O silêncio reinava em na Mina da Barriga Vermelha. Com uma ponte que ligava a porta da caverna com o outro lado dela uma escada, que descia em espiral até o fundo, o lugar não parecia ter nenhum mineiro. No lugar, aparentava ser habitado por aranhas. Diversas aranhas gigantes, com tamanhos variando de 1 a 2 metros de comprimento, andando de um lado para o outro.

De repente, um zunido, e uma flecha acertou uma das aranhas, que se encontrava do outro lado da ponte, a matando instantaneamente. Com isso, duas delas que estavam na escada se surpreenderam e foram conferir. Antes que a primeira pudesse atravessar completamente a ponte, uma figura saltou do corredor largo que dava na porta, caindo em cima do aracnídeo cravando sua espada de Ébano.

Era Inigo, que então se voltou para a outra, pronta para lhe atacar. Quando ela saltou para lhe atacar, ela foi fatiada ao meio por um movimento rápido da espada.

Assim que o corpo cortado da criatura caiu para os lados, o kajiit avançou com tudo até a escada, e saltou, aterrissando em uma outra aranha. O frenesi o consumia a cada barulho de estalo das articulações e do exoesqueleto das criaturas.

Mais uma aranha, essa abriu sua mandíbula e cuspiu veneno contra o arqueiro. Porém ele se virou para o lado, e esquivou. Em resposta, ele moveu o braço direito de cima para baixo, quebrando a criatura.

Conforme Inigo descia, mais e mais aranhas caiam. Ao chegar no chão, duas aranhas de dois metros aguardavam-no. Uma começou a se distanciar para se preparar para cuspir veneno, enquanto outra avançou contra o kajiit. Ele então pegou a primeira que foi em sua direção com a espada e a ergueu, se protegendo do veneno cuspido pela outra, e logo após tremeu sua lâmina a fim de desprender o corpo do aracnídeo. Sem saída, ela então salta contra ele, abrindo suas mandíbulas e se preparando para o bot. Porém rapidamente, quando ela salta, ele aponta para a espada nela, e quando ela está perto de chegar nele, a criatura é atravessada pela arma. O arqueiro então treme seu braço para baixo, jogando o corpo da aranha para o lado.

— NÃO QUE SSSE EXIBIR MAISSS NÃO? - gritou ironicamente uma voz argoniana mais acima. Ao olhar para cima, ele viu que era Nur ainda na ponte. - TALVEZZZ DANDO ALGUMASSS PIRUETASSS NO AR OU ALGO ASSSSIM. QUE TAL?

— FOI MAL! - gritou Inigo em resposta - É QUE EU ADORRO MATARR ARRANHAS! O SOM DO ESTALARR DELAS É PRRAZERROSO DEMAIS PARRA MIM, E ACABEI ME EMPOLGANDO!

— DEU DE PERCEBER! - Gritou Lydia lá de cima, que estava junta do argoniano - NÃO DEIXOU NENHUMA PRA GENTE!

Logo depois da fala da nórdica, Inigo pode ouvir, mas com certa dificuldade, a voz de Derkeethus lá em cima, perguntando para Nur.

— Bem, já acabamosss aqui né? Afinal, todasss elasss foram mortasss.

— Na verdade sssim— respondeu o irmão - Masss Flinjar disssse que ssse conssseguisssemosss acabar com asss aranhasss, poderíamosss pegar um pouco dosss minériosss daqui. Ele até me sscedeu uma picareta pra mim. E poxa, olha pra isssso— ele então aponta para um veio rochoso, que explunha um mineiro negro, semelhante a carvão, mas mais metálico - é Ébano! Sssimplesssmente o metal maisss raro e resissstente de toda Nirn. Asss melhoresss armadurasss pesadasss são feitasss disssso. Não é de ssse jogar fora.

— Pelo jeito vosscê anda afim de forjar o próprio equipamento, correto, maninho?

— Óbvio. Não quero depender apenasss de pilhagem para conssseguir armasss e armadurasss melhoresss. Ssse for assssim, talvez eu nunca tenha uma armadura de Ébano, quanto maisss uma disssso daqui - ele então ergue o braço, mostrando suas manoplas.

