— Hey, você finalmente acordou.

Essa foi a primeira coisa que a pessoa ouviu após abrir os olhos. Ela estava perdida, por alguns segundos a pessoa não lembrava quem era, se era homem ou mulher ou qual o seu nome. Parecia que tinha sido atingido por alguma coisa antes de apagar. O som do trotar de cavalos, de rodas rodando na estrada e chacoalhar denunciava que ele estava em uma carroça. o vento frio, carregando até um pouco de neve, mostrava que ele devia estar em um lugar frio.

Só após olhar ao redor a pessoa se lembrou de quem era: seu nome era Nur Dragiris, e ele era um mercenário argoniano. Suas armaduras e equipamentos haviam sido removidas e o que ele vestia agora eram trapos dignos de um escravo de Morrowind. Aparentemente ele não havia conseguido fugir de Skyrim, e agora se encontrava em uma carroça junto de vários nórdicos, todos com as mãos amarradas, assim como ele.

— Onde eu essstou? quem sssão vosscêsss?

— Você foi pego desmaiado com uma flecha em sua nuca. -respondeu um dos nórdicos - Presumiram que você estava tentando atravessar a fronteira.

Sssério? Masss onde essstá o meu... Essspera aí, vosscê disssse “flecha”?

— Hã... Sim, foi o que eu disse...

— KAJIIT FILHO DA...

A carroça passou por cima de uma pedra, fazendo ela cambalear.

— Malditos Stormcloaks. - Murmurou uma das pessoas presas junto com eles. Aparentemente não era do mesmo grupo dos outros dois prisioneiros - Skyrim estava bem até vocês aparecerem. Se o Império não estivesse procurando vocês, eu já estaria a mil a caminho de Hammerfell.– ele então se voltou para Nur - Ei! Você e eu. Nós dois não deveríamos estar aqui. Os Imperiais querem os Stormcloaks, não a gente.

— Nós estamos juntos nessa agora, ladrão. – Disse o tal Stormcloak, respondendo ao outro nórdico.

— Calem a boca aí atrás. – Resmungou o imperial que controlava a carroça.

— Ei, qual é a do ao amarradão aqui? – Questionou o mercenário, apontando com a cabeça para o terceiro humano prisioneiro na carroça, que sentava ao seu lado. A figura parecia emburrada com a situação em que se encontrava, amarrado até a boca.

— Eu ia perguntar a mesma coisa...

— Tenham mais respeito vocês dois! Principalmente você, lagartixa. Esse é Ulfric Stormcloak, o verdadeiro rei supremo de Skyrim.

— O Jarl de Windhelm? - Exclamou o ladrão, espantado - Mas você é o líder da rebelião!

Essspera aí, essspera aí, essspera um pouco! Então onde é que a gente essstá indo?

— Eu não sei, mas Sovngarde nos aguarda.

— Isso não pode estar acontecendo! Não pode! - o nórdico mais magro começou a se desesperar.

— Ei ladrão, de onde você vem?

— Porque? – O rapaz parecia apavorado.

— Os últimos pensamentos de um nórdico tem que vir de casa.

— Rorikstead! - Afirmou o ruivo, que parecia ainda mais assustado com seu destino - Eu sou de Rorikstead!

Ele então puderam ouvir um pouco ao longe a voz de um soldado Imperial.

— General Tullius! O Carrasco chegou!

— Ótimo - Respondeu o tal general, que aparentemente se encontrava em um local que não conseguiam enxergar. - vamos acabar com essa besteira.

— Shor, Mara, Dibella, Kynareth, Akatosh. - O ladrão começou a Orar – Divinos, me protejam.

— Que Hissst me guie. – Murmurou o mercenário, tão assustado com a situação quanto o ladrão.

Seguindo seu caminho, a carroça passou o portão da cidade a qual era seu destino, passando por um grupo de 3 altmers juntos de um imperial.

