Skins: Time Changes Everyone

Time Changes Everyone: Sarah II


Rose Black, ou melhor minha mãe biológica havia morrido de uma overdose, uma mistura fatal de heroína, cocaína, e álcool, que fez com o que o seu coração parasse e seu último suspiro fosse dado.

E lá estava eu, dirigindo meu carro, com um adolescente de 12 anos, que era meu irmão, porém éramos completos desconhecidos. O nome do meu irmão era Harry Black, parecia calmo, sereno, muito diferente de mim quando tinha sua idade ou da maioria dos outros jovens, o que era incrível, sendo que o garoto tinha vivido no meio de tantas coisas pesadas.

–Você tem algum chiclete? - perguntou ele, quebrando o silêncio, ainda não havíamos falado nada desde que a assistente social havia me entregado ele.

–Sim, no porta luvas... - respondi, assim como o garoto eu não era de muitas palavras.

Harry abriu o porta luvas, pegando um Trident, e também um porta retrato, o qual eu sempre levava comigo no meu carro, mesmo percebendo que o garoto olhava curioso para foto não falei nada.

O garoto observava a foto atentamente.

–A garota vestida de astronauta é você certo? - ele disse.

Um sorriso no rosto me veio ao lembrar da foto tirada a anos atrás, no Halloween de 2011. Uma época feliz da minha vida, uma época que parecia tão distante, tão inalcançável...

Fiz sinal positivo com a cabeça.

–E o cara de Super Homem?

–Meu ex-namorado Carl...

–E o garoto vestido de Naruto?

–Will, ele era meu melhor amigo na escola.

–E você ainda fala com ele?

Suspirei fundo e tentei ser paciente com Harry, aquelas perguntas traziam lembranças boas mas também dolorosas, ficar relembrando do passado não era o meu forte.

–Não muito.

–Sabe você deveria falar com ele mais vezes, nunca se sabe quando alguém irá morrer.

–Garanto que Will está bem Harry. - falei, mesmo não tendo notícias, e não falando com ele a alguns anos.

–E o garoto vestido de Homem Aranha?

–É Frank, também era meu amigo.

–E com ele você fala?

–Não. Ele está morto.

O garoto se calou por alguns instantes e guardou o porta retrato no porta luvas.

–Eu sinto muito. - falou ele baixo.

–É... eu também.

***

Os dias se passavam lentamente. Uma mistura de coisas boas e ruins aconteciam ao mesmo tempo. Harry meu irmão de 12 anos, já estava habituado totalmente com sua vida nova, o garoto não demonstrou problema algum ao saber que eu e Juliet erámos um casal, ele simplesmente aceitou da melhor forma possível, sendo até bem apegado a Juliet, mais que a mim. Harry também já pegava um percurso em sua vida, eu matriculei na minha antiga escola, agora o garoto passava mais tempo na escola que em casa.

O que continuava a me preocupar era a situação do meu parceiro de trabalho Brian. Que estava entre a vida e a morte, em coma. Os médicos diziam que já não podiam fazer mais nada apenas observa-lo e medica-lo, e torcer por um milagre.

Eu acreditava em milagres. Se acreditava! Já havia passado por uma experiência de coma, com outro amigo meu, em minha adolescência, quatro meses depois ele só acordará, do nada, como se nada tivesse acontecido.

Mas eu fui ingênua. Era uma manhã fria em Bristol, eu fazia minha ronda com meu novo parceiro Justin, quando recebi uma ligação, que faria minhas pernas tremerem e meu estomago revirar.

–Aconteceu Sarah, Brian nos deixou. - disseram na outra linha do celular.

Brian estava morto.

***

Eu achei que nunca mais iria sofrer tanto quando perdi um dos meus melhores amigos na minha adolescência, Frank. Eu estava errada. Como na maioria das vezes. Eu estava revivendo tudo novamente com a morte de Brian, que era meu amigo, meu colega, meu amante...

Eu posso ser durona ou pelo menos parecer, mas no meu íntimo eu sou um diamante frágil, que se quebra, se despedaça, facilmente. Anos depois eu estava sentindo a mesma dor que senti quando perdi Frank.

Nos braços de Juliet, eu voltava para casa, vindo do funeral de Brian, em meio a soluços compulsivos, choros, e tremores.

Sentindo culpa. Sim culpa, por Brian ter levado aqueles tiros, e ter parado no hospital vindo a morrer, eu desejaria ter morrido no lugar dele, da mesma forma que anos atrás eu tinha desejado morrer no acidente de carro no lugar de Frank, naquele maldito acidente que deixou marcas em mim para sempre. Ás vezes eu acho que nasci com o destino de perder todos a minha volta, todos que significaram algo muito importante para mim. Acho que naquele momento se eu não tivesse Juliet, e até Harry( o qual eu já tinha algum afeto), eu faria alguma bobagem, e acabaria com minhas dores. A morte devasta, destrói, e fere a quem ela tirar os entes queridos.