— Verdade. vosscê contou que sssão feitasss de osssso de dragão.

— Poisss é. E eu presscisei de Ébano também para faze-lasss. E imagino que presscisarei de bem maisss para fazer o resssto.

Inigo então, que havia subido as escadas em forma de rampa e esteve ouvindo a conversa deles, se aproximou e disse.

— Então acho que você deverria começarr agorra, não?

— Tá sscerto.

O saxhleel então pegou sua picareta, se aproximou de um veio de Ébano, e começou a bater nele.

***

O grupo estava em Shor's Stone, uma pequena vila ao norte de Riften, formada por apenas três casas, sem muro ou qualquer barreira, a cidade era habitada por apenas quatro pessoas. Nem mesmo guardas se faziam presentes na cidade. Devido a aranhas gigantes dominando a mina, o domínio de um grupo de bandidos salteadores do Forte Greenwall, que ficava ao sul da vila e se encontrava na trilha da estrada, e que começaram a estorquir o moradores, e a vinda de um dragão a menos de uma semana se estabelecendo em uma vila desabitada e destruída no topo da montanha chamada Cume Northwind, a cidade se encontra nas últimas. Até mesmo guardas pararam de serem mandados. Poucos suprimentos chegavam até o local, não tinham como trabalhar e nem como sair dali.

Com a vinda do grupo de Nur, no entanto, as coisas parecem poder melhorar. Eles já haviam lidado com os bandidos de manhã, e agora Inigo havia lidado com as aranhas.

Era de noite, e eles estavam descansando um pouco, se preparando para irem à caça do dragão. Eles se reuniram em frente a uma forja de ferreiro que se encontrava dentro de uma área aberta da casa do ferreiro Filnjar, em cima de um barranco, que em frente havia uma rota que levava até a mina. Em frente a forja, o grupo esquentava um cervo abatido por Lydia.

Nesse meio tempo desde que partiram de Riften, Inigo conseguiu conhecer melhor o grupo. Lydia era uma "ex-lider", por assim dizer, dos companions, e por ter sido a pessoa mais forte a servir a guarda do feudo de Whiterun, foi destituída de tudo o que fazia para se tornar housecarl de Nur. Derkeethus era irmão de Nur, e trabalhava como mineiro até algum tempo, quando reencontrou o congênito e descidiu segui-lo. Já Barbas andava com eles pois Nur tinha um trato com o mestre dele, Clavícus Vile.

Não só ele conhecia melhor o grupo, como o grupo agora o conhecia melhor. O grupo comia enquanto conversavam com Inigo, que contava de seu passado.

— E então - Dizia o kajiit - Por conta de ter crrescido nesse ambiente um tanto homogêneo em Rriverrhold, meu vocabulário acaba sendo um tanto varriado. Sendo até mesmo que não conjugo verrbos falando de mim mesmo na terrceira pessoa como a maiorria dos khajiits.

— Eu percebi isso - comentou a nórdica - mas temi incomodar comentando disso. Nunca tive certeza se eram todos os kajiits que falam assim.

—Não se prreocupe com isso. Porrém… - ele então abre a boca e da uma mordida no pernil a sua frente. Ele então continuou a falar enquanto comia nem tudo dá prra mudar. - ele parou para engolir o pedaço de carne em sua boca e continuou - Eu ainda carrrrego cerrto sotaque de rronrronar ao falar a letrra "errre".

— E sobre essas manchas brancas em seu rosto?— questionou Barbas.

— Oh, isso? - Ele então aponta para a própria cara - Assim como minha pele azul, o meu padrrão de manchas brrancas em meu rrosto são de nascença. Isso inclusive me fazia me destacarr por entre as crrianças.

— Então vosscê devia ssser o sscentro dasss atenssçõesss da turma de amiguinhosss, não? - Derkeethus indagou.

— Na verrdade não. Não de uma forrma positiva. A forrma como elas e os demais adultos olhavam parra mim fizerram com que desde crriança eu rrepudiasse o prreconceito. Meu irrmão, Ferrgus, erram o único que me defendia das maldades das crrianças, e meus pais erram os que o prrotegiam dos adultos.