— Há! - comentou o soldado Stormcloak - General Tullius. E junto dele, os Thalmors. Aposto que eles têm algo a ver com isso. – O nórdico então olha em volta e fica emocionado, reconhecendo a cidade – essa é Helgen. Eu conheci uma garota por aqui em minha juventude. - ele olhava em volta da cidade, parecendo ter certa nostalgia - Engraçado, naquele tempo, portões e muros imperiais me faziam me sentir segundo.

A carroça então para em frente um paredão de forma abrupta, junta de outras pelos lados, de costas para uma torre no centro da cidade.

— Espere. Por que paramos? - Perguntou o ladrão, aflito.

— Porque você acha idiota? Fim da linha.

— Em que sssentido? -Perguntou Nur - No sssentido da essstrada ou no sssentido de "já era pra nósss" ?

— Em ambos - Disse o nórdico. - Vamos. Não podemos deixar os deuses esperando.

Então todos os prisioneiros começaram a descer das carroças.

— Não, esperem! – Exclamou desesperado o ladrão - não somos rebeldes!

— Aceite seu destino com honra, ladrão.

Em frente a eles enquanto desciam da carroça, uma capitã imperial falou alto para todos os prisioneiros ouvirem.

— Caminhem até o local de execução quando forem chamados. Um de cada vez!

Outro soldado imperial, um nórdico, começou a chamada.

— Ulfric Stormcloak, Jarl de Windhelm.

O homem amarrado então se aproximou do soldado para marcar presença, e então caminhou até o pátio em frente à torre.

— Foi uma honra conhecê-lo, Jarl de Windhelm - Disse o soldado, em um tom meio de escárnio. Ele então continuou a lista. – Ralof de Riverwood.

O homem que vinha conversando com Nur e o ladrão até então passa na frente do soldado e o encara, recebendo uma encarada de volta, como se ambos se conhecessem.

— Lokir de Rorikstead – Chamou o soldado imperial.

— NÃO, ESPEREM! EU NÃO SOU UM REBELDE! NÃO PODEM FAZER ISSO!

— Fique no seu lugar, meliante! - Ordenou a Capitã.

— não! eu não vou ficar aqui para morrer!

O ladrão então corre em direção ao portão, desesperado para sair com vida. Porém ele, em seu desespero, não esperava ser acertado por uma flecha vinda de outra torre. O corpo de Lokir caiu duro no chão, morto.

— Mais alguém? - Perguntou a capitã, em tom de ameaça.

— Próximo! - Chamou o soldado.

O mercenário então se aproximou, e uma pergunta lhe foi direcionada.

— Quem é você?

— Er... Eu ssou Nur Dragirisss, e eu sssou um Argoniano, como pode ver... Hehe...

— Sim, percebe-se... És parente dos estivadores de Windhelm? – Perguntou o soldado, em tom de sarcasmo.

— Talvez. Ssse um dosss meusss irmãosss essstiver lá. – Retrucou o argoniano.

O capataz então olha a planilha que carregava e percebeu algo estranho.

— Capitã, o que fazemos? Esse nome não consta na lista.

— Dane-se a lista. Ele vai pro machado do mesmo jeito.

— Eu sinto muito - Disse o soldado ao argoniano. – Iremos garantir que seus restos sejam enviados para Black Marsh.

— Melhor do que enviar pra minha avó. Isssso iria fazer o dia da velha.

Nur então se direcionou para o centro do pátio, junto dos outros prisioneiros. Junto ao carrasco. Lá, o tal General Tullius iniciou uma bronca em Ulfric.

— Ulfric Stormcloaks, alguns aqui lhe consideram um herói. Mas um herói não usa um poder como a Voz para assassinar um Rei e usurpar o trono. Você começou essa Guerra. Mergulhou Skyrim ao caos, e agora o Império irá restaurar a paz com sua cabeça.

Então, de repente. Um rugido pôde ser ouvido ao longe. Não parecia ser de tigre dente de sabre, nem de Lobo, ou de urso, muito menos de mamute. Não. Parecia ser algo muito maior.

— O que foi isso? - Perguntou o capataz.

— Nada. - Respondeu Tullius. – Continuem.

Um sacerdote então vai até o centro das demais autoridades e começa uma prece aos deuses.

