Lydia e Barbas ainda estavam em cima da ponte. A nórdica estava, andando de um lado pro outro impacientemente, preocupada. Já fazia um bom tempo que Nur desapareceu na água a procura de uma garota morta que ele nunca conheceu.

— Barbas, não dá. O Senhor Nur está demorando demais. Até pensei que era ele a uma meia hora atrás, mas era só uma pedra.

— Verdade. Tá demorando muito. Seria uma pena se ele tivesse batido a cabeça e desmaiado.

A mulher olhou para o daedra assustada com a possibilidade.

— Eu vou lá!

— “Lá” a onde?

Ela então sobe em cima do parapeito da ponte e responde.

— Atrás dele.

E então pula na água.

Barbas se surpreende e corre da ponte para a beira da água.

— Ei! EI!! Dona Lydia!! DONA LYDIA!!

Ele então pula e acompanha a nórdica no nado. Como eles não respiravam debaixo d’água como Nur, eles tinham que tirar a cabeça para tomar fôlego, para logo depois mergulharem os rostos e voltarem a procura-lo.

Em dado momento, eles encontram uma bifurcação do rio que mais pra frente se juntava novamente, que formava uma “ilha” dentro do rio. Eles então tomam o caminho da esquerda. Seguindo o caminho da água, Lydia fica frustrada, ao perceber que não havia nada, Lydia diz.

— Barbas agora eu estou mais preocupada. Ele não está aqui. E nem o corpo da garota.

— Talvez estejam do outro lado da bifurcação.

— Talvez. Nós devemos voltar e… - Ela se interrompe ao perceber a água lhes puxando.

Eles olham para trás, e veem que na frente deles havia uma queda d’água. No momento em que eles haviam parado, a água estava lhes puxando lentamente. Mas naquele momento ela estava mais forte, e mais rápida. Eles tentaram nadar contra a água e até se agarrar, sem sucesso, nas pedras, que eram muito lisas. Nada adiantou, e Lydia e Barbas acabaram sendo puxados para a queda.

***

Depois de muito escalar, Nur conseguiu adentrar na porta da caverna. O lugar era uma caverna escura e úmida, iluminada apenas por cogumelos fluorescentes. o argoniano presumiu que ele ainda estava em um corredor, pois o lugar era apertado, e parecia terminar depois de uma dobra para a esquerda.

Logo de início, na dobra do corredor, ele encontra um baú simples. Ele o abre e, esperando achar alguma arma que pudesse usar, o dragonborn encontrou apenas um pouco de dinheiro e um Capacete Orc. Ele percebe que se não encontrar uma arma antes do primeiro Falmer, terá que improvisar.

Ele então segue pela dobra do corredor. Ao chegar no final do mesmo, o argoniano se depara com uma caverna como outra qualquer. havia um pilar de rochas sustentando o teto, enquanto uma “rampa” de rochas à direita da coluna formava um caminho até uma espécie de barranco. Ele então segue para a direita e sobe a rampa.

Logo após isso ele se agacha e se escora em uma parede. Ele havia reconhecido um vulto humanoide corcunda, ele então olha cuidadosamente para onde estava o vulto. Ele vê uma continuação da caverna, muito mais aberta verticalmente. Próximo ao teto, uma das paredes possuía uma cachoeira, que caía até o “andar” em que estavam, formando um lago raso. Dentro desse lago, uma “ilha” se formava encostada na parede esquerda, com algumas gramíneas subterrâneas e uma estranha oca escura.

No meio do lago, o dragonborn conseguiu reconhecer o vulto humanoide. Com a pele branca como a neve e usando uma espada e um escudo que parecia ser da carapaça de algum animal, a criatura era definitivamente um élfo. As orelhas compridas e pontudas e o queixo comprido denunciavam isso. Mas a criatura de fato não apresentava a pomposidade de um élfo. Com a coluna recurvada e os braços apresentando rigorosos músculos, apesar de ainda finos, a criatura apresentava algumas características bestiais, como dentes incisivos afiados e seu nariz afundado no rosto, como os de um morcego. Mas principalmente, algo que diferenciava a criatura de qualquer outro élfo que Nur tivesse visto: seus olhos, ou melhor, a falta deles. Na verdade parecia que a criatura ainda tinha seu globo ocular. Porém havia uma membrana de pele avermelhada em cada lado cobrindo-os, como se fosse uma pálpebra, mas fundida à pele em todos os lados.

