Ainda era de manhã, quase hora do almoço. Nur, Hardvar e Ralof seguiam pela trilha ao nordeste, que daria em Riverwood. O caminho pela trilha destoava muito da situação em que eles estavam até a poucos menos de meia hora atrás. Era um caminho calmo. De um lado, a natureza crescia na forma de barrancos elevados acima deles com arvores por toda parte. Do outro, um rio saindo do lago Ilinalta, desaguava em uma serie de cachoeiras em direção ao norte, com peixes desafiando as correntezas e pulando essas cachoeiras. Em meio a esse caminho, o argoniano suspirou.

— E pensssar que agora eu poderia essstar numa sssituação muito melhor.

— A propósito, - perguntou o Stormcloak - O que te fez vir parar aqui?

— Eu trabalhava como mersscenário até algunsss diasss atrásss. Um mersscenário em matar alvosss essspesscificosss. Em Sscyrodill um nobre muito rico e influente junto de sua irmã prometeram a mim e a um amigo meu khajiit uma enorme fortuna de recompensssa sse fosssemoss até Ssskyrim matar um magnata rival, irmão delesss. Se terminassssemosss, teriamosss dinheiro sssuficiente para sssair dessssa vida de mersscenário. Vida essssa inclusive que já essstava cansssado de viver a algum tempo.

— E vocês conseguiram concluir essa missão?

Sssim, nósss conssseguimosss. Masss enquanto fugiamosss, aparentemente esssse meu "amigo" atirou na minha nuca. Talvez ele tenha feito isssso planejando pegar a minha parte. - Nur então começa a ficar desesperado imaginando seu possível futuro com o dinheiro - E pensssar que eu poderia essstar aposentado agora e fazendo o dinheiro trabalhar pra mim.

— O que você faria com esse dinheiro? - perguntou o Imperial nórdico.

— Ah, sssei lá. Eu poderia ssser um traficante de Ssskooma e alimentar os visscioss de homensss gatosss como aquele traidor desssgrassçado.

Os dois então olharam para o mercenário com desgosto. De fato o tráfico da droga feita de açúcar lunar não era algo admirável para se usar dinheiro de qualquer tipo. Muito menos admitir que o usaria para tal.

— O-ou então algo maisss legalizado, como fundar um dessstilaria de sscerveja, ou então uma rede de ferraria. OU-OU! Ou então eu poderia ir pra algo maisss artissstico, como invessstir em teatro. AH! Asss possssibilidadesss que essstavam tão proxssimasss e agora essstão tão longe. Enquanto isssso aquele drogado deve essstar usando a minha parte pra ssse acabar no sssuquinho de pó lunar...

— Não desanime, camarada. - Confortou Ralof - Sabe o que acontece quando Talos fecha uma janela?

— O que?

Os dois humanos então começaram a desacelerar, Nur fez igual e foi freando.

— Chegamos. - Declarou o nórdico imperial - Riverwood!

Nur então tomou a frente para dar uma olhada. era uma vila pequena. Umas cinco casas no máximo. Havia uma ferraria no lado esquerdo próxima a entrada Sul em que se encontravam, com uma ponte até um serraria que ficava do outro lado do rio que motivava o nome da vila. do lado esquerdo, era visível uma casa e, do lado dela, uma construção de 2 andares de madeira que devia ser uma loja de penhores, além de uma taberna próxima a entrada Norte.

Logo que chegaram, duas pessoas, vendo os recém-chegados, se aproximaram. Uma era uma loira com mais ou menos a mesma idade de Ralof, um pouco alta e até bem bonita, enquanto o outro era mais velho, barbudo, cabelos castanho, alto e bastante robusto.

— Hardvar! é você! - disse o homem - já faz um certo tempo desde que você se uniu ao império.

— Oi tio Alvor.

— Ralof! Graças aos deuses você está bem! - exclamou grata a mulher - Fiquei sabendo que vocês foram capturados e fiquei preocupada.

— Se acalme, Geldur. Eu estou bem.

— O que aconteceu? - Perguntou o mais velho - Não víamos vocês dois andando juntos desde que a Guerra explodiu.

— E quem é esse rapaz? - Questionou Gerdur.

Nur, que estava um pouco distante vendo eles interagirem, se aproximou e se apresentou.

— Er... Olá, eu sssou Nur Dragirisss. É um prazer conhece-losss.

— Nur, essa é minha irmã Gerdur e esse é Alvor, o tio de Hardvar.

— Ele nos ajudou a fugir de Helgen.