— Encomendamos vossas almas a Aetherius, que as bênçãos dos Oito Divinos estejam convosco, pois que são o sol e a terra de Nirn, nossos amados...

— Oh, por Talos, parem com essa ladainha. - Disse um dos prisioneiros - Não tenho o dia todo.

Sem uma boa resposta ao detento petulante pela interrupção, ela apenas concorda.

— ... Certo, vamos começar.

Eles então começaram a se preparar para começarem executando o prisioneiro apressado.

— Ei, com lisscensssa — Disse o argoniano, chamando a atenção - Eu essstou vendo que vossscêsss essstão pressstesss a executar esssse cara. Masss ssse não for muito inconveniente da minha parte, eu poderia sssugerir que comessçassssem pelo tal do Ulfric aqui?

Todo mundo olhou para o mercenário confusos, a fim de ouvi-lo. Ulfric, ainda com a boca amarrada, o encarou com fúria, como se estivesse escondendo o seu medo da salamandra convencer seus inimigos. Ou talvez estivesse apenas lhe xingando até a 5° geração. A capitã imperial, encarando Nur com cara de porta, apenas disse.

— continue.

— Tipo, pelo pouco que vi, aparentemente esssse tal de Ulfric é o líder da tal rebelião Ssstormcloak, correto? Então acho que ssseria maisss prudente comessçar a execussção por ele. Assssim a guerra acaba no momento em que a cabessça dele rolar para longe do corpo. Sssem falar que nunca ssse sssabe quando algo pode acontesscer e ele essscapar.

— Algo tipo o que? – Perguntou o soldado.

— Ah, sssei lá. Talvez uma operação de resssgate por parte desssses taisss Ssstormcloaksss. Ou um ataque de Draugrsss. O-ou até messsmo gigantesss. Vosscêsss tem gigantesss por aqui, correto? Ou messsmo a coisa que rugiu agora a pouco.

A Capitã então balançou a cabeça, em sinal de concordância.

— Muito bem então. Você vai morrer primeiro.

— A bom... ESSSPERA, O QUE?!

Então, de novo o rugido pode ser ouvido. Mais nítido e próximo que da primeira vez. Definitivamente não era nada que conhecessem.

— Aí! Vocês ouviram isso de novo? - Perguntou o soldado.

— Eu disse, "Você vai primeiro" pro Argoniano. - Insistiu a imperial.

— Tudo Bem. Avante, colega. Devagar e com calma.

E-ESSSPERA AI!!! NÃO NÃO NÃO NÃO!!! - exclamava desesperado o mercenário sendo empurrado por soldados.

De repente a situação se voltou contra o argoniano, como se as Hist e os Divinos tivessem decidido que aquela era sua hora.

Ele é empurrado e levado até a pedra onde apoiaria sua cabeça.

Porém ele ainda não havia aproveitado a vida como queria. Desde que fugiu da casa de sua avó, ele tem vivido uma vida difícil como mercenário.

Já em frente à pedra, Nur foi empurrado para se ajoelhar em frente ao executor, para que a cabeça pudesse se desprender mais fácil do corpo.

Em sua vida, ele cometeu vários erros, vários crimes, tudo em nome de grana para se sustentar. Nunca teve sequer a chance de ter uma família como ele sempre sonhou, e quando ele pensou ter achado um potencial melhor amigo, o mesmo o traiu e o colocou nessa enrascada.

O machado é erguido, mostrando o terrível brilho de sua lâmina. E então... Ele cai no chão, largado pelo seu portador, devido ao pequeno tremor do chão causado pelo pouso de algo na torre central.

Quando o mercenário se deu conta, estavam todos gritando, fugindo do lugar e, no topo da torre central, o potencial dono do rugido ouvido anteriormente. Uma enorme besta alada, com escamas negras e duras como Ébano e olhos mais vermelhos e brilhantes que o mais lapidado dos rubis. O corpo recoberto de espinhos até a ponta da enorme cauda. A criatura então ergue o seu pescoço comprido aos céus e libera um som estridente.

— Jiid SO DAAM !!(Lua TRISTEZA DESGRAÇA!!)

