Sob a Luz do Sol

Capítulo 25 - O casamento - parte 03


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*tema: Elton John’s The Way You Look Tonight*


*** Um capítulo pelo ponto de vista de Edward Cullen ***


Eu sentei-me na varanda à luz do luar, somente. A casa estava tão silenciosa; já passava de três da manhã e todos estavam reclusos. Os híbridos estavam dormindo, principalmente porque o dia foi bastante cansativo. Alice levou todos para Seattle a fim de realizar provas de roupas e outros detalhes, e isso tudo alguns dias depois da provação mais difícil de suas vidas. A visita deles à escola foi uma provação, era fato, e eles se saíram muito bem. Beatrice também. Mesmo assim, foi bastante cansativo. Meus pais tinham saído para caçar; eles preferiam caçar à noite. E eu considero que eles também foram passar algumas horas na cabana na clareira. Desde que eu recomeçara a usar a cabana, os Cullen decidiram que era um bom lugar para encontros amorosos. Tão pouco originais…


Eu tenho que confessar que todos estavam certos e eu fiquei fora de meu juízo por alguns momentos, durante toda essa história de casamento. Obviamente eu não estava pensando quando fui ao covil e trouxe dois híbridos bebedores de sangue para lidar com humanos pela primeira vez. Quando Rudolph pensou aquilo eu já sabia que era uma péssima idéia. Mas eu concordar com a péssima idéia era quase ridículo. E eu concordei, porque eu só pensava em levar a família de Beatrice para o casamento. Colocar todos os humanos da escola em risco, e ainda arriscar a família com a revelação de nosso segredo, o que certamente despertaria a ira irreversível dos Volturi, foi uma das coisas mais loucas que já fiz na minha existência.


Foi sentado ali que eu considerei: eu estava fazendo aquele casamento por Beatrice, ou era por mim mesmo? Estaria eu escondendo meus sentimentos por trás da desculpa de que Beatrice queria tudo aquilo? Claro que ela queria, eu sabia. Eu sabia o quanto o casamento era importante para ela, mesmo quando ela falava pouco sobre ele. Beatrice falava pouco sobre tudo, e aquilo era culpa minha. Eu tolhia demais a sua possibilidade de falar, porque eu sempre estava ansioso demais para dar coisas a ela. De qualquer forma, eu considerei seriamente que eu estava me enganando desde o início. Eu queria aquele casamento tanto quanto Beatrice, talvez mais do que ela. Afinal, eu era um vampiro antiquado.


O casamento seria no dia seguinte, e eu só sabia que tudo seria em tons de lilás e roxo. A cor que Beatrice escolheu. Eu ainda considerava se eu poderia dar a ela o que ela queria, porque Alice me disse um grande “não”. Não, o noivo não poderia estar ao piano enquanto a noiva chegasse. O noivo tem que estar no altar, esperando, lindo. A pequena Cullen estava no comando, graças à desistência de Beatrice, e discutir com ela era tão cansativo! Então, eu não poderia fazer aquilo para Bea, por mais que eu quisesse. Eu não poderia tocar Beethoven para ela. Alice me garantiu que eu ficaria feliz com a música, e que eu deixasse mesmo tudo por sua conta. Eu não me atreveria a pensar diferente.


_Edward? – Esme chegou pela porta da sala com Charles no colo, supreendendo-me. Eu nunca era surpreendido, mas eu estava muito disperso em outros pensamentos. Eu sequer imaginava que Esme e Carlisle chegariam tão cedo, de volta.


_Já de volta, Esme? – Olhei para minha mãe vampira, que reluzia com a luz artificial por trás dela. Meu filho estava adormecido em seus braços; elas adoravam perambular com Charles no colo.


_Por que está aqui pensativo, meu filho? Pensei que passaria esta noite com sua noiva…


_Ela está dormindo, e eu preciso de um momento


_Está ansioso? – Esme sentou-se ao meu lado.


_Se eu disser que sim, mas que não estou nervoso, você acreditaria? – Olhei para Esme com um bico em meus lábios. – Eu estou ansioso porque eu quero muito que isso aconteça… pode parecer tolo, porque vampiros não se casam, não seguem essas tradições. Mas eu sou um homem à moda antiga, certo?


_Você sempre foi. – Esme sorriu, e depositou Charles em meu colo. – Fique com ele, você não passa tanto tempo com seu filho.


_Passo o suficiente. – Sorri, acariciando a face do pequeno. – Ele cresceu muito, não?


_Sim, bastante. Você compreende o que ele sente, o que ele pensa?


_Quase. Eu compreendo algumas coisas, ele é muito seguro do que quer. Mas ele tem dificuldades de se expressar de forma que eu possa decodificar… muitas vezes eu não leio nada.