Vosscê disssse que ssseusss paisss adotivosss eram uma kajiit e um Argoniano, correto? É um casal um tanto inusitado, ainda maisss levando em conta a rivalidade entre nossssasss rassçasss.

— Suas raças são rivais? Sempre pensei que por serem, er... "homens-besta", vocês se entendessem e se ajudassem.

— Na verdade não, Lydia. - interrompeu Nur, que ao invés de comer, estendia ossos de dragão com uma pinça de ferreiro, tentando esquenta-los - esssse é um mito relativamente comum entre povosss humanosss e élficosss. Masss a verdade é que Argonia e Elsssweyr sssó não entraram em guerra até hoje por causa da ssseparação geopolítica que Sscyrodill cria.

— Felizmente em Rriverhold, a maiorria dos habitantes erram Scyrrodilicos, então meu pai não sofrria tanta rrejeição. Mas uma vez, na prrimeirra vez que acompanharriamos nossa mãe no comérrcio na cidade grrande, ela acabou adoecendo. Ela se rrecuperrou depois, mas quando isso ocorrreu, nosso pai quem teve que irr com a gente. Se conseguimos venderr qualquer coisa, foi grraças ao Ferrgus. Não só ele erra parrticularrmente bonito, com um pelo dourrado como o sol, como também ele erra ótimo com as palavrras.

— E o que ocorreu com ele? Você tinha citado lá na cela que ele morreu…

— Bem… - o Kajiit fez uma pausa dramática, mordendo mais um pouco da carne a sua frente e então continuou - quando finalmente nos torrnamos adultos, Ferrgus e eu saímos por aí, como aventurreirros prrocurrando apenas glórria, ajudando diversas pessoas no caminho. Até que um dia, paramos em uma vila, que por uma infeliz coincidência vinha sofrrendo ondas de rroubo, e os habitantes acrreditarram que foi a gente.

Apenasss por Vosscêsss ssserem kajiitsss. - presumiu o saxhleel de chifres.

— Sim. Eles aberrtamente diziam acrreditarr nisso. Eles colocarram fogo na cabana em que dorrmiamos. Meu irrmão conseguiu me salvar me acorrdando, me entrregando a espada dele e me fazendo corrrerr o quanto eu podia. Infelizmente ele não conseguiu se salvar - ele então parou um pouco para soluçar, enquanto algumas lágrimas escapavam de seu rosto. - foi mal. Ainda é difícil prra mim.

— Não, tudo bem. Nós é que pedimos desculpa por te fazer lembrar disso.

— Sem prroblema. Nós somos uma carravana, não? Temos que ser aberrtos uns com os outrros.

Ao ouvir aquilo, o saxhleel mais claro suou frio por um momento, de forma que apenas seu rosto estático de réptil lhe permitiu passar despercebido da maioria. Até de seu irmão. Mas algo mais naquela frase lhe chamou a atenção e lhe permitiu redirecionar a conversa.

Nósss? Uma caravana?

— Bem, a meu verr, sim. - respondeu Inigo - Afinal, somos um grrupo de andarrilhos viajando em missão e que prrotegem uns aos outrros se necessárrio. Parra mim isso é uma carravana.

— "Caravana do Dragonborn" - disse Nur, olhando para cima com um olhar aparentemente contemplativo - Sssoa como um bom nome. Hehe

— Convencido! - exclamaram em unisono os outros quatro.

Com a resposta deles, o argoniano escuro emburrou a cara e voltou novamente sua atenção aos ossos a sua frente.

Barbas então voltou sua atenção novamente a Inigo e lhe questionou, mudando para o assunto anterior.

— Bem, então o que você fez depois que seu irmão morreu?

Em resposta, o kajiit azul suspirou, tenso com aquelas lembranças.

— Bem, depois disso, eu voltei trriste para Rriverrhold, a fim de darr a notícia aos meus pais. Porrém, como se já não fosse o suficiente, quando eu cheguei, - sua voz começou a ficar mais rápida, à medida que ficava mais tensa - fui noticiado que meus pais tinham saído de suas aposentadorrias como merrcenárrios e aceitarram um trrabalho de escoltarr uma carrroça, mas sofrrerram um ataque surprresa de bandidos. - ele hesitou balbuciando antes de dizer a frase seguinte - eles morrrerram em batalha. Me inforrmarram a onde eles estavam e corrri até lá. Quando cheguei, os encontrrei abrraçados em uma cova rrasa. Meu pai deve ter puxado minha mãe em seus últimos momentos de vida e se jogado com ela nele.

