Ao sul das Montanhas de Anthor, o clima era dominado por um agradável frio do fim da primavera, no mês de Mãos da Chuva. Era de tarde, e o som dos ventos pareciam falar em línguas desconhecidas. Em qualquer outro contexto, o cenário poderia ser de verdadeira paz.

Se não fosse por um elemento.

O Cenário de paz logo se torna um caos com um poderoso rugido, que parece ter vindo de outro mundo, ecoando por todo o ambiente. Voando de forma torta pelos céus, um Dragão de Gelo de rugia de dor incontrolavelmente, enquanto tremia todo seu corpo, tentando expulsar as duas figuras armaduradas de suas costas, enquanto tentava esquivar das flechas de outras duas figuras no chão.

SSSE SSSEGURA, LYDIA!!! - Gritou Nur, se segurando nas escamas em forma de placas da besta.

O dragão então puxou ar em uma longa respiração, enquanto brandia um grito.

— Wuld NA KEST!!! (redemoinho FÚRIA TEMPESTADE!!!)

Com o grito, a besta avançou em alta velocidade em pleno ar, desequilibrando por pouco os dois guerreiros em suas costas.

Ao longe, no chão, Inigo e Derkeethus atiravam com seus arcos contra o dragão, tentando acompanhar a criatura, que voava para todos os lados, ao mesmo tempo que tentavam não acertar os outros dois no lombo da criatura.

O terreno não facilitava a perseguição em solo. Além da neve afundando os pés a cada passo, as diversas árvores, além de representarem um obstáculo à visão, se uniam às rochas para serem também obstáculos no caminho, dificultando também a trajetória das flechas.

No céu, os dois guerreiros batiam furiosamente com suas espadas contra as escamas da besta. Nur fazia isso enquanto avançava até a frente. Quando chegou na base do pescoço, o dragonborn viu o inimigo erguer a cabeça, e não pensou duas vezes antes de gritar.

Fusss RO!!! (Força EQUILIBRIO!!!)

Com o grito, uma onda de choque saiu da boca do argoniano e atingiu a nuca da criatura. Para a infelicidade dos dois guerreiros, esse golpe, que nem foi tão forte, já foi o suficiente para a cabeça do dragão cambalear para frente um pouco, e com isso bater no pico de uma das montanhas.

Com o impacto, os dois foram jogados, e caíram rolando pela montanha. Ao menos havia a neve e as armaduras pesadas de ambos os protegendo. No meio do caminho, Lydia, rolando como uma pedra, ativou sua transformação, aumentando de tamanho e com pelos cobrindo seu corpo, até assumir de vez a forma de lobisomem. Rolando, agora nessa forma, ela agarra o thane e o protege da descida o cobrindo com seu corpo.

Os dois então caem no meio da estrada de pedras que levava até Windhelm, parando de vez de rolar. Ao se levantarem, meio desajeitados e com dores por todos os seus corpos, Lydia volta a forma humana e pergunta.

— Senhor Nur, está tudo bem com o senhor?

Essstou sssim. E vosscê, Lydia?

Antes que ela respondesse, ambos olham de volta para a montanha, e veem uma avalanche se aproximando, carregando junto o corpo do dragão, ainda meio soterrado na onda de neve.

— Oh, droga! VAMOSSS!!!

Os dois então começam a andar, meio mancando, tentando com desespero sair da mira da nuvem de neve que se aproximava, rolando em alta velocidade em direção a eles.

— Não vamos conseguir!

— Ah, vamoss ssim.— Nur então para no meio do caminho, pega Lydia pela lateral do dorso e grita. - WULD!!! (REDEMOINHO!!!)

Com o grito, os dois avançam em alta velocidade, como que em um sopro de vento, e assim que a investida acabou, os dois rolaram um pouco mais para frente, como se fossem bonecos de madeira.