_Edward, você sabe que eu, seu pai e seus irmãos só queremos sua felicidade. – Esme preparou-se para um discurso de mãe, o qual eu já sabia por inteiro mas a deixaria falar sem interromper. – Não importa que você tenha passado mais de um século e que Beatrice seja um híbrido; não importa que toda a situação seja bastante fora do que estamos acostumados. E não importa que precisemos mudar de Forks mais uma vez… isso aconteceria mais cedo ou mais tarde. Beatrice é a sua escolhida? É ela que você quer?


_Sim, é. – Falei, com certeza absoluta. Eu nunca tive dúvidas. – Eu não sei o que me fez apaixonar por ela. Ela é linda, é espirituosa e completamente tola. Talvez o amor seja muito estúpido, não acha?


_Não precisamos de motivo para amar uma pessoa. – Esme sorriu, enquanto acariciava os pezinhos de Charles. Fazia tempo que ele permanecia sempre com o mínimo de roupas possível, porque ele era como todos nós: não sentia frio, exatamente. Mas sua pele era morna, e ele tinha uma cor surpreendente. – Amanhã Beatrice será sua esposa, e vocês terão um laço que nenhum de nós tem; um laço imposto por uma convenção. Esse laço, bem como nossa existência, é permanente.


_Assim como é meu amor por Bea. – Novamente, eu não tinha dúvidas. – Eu a amo e esse amor cresce a cada dia. Olhar para meu filho e imaginar que foi ela quem me proporcionou essa experiência me faz adorá-la, além de amá-la. Beatrice está em um tipo de pedestal… é até difícil explicar. O mais interessante, ela sente o mesmo.


Esme sorriu, sem dizer mais nenhuma palavra, e entrou. Fiquei na varanda com Charles, observando as estrelas por mais um tempo. Logo o céu se tingiria de cinza e então de rosado, e o dia chegaria. Logo faltaria muito pouco para que eu pudesse chamar Beatrice de esposa. Aquela convenção nunca me passara pela cabeça até conhecê-la, e perceber que ela queria aquilo. E então eu não conseguia imaginar como eu poderia tê-la sem que ela fosse, afinal, minha esposa. Minha Beatrice.


Meu irmão Emmett iniciou o dia bastante agitado na frente da televisão, assistindo à programação de fim de noite. Alice estava já pela casa a dar ordens e decidir onde podíamos ou não podíamos ficar. Com Charles em um dos braços, decidi não interferir em nada até que alguma incumbência me fosse dada, até porque eu estava ciente das encucações de Alice. Ela estava totalmente ensandecida com as preparações do casamento, então era melhor que eu me mantivesse longe. Sentei-me ao lado de Emmett, que discutia veemente com a televisão, e apoiei Charles em meu peito. Ele ficava extremamente confortável em contato com meu corpo inerte, o invólucro sem vida de uma alma perdida. E eu nem sabia se eu tinha, afinal, uma alma. Podia ser que meu corpo fosse apenas um invólucro inútil.


_Edward e Emmett Cullen. – Alice sussurrou, vendo que Charles estava presente. – Vocês têm duas opções: desaparecer ou desaparecer. Não quero nenhum dos dois aqui, vão atrapalhar a decoração. E Sr. Edward… você está proibido de ver Beatrice até a hora do casamento.


_E onde é que vamos ficar, hem? – Emmett resmungou, rosnando.


_Isso não é problema meu. – Alice segurou o controle remoto e desligou a televisão. Ela era cruel quando estava no controle. – Vamos, Jasper também vai com vocês. Não quero homens por aqui. Isso inclui Charles Henry.


Emmett e eu nos entreolhamos, e não havia muito que fazer.


_Posso ao menos vestir-me? – Considerei minhas roupas e elas não eram suficientes para passar o dia fora.


_Você tem cinco minutos. Rosalie já preparou as coisas do bebê.


Dei de ombros e subi as escadas o mais rapidamente que pude. Beatrice já estava acordada, e fora de lá. Eu não sabia o que tinham feito com minha noiva, mas ela já tinha sido abduzida para algum lugar o qual eu ignorava, e provavelmente seria a próxima vítima de Alice. Vesti o básico em mim e em Charles, preocupando-me em agasalhá-lo o suficiente, e encontrei-me com Emmett e Jasper no pátio. Iríamos com o carro de Emmett para qualquer lugar que fosse, passar o tempo enquanto a casa seria decorada. Eu estava tenso, então. A tranqüilidade que eu sentia até o primeiro minuto da manhã deu lugar a uma ansiedade confusa e muita tensão. Jasper percebeu como eu me sentia e cuidadosamente tratou de manter o ambiente ameno. Emmett falava sem parar, não levando nada a sério como nunca fazia, sobre assuntos que não só não me interessavam como não me faziam concentrar.


_Em, vamos para Port Angeles. – Jasper decidiu, enquanto Emmett parecia não saber que caminho tomar. – Lá podemos agir como três solteirões e um bebê.


