O sol da manhã, atravessando uma das janelas, atingiu o rosto de Lydia, deitada em sua cama. Ela então vai aos poucos abrindo os olhos. Ao olhar para o lado, ela percebe que Nur já não estava na cama. Ela levanta o torso na cama, e vê que seus pais também não estavam na cama de casal.

A nórdica então finalmente sai da cama, meio sonolenta ainda. Ao ir para o cômodo principal, ela vê a porta da frente aberta, e ao ir para ela, ela vê o argoniano agachado a alguns metros do lado de fora, fazendo algo com as armaduras e um balde de água.

— Bem dia, Senhor Nur.

O thane então se vira, meio surpreso, e ao ver sua housecarl, ele responde.

— Oh, bom dia, Lydia.

— Está fazendo o que, senhor?

— Limpando nossssasss armadurasss. Não limpamosss depoisss que sssaimosss de Ussstengrav, então o sssangue que tem aqui já essstá ssceco, então essstá difisscil de tirar.

— E os meus pais?

Essstão atrásss da casa, colhendo da plantassção delesss.

— Entendi… - ela então muda de assunto - você já… Se decidiu sobre o que fazer quanto ao Terek.

— Na verdade, sssim. Eu Não consssegui direito ontem a noite. Fiquei na cama o tempo todo pensssando sssobre isssso. Masss cheguei a uma conclusão. E ssse minha ideia funsscionar, vou conssseguir resolver o problema da melhor forma possssivel.

Ela suspirou, ainda meio sonolenta, e respondeu.

— Assim espero.

A mulher ficou mais alguns instantes parada na porta, olhando o rapaz limpando a própria armadura por mais uns instantes.

— Ssseusss paiss ssão legaisss. - ele comenta, quebrando o silêncio.

— Hã?

— Eu conversssei um pouco com elesss. - ele disse se virando para ela - Me contaram melhor como vosscêsss perderam sssua fazenda e vieram pra essssa casa menor. Elesss paresscem terem muito orgulho de vosscê, apesar da sssua ideia para sssalvar a fazenda ter falhado.

— Ah, entendi. Pois é, não se pode ganhar todas.

O saxhleel de penas se virou novamente para a armadura ainda suja.

— Queria que você tivesssse a chanssce de conhesscer osss meusss— ele comenta, cochichando.

— Desculpe, o que senhor? -a nórdica aparentemente não havia ouvido.

— Oh, nada. er…- ele rapidamente tenta mudar de assunto - E-eu já lavei sssua armadura. Eu gossstaria que vosscê vessstissce o quanto antesss. Vamosss voltar para dentro da sscidade.

— Entendi. Obrigada, senhor. Pode deixar.

Ela então entra novamente na casa,para se preparar para voltar para dentro de Whiterun.

***

A luz do sol brilhava pela janela do segundo andar da taberna Égua Emblemática. A luz estaria batendo no rosto de Inigo, se ele não tivesse virado o rosto antes e continuado a dormir. Ele não dormia tanto nos últimos dias, então era um alívio poder ficar na cama mais algum tempo. O mesmo podia se dizer de Barbas e Derkeethus. O saxhleel de chifres parecia estar tendo um otimo sonho, enquanto o daedra em forma de cão apenas babava no chão, dormindo profundamente.

Porém, para a infelicidade deles, esse sono logo foi interrompido. A porta do quarto foi aberta, e dela Nur apareceu, gritando para acordá-los.

— MUITO BEM, VOSSCÊSSS TRÊSSS! VAMOSSS TODOSSS LEVANTANDO!

Com os gritos do líder, o khajiit e o cachorro acordam, meio sonolentos e confusos. O outro argoniano, porém, continuava dormindo.

— Nur, o que é isso? - perguntou o amigo, meio sonolento - deixa a gente dormir mais um pouco.

— O Derky e o Babasss talvezzz

Obrigado!— Interrompeu o daedra, caindo logo em seguida ao sono novamente.

Masss vosscê não. Lembra que ontem eu queria economizar dinheiro para algo? Então, eu queria resolver isssso antesss do almossço para então resolver meu problema com o invasor da minha casa depoisss.