Com o grito da besta, o céu ficou nublado, as nuvens se aglomeraram acima do monstro e começaram a girar em círculo, formando um redemoinho, e uma furiosa tempestade de fogo tomou forma, atirando pedras flamejantes para todos os lados, destruindo uma enorme parte das casas e muros da cidade. Com o estrondo do rugido e das rochas se colidindo, o mercenário, ainda com as mãos amarradas, se desequilibrou e ficou com a visão turva.

Ao voltar a si, Nur percebeu que, na outra torre, mais próxima das casas e fixada aos portões da cidade, havia alguns nórdicos lhe chamando. Aparentemente eram Ralof e alguns Stormcloaks.

— Aqui, Argoniano! Aqui! - Gritou o nórdico na porta da torre.

O argoniano então correu em direção à porta a toda a velocidade. Ao entrar, Ralof fechou a porta o mais rápido possível. Lá, o rapaz percebeu que Ulfric já estava totalmente solto.

— Senhor Ulfric, o que era aquilo? - Perguntou Ralof - Seriam as lendas verdadeiras?

— Lendas não rugem e destroem tudo! - Respondeu o Jarl - Temos que sair daqui! Agora! Você e a lagartixa vão primeiro.

— Er, não poderiam me desamarrar primeiro? -Perguntou o mercenário.

— Não temos tempo!- Respondeu o capataz Stormcloak - Vamos Nur, venha comigo .

Os dois foram até as escadas da torre e começaram a subir, porém no segundo andar a besta apareceu, destruindo a parede e cuspindo fogo gritando com fúria.

— Yol TOOR SHUL!! (Fogo INFERNO SOL!!)

Com o grito, enormes labaredas avançaram, atingindo tudo dentro do segundo andar, transformando em carvão qualquer coisa de pedra e madeira ao alcance. Para a sorte dos dois, eles tinham parado nas escadas antes do monstro cuspir fogo. Ao sair e voltar a sobrevoar a cidade, o caminho ficou livre para que pulassem até uma casa cujo segundo andar também foi aberto pelo fogo.

— Não tem jeito, Nur, vamos ter que pular. Você primeiro.

Vosscê não vem?

— Eu vou logo depois. Vai logo!

O mercenário então saltou até a casa meio queimada e correu pelos cômodos até o outro lado, onde ele saltou de novo para chegar ao chão. Nur caminhou agachado até um senhor, uma criança e soldado o Imperial que fez a recepção dos prisioneiros, que estavam escondidos do monstro em meio aos escombros.

— Gunnar, proteja o garoto! - Ordenou o imperial - vou procurar pelo general Tulius para preparar as defesas.

— Kyne te abençoe, Hardvar. - Disse o ancião.

O soldado então olha para trás e vê o argoniano vivo, o que era uma surpresa visto a confusão.

— Oh, prisioneiro! Nur certo? Me acompanhe se quiser viver.

— Er... Tudo bem?!

Os dois então seguiram até um beco entre o muro do interior da cidade e duas casas. E nesse mesmo instante a criatura pousa, ali mesmo, o que obrigou Nur e o Imperial a ficarem parados escorados no muro para não serem percebidos. A criatura então mais uma vez gritou e cuspiu fogo no que estivesse pela frente, que no caso eram outros dois soldados a frente.

— Yol TOOR SHUL!! (Fogo INFERNO SOL!!)

Com o grito, as labaredas incendiaram tudo no caminho. Os dois homens foram queimados vivos e sucumbiram rapidamente.

Assim que a besta levantou voo e voltou a sobrevoar a cidade, os dois voltaram a caminhar. eles atravessaram uma das casas, agora totalmente destruída, e saíram na rua da cidade, que estava um caos. Pessoas correndo por suas vidas para todos os lados, feridas de queimaduras e arranhões, enquanto os soldados imperiais tentavam inutilmente controlar a multidão aflita.

Ao fundo, porém, puderam ver que os cavalos do General Tulius e dos Thalmors sumiram, o que significava que eles já haviam fugido.