_Ah, se Rose te ouve falar isso. – Emmett caiu na risada. – Definitivamente, um bebê vampiro seria um apelativo para conseguir mulheres.


_Vampiras, Em. – Jasper consertou. Eu ainda estava alheio a tudo; minha concentração prejudicada.


_Sério, não existem bebês vampiros! Quantas não dariam tudo por um?


_As híbridas têm filhos, isso nem deveria ser novidade. – Jasper considerou.


_É, mas eles vivem em reclusão… nosso sobrinho deve ser o primeiro a viver sobre a terra e…


_Vocês estão importunando meu filho. – Finalmente eu disse alguma coisa. Charles se movia em meus braços, e seu olhar claramente me mostrava o que ele queria. – Sinto muito, Charles… não posso te levar até sua mãe agora. – Eu o aproximei do peito e o abracei para lhe oferecer maior conforto.


_Você é um pai muito chato. – Emmett implicou. – Fala com o menino como se ele fosse um universitário!


_Emmett, preste atenção na estrada! Do jeito que você está correndo, vamos ser notícia no jornal da tarde. – Jasper protestou.


_Terei mesmo que passar o dia com vocês?


_Você parece um velho, Edward. Você precisa passar o dia conosco.


E os irmãos Cullen estavam preparados para um dia entre irmãos, todos homens. Carlisle eu imaginava que poderia permanecer na casa, pois ele seria de grande valia. Mas os irmãos… nós éramos jovens, pela concepção de Alice, e os jovens eram sempre impertinentes. Até porque eu sei que ela queria que eu ficasse longe da casa, para que em hipótese alguma eu visse Beatrice antes do horário do casamento. Eu não era tão curioso assim, ela devia saber. Eu respeitaria todas as convenções, mesmo eu estando tão neurótico quanto qualquer noivo no dia do casamento.


Cedemos à vontade de Jasper e fomos para Port Angeles. Perambulamos de carro pela cidade por vários minutos, observando tudo e todos ao nosso redor, enquanto Emmett bancava o solteiro bonitão. Realmente, se Rosalie soubesse… meu irmão não duraria mais uma década. Depois fomos a algumas lojas, porque Jasper nunca tinha equipamentos eletrônicos suficientes, e Emmett nunca tinha equipamentos de caça suficientes. Eles eram muito exagerados, mas eu não podia repreendê-los. Eu também exagerava com CDs e outras coisas que eu adorava. Foi divertido fazer compras em uma loja física depois de algum tempo comprando pela internet. Eu podia escolher alguns presentes para minha futura esposa, então.


_Diga, Edward… – Jasper começou uma conversa, enquanto caminhávamos pelas ruas da cidade. Já chegava a hora do almoço dos humanos, e Charles demonstrava fome. Rosalie foi insensível o suficiente para preparar a mamadeira com sangue, mas eu consegui administrar a situação sem muitos inconvenientes. – Você e Beatrice vão morar onde?


_Boa pergunta. – Emmett considerou. – Vocês dois não vão poder continuar em Forks… ou vocês vão, assim mesmo?


Era uma grande pergunta, a de Jasper. Eu já tinha pensado naquilo tantas vezes, e em todas a resposta era óbvia e indesejada. Eu não queria me mudar para longe dos Cullen, e nem Beatrice. Na verdade ela nunca considerou aquilo.


_Não podemos continuar em Forks. – Eu considerei, apesar de resistir tocar naquele assunto. – Eu poderia ficar mais em Forks se não fosse Charles… mas como imaginamos que ele vai crescer rapidamente… mesmo assim, me afastar de vocês seria muito difícil para Bea e Charles. E imagino que nem Rosalie nem Esme gostariam de ficar longe dele.


_Não temos mais o que fazer em Forks. – Emmett considerou.


_Podemos nos mudar, todos. – Jasper considerou. – Já ouvi Carlisle falando sobre isso com Esme. Mas vocês não vão querer ter seu próprio espaço?


_Sim, vamos. – Eu sorri. – Beatrice não pensa muito nisso, ela sempre viveu em grupo no covil e acha isso natural. Mas ao mesmo tempo ela quer a privacidade de uma casa… eu vou dar isso a ela, na verdade eu já estava vendo um imóvel que tenho. Mesmo assim, podemos morar todos perto.


_Não vamos ficar felizes sem poder pegar no seu pé. – Emmett passou a mão por meu ombro e desferiu um tampinha amistoso. Meus irmãos, eu também não queria me afastar deles. O casamento deveria somar, e não dividir. Deveríamos fazer a família crescer, e não reduzi-la.