O Catay então abre e expande a boca, revelando suas presas enquanto dava um enorme bocejo.

— Okay então, Nurr. Vamos verr isso.

Ele então se levanta da cama, mostrando ter dormido com roupas normais mesmo. Ele coloca o sapato que tinha, e segue o amigo, que já vestia uma armadura.

***

As brasas ardiam intensamente na Skyforge. O sopro do fole da forja aumentava o fogo cada vez mais. Eorlund trabalhava em equipamentos novos para vender. Desde o dia que a alma de Kodlak foi curada pelos Companions a semanas atrás, as chamas da forja de tornaram mais fortes do que o velho homem jamais vou, e se tornou mais fácil de se trabalhar com Armaduras Nórdicas Antigas, as quais tem se tornado sua especialidade e também o mais novo motivo para as pessoas virem atrás de seus serviços, junto de suas já consagradas armas de Aço Skyforge, mais fortes e afiadas que as de aço comum, e tão leves quanto.

Enquanto trabalhava, o homem ouviu o som de passos vindos do lance de escadas da forja, se aproximando calmamente. Ele então se vira. Ao fazer isso, ele se depara com um khajiit azul junto de uma figura conhecida.

—Oh, dragonborn! Fico feliz que tenha voltado. - Ele diz estendendo a mão.

— Olá, Eorlund. - Nur responde apertando a mão do ancião. - É um prazer voltar.

— E quem é esse seu amigo… “Diferente”?

Diferrente com orrgulho. Me chamo Inigo.

— Eu trouxsse Inigo aqui porque eu queria fazer alguma armadura nova para ele. Algo que ssserá definitivo, como a minha ainda não completa armadura de Osssso de Dragão. É claro que eu irei pagar peloss sseuss sservissçosss. - ele então tira seu saco de moedas da cintura, tira algumas moedas para si, e entrega o saco para o mais velho.

O homem então abre o saco, conferindo quanto mais ou menos devia ter ali, se baseando no peso e nas moedas presentes.

— Muito bem - o ferreiro responde - Aceito o serviço. E então, que tipo de armadura querem?

— Bem, o Inigo esssteve usando muito armadura leve ultimamente.

— Eu usava uma arrmadurra pesada no passado. De Ébano! Mas eu só usava porr serr muito valioso.

— Armadura de Ébano?! - aquilo surpreendeu Eorlund - O que aconteceu com essa armadura? você ainda a tem.

— Er…- A resposta a aquela pergunta incomodava o arqueiro, além de sr confuso. - Não, não a tenho mais. Longa histórria. - ele então tenta continuar o que dizia - Bem, de qualquerr forrma, eu prrefirro arrmadurras leve mesmo. São melhorres para manejarr um arrco em movimento.

— Entendi. Então… Vocês possuem algum material para fazermos isso? Eu posso descontar se tiverem algo para usar.

— Bem, deixa eu ver, temosss umasss essspadasss de prata que pilhamosss e podemosss derreter…

— Alguns minérrios e lingotes de ferrro que encontrramos pelo caminho…

— Acho que não achamosss nada muito valioso para falar a verdade.

— Bem, temos trrês lingotes de Ébano que conseguimos em Shorr Stone.

— Oh, verdade! Masss acho que o que maisss temosss de abundancia messsmo sssão ossssosss e essscama de dragão messsmo.

O Gray-Mane ficou pensativo, tentando pensar em algo que pudesse fazer com aquilo tudo. Até que uma ideia lhe vem à mente, o deixando atônito com a possibilidade.

— Escama de Dragão…- ele cochicha pra si mesmo.

— O que? - questiona o Dragonborn.

— Eu tive uma ideia. É algo experimental, então não faremos um escudo ou uma couraça, mas sim algo menor, como um par de manoplas. Mas com sorte, o resultado será interessante. Tragam tudo que puderem. Principalmente as Escamas de Dragão.

***

Pelas ruas do distrito da colina e da neblina, Lydia, Derkeethus e Barbas vagavam, procurando Inigo e Nur. Os dois tinham saído antes para fazer algo, e o argoniano escuro não havia falado. Então após o mais claro acordar, ele e a nórdica tomaram café da manhã e esperaram os dois voltar. Mas estavam demorando tanto que os outros decidiram sair para achá-los.