— De Helgen? - questionou Alvor - Mas o que houve por lá?

— Um dragão, tio! Foi isso o que aconteceu. Ele apareceu do nada e reduziu a cidade a cinzas!

— Oh, meus deuses! - Exclamou assustada a mulher - Então o que eu vi voando pro Norte não foi sonho ou imaginação. Aquilo era realmente um dragão.

—Não vamos nos desesperar. - disse o ferreiro - Vamos em casa. Devem estar cansados e com fome. Podemos conversar melhor sobre isso enquanto comemos.

***

— Tô dizendo, tio! Ele era um dragão, e era enorme. Negro como Ébano. com olhos tão vermelhos quanto Rubi. Possuía asas enormes, uma cauda comprida, pescoço longo e chifres e espinhos adornando cada centímetro do corpo.

— Então não há dúvidas. - Respondeu o homem de meia idade - Era um dragão. ahh... Por Shor. Como se já não bastasse a guerra, agora os dragões estão voltando?! Que os nove nos protejam.

Os cinco estavam dentro da casa do ferreiro, sentados à mesa, comendo com gosto a comida feita por Sigrid, a esposa de Alvor, e Hod, marido de Gerdur. Enquanto sua filha, Dorthe, comia um pão sentada em uma cadeira próxima enquanto ouvia tudo com atenção.

— E o maisss asssussstador eram asss palavrasss dele, que carregavam ódio e dessstruiam tudo pelo caminho.

— Palavras? Do que você está falando, Nur? - Perguntou Ralof.

— Pois é! O dragão não falou nada. - Completou Hardvar - Ah menos que considere "RUAAAR" como palavras. E por mais que você e ele sejam bem parecidos, não acho que seja o seu caso. - Essa última frase ele disse soltando uma risada sarcastica.

Nur encarou os dois seriamente. Apesar da piadinha do soldado imperial, ambos pareciam estar falando a verdade. O que era estranho, pois Nur jurava ter ouvido o dragão falar palavras. Por mais que ele não tivesse entendido o que elas significavam, haviam de fato palavras naquele rugido. Ao menos na cabeça do argoniano.

— Er, a propósito, eu não sssou chegado em geo-politica. Vosscêsss poderiam me exssplicar sssobre a guerra? Sssobre como e porque ela comessçou?

Os humanos no cômodo pareciam ficar apreensivos. E não era por falta de motivo: Havia um soldado Stormcloak e um soldado Imperial ali. Não só isso, mas haviam os parentes deles ali, e eles muito possivelmente compartilham opiniões parecidas com seus consanguíneos. Sem perceber, Nur armou um feitiço de explosão para evitar parecer estranho.

— Bem... - Começou Gerdor - Tudo começou um bom tempo depois da Crise do Oblivion. Concordamos com isso?

Todos acenaram com a cabeça, em sinal de concordância.

— Ótimo. hehe... Bem, após a Crise do Oblivion, um grupo suprematista ganhou bastante força na ilha de Summerset.

— A terra natal dosss Altmersss.

— Exato. Esse grupo é conhecido como Thalmors. Eles dominaram a Floresta de Valen e Elsweyr.

— Deixa eu lembrar... er... Terrass dosss Bosssmersss e dosss Kajiitsss.

— Sim. Fizeram isso através de mentiras e de golpes políticos. Em Valenwood eles apoiaram um golpe de estado por parte de um familiar do antigo rei. Em Elsweyr as luas ficaram cobertas por nuvens por bastante tempo. Quando elas voltaram os Thalmors assumiram esse retorno como obra deles, mesmo sendo mentira. E com isso ele reergueram o antigo Aldmeri Dominion.

— Eles também tentaram com Black Marsh. - Complementou Alvor - Ajudaram a região a se libertar do Império. Mas depois a sua nação deu as costas pros Alto Elfos, se tornando de fato independente.

— Ainda bem.

— E então - Continuou o ferreiro - O Aldmeri Dominion mandou uma carta de Intimação ao Império. O Império respondeu com armas, e eles responderam de volta. Uma guerra sangrenta se iniciou. Apesar de em território o Império está na vantagem, ambos os lados saíram prejudicados. Um empate, por mais que os Thalmors considerem como vitória. Foi então que um tratado de paz provisório foi estabelecido...

— E foi onde o Império Cyrodillico começou a falhar. - Interrompeu Ralof.

— Por que? - Perguntou Nur.