Acabamos gastando bastante tempo em conversas masculinas sem sentido, até que o celular de Jasper tocou. Era Alice, obviamente, e ela queria me falar, na verdade. Ela queria me lembrar que eu não poderia chegar depois das quatro horas da tarde, porque eu precisava arrumar-me e outras coisas que ignorei. Alice era sempre daquele jeito quando estava empolgada, e ela estava constantemente empolgada. Eu não compreendia nunca como Jasper podia tolerá-la com tanta paciência… ele era provavelmente o vampiro mais paciente da história. Bem, os Cullen não eram vampiros normais, mesmo. Éramos muito diferentes dos outros de nossa ‘espécie’, e por isso acabávamos sempre nos relacionando com humanos, somente. Tirando o clã dos Denali, os outros de nossa espécie não costumavam nos ser muito afetos. Éramos estranhos, era verdade, para eles. Éramos até mesmo considerados ridículos.


E o tempo, que passava muito devagar para a minha ansiedade, que crescia vertiginosamente a cada movimento dos ponteiros do relógio, decidiu dar-me uma trégua e avisar que era hora de ir para casa. Charles, atento como nunca, demandava Beatrice com uma exigência insistente. Era inconveniente saber o quanto ele queria a mãe e não poder fazer nada… eu queria dar a meu filho tudo, principalmente uma coisa tão simples como aquela. Emmett anunciou que teríamos que ir, ou não cumpriríamos o prazo de Alice. E não cumprir o prazo de Alice não era uma opção. Eu estava já bastante nervoso quando estacionamos novamente no pátio da casa; o nervosismo que eu resisti em sentir por tanto tempo vinha todo de uma vez como se eu fosse um adolescente.


Foi Carlisle, já bastante paramentado, que nos recebeu no alpendre.


_Venham comigo, meninos… não podemos cruzar o caminho de Alice agora. – Meu pai vampiro nos puxou para dentro da casa e nos conduziu para o quarto de visitas do andar de baixo, onde meu cunhado Ferdinand estava hospedado. Ele estava lá, com Rosalie em seu encalço, terminando de ser vestido.


_Edward! – Minha irmã nos recebeu; Emmett com um beijo. – Venha, sua roupa está aqui… – ela me entregou um cabide. – Jazz, Em, vocês vestirão esses. – E ela entregou um cabide a cada um deles.


_Charles? – Eu tinha que perguntar, apesar de já saber. – Ele quer Beatrice demais, leve-o para ela por favor!


_Vamos vesti-lo para a cerimônia. – Rosalie tomou o bebê em seus braços com todo prazer. – Pode deixar, ele ficará com Bea.


Sorri, mais satisfeito, e retirei da proteção plástica a roupa que Alice separara para o noivo. Um terno cinza chumbo com camisa branca e gravata lilás de seda italiana. Alta costura, nada diferente do que se podia esperar dela. Percebi que Carlisle e Ferdinand vestiam também cinza, porém mais claro, e ela provavelmente não deve ter querido os padrinhos com a roupa parecida com a do noivo. Detalhista, como era esperado.


Eu ainda estava me vestindo quando tive uma revelação. O relógio já estava marcando cinco horas da tarde e eu li nitidamente algo que me deixou em um estado de nervos ainda pior do que eu já me encontrava. Sem terminar de abotoar os punhos da camisa, ainda sem o blazer e sem gravata, saí do quarto e corri atrás de Alice, sem preocupar-me se ela estaria com Bea e se eu poderia vê-la ou não. A revelação era… chocante. Nada que eu esperasse. Encontrei minha irmã no quarto de Charles; Felicia estava com ela e elas vestiam o bebê. Eu estava atordoado, e meu olhar completamente assombrado fez com que as duas me encarassem um tanto surpresas.


_Edward Cullen! O que está fazendo aqui em cima? – Alice bradou, imediatamente me empurrando para fora do quarto e para baixo, com a velocidade de sempre.


_Alice, é verdade? – Eu falava como se ela também pudesse ler mentes. – Você teve mesmo essa visão… ele está vindo?


_Eu disse que não te queria a menos de cem metros de Beatrice! Ela vai surtar e sair daquele quarto e…


_Diga, Alice. – Eu parei, no pé da escada, e a segurei com as duas mãos. Meus dedos comprimiram os braços de minha irmã, com força. Por sorte ela jamais se machucaria. – Ele está vindo?


_Ah! – Ela então percebeu minha pergunta. – Edward, você está um radar hoje, hem! Eu só pensei vagamente nisso… e você estava tão longe! Não era para ter percebido… ah! Bem, o que fazer? Sim, ele está vindo. Tive a visão hoje de manhã… ele já deve estar chegando, para falar a verdade.


_Beatrice sabe?


_Escondi até de você! – Alice riu. – Vamos, acha que eu estragaria a surpresa? Agora suma! Não quero ver você até a hora da cerimônia.