E então a avalanche alcançou a estrada. A enorme onda de neve passa de forma avassaladora, arrastando tudo na sua frente, trazendo até mesmo algumas árvores que estavam na encosta. Os dois então encararam aquele cenário, aliviados por terem conseguido escapar por poucos centímetros de diferença.

Naquele monte de neve, as pernas, a cauda e algumas partes das asas do dragão estavam expostas, e mais evidente era o fato de que o corpo já estava sendo consumido por chamas que não derretiam seu entorno. Com a alma do dragão se desprendendo de seu corpo, deixando apenas ossos e algumas escamas avulsas para trás, a mesma é rapidamente sugada para o corpo do argoniano, que sentia aquela energia mística se embrenhando até os seus próprios ossos.

O saxhleel então bufou calmamente após a absorção da alma acabar. Feliz por mais uma vitória, e por ainda estar vivo.

***

— YOL!! (FOGO!!)

Gritou Nur para o monte de neve em que estava pisando, conjurando uma bola de fogo que voou de sua boca. Com a bola atingindo a neve, ela rapidamente derreteu e evaporou, deixando um buraco no lugar.

A Caravana do Dragão se encontrava revirando aquela massa branca densa de água congelada, em volta dos ossos do dragão morto.

— Nur! - chamou Derkeethus - por quanto tempo iremosss ficar aqui?

— Até encontrarmosss o máxssimo de essscamasss remanesscentesss posssiveisss.

— Nossa - Inigo começou a divagar - Nem parrece que forram apenas trrês dias de viagem até agorra.

— Nem me fale. - respondeu Lydia - Tomara que, seja lá o que tiver em Kynesgrove, valha a pena.

— Eu só me perrgunto se vamos prrecisarr mesmo parrarr em Windhelm.

— Não tem jeito. Essstamosss presscisando, desscanssçar, comer, consssertar nossssasss armadurasss. Além de conssseguir sssuprimentosss e equipamentosss melhoresssesss com essssesss ossssosss e essscamasss.

E a parte da comida é a mais importante.— Complementou Barbas - Posso até ser daedra, mas manter essa forma de cão exige os suprimentos de um cão. EU TÔ COM FOME!!!

— Não, não. E-eu entendo. - rebateu Inigo. Parecendo querer disfarçar algo - E-eu também estou bastante faminto. Apenas… Perrguntando mesmo. Só prra saberr.

O grupo então continuou a escavar, sem muitos diálogos após isso.

***



Depois de muito andarem, seguindo pelo frio caminho da estrada, a Caravana finalmente chegou nos arredores de Windhelm.

Contrapostos de um lado a visão intimidadora dos altos muros de pedras negras e sólidas, e do outro algumas poucas e pequenas fazendas erguidas ao redor, esses dois cenários eram separados por um rio que seguia até o nordeste, e unidos por uma ponte do mesmo material que os muros, que terminava, de um lado nos portões da cidade, e do outro em um estábulo com alguns cavalos. E a única coisa que pareciam ter em comum, é que ambos estavam cobertos por uma camada densa de neve até onde a vista alcançava.

Após deixarem Frost amarrado e pagarem uma taxa pro dono dos estábulos, eles então seguiram pela longa ponte. Andando sobre ela, o grupo percebeu que haviam poucos guardas. Apenas alguns poucos nos arredores da estrutura. Levando em conta que a cidade era residência de uma resistência rebelde, se presumia entre o grupo que a maior parte dos soldados deviam estar fora da cidade. Talvez em alguma patrulha ou operação de destacamento. Ao chegarem na frente do portão, dois guardas interceptaram os viajantes.

— Alto lá, forasteiros! Por protocolo, se identifiquem. Ainda que não poderão entrar de qualquer forma.

— Er… Me chamo Nur Dragirisss. E porque não poderiamosss entrar?

— Espere, Nur Dragiris? O Dragonborn?! - questionou o outro guarda, impressionado e incrédulo. Os dois estavam surpresos com a inusitada aparição. Eles obviamente já ouviram os rumores, e ao ouvirem o nome rapidamente o associaram à figura que se encontrava na frente deles.