— Parece que somos só você e eu, argoniano. Vem comigo, vamos sair daqui.

O Imperial liderou-os até o quartel-prisão da cidade, Porém lá eles se depararam com Ralof novamente, que parecia ter a mesma ideia.

— Ralof, seu maldito traidor! saia do meu caminho!

— Estamos fugindo Hardvar! Você não pode nos impedir.

— Otimo! Espero que essa coisa leve vocês para Sovengarde.

Os dois então seguiram caminho até portas diferentes até pararem para chamar o mercenário.

— Ei, Nur vem comigo se quiser viver. - Chamou Ralof.

— Me acompanhe Nur! Vamos nessa - Disse o Imperial, que aparentemente se chamava Hardvar.

Os dois então se voltaram pras portas e entraram rapidamente.

— Calma lá, meusss sssenhoresss! Eu sssou apenasss um!

O argoniano então parou por alguns minutos para se decidir no "uni-duni-tê" sobre quem seguir, até desistir ao ouvir os gritos de agonia da multidão logo atrás e decidiu ir com Hardvar.

Ao entrar na porta, o soldado comemorou.

— Ainda bem, você tá vivo. pensei que aquela coisa te matou antes que conseguisse entrar. - Então o soldado mudou de assunto. - A proposito, será que aquilo era mesmo um... -O nórdico hesitou por um momento em dizer a palavra -... um Dragão? Um dos Arautos do fim dos tempos? Bem, seja como for, acho que deveríamos continuar.

— Continuar? Claro! Masss ssserá que antesss vosscê poderia sssoltar minhasss mãosss amarradasss?

— Ah? Ah, sim! Claro! Venha aqui.

Nur então se aproximou e Hardvar cortou as amarras com uma adaga. Com as mãos livres, ele as mexeu a fim de diminuir a coceira que a corda havia deixado. O soldado se virou para a porta de grades de madeira, que estava fechada, e caminhou até ela.

— Muito bem, pegue o que puder e quando estiver pront...

— Pronto!

O Imperial estranhou e olhou para o mercenário, que já vestia uma Armadura Imperial Leve e manuseava uma Espada Imperial. Parecia de fato um argoniano a serviço do Império.

— Como foi que se vestiu tão rápido?

— Ah, digamosss que tenho mãosss hábeisss.

— Aham, sei... - O soldado colocou a mão no bolso, para conferir se seu dinheiro foi roubado e garantir que não seria.

— Relaxa, não gosssto de roubar. Masss ssse fosssse um disse meusss irmãosss aqui ao invésss de mim, vosscê já teria perdido sssua grana no momento em que virou asss cossstasss.

— Hã... Tudo bem, vamos!

Hardvar se voltou novamente para a porta, puxou uma corrente e a porta se abriu. Os dois caminharam até outra porta parecida, porém maior. Do outro lado puderam ver Ralof e outro soldado rebelde, que possuía um capacete com chifre.

— Olhe. Stormcloaks. prepare sua espada, a coisa pode ficar feia.

— Tem sscerteza? Não podemosss apenasss...

— Hã? ouviu alguma coisa? - Perguntou o outro Stormcloak para Ralof.

Quando ele percebeu, Hardvar havia puxado a corrente e a porta se abriu. Os dois soldados do outro lado se assustaram e foram ver o que era. Ao se encararem, Hardvar e Ralof não tiveram outra reação. Ambos avançaram gritando com as armas empunhadas. Porém algo um tanto inesperado aconteceu.

— PAREEEEM!!!

Nur se meteu no meio dos dois, apontando as palmas das mãos para ambos, em sinal de "pare".

Vosscêsss não veem a sssituassção em que nosss encontramosss? O sscéu essstá literalmente caindo em nossssasss cabessçasss lá fora e vosscêsss essstão brigando, sssendo que todosss queremosss asss a messsma coisa, que é sssair daqui com vida! - O argoniano suspirou e arrumou a própria postura - Olha, por maisss que eu não fassça parte dessssa guerra, eu entendo o lado de vosscêsss. Masss vamosss resolver isssso como adultosss: ssse querem messsmo ssse matarem, fassçam isssso lá fora, em um campo de batalha. NÃO ME ENVOLVAM, NESSSTA DROGA!