Não havia dúvidas: aquele com certeza era um Falmer.

Nur olhou em volta, à procura de algo que pudesse lhe ajudar. Ele então repara que no barranco onde ele estava havia uma rocha relativamente grande, chegando a altura da perna. Ao ver a rocha ele cria um plano.

Ele vai até a rocha e a empurra, a deixando na beirada do barranco, mas sem a deixar cair, e tomar . Ele então pega uma pedra do chão e se esconde atrás da parede. Escondido, ele joga uma pedra, acertando a cabeça do falmer. O élfo então vai em direção a área mais reduzida, em que o argoniano estava. Quando ele passou para a outra área, Nur se jogou de lado contra o corpo da besta. O jogando para o área mais abaixo do barranco. Enquanto a criatura tentava se levantar, o dragonborn vai rapidamente até a rocha e a empurra, a fazendo cair sobre a cabeça do ser selvagerizado, a esmagando.

O dragonborn então aproveitou e pulou para o lugar mais abaixo, pegando para si mesmo a espada e o escudo. Agora melhor equipado, Nur foi até a área mais aberta do lago. Lá, ele olhou em volta, a fim de achar alguma continuação da caverna. Ao se virar para o lado que ele veio, ele vê que do lado esquerdo havia mais uma área, construída por tijolos ao invés de terra e pedra. Parecia uma ruína nórdica, como a que ele visitou nas Cataratas Lúgubres, apesar de que os cogumelos fluorescentes alteravam o “clima” do lugar. Aquela área parecia ser uma sala quadrada e preenchida por alguns pilares sustentando o teto.

Ele então vai até aquela nova sala, mas novamente se esconde atrás de um dos pilares ao ouvir passos na água.

Ao espiar, ele vê uma criatura. Não outro falmer, mas uma criatura quadrúpede. com a altura de uma vaca, a criatura não era um mamífero, nem um réptil, muito menos um anfíbio. Aquela coisa parecia mais um inseto do que qualquer coisa. Suas quatro patas com duas articulações formavam um "N" e terminavam em pontas afiadas. Seu corpo era inteiro recoberto por uma carapaça, com um tom negro, mas voltado ao azul, parecendo ser feito do mesmo material que as armas que Nur portava naquele momento. Sua cabeça sem antenas era meio arredondada, semelhante a de uma formiga. Com olhos pequenos um em cada lado e outros dois ao centro, suas mandíbulas eram longas e se estendiam para frente. A cabeça era sustentada por um longo e robusto pescoço. E do lado oposto a ele, deitado e quase encostando no chão, sua cauda, igualmente robusta e longa, imitava sua cabeça, com longos ferrões que imitavam suas presas.

Nur não sabia o que dremoras era aquilo, mas ele não precisou de muito para ver que aquela coisa lhe devoraria ali mesmo. ele então volta sua visão para o outro lado da coluna, e vê que há mais duas daquelas coisas, descansando sobre uma parte derrubada da construção. Ele olha em volta, a fim de encontrar uma forma de passar. Ele então vê um baú junto de algumas urnas funerárias. Ele decide ir até lá, na esperança de achar mais alguma arma, ou mesmo uma mais forte. Porém estava tudo depois do outro pilar, à sua direita.

Ele tinha que distrair as criaturas de alguma forma. O argoniano olhou para baixo em busca de uma pedra. Ao achar uma, ele cuidadosamente afundou a mão na água, tentando não fazer barulho. Após trazer a pedra para si, ele se prepara para jogar a pedra para o outro lado da sala, buscando acertar o corredor. O artrópode andava de um lado para o outro. Se Nur o acertasse, poderia ser o seu fim.

Ele joga a pedra, e a mesma acerta o quinto degrau da escada do corredor A primeira criatura correu em direção ao lugar, a fim de descobrir a fonte do barulho. Os outros dois também se atentaram e se levantaram a fim de o acompanhar.

O dragonborn então aproveitou a distração para se aproximar do baú, sempre movendo os pés na água calmamente para não fazer barulho. Ao se aproximar, ele tentou abrir. Mas estava trancado. Ele então tira uma gazua do bolso e a coloca na tranca do baú. Com cuidado ele movia a gazua, até que ele consegue destrancar, e ao abrir, ele encontra um arco élfico e umas cinco flechas orcs, além de uma poção de saúde e mais três gazuas.