Um sorriso involuntário se solidificou em meus lábios, e eu não consegui parar de rir. Nada poderia fazer aquele casamento mais perfeito do que a vinda de Rudolph para conduzir Beatrice até o altar. Ele era a peça que faltava para tudo ser como o idealizado… por mim. Eu não podia mais negar que o casamento também era um desejo meu, e que nada me faria mais feliz do que chamar Beatrice de esposa. Ela já era minha, a partir daquele dia ela seria minha esposa. Carlisle encontrou-me no quarto sorrindo como um bobo sem conseguir ajeitar a gravata, e dispôs-se a fazê-lo por mim. Ele percebeu que eu estava pouco objetivo, porque eu jamais teria dificuldades com um nó de gravata.


_Filho, se você fosse humano você estaria tremendo. – Meu pai, calma e meticulosamente, fazia o nó da gravata em torno de meu pescoço. – Aliás, também estaria suando.


_Eu estou tremendo, mesmo sendo um vampiro. – Eu disse, sem conseguir controlar o movimento das mãos. – É normal estar assim? Céus, eu sou um vampiro de um século de idade, por que estou me sentindo como um garoto?


Carlisle parou em minha frente, a gravata totalmente em seu lugar, o blazer impecavelmente sobre meus ombros, o colarinho muito bem alinhado, e me encarou. Seus olhos brilhavam com um cintilante muito poucas vezes observado por mim. Acredito que eu só vira olhar daquela forma para Esme.


_Você é um garoto, Edward. – Carlisle passou as mãos por meus ombros, retirando qualquer poeira que pudesse haver por sobre o tecido. – Você tem dezessete anos, não se esqueça disso. Por mais experiências que você tenha vivido durante esse século de vida, você não teve todas as possíveis. Você não teve tudo que poderia ter tido, e essa experiência agora é apenas mais um exemplo de humanidade que você havia perdido. Você amou pela primeira vez, foi correspondido pela primeira vez, teve uma relação sexual pela primeira vez, foi pai pela primeira vez, provou o gosto amargo da perda da pessoa amada pela primeira vez, e depois pode sentir o sabor de tê-la de volta. Tudo isso você viveu em menos de dois anos; os seus séculos de vida não te proporcionaram todas essas coisas. Posso dizer que você viveu mais experiências humanas do que todos nós da família, e isso é maravilhoso. Agora, você vai viver mais uma… você vai casar-se de acordo com as convenções humanas. É normal estar nervoso, eu diria que é esperado.


_Ela sabe que eu a amo. – Eu disse, lábios franzidos. – Eu digo isso sempre; eu a lembro do quanto a amo todo dia que estamos juntos.


_Ela sabe. – Carlisle afagou-me os cabelos. – Fique tranquilo, meu filho. Vocês serão felizes; todos nós seremos felizes juntos.


Meu pai deixou o quarto, e eu sentei-me na cama. Eu não precisava sentar-me, eu não me cansava. Mas era um cacoete, uma força maior do que eu que me atraía para baixo quando eu estava aborrecido. Minhas mãos percorreram os cabelos bem devagar, tentando não desarrumar o que eu havia levado muitos minutos para fazer. Carlisle estava certo, nós dois seríamos muito felizes. Nós três… nós nove. Éramos muitos, os Cullen. O segundo maior clã organizado de vampiros, nós só perdíamos para os Volturi. Mas comparar-nos com os Volturi era perda de tempo, eles existiam para conquistar e anexar vitórias. Eles não eram uma família; eles eram um bando.


Aquele era o dia do meu casamento. Aquela era a noite na qual Beatrice se tornaria minha esposa. Aquele era o momento no qual minha existência vampírica se modificaria para sempre, e eu me tornaria oficialmente um adulto, pai de família. Carlisle estava certo, nenhum deles havia vivido todas aquelas experiências. Eu devia ser eternamente grato, afinal não eram muitos os vampiros que transmitiam os seus genes. Não deveria haver outros vampiros com filhos biológicos espalhados.


_Edward! – Alice entrou quarto adentro, fazendo-me mergulhar na realidade outra vez. – Oh, você está lindo… – ela passou os dedos por meus cabelos, ajeitou algumas mechas, consertou a gravata. – Agora sim, perfeito. Vamos, está na hora.


_Está tudo pronto? – Hesitei. Ela balançou a cabeça, positivamente. – Beatrice? Charles? Rudolph? Os convidados? O juiz de paz?


_Está tudo pronto, Edward. Você pretende desistir?


_A sua pergunta é ridícula. – Eu ri, mas eu estava nervoso. – Você devia saber.


_Vamos, Edward. – Alice segurou minha mão e me puxou, suavemente, bem devagar. Levantei-me, percebendo que eu agia como um garoto ainda, e a segui. Estava na hora, disse ela. Estava na hora de tornar-me um homem.


