Emily procurava por sua pequena desesperadamente. Havia cartazes colados por toda a cidade e a investigação policial ainda está sendo feita. Eles fizeram muitas perguntas da primeira vez que estiveram ali e lembrava-se com clareza de como aquele dia parecia não ter fim.

“Como você descreveria as pessoas que invadiram sua casa, Sra. Grayson? Alguém faria isso como um ato de vingança? Algum inimigo? Como é sua relação com Daniel Grayson e seus familiares?”

É claro que na época ela dissera que não havia ninguém que poderia ser considerado perigoso ou que teria feito aquilo. Mas agora, ela conseguia pensar em pelo menos uma. No começo, ela se recusara a achar que alguém seria cruel a esse ponto. Então, se lembrou das promessas de Victória Grayson, sua própria sogra, que fora contra seu casamento com Daniel. Ela não faria aquilo com a própria neta, faria?

Emily sentia falta de sua garotinha.

Ela sempre fora uma criança alegre, inteligente e nunca causava problemas. Tirava sempre boas notas na escola, era bem educada e gentil com todo mundo. Até mesmo com sua avó que raramente lhe visitava e nunca fora uma boa pessoa.

Eles passaram muitas noites em claro, ponderando, sofrendo e se perguntando onde Amanda poderia estar.

Nos primeiros meses, brigaram muito por não saber como lidar direito com a situação.

Emily se distanciava cada vez mais das pessoas, se isolando em seu próprio mundo. Ela precisava encontrar Amanda e se vingar de quem quer que tenha feito isso. Prometera a si mesma que não descansaria. Trabalharia dia e noite se fosse preciso. Faria tudo para que seu bebê voltasse logo para casa.

*

Em algum lugar muito distante de casa, Victória e a Dra. Banks conversavam sobre Amanda. Como previsto, ela não gostara da ideia de ficar com sua avó. Ela se sentia sozinha, sentia saudade de casa e de sua família.

Amanda nunca passara mais do que uma noite longe de casa. Era difícil ficar tão longe e sem saber por quê. Quando perguntara a Dra sobre isso, ficou de castigo num quarto escuro e sem comer por um dia inteiro.

Ela era esperta o bastante para não fazer mais perguntas sobre seus pais. Ela aprendera a lição da primeira vez, mas não tinha desistido de entender o que estavam fazendo com ela.

Eles a deram um quarto com alguns brinquedos, papel e giz de cera e prometeram que não a machucariam se ela fosse uma boa menina. Chorava durante a noite. Sentia-se abandonada.

Onde será que seus pais estavam?
Será que procuravam por ela?
Será que sua avó a deixaria vê-los outra vez?

Adormecia entre os questionamentos, lembrando-se das vezes que ela e seu pai brincavam na praia, no fim de tarde, pulando ondas e construindo castelos de areia.

Sonhara que sua mamãe vinha visitar-lhe e pintavam quadros juntas. Sorriam uma para outra. Eram felizes. Estavam juntas na casa da praia e ninguém as separaria outra vez.

Acordava, olhava ao redor e percebia estar sozinha. Acabava chorando até que alguém estivesse se aproximando. Enxugava as lágrimas rapidamente e fingia estar dormindo.

– Pobre criança. – dizia a Dra, passando as mãos pelos cabelos da menina – Acorde Amanda.

Um novo dia começava. Longe de tudo que precisava e queria, esperando que aquele fosse o dia em que alguém a resgataria daquele pesadelo. Mas como no dia anterior, no antes desse e no outro, nada acontecia.