Após pegar o que podia, ele começou a armar seu plano em sua mente para avançar. Ele então faz uma manobra arriscada. Pega o baú com os dois braços, e o carrega, fazendo o maior barulho ao andar e chamando a atenção dos três monstros. Ao se virarem, o argoniano já estava novamente atrás do pilar e não o viram, apenas repararam um baú sendo jogado na água. Eles então correram, e ao olhar para a direção de onde veio o objeto, não encontraram nada. O primeiro estica a cabeça para frente e gira pros lados, procurando por qualquer sinal de vida que não fosse deles. Eles então voltam sua atenção ao objeto, que estava boiando para o centro da água rasa, na parte mais “externa”.

Enquanto eles ainda estavam lá, Nur estava esgueirado, abaixo do nível da água. A única coisa que ele conseguia ver dos “insetos” eram suas patas pontudas. Apesar de respirar dentro d'água, ele precisava se mover para manter a água fluir. Com a presença daquelas coisas ali, ele tinha que se manter parado. Ele estava se asfixiando. Quando o último atravessou o caminho do argoniano, ele começou a se arrastar lentamente sobre a água. Na primeira arrastada, o argoniano conseguiu tomar fôlego. Sempre mantendo os braços dentro da água, como um crocodilo, a fim de não causar ondas barulhentas.

Assim que ele chegou na escada do corredor, ele lentamente começou a subir os degraus, evitando o mínimo de barulho possível. Já fora da água, ele se levanta e, ao se virar, vê que as coisas estão voltando. Ele então corre para a esquerda, onde o corredor dobrava, antes delas o verem.

Ao atravessar o corredor, ele se encontra em outra sala, agora uma não alagada. Ele então repara que no centro da sala havia um buraco coberto com grossas barras de ferro. Ele então se agacha e se aproxima lentamente, tentando se manter escondido de qualquer coisa que ele não reconhecesse como amigável. Ao olhar, ele vê que há uma figura ali dentro. Era um argoniano, o verde em sua pele era mais vivo do que o de Nur. No lugar de penas ruivas, ele apresentava longos chifres que saíam para trás e depois se curvavam para frente. Reconhecendo a figura, Nur então cochicha para ele.

Psssiu. Derkeethusss.

O outro argoniano se assusta e olha para cima tentando reconhecer a origem da voz.

— Quem essstá aí?

Sssou eu. Não essstá reconhesscendo?

Derkeethus então espreme os olhos, tentando identificar o dono da voz, e ao reconhecê-lo, se surpreende.

— Nur?!

— Haha! Eu não acredito que é vosscê mesmo!! - O dragonborn diz isso ao se animar, aumentando um pouco o próprio tom de voz.

— Xiu! fala baixo! - repreende Derkeethus - Vosscê quer chamar a atenssção dosss falmersss.

— Foi mal. É que fazzz muito tempo que não te vejo, irmão.

— Eu que o diga. Não vejo vosscê desssde que vosscê fugiu da casa da vovô. E aliásss, vosscê não sssabe a dor de cabessça que eu e osss outrosss passssamosss.

— Foi mal cara, é sssó que…

— Nah, tudo bem! - interrompeu o irmão - Sssó dá um jeito de me tirar daqui de uma vez, por favor.

— Deixa comigo!

Nur então se levanta e tenta levantar a grade do chão. Mas rapidamente percebe que não adianta, e volta a perguntar para o Derkeethus.

— Err… Como?

O argoniano mais claro põe a mão no rosto, em sinal de desapontamento. Apesar de não poder culpá-lo.

— Tem uma passssagem sssecreta na parede à sssua direita. Foi assssim que elesss me prenderam aqui.

— Ah!... - diz o argoniano mais escuro.

Ele então volta a se levantar e se volta para a tal parede. depois de vasculhar um pouco, ele encontra escondido no vão entre um adorno e a parede uma pequena alavanca. Ao puxá-la para baixo, a parede a sua frente se abre, revelando uma passagem.

— Boa, maninho!

Derkeethus então corre até a escada, que o leva até a porta que se abriu. Ao se encontrarem cara a cara, os dois se abraçam, matando a saudade depois de muito tempo. Derkeethus então repara algo estranho em Nur e comenta.

— Nur, vosscê tinha doisss chifresinhosss asscima dos olhosss, bem na frente do cabelo. Cadê elesss?

— Ah, eu tirei elesss. Pra fasscilitar na hora de pôr osss capasscêtesss.