A casa estava completamente transformada, e eu jamais pude acreditar que Alice fosse conseguir aquilo em apenas algumas horas. Todos os cantos cobertos de flores em tons de branco e lilás, com velas e incensos iluminando e aromatizando os arranjos. As luzes não pareciam definitivamente com as luzes naturais da casa; eu tive certeza que ela havia alterado isso também. Tules brancos envolviam pilares e serviam de amarras unindo os bastões que delimitavam o corredor que a noiva percorreria. Que eu percorreria, em poucos instantes. Meus ouvidos se deram conta da música que tocava, maravilhosa, na recepção. Meus olhos capturaram um trio de cordas a tocar o Romance de Beethoven, a música que Beatrice mais adorava que eu tocasse. Onde ela estivesse naquele instante, eu podia jurar que ela estaria emocionada.


Não havia mais luz do lado de fora, ou meus olhos não estavam enxergando suficientemente bem. Com um sorriso iluminado e encantador, minha mãe Esme, em um vestido vinho estonteante, me aguardava para que fôssemos para o altar. Senti um mal estar súbito, e aquilo foi muito esquisito. Vampiros não sentem mal estar, nosso organismo não funciona o suficiente para isso. Minhas mãos tremiam, e se eu pudesse suar… Alice me segurava pelo braço, e se ela não estivesse me puxando com toda a sua força eu estaria travado no mesmo lugar, observando tudo enquanto ninguém ainda conseguia me ver.


Minha mão foi colocada por sobre a mão de Esme, e ela continuava sorrindo sem parar. Eles estavam tão felizes com o casamento quanto eu, mas eu praticamente não conseguia prestar atenção em nenhum pensamento, naquele instante. Meus sentidos estavam consideravelmente prejudicados, enquanto a música mudava para outra peça de Beethoven.


_Você entra logo atrás dos seus padrinhos. – Alice piscou para mim, mas eu também não prestei muita atenção. Eu tinha três padrinhos; depois que eu fui até o covil buscar Ferdinand eu não podia tê-lo excluído. Ele ainda me adorava, e eu tinha uma dívida de eterna gratidão para com ele, por ele ter desistido tão altruisticamente de Beatrice. Notei que por sob meus pés tinha um tapete vermelho, e que Esme calmamente moveu-se para frente. Eu deveria segui-la. Meus pés ainda estavam prostrados no tapete vermelho.


_Vamos, filho. É a nossa vez. – Esme me olhou mais uma vez.


Sim, era a minha vez. Nada importava, além daquele momento. Era fantástico demais, eu não era merecedor de nada daquilo. A vida não podia me ser tão gentil e me agraciar com tanto. Só ter Beatrice já era mais do que qualquer eu poderia esperar. Tê-la como esposa, e ainda ter um filho… eu ainda esperava que tudo se acabasse em um passe de mágica, quando como se acorda de um sonho.


Segui Esme pelo corredor criado por Alice até o altar totalmente ornamentado por lilases e rosas brancas. O aroma era tão adocicado que eu tinha certeza que causaria enjôos em Bea. O juiz de paz – que eu não conhecia – nos aguardava pacientemente. Carlisle me sorria. Entre os convidados, eu reconheci todos os amigos humanos de Beatrice; todos os nossos amigos humanos. Havíamos convidado os Denali, mas eles não puderam vir. Enviaram suas desculpas e um presente que eu ainda não havia aberto, então todos os convidados ali eram humanos. E as duas famílias de vampiros e híbridos, anfitriões.


Naquele momento, eu tremia incontrolavelmente. Estava difícil manter-me aprume, e aquilo era muito ridículo. Eu não tinha dificuldades com minha coordenação motora, muito pelo contrário. Eu era muito bem coordenado, eu conseguia fazer tudo melhor do que meus irmãos e irmãs. Sempre fui elogiado por isso. Como eu podia estar tão irracionalmente nervoso, naquele instante? As luzes muito claras que foram colocadas por sobre nossas cabeças me deixavam ainda mais pálido. Então, a música mudou novamente. Detalhista como era Alice, eu supunha que ela faria tocar a marcha nupcial. Mas ela não ousou desafiar-me demais, durante os preparativos. Eu disse, quero que Beatrice escolha tudo. A música de sua entrada foi Bach, a toccata 153. Os acordes do violino iniciaram a sinfonia e eu fechei meus olhos por alguns segundos. Respirei fundo; respirei fundo várias vezes. Eu pude ouvir claramente o burburinho das pessoas e saber o que se passava em suas cabeças. Então meus olhos se abriram para a visão mais fascinante de toda a minha existência – por mais que eu tenha subjugado aquela possibilidade.