Inigo não conseguiu parar de chorar. Mesmo sendo homem feito e aquele evento ter ocorrido a anos atrás, aquelas lembranças ainda lhe doiam. Lydia, Derkeethus e até mesmo Nur, que já havia ouvido aquela história antes, sentiam o peso daquelas palavras e deixavam escapar uma ou outra lágrima. Mesmo Mr. Dragonfly em seu pote amarrado à cintura do kajiit parecia se emocionar. O único que parecia não se importar tanto era o cão, que comia seu bife tranquilamente, apesar de internamente se compadecer da dor dele. Mas sem grandes sentimentalismos.

— Bem - o arqueiro então se recompôs e tossiu de boca fechada, tentando corrigir a própria voz. - não bastando a morrte de meu irrmão, a de meus pais se acumulou a ela, e o mundo da Skooma acabou sendo a única saída que achei. Ao bebê-la, eu esquecia dos prroblemas, e tinha alucinações que me faziam me sentirr como se pudesse alcançarr o Quin a qualquerr momento. E ao me intrroduzirr ao mundo da Skooma, me intrroduzi também ao mundo do crrime. Entrrei em uma gangue de salteadorres parra conseguirr sustentarr meu vício. Mas nem tudo erra rruim. Nesse meio eu conheci o amorr e a amizade.
– É mesmo? E ela, ou ele, era bonita?
– linda na verrdade. E extrremamente inteligente e arrdilosa. - ele dizia aquilo um tanto animado, com as orelhas levantadas apontando ao teto. Mas ao continuar ele desanimou e abaixou suas orelhas - Porrém ela não me amava de verrdade. No final ela querria apenas alguém forrte que a prrotegesse, e quando ela achou um brrutamontes mais forrte que eu, fui descarrtado como uma garrrafa vazia de poção.

Ao terminar aquela fala, todos ficaram nervosos de continuar. Temiam falar qualquer coisa insensível sobre aquele caso. Vendo o clima tenso que criou, Inigo tentou descontrair.

– Bem, parrando prra pensarr, eu não deveria ter considerado isso como uma coisa boa, né?
– Não mesmo - disseram os outros em unisono, pra logo depois rirem.
– Ei, e aquela "amizade" que vosscê disssse antesss? Não era o Nur. Pelo que vosscêsss contaram, vosscêsss ssse conhessceram bem depoisss.
– De fato… Derrky…. Posso te chamarr assim também? - o argoniano moveu a cabeça em sinal de positivo - Ótimo! Bem, de fato o amigo que conheci ali nem arrgoniano erra. Mas sim um khajiit chamado Félix. Assim como eu, ele também passou por dificuldades na vida. E assim como eu, também erra um viciado em Skooma. Juntos, nos ajudavamos a superrarr a cada dia nosso vício. Até saímos juntos da gangue, a fim de tentarrmos vida nova como merrcenárrios.

— E onde ele está agora? - perguntou o daedra.

O arqueiro novamente abaixou as próprias orelhas ao lembrar do destino do amigo.

— Ele também morrreu. Teve um momento em que tivemos uma rrecaida, e em uma noite ele veio até mim desesperado, querrendo minha parrte da Skooma. Então, sem saída, lutei parra me defenderr, e acabei o matando. Passei então a trrabalharr sozinho até conhecerr Nurr. E o rresto vocês já sabem.

E mais uma vez, o clima ficou meio tenso. Já estava claro para todos ali que a história de Inigo não era das mais alegres. Possivelmente a mais trágica daquele círculo. Ele então tentou mudar de assunto.

— Bem, chega de falarr de mim. Er... Derrky! Qual é exatamente sua histórria? Tipo, eu e Lydia converrsamos no Forrte grreenwall e ela me contou de onde ela veio. Mas ainda não sei sobrre você, além do fato de serr irrmão de Nurr.