— O tratado, conhecido como Tratado Ouro-Branco, em referência à torre no centro de Cyrodill, trazia as mesmas propostas da intimação mandada anteriormente. Sendo basicamente mais vantajoso aos thalmors do que ao Império. Uma das propostas, que é a que mais incomoda, principalmente ao povo de Skyrim, é a proibição ao culto a Talos. O fundador do Império e um Herói Dragonborn. O nono Aedra. O império se curvou e a proibição foi aceita. Aqueles que praticavam o culto a Talos foram perseguidos.

— Com isso, - se intrometeu Hardvar - o covarde do Jarl Ulfric Stormcloak subiu até a Garganta do mundo, aprendeu o Caminho da Voz com os Greybearbs e usou disso para assassinar o Rei Supremo de Skyrim e tentar usurpar o trono. Iniciando assim a Guerra Civil que nos encontramos.

— Assassinato uma ova! -Interrompeu o loiro - O desafio á coroa é um elemento cultural nordico legitimo presente em Skyrim desde sempre.

— ... E que nunca se provou eficiente. Apesar da proibição, o culto a Talos nunca foi perseguido em Skyrim antes de Ulfric. Aquele maluco só quer poder e usa o nome de Talos para isso.

— ORA SEU!!!...

— VOCÊS DOIS PAREM!! - Gritou o ferreiro - Eu já disse isso e repito: Não na frente da Dorthe.

Nur e os dois olham para a garota e a veem assustada. Eles então entendem que estão parecendo crianças e pedem desculpa.

— Sinto muito, tio. - dizem os dois em uníssono.

— Er... Sssinto muito também. Minhasss perguntasss que causaram isssso.

— Não, sem problemas, rapaz. O problema é desses dois que sempre se exaltam quando entram nesse assunto. - O mais velho então suspira e toma um gole de cerveja - Bem, de qualquer forma, se os dragões voltaram e Helgen está destruída, isso precisa ser avisado ao Jarl Balgruuf, em Whiterun.

— Whiterun? - Perguntou o mercenário.

— A cidade central de Skyrim. - Respondeu Gerdur - Localizada no centro da província, ao norte daqui. O coração comercial da nação.

— E o que ssseria um "Jarl"?

— Bem, - Respondeu a loira - seria algo como os Duques dos feudos de Cyrodill. Cada Jarl tem o direito de reger seu feudo como desejar, mas todos eles devem lealdade ao Rei Supremo de Skyrim.

— Ah, entendi. E, ssse me permitem a pergunta: de qual lado da guerra esssse "Jarl Balgruuf" ssse encontra?

— Bem, ele até agora tem sido omisso, mas é óbvio que ele cedo ou tarde infelizmente se unirá ao Império.

— Ainda bem. - disse Alvor - Skyrim sempre pertenceu ao Império. Desde o tempo em que Talos era Tiber Septim.

A loira revirou os olhos com a fala do mais velho e desconversou.

— Não irei discutir com você, Alvor.

— Também não irei, Gerdor.

A lenhadora então voltou pros outros dois.

— Viram, meninos. É ASSIM que adultos falam de política.

Ralof revira os olhos, como resposta à brincadeira da irmã. A pequena Dorthe ri de canto com a brincadeira da mulher e a reação do outro.

— Er... Sssó maisss uma pergunta. Maisss essspesscificamente ao sssenhor Alvor.

— Bem, diga rapaz.

— poderia me ensssinar a usar a forja? Eu tenho bassstante interesssse nessssa área, até tenho materiaisss para isssso. Masss nunca tive tempo.

— Hum... Tudo bem. Venha comigo.

***

Os dois agora se encontravam do lado de fora da casa do ferreiro, em uma parte coberta com uma forja, uma mesa de trabalho, uma pedra de amolar, uma desfiadura e uma bancada com algumas armas e equipamentos de armadura já feitos.

— Muito bem, garoto. Não pense que irei te entregar o ouro logo de cara.

Sssério? Vou ganhar ouro?! quando???

— É uma expressão. Não vou te ensinar as técnicas mais complexas logo de cara. irei te ensinar o básico. O resto ficará a seu critério descobrir.

— Ah... Tudo bem então.

— Muito bem... - Ele foi até a bancada e pegou um Lingote de Ferro e uma faixa de couro - primeiro de tudo, você sabe ao menos forjar uma adaga?

— Creio que sssim...

— Ótimo. Quero que pegue esse Lingote e essa faixa e transforme-os em uma adaga.