— Eita, deve ter cussstado muito para contratar um moldador de rossstosss sssó pra isssso.

— bem… - Nur então fica meio receoso de responder - Não me cussstou nada. Apenasss uma faca, e eu fiz isssso por mim messsmo.

Ao ouvir aquilo, o outro argoniano, embasbacado, imaginou a dor de remover um chifre de osso maciço na base da faca, e gritou ao sentir imaginariamente a dor, pondo as mãos em seus chifres e se segurando.

— AAAAAH!!!

— Xiiu! Agora é vosscê que tá chamando aquelesss carasss.

— Foi mal. Masss, minha Hissst, Nur! E não doeu?

— Pra caramba. Eu até messsmo fui um pouco maisss longe para evitar que formassse uma lombadinha e dei meusss pulosss pra não formar sscicatrisesss. Sssenti fortesss doresss de cabessça por unsss bonsss 7 mesesss. masss olha - Ele aponta para o capacete orc sobre sua cabeça - Funsscionou. Agora qualquer capasscete cabe na minha cabessça. Acho até que vosscê deveria fazer o messsmo.

— Nem em pesadelo, Nur. Nem em pesadelo. Adoro meusss chifresss.

Os dois então se assustam. Eles ouvem grunhidos furiosos de trás, e ao olharem, se deparam com um falmer. Ele apresentava traços mais finos, um corpo um pouco mais esguio, e cabelos longos amarrados de forma a se assemelhar a chifres. Aparentemente era uma mulher. Carregando um cajado feito da carapaça daquelas criaturas, ela veio acompanhada por outros dois falmers, esses homens. Um carregando um escudo e um machado, enquanto outro carregava um arco

Os dois argonianos então entraram em posição de combate. Nur pôs sua espada na frente de seu corpo, enquanto Derkeethus sacou suas duas picaretas.

— Okay - comentou o com chifres - agora não tem como piorar.

Nisso, um outro falmer surge da porta da porta a direita, que levava ao lado ainda não explorado. Esse falmer vestia uma estranha armadura enorme segmentada, que também parecia ser feita da couraça daquelas coisas lá atrás. Ela não estava completa, na verdade apenas a couraça estava sobre ele.

Vosscê tinha que falar isssso, né? - Perguntou o com penachos, em tom de ironia - Como sssempre, eu vou ter que fazer tudo. - Ele então levanta a cabeça para cima, e grita. - RAAN!!!!(ANIMAL!!!!)

Com a intensidade e a onda de poder que seguiu o grito e se expandiu pela sala, todos se assustaram, até mesmo Derkeethus.

— Nur, o que daedrasss foi isssso?

— Uma coisa que dessscobri resscentemente sssobre mim: Eu sssou o que osss nordicosss chamam de “Dragonborn”.

o irmão ficou surpreso com aquilo.

Vosscê é um… Dragonborn?!

O falmer com armadura, que até ali se assustou com o grito dracônico, tomou coragem e correu contra eles. Porém ele foi abruptamente derrubado. Uma daquelas criaturas saltou sobre ele e agora o atacava.

— Chaurus?! - Disse o mais claro, surpreso.

Logo, outras duas dessas coisas surgiram. Um pulou sobre a mulher falmer, enquanto o outro sobre o falmer homem com machado.

O falmer do arco, sem escolha, tenta lutar contra as criaturas. O primeiro Chaurus, depois de devorar e esmigalhar a cabeça do outro elfo, se voltou para o do arco.

Aproveitando a chance, Nur e Derkeethus correm dali, indo pela porta a direita. No caminho, Nur parou para agarrar o corpo desfalecido do falmer encouraçado por uma aba da armadura, o puxando consigo. depois de atravessarem a porta, ambos se esconderam atrás da parede, e se escoram para tomar fôlego.

— Cara, isssso foi bizarro.

— Legal, né? - O argoniano falava enquanto removia a armadura do elfo morto - É um grito que aprendi resscentemente. Eu chamo animaisss para me ajudarem, osss hipnotizando.

Quantosss dessssesss “Gritosss” Vosscê tem?

— Até agora sssó doisss. - o dragonborn agora estava a vestindo - Esssse, o “Animal”, e o “Forssça”.

— “Animal”? Não foi isssso que eu ouvi não.

— “Animal” em língua de dragão, sssabe?

A conversa então foi interrompida por um som estranho. Um rugido poderoso, vindo de mais a frente. Nur conseguiu reconhecer aquele som.