O argoniano deu uma mordida em sua parte da carne de cervo, outro pernil, e após engolir, respondeu.

— Não tem muito o que dizer na verdade. Assssim como todo sssaxsshleel, eu e meusss irmãosss nassscemosss em Argonia, ou Black Marsh para osss não sssaxsshleel. Quando eramosss crianssçasss, um asscidente domessstico com velasss inissciou um insscendio em nossssa casa quando essstavamosss fora, e como consscequênsscia, nossssosss paisss morreram.

Aquela resposta surpreendeu a nórdica e o kajiit. Parecia que todos ali tinham alguma desgraça para contar.

— posso estarr errrado, pois não consigo verr muito de sua exprressão, mas você não me parrece muito trriste com isso

Em resposta, o saxhleel de chifres deu de ombros e disse.

— Já fazzz muito tempo. Eu acabei sssuperando com o tempo. A única coisa que me resssta dessssa época é a sssaudadesss de meusss paisss. Masss nada além disssso. - ele então dá mais uma mordida na carne e engole o pedaço. - Bem, continuando, depoisss disssso ficamosss algunsss mêsesss na rua como arruassceirosss. Eu e Lifter eramosss osss unicosss que roubavamosss comida. Attron era pessssimo nisssso, e Nur, que sssempre teve um Sscerto sssenssso de jussstissça, ssse negava a roubar.

— Mas ele ainda comia a comida roubada, imagino?

Com o comentário do cachorro, os três voltaram suas atenções ao Dragonborn, que reparando no grupo, respondeu.

— Claro, orasss? Sssou ético. Não burro.

— Tá, mas senhor Nur, isso é hipocrisia.

— Nã-não! É pragmatisssmo. Eu não roubei nada, Lydia. Masss não vou deixar de comer ssse outra pessssoa roubou.

A expressão do grupo não foi a mais feliz ao ouvir aquilo. Todos o encaravam com um olhar penitente.

— QUE? Vão me julgar agora? Eu não roubei, roubei? Eu toquei no bolssso de alguém? Peguei da barraquinha de alguém sssem pagar? Não! Então vosscêsss não tem o direito de julgar!

— Até porque eu que fazia o trabalho sssujo, né não?

Isssso é apenasss um detalhe.

Eles obviamente não engoliram aquela história. Derkeethus então continua.

— De qualquer forma, Nesssse meio tempo Nur tinha o cossstume de ir até nossssa antiga casa e revirar osss dessstrossçosss a fim de achar qualquer coisa que tivesssse sssobrevivido. Eventualmente, ele dessscobriu algumasss cartasss na cômoda da nossssa mãe, que provam que tinhamosss uma vó, e que ela essstava viva em Cyrodill. Asss cartasss possssuíam até pissstasss de onde ela morava. Nosss então ssseguimosss asss pissstasss e… - o argoniano de chifres encarou para o de penas do outro lado da forja, que encarou de volta e apenas moveu a cabeça de leve negativamente - Bem, a gente achou a casa dela. E ela, apesar de exsscêntrica, nosss assceitou e criou a gente. Ela até messsmo nosss treinou em combate, a fim de nosss ajudar com nossssa defesa pessssoal. Quando completamosss 18 anosss, sssaimosss de casa e tornamosss rumosss diferentesss em nossssasss vidasss. Eu me tornei mineiro aqui em Ssskyrim.

— … E o Nurr se torrnou merrcenárrio, não?

Sssim— respondeu Nur - com a diferenssça de que me tornei bem maisss sscedo. Apesar da ideia de nosss mudarmosss para lá ter sssido minha, eu não me acossstumei com a casa da nossssa avó. Passssei boa parte do tempo tentando fugir. Ssse aquela velha não fosssse argoniana eu teria essacapado maisss sscedo. Masss não era o caso, e como uma argoniana maisss essxperiente que eu, ela sssacava todosss osss meusss planosss de fuga e ficava 41 passssosss a frente de mim. Sssó consssegui dar um jeito de ficar 42 passssosss a frente dela com 16 anosss, que foi quando consssegui fugir daquele lugar insssuportavel. A partir do dia em que fugi me tornei mersscenário. Um essspecializado em trabalhosss que envolvessssem matar. E bem, cá essstamosss nósss. – Enquanto ele dizia isso, o saxhleel se distraiu por um momento, e o osso de dragão na pinça de ferreiro em sua mão se aproximou demais do centro, derretendo como uma gosma e caindo na fornalha. Ao perceber aquilo, ele se frustrou ainda mais e esbravejou - ah, droga!