Nur então pegou os itens, se voltou para a forja e, com um pegador, colocou o lingote no fogo até que ficasse amarelo. Assim que ficou dourado ele o retirou da forja e colocou na bigorna. Onde, com um martelo, moldou a fim de ficar parecido com uma adaga. Ele então envolveu a empunhadura com a faixa de couro. Ao final do processo, a faixa se fixou no metal ainda quente. Ao colocar a adaga na água ela estava pronta. Meio torta e com uma lâmina desregular. Mas já parecia feita para combate.

— Ei, olhe! Você conseguiu. Porém creio que seja bem fraca ainda. Está vendo aquela pedra de amolar? Sente na base dela, coloque o pé direito no pedal ao lado. Conforme você vai pedalando, a pedra vai girando. Com as duas mãos, coloque a adaga na pedra e mantenha a lâmina pressionada sobre a mesma, e não se importe com as faíscas que vão sair. Com isso a pedra vai aparar a lâmina e torná-la mais afiada.

— Por quanto tempo?

— isso vai variar do quanto a lâmina está desregulada.

O argoniano então foi até a pedra, sentou na base e fez o que o nórdico mais velho ordenou. Ele percebeu que, de fato, enquanto girava a pedra, as imperfeições em um dos lados da lâmina foram diminuindo e dando lugar a uma lâmina afiada. Ele então girou a adaga para amolar o outro lado e o mesmo resultado foi obtido.

Consssegui!

— Deixe-me ver.

O mercenário entregou a adaga ao ferreiro, que a pegou e analisou atentamente. Após isso ele entregou a arma e deu seu laudo.

— Eh... Não é a melhor lâmina que já vi, mas para um principiante está perfeito. Com o tempo, se se dedicar, você desenvolverá um olho melhor para encontrar imperfeições e afiar ainda mais.

Alvor então vai em direção à desfiadura e se vira para Nur.

—Bem, você aprendeu a usar o ferro, mas acho que agora é hora de aprender a usar o couro. Você matou um urso com duas flechas, correto?

— parando para, pensssar paressce até inacreditável.

— use a desfiadura para remover os pelos da pele do urso e converter em couro liso e pronto para ser manuseado.

— Okay, masss..... Como fassço isssso?

— Use uma lâmina, a adaga que você fez se quiser, para remover os fios, como se você estivesse fazendo a bar...

— A barba?

O mais velho fez um certo silêncio, pensando no que falar. Ele não sabia se argonianos tinham barba ou não, ou se isso poderia soar ofensivo de alguma forma.

— Er... S-sim...

— Ah, então é fásscil. Deixa comigo.

A reação do argoniano foi uma surpresa para o senhor. Ele nunca viu um nativo de Black Marsh com barba. A reação de Nur poderia indicar que sim, existiam, mas nada muito concreto.

O rapaz estendeu o couro do urso na desfiadura e começou a passar a arma devagar e com força, de forma linear, de cima para baixo. Conforme ele foi passando, os fios de pelo foram caindo, se juntando em uma massa de pelo. Ao final do processo, o couro estava liso como a pele de um recém nascido.

— Bom, muito bom. - Disse Alvor - Agora use esse couro na bigorna próxima da forja. faça um Capacete de Pele com ele. Use um pouco do ferro que sobrou da adaga se precisar. Eu te aconselho aquecê-lo de novo e tentar moldar pregos. Faça uma base de metal para testar também.

— Vou tentar. Masss não garanto que consssiga algo bom.

Nur então mais uma vez se pôs mãos a obra. Usando um molde de madeira, ele o cobriu com o couro, moldou pregos com parte do ferro aquecido usando luvas e pregou o couro no molde de madeira. com mais um pouco do ferro ainda sobrando ele fez um molde para a frente da cabeça e o fixou também com pregos. Ao fim do processo, o capacete estava pronto.

— Aqui, deixe-me ver - pediu o ferreiro. O argoniano entregou o capacete e o nórdico começou a analisar - Novamente, um trabalho excelente vindo de um principiante. Mas seria indicado que esse equipamento fosse reforçado. Sobrou um pouco de pregos e couro?

— Na verdade sssim.

— Ótimo! leve-os junto do capacete na mesa de trabalho e o reforce adicionando uma camada a mais de couro sobre a original.

Na bancada, Nur envolveu a nuca do capacete com a nova camada de couro e, com os pregos, a fixou sobre a anterior. Quando ele levantou o capacete, percebeu que o mesmo agora parecia levemente mais pesado e duro.

Ele então o levou até o humano, que analisou o objeto e deu seu veredicto.