Depois de perguntarem a alguns guardas, os três acabaram sendo direcionados ao Jorrvaskr. Após subirem o lance escadas, eles chegam em frente ao salão e a housecarl bateu a porta, sendo recebida por um nórdico, muito semelhante ao Farkas.

— Oh! Lydia! A quanto tempo!

— Olá Vilkas. É muito bom te ver, Irmão de Escudo.

— Gostaria de entrar? Fiquei sabendo do meu irmão que você veio aqui com o Dragonborn ontem a noite.

— Sim, eu vim sim. Inclusive, eu meu amigo aqui - ela fala apontando para trás, para o saxhleel de chifres - estavamos procurando ele. Ele é um argoniano como ele, só que ruivo. E acredite ou não, ele estava andando com um khajiit azul.

O homem encara a figura escamosa atrás da amiga, com certa desconfiança.

— Um argoniano e um khajiit, você diz? Eu vi sim. Eles tinham ido pra Skyforge. vi eles passando por aqui cheio de entulhos.

— Obrigada.

Os três então se voltam para a Skyforge e seguem caminho, mas logo são interrompidos pelo gêmeo novamente.

— Ei, espere aí. Você. - ele aponta para o ladino e se aproxima dele. - Eu não te conheço de algum lugar.

— Er… - aquela pergunta o deixou nervoso - conhesssce?

— Acho que sim. - o brutamontes respondeu, com a cara em cima dele - Você estava na Destilaria Honningbrew quando o dono dela foi preso, não? Eu te ví saindo de lá após isso. - o Companion então bufa, claramente irritado - eu gostava do hidromel daquele lugar. Diga o que você fez e em troca eu não vou te socar tanto.

Aquela ameaça aparentemente estava funcionando, pois fez Derkeethus engolir seco. Mas ele logo se recompõe e explica seu ponto.

— A é? Bem, então vosscê deve ter um pessssimo gosssto, colega. Eu essstava de passssagem naquele dia e tinha parado lá para beber algo. Masss ainda bem que diferente de vosscêsss pele ssseca, minha boca é grande, então deu tempo de sssentir o gosssto sssem engolir e pude sscentir que aquilo tinha gosssto de veneno pra ssskever. - ao perceber o que havia dito, ele prontamente tenta se explicar. - Nã-não que eu tenha provado ve-veneno de rato alguma vezzz. Q-quer dizer, Uma vezzz, u-unsss dunmersss, elesss

— Olha, Vilkas - Interrompe Lydia - Nós estamos sem tempo pra isso - ela diz o argoniano pegando pelos ombros e o puxando - então se nos der licença…

Os dois então se desaproximam de Vilkas, acompanhados pelo cachorro.

***

Na Skyforge, Eorlund montava as manoplas após fazer cada parte delas. Juntava as amarras, colocava as peças, e afins. Junto dele, Nur passava as peças e olhava atentamente, a fim de aprender mais. Quanto a Inigo, cujas medidas dos braços já haviam sido tomadas, não podia fazer nada além de aguardar, olhando para os dois recolhidos de costas para ele mexendo no item.

Enquanto trabalhavam, o argoniano e o nórdico conversavam.

— A propósito, eu percebi uma arma curiosa que você carrega nas costas.

— Oh, esssse arco essstranho? Eu consssegui em uma ruína chamada Ussstengrav. Vosscê sssabe que tipo de arma essxatamente é essssa?

— É claro! É uma besta! Esse tipo de arma não é muito comum.

— É messsmo? Talvezz sseja por isssso que eu nunca tenha visssto uma arma dessssasss.

— A munição dela são pequenas flechas, que você deve ter visto. São chamados de dardos. Essa arma costuma ser usada em caça a daedras ou criaturas geradas por eles, como lobisomens e, principalmente, vampiros.

— Entendi. Bem, eu gossstei dela. É mais rápida e eficiente que um arco comum. - o dragonborn vira o pescoço e diz - sssem ofenssça, Inigo.