— Aquilo é… Um lobisomem? - disse Derkeethus, assustado.

— Lydia…

— Quem?

Vamosss. Vem comigo.

— Pera, o que?!

***

Após descerem as cataratas, Lydia e Barbas conseguiram nadar até a porta de uma ruína, adornada ao redor por pilares e uma cabeça esculpida acima, e a adentraram.

Ao entrarem, eles estão em um corredor com uma escada, e ao descerem, eles estão em uma sala de uma aparente ruína nórdica. A frente deles, a sala era aberta para uma área mais externa, com um parapeito improvisado de tábuas de madeira, formando uma “janela”.

Ao olharem pela janela, eles veem uma cachoeira, que deságuava em um lago, que por fim descia por uma cachoeira estreita até onde não se podia ver. O lago era adornado com algumas bordas em volta, na maior parte, rocha, mas alguns nacos de terra acabavam formando espaço para algumas gramíneas altas. Na borda direita, uma rampa de terra subia até uma passagem que parecia levar até onde eles estavam.

Mas algo chamou a atenção de Lydia, que eram as “pessoas” que se encontravam ali. Armadas de um estranho equipamentos escuros, aquelas coisas eram claramente élfos, mas eles andavam corcundas e possuíam uma ausência de olhos.

— Falmers! - exclamou Lydia, em voz baixa.

— Esses caras não enxergam o lugar deprimente em que moram, não?

A nórdica olha para o cão com cara de desgosto e responde ironicamente.

— Engraçadinho.

Eles então são interrompidos por dois falmers que os acharam. Os elfos então gritam, tentando chamar atenção dos aliados lá embaixo.

O daedra e a housecarl entram em posição de batalha, ambos prontos para combate. Antes do primeiro golpe dos inimigos, a nórdica puxou ar para seus pulmões e deu seu Grito de Batalha, expulsando os dois da sala.

Barbas então correu na direção dos dois selvagens, enquanto Lydia ficou para trás, e começou a se transformar. Após se transformar, Lydia se junta a Barbas e ambos perseguiram os dois selvagens. Eles passaram por um corredor que não era iluminado por cogumelos fluorescentes, mas puderam ver a frente uma armadilha que seria ativada por uma corda, e a pularam. Os dois canídeos então chegaram na área do lago. Lá, os dois flamers se juntam a outros três, totalizando cinco.

A licantropica então salta em direção a um dos elfos da neve, mas o mesmo a bloqueia com seu escudo, fazendo-a bater a cara na barreira feita de uma couraça tão dura quanto qualquer aço. Ela caiu meio atordoada, e ao se levantar, foi cercada por três falmers, que a golpeavam sem dar chance dela revidar.

Barbas tentou resgatá-la, mas logo também foi cercado pelos outros dois, que passaram a golpeá-lo. Mesmo que ele fosse resistente a qualquer golpe, aqueles dois o distraiam e ficavam no caminho.

E então, um grito.

FUSSS!!! (FORÇA!!!)

O grito foi seguido de uma onda de choque, que atingiu todos a frente, principalmente os cinco elfos da neve. Eles desequilibraram de leve, e nesse meio tempo Lydia pode se levantar novamente. Dois dos três selvagens voltaram sua atenção para ela, mas um deles, que usava um machado sem um escudo, foi derrubado e desacordado com um tapão da lobisomem. Sobrando apenas para o que possuía uma espada com um escudo.

Barbas aproveitou aquele momento e correu de volta ao corredor de que ambos saíram. os dois que o atacavam o seguiram. Ele então parou na frente da corda da armadilha. Os dois falmers, no ápice da adrenalina de batalha, não perceberam onde estavam e tentaram lhe atacar. O daedra então, voluntariamente, pôs sua pata esquerda para trás, puxando a corda. Com isso, uma enorme garra escura, também feita de Chaurus, e cujas pontas se assemelhavam aos machados, saiu da parede, e avançou com tudo contra os três, os jogando para o outro lado. Os dois elfos selvagens morreram, mas Barbas se levantou, balançou a cabeça, e voltou para o lago.

O terceiro Falmer que atacava Lydia, diferente dos outros dois, voltou sua atenção para a esquerda, de onde veio o tal grito, procurando qualquer sinal do causador do grito. Havia uma formação de rochas que seguia para a plataforma de onde Lydia veio, chegando perto de se conectar dela. Do lado oposto, havia uma escada, que subia e levava até um corredor. Na frente de ambas as elevações, haviam dois arbustos de grama alta, divididos por uma trilha de pedra que levava diretamente até a escada. Apesar do Elfo não ver nada, ele já vivia lá a tempo suficiente para conhecer o lugar com a palma da mão. Ele sabia que se alguém estivesse a fim de se esconder, um dos arbustos poderia ser um bom esconderijo.