— Ótimo. com o tempo, aprenderá a usar melhor os materiais para reforçar seus equipamentos. Mas por enquanto é bastante satisfatório. Continue assim e poderá em breve forjar armas e armaduras mais fortes e de materiais mais complexos e difíceis de se trabalhar. Aqui - Ele entregou o capacete para o mercenário - Fique com eles. Guarde-os como uma lembrança minha quando estiver na Skyforje.

Nesse momento, Ralof e hardvar saíram da casa e foram em direção aos dois na oficina.

— Nur - Chamou o Stormcloak - Precisamos de um favor seu.

Poisss então diga!

— Precisamos que você vá avisar ao jarl Balgruuf sobre o que aconteceu em Helgen - Responde o soldado Imperial.

Vosscêsss não podem fazer isssso?

— Não. - Respondeu o loiro - Vamos voltar para nossos exércitos. A guerra civil nos chama.

— E quando voltarmos pra lá - completou o castanho - voltaremos a ser inimigos.

— Pois é...

Os dois estavam lado a lado, mas não se olhavam, ou para Nur. Do contrário, olhavam pro lado evitando qualquer contato visual. Apesar dos ideais que defendiam, eles obviamente apresentavam certo medo de que um dia um terão que matar o outro. Um destino cruel para qualquer tipo de amizade.

Vendo isso, o mercenário olhou para os dois e respondeu.

— Tudo bem, eu vou. Consssiderem feito!

— Obrigado, Nur. - Agradeceu Hardvar.

— De nada, masss antesss irei na loja de penhoresss aqui do lado vender algunsss itensss.

Alvor então encarou o argoniano com estranheza.

— AH, Não ssse preocupe, sssenhor Alvor. Não irei vender osss itensss que fizemosss aqui. Sssão outrosss.

***

— DE JEITO NENHUM!! O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA, MULHER??

Dentro da loja, havia duas pessoas discutindo. Um homem e uma mulher. Marido e Mulher talvez? Eles pareciam ser da raça Imperial. Não exatamente soldados Imperiais, mas sim apenas da raça de humanos nativa no território de Cyrodill. Eles não haviam percebido Nur na entrada e discutiam com certo fervor.

— Alguém TEM que fazer isso!

— Eu disse NÃO! Nada de aventuras! nada de teatro! ou de caçar bandidos!

— E o que você pretende fazer então, Lucan? Ficar sentado e esperar ajuda do céu?

— Primeiro: Não vou ficar sentado. Eu tenho que atender os clientes de pé. Segundo: Nós já conversamos sobre isso. Nã... - Ele então percebe a presença do argoniano e logo se recompõe. - Oh, um cliente! Olá!

Acontessceu alguma coisa?

— Oh, nada demais. É que roubaram uma relíquia que adquiri recentemente em um bazar. Uma pata com enormes garras. De ouro maciço! Uns bandidos a levaram no meio da noite e minha irmã, Camilla, está querendo inventar de ir até lá recuperá-la.

Ssse quiser eu posso recuperá-la para vosscêsss.

— Sério? Qual o jogo? o que quer em troca?

— Ah, sasó quero ajudar. Passssei a vida toda ajudando por dinheiro. Acho que não faz mal ajudar uma vez apenasss por ssser sscerto.

O imperial olhou para o argoniano surpreso e agradeceu.

— Oh, muito obrigado! Eles, os ladrões, foram para as Ruinas das Cataratas Lucubres. Na montanha que pode ser vista logo ao noroeste da cidade, depois do rio.

— Entendi. Bem, agora vamosss aosss negóciosss.

— Certo.

***

Já era de noite na região. A noite escura conseguia ser tão fria quanto o dia. Após um bom tempo de compras e trocas, a porta da loja foi aberta, e Nur saiu de lá, se despedindo de Lucan e Camilla.

— Bem, eu vou indo nessssa.

— Vai trazer nossa garra de volta? - Perguntou Camilla.

Sssim... Mass não agora. Antesss tenho algo maisss importante.

— Oh... - Lucan parecia decepcionado. - E o que seria?

— Um dragão atacou Helgen hoje de manhã. Deixaram para mim o trabalho de avisar o tal Jarl de Whiterun.

— Um dragão? - perguntou Lucan - É sério?

Sssim. Eu essstava lá quando ele atacou. Vou indo nessssa. Volto quando eu tiver a garra de vosscêsss.

O Argoniano então marchou até a entrada Norte, rumo a Whiterun. Lucan entrou novamente no estabelecimento, e antes que Camilla entrasse, ela murmurou para si mesma.

— Não acho que devemos depender desse cara.