— Tudo bem, Nurr.

Com a resposta do amigo, saxhleel de penas volta ao que falava.

— Então eu queria sssaber ssse vosscê conhessce algum lugar onde eu consssiga melhorá-la ou messsmo conssseguir uma versssão melhor dela.

— Olha, rapaz, pelo que sei, só existe um ferreiro em Skyrim que sabe trabalhar com bestas: Balimund. Ele mora em Riften, e possui uma ferraria por lá. Se quiser ver isso, aconselho que faça com ele.

— Entendido. Então da prossxima vezzz que eu for para Riften, irei falar com ele. obrigado pela dica, sssenhor Eorlund.

Em dado momento, ele ouve sons de passos vindo das escadas. Ao se virar, ele vê Lydia, Derkeethus e Barbas chegando.

— Finalmente achamos vocês. Deviam ter avisado onde iam.

Ouvir aquela voz chamou a atenção do ferreiro, o fazendo virar o pescoço um pouco.

— Lydia? É você, garota?

Ao reconhecer a figura mais à frente, ela fica surpresa, mesmo sabendo que aquele era o local de trabalho dele.

— Oh! Eorlund! Faz um certo tempo, não?

— De fato. Eu te cumprimentaria apropriadamente, se não estivesse ocupado.

— Tudo bem. Mas o que vocês estão fazendo?

— Bem - responde Nur - eu queria fazer alguma pessça de armadura pro Inigo tambem. Algo permanente, como asss minhasss manoplasss e botasss. Então essstamosss fazendo uma manopla de Essscama de Dragão.

— Você quer dizer, que nem as suas manoplas? Elas não são armadura pesada?

— Não, não. Não como asss minhasss. Essstamosss fazendo uma versssão maisss leve, feita de essscamasss, não de ossssosss.

— Inclusive - o mais velho interrompe o diálogo, virando-se segurando as manoplas, já prontas - Estão prontas.

Aquelas manoplas eram muito diferentes das de Nur. As placas da parte superior eram menores e mais numerosas, e eram escamas grossas ao invés de ossos, e eram seguradas por duas tiras de couro em cada manopla. O couro que cobria a manopla era escamoso. Devia ser de pele de dragão com escamas menores. A coloração das manoplas era meio marrom.

— Pode vesti-las, rapaz. Vamos, pegue-as.

O cathay azul então pega as duas peças de armadura, colocando uma após a outra.

— E então? Como é?

— É rrealmentediferrente. Tipo, ela é clarramente bem durra e rresistente. Mas ao mesmo tempo ela… É considerravelmente leve.

Enquanto Inigo mexia as mãos, contemplando o novo equipamento, o grupo ficou em um silencio estranho por uns segundos.

— Er… E então? O que fazemosss agora? - Perguntou Derkeethus.

Vamosss até o Dragonsreach, conversssar com Proventuss ssobre a sssituassção da minha casa. - o thane então se vira e acena para o ferreiro. - Até a próssxima, sssenhor Eorlund.

— Até a próxima, dragonborn. Se precisar de meus serviços novamente, sabes onde me encontrar.

A Caravana do Dragão então desce o lance de escadas da Skyforge, rumando o castelo do Dragonsreach, no topo do distrito das nuvens.

***

No interior de Breezehome, Terek se encontrava sentado à mesa, localizada aos fundos da casa, em frente a uma porta que dava para um quarto pequeno. Ele comia comia uma sopa que havia feito com restos de comida que ele achou pela cidade, próximo das janelas das casas. Mesmo não sendo um grande cozinheiro, o homem sabia manejar os ingredientes de forma a ficar algo mais comestível. A prática de lavá-los, por exemplo, era algo que não se via nem em Skyrim, nem nas cozinhas das cortes de Cyrodill, mas que praticamente dava outra cara para a comida.

De repente, sons de batidas são ouvidos de trás da porta da frente. Aquilo assustou o imperial, que de forma instintiva, saca sua vassoura e a põe em frente ao seu corpo, como se fosse uma claymore.

