sensível, e quando eu segurei ela, deu vontade de... – De a proteger, cuidar dela, pensei. Mas o meu orgulho é maior que tudo isso. - Deu vontade de ajudar ela, eu fiquei com pena, sério.

-Hm... Sei, sei. Mas agora vamos logo porque elas já devem tá lá esperando. – Fomos para a porta, conseguimos fugir do colégio, mas quando chegamos na casa de uma delas, no lugar marcado, não tinha ninguém.