Os dois se encararam e, em sinal de concordância, balançaram a cabeça. O argoniano encarou o outro soldado, que parecia olhar aquilo com certo espanto, e concordou com a cabeça também.

— Ótimo! Agora. Nosss lidere, Hardvar.

— Porque que ELE tem que nos liderar? - Questionou o Stormcloak sem capacete.

— Não sssei. Talvezzz porque ele é Sssoldado Imperial e aparentemente já trabalhava aqui?

— Eu também trabalhava aqui, inclusive antes dele. Sei o caminho melhor que ele.

— ÓTIMO!! - Afirmou o mercenário, cujos outros três homens não conseguiam distinguir suas expressões, mas seu tom de voz insinuava que estava quase sem paciência - Então VOSSCÊSSS DOISSS vão liderar a droga do caminho!

Os dois suspiraram e aceitaram. O grupo seguiu caminho pelos corredores da masmorra que era esse quartel. Até chegarem em uma sala que aparentemente era onde ficavam alguns prisioneiros e equipamentos. Havia uma mochila e um livro numa mesinha no centro do cômodo, algumas gaiolas nas paredes, uma área separada por grades com uma bancada, e um corredor no final de uma das paredes.

— Muito bem - Chamou a atenção Hardvar - Peguem o que puderem. Qualquer coisa pode ser necessária.

O argoniano se voltou para a mesinha no centro e revirou a mochila. Havia uma maçã, uma gazua de arrombamento e uma Poção de Saúde. Ele então olhou para o livro na mesa. Era um livro de capa dura bem preto, não mostrava nenhum título, apenas o símbolo do Império Cyrodillico grafado no centro. Ao abrir o livro o título que mostrava era "O Livro do Dragonborn".

— Hum... Beleza, vou guardar pra quando eu essstiver entediado.

— Achou alguma coisa? - Perguntou o soldado de capacete.

— Ah, sssó um livro. E vosscê?

— Também. Achei um Tomo de Magia dentro de uma das celas. Não tenho interesse em aprender, mas poderia dar uma boa grana. Hehe. O único problema é que a cela está trancada e não achei nenhuma chave ou gazua.

— Hum... Eu tenho uma aqui. deixa eu tentar?

— Por mim tudo bem. - O nórdico se desaproximou da porta para abrir espaço para Nur. - Mas duvido que consiga de qualquer jeito. não com apenas uma...

Consssegui.

— ..... Gazua... Como conseguiu?

— Tenho mãosss hábeisss.

O soldado colocou a mão no bolso, para conferir se seu dinheiro foi roubado e garantir que não seria.

Ralof se voltou para os dois e perguntou.

— Muito bem, vocês dois já terminaram?

— Eu já - Disse o mercenário.

— Eu também. - Respondeu o soldado.

— Ótimo, nós também. - Completou Hardvar.

Os quatro então voltaram a caminhar pelos corredores. Passaram por uma ala de prisioneiros, uma sala de tortura e nela havia um buraco que levava até uma caverna. após passarem por ela encontraram uma área abandonada, com pessoas ali.

— Se abaixem - Sussurrou Hardvar.

— O que foi? - perguntou o argoniano, preocupado.

— Bandidos. Devem ter escapado da prisão. Sinto muito Nur, mas esses você não vai conseguir usar suas habilidades de oratória.

— Tudo bem, Sssó me dê algunss minutosss para que eu possssa bolar uma...

— POR SOVENGARDE!!!!!

O mercenário não conseguiu terminar sua frase ou seu plano, pois os dois Stormcloaks avançaram brutalmente contra os criminosos, os atacando com tudo. Vendo que a ocultação deles foi perdida, os outros dois se juntaram à confusão. Hardvar se juntou a Ralof para enfrentar o mesmo bandido, enquanto o soldado Stormcloak cuidou de outro bandido, sobrando apenas dois com arcos.