Os sons de batidas na porta continuam. E continuam. Cada vez mais fortes e mais repetidos. E então, a porta é arrombada, e dela dois guardas adentram a casa. Os dois guardas avançam um pouco e dão espaço para uma terceira figura aparecer. Era Proventus Avennici.

— Terek. Você está sendo sumariamente expulso de Breezehome por invadi-la e expulsar o dono legítimo dela.

— Essa é MINHA CASA, Proventus! Eu a comprei primeiro e não tinha ninguém usando ela.

— Ora, não se faça de tolo. Você sabe muito bem que a perdeu depois de não pagar os impostos. Considere-se com sorte do dono dela atual ter pedido que você só fosse expulso, e não preso. - O outro cyrodillico estala os dedos, em ordem aos guardas, que vão até o primeiro. - Foi mal. Nada pessoal.

Os dois guardas se aproximam do homem mais velho, que tenta se proteger com a vassoura, mas ela é rapidamente arrancada da mão dele e jogado longe. Em seguida os dois homens o agarraram pelos braços e o arrastaram para fora. Do lado de fora, eles o jogaram ao chão, como se fosse lixo.

Do lado de fora, ele pode ver o argoniano que tinha entrado na casa no dia anterior, junto de mais um argoniano, um khajiit, um vampiro e um cachorro.

— Agora escute bem - Avisou o administrador, de frente para ele. - Eu não quero saber de você pisando nessa casa novamente. Se eu descobrir que você pôs os pés em Breezehome novamente, você vai para a cadeia sem rodeio. Entendeu?

Ajoelhado e se sentindo humilhado, o ancião apenas acena com a cabeça, aceitando com dor sua penitência. Breezehome foi a última coisa que ele teve depois que faliu. Ela já havia sido arrancada dele antes, e agora estava sendo arrancada novamente. Se antes ele já estava no fundo do poço, agora ele tinha achado um alçapão no fundo e caiu mais ainda.

O administrador então toma seu próprio rumo junto dos guardas, de volta ao castelo de Dragonsreach. O ex-comerciante, por outro lado, levantou-se cabisbaixo, e se pôs a caminhar. Desamparado e sem rumo. Talvez fosse até a feira ver se conseguia alguma comida estragada para concluir seu almoço, ou fosse se abrigar no templo de Kynareth.

De repente, seu ombro é segurado por uma mão encouraçada. Devia ser uma manopla pesada. Ao se virar, ele vê o rosto do argoniano que lhe expulsou.

— O que é.

— Olha, eu sssinto muito por isssso. Eu queria falar com vosscê, masss tive de fazer isssso pra que pudessssemosss ter essssa conversssa.

Terek então se vira completamente para ele e responde.

— Muito bem, então. Diga o que quer.

— Olha, é o ssseguinte: eu pessço desssculpasss. Eu entendo que vosscê tenha sscerto apego emosscional a essssa casa, e eu não gossstaria de passssar pelo messsmo que vosscê. Masss eu comprei essssa casa legalmente, sssem sssaber que ela já teve um dono. E eu inclusive batalhei muito pra conssseguir comprá-la. No caso, literalmente.

O ancião suspira, depois de entender o lado daquela pessoa, e diz.

— Bem, tudo bem. Era só isso?

— Na verdade, não. Olha, como eu me sssimpatizei com sssua sssituassção, eu quero resolver ssseu lado também. Eu quero te contratar como um criado.

Ao ouvir aquelas palavras, o semblante do imperial mudou rapidamente para surpresa.

— Eu não tenho uma renda fixssa, então não tenho muito que oferesscer. - ele então tira do bolso da armadura algumas moedas e continua - Masss tenho trezentosss Ssseptinsss. Acho que é o sssufissciente até eu voltar. O que me diz?

Por um instante, o homem, fica em silencio, atonito e pensando no que responder.

— Você tem certeza?

— Claro! pressciso de alguém para cuidar da minha casa, não é?

Ao ouvir aquilo, o homem inspirou profundamente e expirou, agora aliviado e com uma resposta para a proposta.

— Tudo bem. Eu aceito ser o seu criado, senhor…

— Nur Dragirisss.