— Ei! Aqui!

Uma áspera voz chama pelo selvagem, que se volta para a direita, não só por ser chamado, mas por ouvir o farfalhar das folhas, indicando que o dono da voz ergueu a cabeça para cima. O elfo da neve então foi para a direita, mas no caminho ele foi interrompido, pois novamente o chamaram, dessa vez do arbusto vindo da esquerda.

— Eu disssse que essstou aqui! Vem cá!

Novamente a voz lhe chamou. Não era tão parecida quanto da primeira vez, mas logo o chamado foi precedido pelo bater de um membro na água. um braço talvez? ele então vai em até a esquerda.

— Eu Essstou aqui! - disse a voz vindo da direita.

— Aqui! - da esquerda.

— Aqui! - da direita.

— Aqui! - da esquerda

O élfo, já não sabendo a direção de onde vinha a voz, parou na frente da trilha que dividia os arbustos e, irritado, gritou surtando.

Nesse momento, Nur e Derkeethus saltaram ao mesmo tempo de ambos os arbustos. Ambos armados. Nur com a espada e o escudo de falmers, enquanto Derkeethus com suas duas picaretas.

As armas dos dois pousaram sendo cravadas na cabeça do falmer, com as picaretas do mais claro atravessando da testa acima de cada olho até a mandíbula, enquanto a espada do mais escuro criou uma cratera em linha reta indo da testa e chegando até a nuca. Eles então põem os pés no peito do inimigo morto, e arrancam à força suas armas.

Enquanto isso, o falmer restante bloqueava os golpes de Lydia, com seu escudo duro e liso, que fazia as garras dela escorregarem. Ele porém não conseguiu evitar um golpe de trás, desferido pelo argoniano de chifres, atravessando o peito dele com suas picaretas, e por fim as removendo e fazendo o inimigo cair de bruços em frente à lobisomem.

— Boa! Mandou bem, Derky! - Parabenizou o dragonborn.

— Senhor Nur, quem é esse.

— Lydia, esssse é Derkeethusss. Meu irmão.

— Irmão? - estranhou Barbas.

— O cachorro de vosscêsss acabou de falar? - Perguntou Derkeethus

Sssim, irmãosss, sssabem? - Respondeu Nur a Barbas e Lydia - Filhosss do messsmo pai com a messsma mãe... Criadosss no messsmo ninho nasss raizesss de Hissst... Bebemosss da messsma ssseiva... Ele trabalha como mineiro aqui perto.

Disso tudo eu apenas entendo a parte de “filhos do mesmo pai com a mesma mãe” e a parte dele ser mineiro.

— Gente, acho que vosscêsss não me ouviram. O cachorro de vosscêsss falou.

— Relaxa, Derky. A gente já sssabe. Ele é falante messsmo.

E eu não sou cão deles. Eu sou cão de Clavicus Vile. O…

— Prínsscipe Daédrico do Poder! - Disse o argoniano mais claro, surpreso.

Pelo jeito você conhece meu mestre.

Digamosss que eu e Nur já temosss sscerta nossção a cerca dosss sssenhoresss de Oblivion. Porém eu não sssabia que Clavicusss Vile tinha um cachorro.

Pera aí! - Interrompeu a lobisomem - Senhor Nur, me esclareça de uma vez: Você tem um irmão? E ele, por coincidência, também está em Skyrim?

— Com lisscenssça, mossço… - Chamou o argoniano de chifres.

Moça! - interrompeu a Housecarl.

— ………… Okay. “Mossça”. Porque não, né? Essstamosss na Quarta Era, afinal. Bem, “mossça”, Eu essstou em Ssskyrim fazzz maisss de um ano.

— E você por um acaso sabe lutar com duas picaretas como um redguard com duas cimitarras?

Sssim, porque fomosss criadosss por nossssa avó, e ela nosss treinou pra sssabemosss nosss defender.

E um argoniano que luta tão bem assim está trabalhando como mineiro no meio do nada?

Derkeethus então se virou para seu irmão e desconversou.

— Nur, sssua “amiga” lobisomem faz umasss perguntasss meio estranhasss.