— ahn… Eu sssei que não sssou autoridade para cobrar resssposssta doss ssenhoresss, masss não resssponderam minha pergunta. Porque não poderíamosss entrar na sscidade?

Com a indagação, os dois soldados ficaram nervosos. Obviamente eles não estavam preparados para aquilo, e pareciam estar escondendo algo. Eles se grudam pra discutir, olham para o Dragonborn, depois para o grupo que o acompanhava, e um dos guardas olha com certa atenção para Inigo por um momento. Após discutirem, ambos se voltam novamente e o primeiro guarda finalmente responde.

— Oh, meu senhor, entenda. É que nós estamos em período de guerra, então a cidade, assim como a maioria das outras, está com as fronteiras fechadas. Entende, né? Para evitar espiões, por exemplo. Mas você e seu grupo podem entrar à vontade, não se preocupem. Vamos entrando, vamos entrando.

— Bem… - o Argoniano olha de canto de rosto para seu grupo e então continua - … com essa recepção, então acho que está tudo bem.

Com isso, o guarda grita para cima, ordenando que os portões da cidade fossem abertos. E com a ordem dada, a enorme porta de ferro foi se movendo, se abrindo lentamente. Com o portão finalmente aberto, o grupo atravessou o portão normalmente. Mas quando o Khajiit azul passou pelo outro guarda, este se surpreendeu ao reconhecer as cicatrizes e as manchas brancas no rosto felino. Ele teria se perguntado como não reconheceu de imediato pela pelagem azul se tivesse dado tempo a si mesmo. Coisa que não aconteceu, pois assim que ganhou distância, ele chamou atenção do grupo, que já estava de costas pra ele e seu colega.

— Ei, espera, espera aí… - ele então apontou para o kathay, que naquele momento fez juz a sua coloração e gelou - EU TE CONHEÇO!

— Err… Nããão… - respondeu o arqueiro, tentando disfarçar e enganar o guarda, enquanto seus amigos e outros guardas olhavam em volta - você deve estarr me confundindo. Eu tenho um rrosto bem comum parra um Khajiit, sabe?

— Não há erro nenhum aqui! - o soldado então se volta para seu colega e lhe diz - ele é aquele Khajiit que estávamos procurando, lembra?

O outro homem então olhou com atenção pra figura, e então a ficha caiu.

— caramba! É mesmo! - os dois então rapidamente sacam duas espadas de aço, reluzindo com a luz do sol.

— Ei, ei, Ssseusss guardasss, acho que esstão indo um pouco longe, não? - Nur diz, tentando intervir.

— Sinto muito Dragonborn - responde o primeiro guarda - mas são serviços a cumprir.

— VOCÊ COMETEU CRIMES CONTRA A CIDADE DE WINDHELM! - O segundo declara em voz alta, apontando sua espada diretamente para Inigo - O que você tem a dizer em sua defesa?

— ahn….. - o felino tentava pensar em algum bom argumento que o fizesse se safar. Mas apenas duas palavras vieram - Sou inocente?! - em seu pote amarrado à cintura do bestial azul, Mr. Dragonfly pôs as patas no próprio rosto, decepcionado.

— já basta. GUARDAS! GUARDAS! PEGUEM-NO!!

Com a ordem dada, diversos guardas começaram a sair de todos os cantos possíveis da cidade, cercando o Khajiit. Ele tenta sacar sua espada pra se defender, mas rapidamente um dos homens dá uma coronhada nas costas do mesmo, o fazendo cair no chão com dor, e rendido rapidamente.

Os demais do grupo nada puderam fazer, atônitos com a cena. Enquanto alguns guardas cercavam o felino capturado, outros impediam bisbilhoteiros de se intrometerem e os ordenando circularem, incluindo os membros da caravana.