There was a time


I was everything and nothing all in one


When you found me


I was feeling like a cloud across the sun


I need to tell you


How you light up every second of the day


But in the moonlight


You just shine like a beacon on the bay


Beatrice caminhava gloriosa pelo corredor, sendo conduzida por Rudolph, que também trajava um terno cinza claro, para meu total espanto. Ele tinha o semblante austero e não parecia estar se divertindo muito, apesar de eu saber… Mas nada ali, naquele lugar, poderia comparar-se à imagem de Beatrice. Ela tinha um largo sorriso nos lábios que estavam completamente tingidos de um batom ametista. Seus olhos também estavam tingidos de ametista, e havia brilho em seu olhar. Brilho artificial, brilho natural, simplesmente brilho. Seus cabelos muito longos estavam arrumados em um coque por sobre a cabeça, e os tons de dourado, vermelho e castanho claro se misturavam entre pedras claras e arroxeadas que estavam salpicadas pelos fios. Seu vestido era longo, totalmente rendado, em tons de lilás claro e branco. Ela carregava um buquê de rosas brancas, e caminhava lentamente em minha direção, seus olhos fixados nos meus.


And I can’t explain


But it’s something about the way you look tonight


Takes my breath away


It’s that feeling I get about you, deep inside


And I can’t describe


But it’s something about the way you look tonight


Takes my breath away


The way you look tonight


Mesmo podendo ler tudo que ela pensava, eu não conseguia assimilar todos os seus sentimentos. A Beatrice confusa e incompreensível dos primeiros dias em nossa casa estava ali, em minha frente, mais uma vez. Ela parecia nem mesmo compreender seus próprios sentimentos.


_Ela agora é oficialmente sua responsabilidade, Cullen. – Rudolph disse, por entre os dentes, quando colocou a mão de Beatrice por sobre a minha. – Cuide bem dela, ou eu te caçarei até a morte.


Delicadas palavras, porém esperadas. Rudolph não sabia ser mais gentil do que aquilo, e a preocupação que ele demonstrava por Bea era genuína. Por mais esquisito que ele fosse, e por mais cruel que ela tenha sido antes, eu sabia o quanto ele amava Beatrice; ele a amava a ponto de deixar o covil e misturar-se com humanos para fazer algo que ela queria.


Tentei bravamente concentrar-me no juiz de paz. Não foi uma tarefa simples. Beatrice estava radiante e aromatizada ao meu lado, exalando todos os aromas possíveis. Ela podia me fazer perder o controle com uma facilidade impressionante, mas eu era mais forte do que meus instintos. Eu sabia que era! Ela estava tão nervosa quanto eu, e seus pensamentos eram uma mistura de desespero, ansiedade e felicidade. Seus olhos não se desviaram o juiz nem um instante, enquanto eu precisei resistir à tentação de olhá-la o tempo todo. Teria eu a chance de vê-la tão linda em outros momentos? Faria diferença, afinal? Estariam meus olhos sensíveis aos meus sentimentos, enxergando Beatrice ainda mais perfeita do que ela era?



With your smile


You pull the deepest secrets from my heart


In all honesty


I’m speechless and I don’t know where to start


And I can’t explain


But it’s something about the way you look tonight


Takes my breath away


It’s that feeling I get about you, deep inside


And I can’t describe


But it’s something about the way you look tonight


Oh! Takes my breath away


The way you look tonight


Nossas alianças foram entregues por Rosalie, que tinha Charles consigo. Meu filho estava vestido como um pequeno homem, e era engraçado. Ele era ainda muito pequeno, um verdadeiro bebê. As alianças foram também compradas por Alice, mas eu não poderia ter feito um trabalho melhor. O momento da troca foi simultâneo ao “sim”, e nossos votos foram bastante simples. Eu não saberia dizer outra coisa além de prometer amá-la para sempre. Mesmo eu sendo tão hábil com as palavras, muitas vezes Beatrice me fazia sentir um completo incapaz. O juiz nos declarou casados, e os presentes aplaudiram. Meus dedos caminharam lentamente para a face de Beatrice, que me olhava em êxtase. Deixei que eles percorressem as linhas de sua bochecha, seu queixo, até chegarem a seus lábios. E, mantendo meus olhos fechados, deixei que meus lábios tomassem o lugar dos dedos, beijando-a bem devagar.


Estávamos casados. Segurei sua mão entre a minha, apertando-a com bastante força, e puxei seu braço para o meu, enlaçando-os. Beatrice ainda sorria, e sorria para todos os presentes. Meus lábios não conseguiam acompanhar tanta alegria que ela irradiava, mas eles também estavam involuntariamente flexionados em um largo sorriso. Levei Beatrice pelo corredor até estarmos fora do caminho de tules construído por Alice e podermos ser interpelados pelos convidados. Eles teriam, então, seu momento para cumprimentar as estrelas principais da festa. Que, por uma coincidência impressionante, incluía a mim.


_Bea!!!! – Sylvia atirou-se no pescoço de Beatrice, que a abraçou com a mesma vivacidade. O lado humana de minha Bea, completamente aflorado. – Bea você está ma-ra-vi-lhosa!!! Um escândalo!! Nunca pensei… nossa, sério!!! Agora até eu quero me casar…


_Vai chegar a sua vez… comporte-se e eu jogo meu buquê para você!