— Senhor Dragiris. Obrigado por me dar uma chance. - Ele diz se curvando em reverencia, feliz por aquela proposta.

— Eu fico feliz que gossste da ideia. Então, que tal comessçar ajudando a mim e a meu grupo a dessscarregar a carga do nosssso cavalo? Temosss algumasss coisasss nele que quero guardar antesss do almossço.

— Com todo prazer, senhor!

Com um sinal com as mãos feito pelo lider, os outros quatro, que observavam aquilo, seguiram os dois até o portão da cidade.

***

Durante o descarrego da bagagem, Terek foi apropriadamente apresentado a cada membro da Caravana do Dragão, com excessão de Barbas, que foi apresentado como um cão comum, mesmo. E após trazerem tudo para dentro da casa, o grupo agora se encontrava à mesa, com Terek na panela sobre a fogueira no centro da casa, preparando algumas coisas com a comida que eles tinham. O unico que não estava aguardando a comida era o próprio Nur, que estava no segundo andar, guardando algumas coisas.

— Housecarl Lydia. Podes chamar o Senhor Dragiris pra baixo? a comida está quase pronta.

— Tudo bem, Terek. Irei lá.

Ela então vai até as escadas, subindo até o pequeno corredor do segundo andar. Dele, ela vai até o quarto grande, onde o dragonborn dormiria. O quarto era relativamente grande, quase metade do cômodo principal. O que comparado com os outros dois, era muita coisa. Havia uma cama de casal no centro dele, encostada na parede ao fundo, com dois criado-mudos pequenos encostados junto a ela. Uma mesa pequena com duas cadeiras à direita da porta, um criado mudo maior a esquerda, e ao lado dele um baú simples. Nesse baú, o argoniano de penas remexia e guardava as coisas que queria guardar, colocando uma a uma do chão para dentro dele.

— Senhor Nur, o almoço está quase pronto.

— Okay, LYdia. Já vou lá. Sssó me dê maisss algunsss inssstantesss. Ainda tem algumasss coisasss que quero organizar para fazer depoisss do almoço e quero deixar tudo organizado para isssso.

A housecarl então dá de ombros e diz, em tom de piada.

— Tudo bem. Não é a minha comida que vai acabar esfriando mesmo.

Com aquele comentário, os dois dão leves risadas, pela graça dela.

A garota então olha para baixo, para entre os objetos que ele ainda iria guardar. Dentre esses livros, havia um que era curioso. Era um livro negro, com a logotipo do Imperio metalizada entalhada na capa. Ela já havia o visto antes em meio a carga que eles carregavam, devia estar com eles desde o início da jornada. Mas não teve a oportunidade de olhá-lo melhor. Ela então pega o livro e o abre.

— “O Livro do Dragonborn” - disse ela, recitando o titulo do livro escrito em uma das plaginas do começo. - Desde quando o senhor tem esse livro?

Desssde que eu essscapei de Helgen. Achei a capa bassstante única e quisss dar uma olhada uma hora. Foi um dosss primeirosss contatosss com a minha real natureza junto do dragão que atacou a torre Noroessste.

— Caramba. Então esse livro tem mais historia do que a que ele conta.

— hehe. É. Masss agora não pressciso maisss carregá-lo por aí.

O saxhleel extende a mão para a mão da nórdica com o livro, que logo o entrega para ele, e o mesmo repousa o objeto sobre um dos criado-mudos perto da cama. Ele então se levanta e diz.

— Bem, acho que por enquanto posssso deixar assssim. Depoisss que terminar aqui de fato, irei falar com o Proventuss ssobre o Terek, e irei na forja da loja ao lado, usar um pouco do ferro e assço que temosss para fazer maissss dardosss da minha besssta.

— E você por acaso sabe fazê-los?

— Ah, não deve ssser difícil. É basicamente uma flecha pequena. Na dúvida eu desssmonto uma dasss que já tenho e monto baseado nela.

Os dois então saem do quarto, indo para o andar de baixo e deixando as coisas que ainda tinham que guardar. A luz do sol batendo no livro sobre o criado mudo fazia o brasão imperial reluzir levemente.