Ao ver seu amigo naquela situação, Nur sentia vontade de fazer alguma coisa. Queria gritar. Queria empurrar a todos com toda a força de sua voz. Talvez até mesmo fazer uso de sua espada. Mas sabia que não resolveria as coisas assim, mas sim só as complicaria mais.

Sem falar que os guardas disseram que ele tinha cometido um crime que precisava ser pago. O Argoniano conhecia seu amigo suficiente para saber que aquilo tava longe de ser impossível: não só o arqueiro tentou lhe matar uma vez, como o histórico com Skooma, o tipo de serviço que ambos faziam antes, além é claro dele já ter sido parte de uma gangue de bandidos salteadores deixariam qualquer um que não o conhecesse achando que ele era algum tipo de criminoso altamente perigoso. E se meter em encrencas com esse tipo de fama e histórico não é exatamente difícil.

Não havia jeito: ele teria que deixar Inigo ser preso se quisesse soltá-lo de alguma forma.

***

Na opressora escuridão do interior mais profundo da masmorra do Palácio dos Reis, Inigo se encontrava agora em uma cela, encarcerado. A prisão da masmorra era uma enorme sala alta, constituída dos fortes e grossos tijolos escuros que constituíam os moldes da cidade, com estátuas ornamentais de águia em uma das paredes, se assemelhando bastante as encontradas em tumbas nórdicas, e diversas celas do outro lado, com grades mais grossas nas celas mais próximas do teto. No chão, diversas ferramentas de tortura podiam ser vistas em cada lado, algumas até mesmo ainda sujas de sangue.

Em frente ao khajiit, o chefe da guarda da cidade estava trancado a cela. O homem de meia idade era bastante robusto, mesmo para um nórdico, e que ostentava um bigode saliente no rosto, e de vestimentas o homem trajava as armaduras da guarda da cidade, que aquela altura da guerra já se misturaram com a rebelião Stormcloak, o que não era um problema para os guardas na verdade.

— Eu nem acredito que conseguimos finalmente te pegar, seu felino desgraçado. Com sorte, você também é o responsável pelos assassinatos que estivemos tendo. Hehe. Alguma pergunta?

— Err… Serria petulância minha perrfuntarr porr quanto tempo ficarrei aqui?

— Por quanto tempo?! - ao ouvir aquilo, o superior gargalhou, como se aquela fosse a melhor piada que já ouviu - escuta aqui. Você terá sorte se conseguir uma sentença de morte daqui um mês.

— Bem… Poderria pelo menos me devolver o Mrr. Drragonfly? - ele pergunta apontando para o pote com a libélula, que se encontrava na mão direita do nórdico.

— Oh, essa coisa? - ele ergue o pote a aponta com a mão esquerda - HÁ! Essa coisinha vai virar ingrediente para o mago da corte.

Ouvir aquilo fez Mr. Dragonfly ficar agitado, desesperado de medo e suplicando aos nove, enquanto batia a cara em todos os lados do pote.

O homem então se virou e se direcionou para a saída, seguindo pelos estreitos corredores, tão escuros quanto a masmorra, com poucas tochas iluminando, e que levavam direto até o quartel dos guardas. Ao chegar na sala do quartel, ele se separou com 3 pessoas acompanhadas de um cachorro no centro, com duas dessas pessoas sendo Argonianos. E nenhum deles parecia estar muito satisfeito.

— Você deve ser o Dragonborn. Nur, não é? Eu ouvi dos guardas que o khajiit azul veio com vocês…

Sssim, ele é meu amigo. - respondeu Nur - E esssstamosss aqui pra exigir que vosscê sssolte ele.

Ao ouvir aquilo, o general riu, de forma sarcástica.

— tá bom, tá bom. Essa foi boa, argoniano. Agora se me der licença, tenho mais a fazer.

Ele então caminha pro lado, pra tentar esquivar o grupo, mas rapidamente o Argoniano se mete na frente dele.