_Isso é trapaça! – Layla veio logo atrás, e também abraçou Bea com algum exagero. As pessoas me cumprimentavam com um aperto de mão, enquanto jogavam-se por sobre minha esposa. Ela era mesmo popular. – Bea, parabéns… você está maravilhosa, o casamento foi lindo. Quem organizou?


_Minha cunhada, Alice.


_Ah, espero que ela aceite a encomenda do meu casamento. – Layla implicou.


Outros humanos chegaram; todos da escola estavam presentes. Provavelmente uma festa na reclusa casa dos Cullen era motivo para movimentar a cidade… principalmente o casamento entre dois adolescentes. Depois dos humanos, Felicia e Ferdinand se aproximaram. Eles ainda estavam desconfortáveis com todos aqueles humanos e seus cheiros deliciosamente tentadores, mas estavam bem. Felicia abraçou Beatrice como realmente uma mãe abraça uma filha. Demorou-se bastante tempo com ela, e eu sabia que elas estavam conversando. Tentei abstrair o que falavam, porque eu não queria invadir aquele momento.


_Bea, você precisa prometer que não vai nos esquecer. – Felicia finalmente disse, e eu pude ver lágrimas em seus olhos. Os híbridos choravam, e aquilo era ainda mais emocionante.


_Eu jamais poderia esquecer vocês, mesmo que quisesse. – Ela implicou, sarcástica como sempre. – Eu prometo que verei vocês sempre que puder.


_Leve Charles para que possamos acompanhar seu crescimento. – Ela disse, com aquelas palavras pouco usuais para mim, e soltou Beatrice para que Ferdinand pudesse cumprimentá-la.


_Parabéns, Bea. – Ele também a abraçou. – Espero que você seja muito feliz com a sua família, e sua escolha.


_Obrigada, Ferdinand. Eu não sei como agradecer por você estar do meu lado.


_Para isso servem os irmãos.


Por último, quando eu pensei que todos os convidados já haviam nos abraçado e desejado felicidades, um vampiro inesperadamente materializou-se à frente de Beatrice, olhos rígidos e de um marrom indecifrável, mais puxados para o vermelho. O olhar me foi lançado com algum desprezo, mas eu esperava que um dia Rudolph parasse de me odiar. Eu já não conseguia odiá-lo mais, então. Ele segurou as duas mãos de Beatrice, e a olhou por vários segundos. Depois, em um gesto mais inesperado ainda, abraçou-a rapidamente, afastando-se em seguida.


A surpresa de Bea foi tanta quanto a minha.


_Eu preciso ir. – Rudolph disse, a voz baixa. – Não devo deixar o covil sem liderança… mas agradeço o convite, Edward Cullen. Você leva meus híbridos de volta, quando a festa acabar?


_Sim, sem demora. – Movi-me como em uma reverência. – Obrigado por ter vindo, Rudolph. Significou muito para Beatrice e para mim.


E o patriarca vampírico do covil dos Caldwell desapareceu da casa tão rapidamente quanto ele apareceu, sem dar muitas explicações. Olhei para Beatrice e finalmente tínhamos cumprimentado todos os convidados. Ela parecia ainda absorta em tudo que estava acontecendo, e então eu a tomei em meus braços, puxando-a rapidamente para mim e fazendo seu corpo colar no meu. Ela imediatamente voltou sua atenção para mim, e nossos olhos puderam se encontrar mais uma vez.


_Beatrice Cullen. – Eu disse, divertindo-me com seu novo nome. – Devemos ir para a pista de dança, agora.


_Edward… – ela não intencionou mover-se. – tudo isso foi real, certo?


_Também estou tendo dificuldades em assimilar. – Beijei rapidamente seus lábios, porque eu não ousaria demorar-me, naquelas condições.


_Falta alguma coisa para que eu possa me considerar a pessoa mais feliz que existe?


_Para você eu não sei. Para mim, nunca me senti tão completo.


_E poderemos ficar assim para sempre, certo? – Ela me abraçou pela cintura e colou sua cabeça em meu peito, amassando seu penteado antes da hora.


_Se para sempre não for suficiente para você, inventaremos uma nova medida de tempo só para satisfazê-la.


Beatrice riu, uma gargalhada sonora. Conduzi-a até o quintal, onde estava armada uma grande estrutura de metal coberta com tules e flores, e a valsa tocava apenas esperando por nós. Segurei Beatrice em meus braços uma outra vez, e nossos corpos começaram a flutuar ao som da tão conhecida música de Waltz. Recostada em meu peito, olhos cerrados, seus pensamentos nunca tinham ficado tão nítidos para mim. Beatrice pensava no sol, e associava o astro maior a mim. Em sua concepção, eu era o sol. Por mais pálido, gélido e obscuro que eu fosse, ela me chamava de seu sol. Talvez, um dia, eu pudesse compreender o quanto aquilo significava para ela.