— Ah, não ssse preocupe. Essssa é Lydia, minha Housecarl.

— Housecarl? Vosscê é thane? da onde?

— De Whiterun.

O irmão com chifres encarou o outro com certa surpresa.

— Cara, a quanto tempo vosscê essstá aqui?

Em resposta, o irmão com penachos diz.

Maisss ou menosss uma semana.

O outro argoniano encarou ele ainda mais embasbacado.

— Cara, eu demorei quase um ano pra chegar onde essstou, e vosscê já chegou ssse dando bem. Essstou impressssionado.

Você quer dizer que demorou mais de um ano pra ser mineiro?

Lydia não percebeu, mas Derkeethus estava um tanto nervoso em responder.

— Er… Sssim. De fato. Passssei muita dificuldade antesss de finalmente me encontrar como mineiro.

— Bem, não importa. O que importa é que vosscê essstá inteiro. O pessssoal da mina que vosscê trabalha esstão preocupadosss e eu fiquei de vir aqui pra te pegar.

— E eu lhe agradessço por isso, irmão.

Aproposito, Senhor Nur - a housecarl chama a atenção de seu thane enquanto se transforma novamente em humana, arrancando até mesmo um assovio do irmão dele - Você encontrou o corpo daquela garota?

Em resposta, Nur tira uma bolsa da calça. Lydia rapidamente se lembra que a bolsa dele tinha ficado lá atrás, junto da armadura dele, e por consequência entende que aquela devia ser a bolsa da tal Reyda.

— Como assssim? Do que essstão falando? - Perguntou o outro argoniano.

— Longa hissstória. Não importa agora. Vamosss sssó sssair daqui.

Os quatro então seguem pelo corredor da direita (esquerda do ponto de vista deles), rumo à saída pela qual a nórdica e o daedra entraram.

Após saírem, eles puderam ver que o sol estava se pondo. Nur, Lydia e Barbas seguiram uma trilha, que parecia levar à Ivarstead. Derkeethus, por outro lado, seguiu para a mina em que trabalhava, porém em dado momento ele espiou do ombro o trio seguindo para o oeste. E por fim voltou a seu caminho normal.

***

Já era de noite. Depois de vestir sua armadura normal, mantendo apenas o equipamento novo mais forte, o argoniano, a nórdica e o daedra passam pela estalagem Vilemyr, e atravessam o rio que ia para o norte, que era mais raso que o outro, e foram até Narfi, que estava próximo de uma casa queimada e destruída.

— Olá, Narfi! - cumprimentou o thane.

— Ei, você é o agoniano que deu 30 sepitins mais cedo! Orbigado de novo!

— É sssou eu. Me chamo Nur, a propósito… - ele então se vira para a casa destruída, a fim de tentar prolongar a conversa e evitar as más notícias - Essssa casa… vosscê essstá morando aqui?

— Oh sim! Na verdadi essa é a casa de Narfi deisdi qui ele era piquenoDeisdi qui a familia de Narfi ainda istava junta.

— Entendi… - com isso, o clima voltou a ficar sério, forçando Nur a ir direto ao ponto - Por falar nisssso, a gente tem que falar sssobre a sssua irmã.

— OH! vocêis a acharam?

o dragonborn então tira de trás das suas costas a bolsa que vinha carregando até ali. O mendigo então se anima, ao reconhecer a bolsa.

Issu é incrivil! Como ela istá? Ondi ela istá?

— Narfi… - Nur faz um silencio até que enfim completa - Ela essstá morta.

Ao ouvir aquilo, o sorriso do sem-teto, em formato de “U”, lentamente se abaixa e se transforma em um arco.

— Ela… Morreu? Não…… Vocêisistão brincando com o velho Narfi, certo?

O argoniano, porém, não desmentiu, e apenas respondeu.

Sssinto muito.

O homem ficou em choque ao perceber que não era mentira. A mulher que o seguia aparentava ter uma expressão de pena, e o cão deles parecia fazer a mesma coisa.

— Não! Não, não é pussivil! Você dissi que ela com certeza istava viva. Você dissi

Apesar da cabeça meio abaixada, os humanos ali presentes não conseguiam ver. Mas Nur possuía em seu rosto uma expressão de tristeza por não poder fazer nada além de entregar a notícia.

Narfi acaba se ajoelhando em frente a eles, entristecido.

— Eu nem tivi a chanci de me dssipidir.