— Algum prroblema?

— Pra falar a verdade, sssim. Eu pensssei que ssseria maisss fásscil ssse eu fizesssse apenasss uma adaga de osssso de dragão ao invezzz de uma parte de armadura. Porém é praticamente impossssivel. Essssasss coisasss sssão exsstremamente resissstentesss a fogo. Fica difisscil de modelar para uma lâmina, e ssse Eu aproxssimo demaisss do fundo, derrete de vez e cai na forja. Sssem a ajuda de um ferreiro maisss exssperiente, vou acabar apenasss desssperdissçando todosss osss meusss ossssosss e essscamasss atoa.

— Porque não pede ajuda de Filnjar? - questiona Derkeethus - Ninguém negaria ajuda ao Dragonborn. Ainda maisss depoisss dele ter ajudado a vila dele.

— Não presscisa. Ele e a mulher dele essstão dormindo. Não quero acordá-lo por isssso. - ele então pega os ossos, pondo toda sua força nos braços para conseguir ergue-los. - No final… N-Não importa… Nósss

— Com licença, Senhor Nur - Sua housecarl intervém e os pega por ele, segurando as ossadas com mais facilidade

— Obrigado Lydia. Venha. - ele então a leva até Frost, o cavalo de argoniano de chifres, e começa a amarrar os objetos no lombo dele. - como eu dizia, nósssEssstamosss de partida messsmo. Vamosss acabar com aquele dragão e voltar a caminhar.

— Para onde estamos indo mesmo, Senhor Nur?

— Bem, nosssso objetivo original era… - ele então para o que estava fazendo e tira de seu bolso o mapa, a fim de lembrar o nome do lugar - Ussstengrav! Ao oessste de Morthal. No caminho para lá, da essstrada que tomamosss, nósss passssaremosss para Whiterun, então iremosss dar uma parada lá.

— Whiterun? - A nórdica ficou surpresa ao ouvir aquele nome, parecia que fazia anos que não ouvia o nome da própria cidade natal, que foi cenário da maior parte de sua vida. - Isso é ótimo! Faz tanto tempo, e ocorreu tanta coisa desde que saímos de lá.

— E lá eu talvez consssiga asssissstensscia fazer uma adaga ou um par de botasss de osssso de dragão.

— Se servir de ajuda, senhor Nur, eu conheço o melhor ferreiro da cidade. Talvez se eu pedir, ele possa lhe dar ajuda com isso.

Isssso ssseria ótimo, Lydia. Muito obrigado.

O ladino então anda em direção a eles, limpando o braço os lábios sujos de carne e jogando o osso em sua parte da comida fora, e os interrompe.

— Tá bom, né? Então vamosss logo.

Dito isso, o grupo se pôs a andar pela estrada até a gruta do dragão. Conforme caminhavam, o sol se erguia no horizonte, marcando o seu nascer.

Pessssoal— chamou Nur - eu tava pensssando naquele lanssce que Inigo disssse, de nósss sssermosss uma caravana.

— Vai sssugerir o nome de "Caravana do Dragonborn" de novo?

— Nah! Que nada. Tava pensssando em "Caravana do Dragão". O que acham?

Um momento de silêncio prosseguiu com o resto do grupo, que pensava sobre aquele nome. Logo em seguida, eles responderam em unisono.

— Eu gosto!

— Maravilha! Então prossssigamosss, Caravana do Dragão! - ele então se interrompe, saca sua catana, e a ergue imponentemente para o alto - aventurasss e louvoresss em nossssa gloria ainda nosss esssperam!

Após um tempo pensando enquanto Nur fazia pose, Derkeethus pôs as mãos no rosto infornformado e disse

— Ah, não! O "Dragão" nesssse nome é vosscê, né?!

O irmão dele então se volta para ele e apenas responde, simulando um sorriso humano mostrando os dentes.

Sssim.