Esssscuta, o que ele pode ter feito pra ssser preso assssim? Eu conhessço ele, não deve ssser tão grave.

— se você quer realmente saber, - o homem dizia, começando a ficar irritado - ele matou dois homens que moravam na cidade. Isso depois deles terem dado um lugar pra ele dormir. E segundo testemunhas, os mesmos, momentos antes, o acusaram de também matar a mãe deles. Apesar que não achamos o corpo no local.

Ao ouvir aquilo, o grupo ficou surpreso. O khajiit nunca falou nada sobre isso, nem mesmo insinuado. E então, do nada, o grupo descobriu que ele era realmente um criminoso. Porém, apesar disso, Nur acreditava que talvez tivesse algo faltando nessa estória.

— É messsmo? E vosscêsss pretendem interroga-lo para sssaber o lado dele? Asss vezesss tem outra essxplicassção melhor…

— Ora, por favor! Ele é um Khajiit. Não tem que ser interrogado coisa nenhuma!

O Dragonborn estava começando a ficar revoltado. A vontade que tinha era de cuspir fogo contra aquele cara. A forma desrespeitosa com a qual ele se referia a seu amigo o revoltava. Mas ao invés, ele respirou fundo, e falou com calma.

— Essscuta, deve haver alguma coisa que nósss podemosss fazer para soltar ele, não? Qualquer coisa…

O homem ergueu uma das sobrancelhas com aquela proposta. Ele começou a passar a mão na barba, pensando. E então ele respondeu.

— Qualquer coisa mesmo? - ele então se virou para o grupo, e comecoua andar de um lado pro outro pela sala e quando falava - sabem, estamos tendo uma série de assassinatos na cidade. Nada diretamente ligado a seu amigo. Ao menos por enquanto. As vítimas são jovens mulheres nórdicas, filhas de famílias de bem. Elas foram todas achadas com buracos em seus corpos e com alguns órgãos removidos. - ele então para no meio, na frente deles, e dá sua proposta - façamos o seguinte: eu soltarei o seu amigo, e em troca, vocês resolverão esse caso, que tem sido uma dor de cabeça para nossos guardas. O que acham? - ele perguntou estendendo sua mão.

O Saxhleel pensou por alguns instantes, e então perguntou.

Sssó ssse ele puder nosss acompanhar. E ssse vosscê puder devolver o Mr. Dragonfly. - ele diz apontando para o pote com a Libélula, que ao ouvir isso, fica com um misto de animada e aliviada.

— Er… Tudo bem.

Com isso, os dois apertam as mãos, firmando o contrato.

— GILON - Grita o general, que rapidamente é respondido com a presença de um guarda batendo continência - avise a todos os guardas que iremos soltar o khajiit. Mas que não devem deixar nem ele e seu grupo sair da cidade. E se eles forem sair, não poderão levar o khajiit com eles.

Entendido, Senhor! - respondendo isso, o guarda rapidamente se dirige a porta de saída. E após ele fechar a porta batendo, o general fala, chamando atenção do grupo.

— Não achavam que seria tão fácil assim, não é?

Aquela desconfiança por parte do general não agradou os membros da caravana. Mas nas circunstâncias em que estavam, era compreensível aquela atitude, e não haviam escolhas além de aceitar esses termos

***

O grupo agora se encontrava, dessa vez com todos juntos, no Hall da Lareira, a taverna que se encontrava no centro da cidade. O lugar era menor do que parecia do lado de fora. Haviam dois andares, o atendimento se encontrava no térreo, em frente ao corredor que dava nos quartos de hóspedes e nas cozinhas. Duas escadas em cada extremo do estabelecimento davam no segundo andar, que era o salão onde ficava a lareira que dava nome ao lugar, com uma chama grande o bastante pra iluminar todo o lugar, tendo algumas mesas em volta, nos cantos. E em uma dessas mesas, a Caravana do Dragão se encontrava, agora toda reunida. Barbas comia vorazmente um bife enorme, enquanto o grupo todo encarava Inigo, que também comia muito, mas não com tanta tranquilidade, sentindo o peso do olhar punitivo dos parceiros.