Nur avançou sobre um deles com uma espada em mãos e o golpeou repetidas vezes até ele cair. Com isso, o outro apontou o arco para ele e atirou, errando o alvo. Mas o argoniano prontamente arrancou o arco das mãos do que caiu e atirou uma flecha na cabeça do outro sem dar chance de um segundo tiro.

— Estão todos bem? - Perguntou o Nórdico sem capacete.

— Você quer dizer, depois de vocês dedurarem nossa localização? - Ironizou Hardvar - estamos sim.

— Ora, vamos! Funcionou, não funcionou?

Vamosss ssseguir caminho logo, antesss que esssse lugar caia - O mercenário aponta pra cima, mostrando o teto tremendo. O som do dragão e das pessoas gritando atravessava o chão acima e chegava até eles. O monstro parecia estar fazendo a festa lá em cima.

Os três seguiram por um caminho estreito que se conectava ao outro lado por uma ponte. Após atravessarem a ponte, foi a vez do soldado Stormcloak. Porém no momento em que ele estava atravessando, o dragão destruiu o teto acima da ponte, derrubando-o em cima do homem. Os três então olham aquilo assustado. Poderia ter sido qualquer um deles ali. Ainda mais Nur, que tinha sido o último a atravessar antes do soldado.

—... OkaaAAY!!! Vamosss... ssseguir caminho como ssse nada tivesssse acontesscido...

O trio então seguiu caminho pela caverna, cada vez mais profunda, até pararem devido a presença de uma enorme massa de gordura e pelo, que estava deitada de costas para eles.

— Ei, olhem! - Apontou o nórdico Imperial - Um urso. Vamos tentar passar por ele sem sermos vistos.

— Eu tenho uma ideia melhor - Afirmou Nur, tirando das costas o arco que tinha pego anteriormente.

O mercenário atirou a primeira flecha, que atingiu a nádega direita do predador. O animal então levantou enfurecido e rugiu para cima de dor. Ao olhar para trás ele viu os três e, vendo dois macacos e um lagarto, não pensou duas vezes em ir mancando para cima deles. Porém ele nunca conseguiu chegar até eles, pois a segunda flecha atirada pelo argoniano atingiu seu olho esquerdo em cheio, se cravando no cérebro e o matando. Quando o animal caiu no chão, o mercenário correu até e, com uma adaga, cortou o couro animal.

— Hehe. já vou garantir material para uma armadura nova.

— C-ham c-ham. - Ralof chamou atenção do saxhleel - será que pode se apressar, a gente já está quase na saída.

— Pera ai, já essstou quase e... - nisso Nur dá o último corte no animal morto e guardou o couro do urso - Pronto! Vamosss nessssa!

Os três então voltaram a andar e finalmente chegaram até a saída.

Ao atravessarem a saída da caverna, a luz do sol machucou um pouco da retina do argoniano, que já havia se acostumado com a escuridão da caverna. Um tapete de neve cobria cada rocha, cada mato, cada árvore. O frio imperava até onde a vista alcançava, assim como montanhas, que podiam ser vistas a todo lado, incluindo a famosa Garganta do Mundo, a montanha mais alta, não só em Skyrim, mas em todo o continente de Tamriel, e nesse momento ela podia ser vista a direita da saída da caverna.

Assim que saíram, a visão que tiveram era do dragão saindo voando da cidade, em direção ao norte.

— Está indo para Whiterun - Afirmou Ralof.

— Alguém precisa avisar ao Jarl Balgruff. - completou Hardvar. - Nur, gostaria de vir conosco até nossa cidade, Riverwood? Ralof tem uma irmã lenhadora e eu tenho um tio ferreiro. Ambos residem lá. Eles podem te dar assistência no que quiser, certo Ralof?

— É claro. Você nos deu uma certa força lá atrás. sinta-se nosso convidado.

— Hum. tudo bem. Eu vou com vosscêsss.

— Ótimo! - disse o Stormcloak - venha conosco.

Os três seguiram uma trilha rumo à cidade. Passaram por uma placa em uma divisão de caminho e seguiram para a direita, rumo a Riverwood.