Err… vocês tem algo que querrem perrguntarr? - perguntou Inigo, se fazendo de desentendido.

— NÃO SSSE FASSÇA DE DESENTENDIDO, INIGO!!! - Gritou Nur revoltado, batendo na mesa, de forma a deixar tonto Mr. Dragonfly, cujo pote estava sobre a mesa.

— Que história é essa? - questiona Lydia, indignada - A gente mal chega na cidade e você nos mete em uma encrenca dessas?

— Não é atoa que vosscê dizia não gossstar dessssa sscidade— comentou Derkeethus.

— Hey, não tem nada haverr com isso. Eu já detestei essa cidade segundos antes de pisarr aqui, quando a vi pela primeira vez. O motivo da minha prrisão foi só um combustível parra isso.

— Então é realmente verdade? Você matou dois caras e a mãe deles?

— É um pouco mais complicado do que isso, minha amiga. Inclusive tem haverr com o Mrr. Drragonfly— ele diz apontando para a libélula, que balança a cabeça positivamente, concordando - mas é uma longa histórria, e acho que não temos tempo parra isso, não é?

— Ah, isssso é verdade. - comenta o ladino, concordando - Inclusive por culpa dessssa sssua "hissstória longa", pois agora por causa dela esssstamosss enfiadosss em uma missssão nova. Talvez nem tenhamosss tempo de chegar em Kynesssgrove, que tá literalmente do lado dessssa sscidade!

O Argoniano mais escuro bufa pro alto, respirando fundo e tentando se acalmar.

— Tudo bem, pessssoal. Vamosss nosss acalmar. Já essstamosss nessssa agora, de qualquer jeito. Temosss que nosss planejar, pra tentar resolver esssse misssterio em nossssasss mãosss o maisss rápido possssível.

— E o que sujerre, Nurr?

Pensativo, o guerreiro ficou em silêncio por uns instantes, com uma das mãos sob o queixo.

— Vamosss noss sseparar. - ele então começou a apontar para cada um conforme falava - Inigo, vosscê e Barbasss tem osss melhoresss farosss do grupo. Vão até a sscena do último crime e procurem por rassstrosss do assssassssino. Lydia. Derkeethus. Cada um de nósss vai procurar por informassçõesss pela ssscidade em diferentesss cantosss.

— Me parece sólido.

— Mas isso significa que um de vocês terrá que irr parra o Quarrteirrão Cinza.

— O que é o Quarteirão ssCinza? - questionou o Dragonborn.

— É um quarteirão nosss fundosss da sscidade— respondeu Derkeethus - onde moram todosss osss Dunmersss. É basicamente uma favela Dunmer.

Aquilo deixou o grupo apreensivo. Uma coisa era lidar com um ou outro Dunmer. Cada um dos indivíduos da caravana podia contar nos dedos o número de dunmers que conheciam e que eram agradáveis de se lidar, e essa contagem mal daria uma mão inteira para cada um. De fato, os dunmers eram difíceis de se lidar quando não se era outro elfo, o que não era o caso de nenhum dos ali presentes. E pela descrição de Derky, talvez fosse até mais difícil, devido às condições que os moradores deviam ter em mãos.

— Tudo bem. - disse a nórdica - eu vou lá.

— Tem sscerteza, Lydia?

— Não se preocupe, senhor Nur. Eu sei me virar. - ela respondeu, confiante.

— Bem, então é isssso. Assssim que terminarmosss aqui, vamosss nosss preparar e noss sseparar.

O grupo então volta a continuar comendo, para se prepararem e iniciarem a investigação do Assassino de Windhelm. A investigação do sangue sobre o gelo.