Juliet dirigia nosso carro, não falava nada, afinal o que se falar em um momento como aquele? Não tem palavra que conforte, que diminua a dor. Harry meu irmão também estava calado nos bancos de trás. E eu apenas observa as imagens que passavam pela janela do carro, também em silêncio, com as lágrimas secas em minhas bochechas, e um nó angustiante na garganta, o peito apertado e Brian em meus pensamentos.

Eu sabia que teria que enfrentar maus tempos.

Mais tarde naquela noite eu sabia o que tinha que fazer. Sabia que tinha que contar para Juliet o que tinha acontecido comigo e Brian. Parece até que seria fácil, deixar o segredo da traição ir para o túmulo juntamente com Brian, já que só sabíamos eu e ele sobre o nosso caso, mas não seria tão fácil quanto o que parece, eu sabia que se não contasse nada a Juliet minha cabeça viraria um inferno. Então era hora de contar e enfrentar as consequências.

Estávamos deitadas em nossa cama uma ao lado da outra. Juliet lia um livro qualquer antes de dormir como de costume. E eu encarava o teto, tentando descobrir como eu contaria aquilo para Juliet.

–Juliet... - comecei do nada.

–Sim, querida? - ela parou de ler, pousando o livro sobre seus seios, me olhando.

–Tenho algo para te contar...

–Vá em frente. - encorajou ela, meio curiosa e intrigada.

Meus lábios se abriram e as palavras não saíram, tornei a fecha-los, respirei fundo, e simplesmente cuspi as palavras.

–Eu te trai. Te trai com Brian. - falei não aguentando manter o contato visual e desviar os olhos.

Ela me encarou por alguns segundos que pareceram horas, sem expressão, acho que estava perplexa, a única coisa que mudou foi sua face que ficou ruborizada talvez de raiva.

–Juliet por favor fale alguma coisa...

–O que você quer que eu te fale Sarah?! - gritou ela, jogando o lençol para o lado e pulando abruptamente da cama, fazendo o livro que ela lia cair no assoalho.

De pé em minha frente, Juliet me encarou, e lágrimas grossas escorreram pelos bochechas rosadas dela, com um gesto de raiva ela limpou as lágrimas, esfregando as mãos com raiva em suas bochechas.

–Só me diga o porquê disto! Me diga vamos! - ela gritava.

O verdadeiro motivo? Eu não sabia, acho que o maior era a vontade de sentir algo novo, novamente, te me sentir viva, de sentir prazer.

–Eu só... Só queria sentir algo, algo novo... - sussurrei envergonhada.

A expressão de Juliet virou-se em algo como repúdio, nojo, e um pouco de tristeza. Ela ficou de costas para mim. E apenas disse mais calma.

–Acho melhor você ir dormir na sala. - disse friamente.

Eu me levantei, e antes de sair do quarto disse:

–Eu realmente sinto muito, eu te amo Juliet.

Ela não respondeu e só se ouviu o barulho da porta sendo fechada.

***

Meses se passaram, na verdade três. Juliet havia me perdoada, mas dizer que tudo estava bem seria uma mentira, e eu aprendi melhor do que ninguém de que mentiras machucam, destroem. Minha mulher estava distante a ferida de ser traída ainda não havia cicatrizado.

Quando tudo parecia estar se encaminhando para ficar bem, outra surpresa bateu em nossa porta. Brian tinha morrido, mas tinha deixado em meu frente sua semente. Eu estava grávida.

Não sei qual a reação foi a mais estranha. A de Juliet que ficou incrivelmente feliz, por eu estar esperando uma criança de Brian(mesmo sendo fruto de uma traição). Ela simplesmente explodiu de felicidade. Um dos sonhos dela era ter um filho, não foi da forma que ela esperava, mas nós duas teriámos.

Já eu fiquei complemente chocada. Nunca nem nos meus sonhos mais lunáticos me imaginei mãe algum dia, ainda mais de um filho de Brian que estava morto. A insegurança, e o medo me rondeavam, mas eu teria aquele filho, por mim e ainda mais por Juliet.

Harry também ficou feliz um sobrinho ou sobrinha estava a caminho. Logo descobríamos que era um menino.

***

Seis meses mais tarde tudo na minha vida estava perfeito. Tão perfeito que eu tinha medo de acabar acontecendo uma coisa ruim. Juliet e eu estávamos mais apaixonadas e felizes do que nunca.

E em uma manhã de outubro, dia 17 de outubro, nosso filho resolveu vir ao mundo. Em meio aos meu berros na sala de parto amparada pelas mãos de Juliet nosso filho nasceu. Me atirei para trás e respirei angustiada quando o médico disse que ele havia nascido.

O choro do meu bebê ecoou a sala de parto. Juleit segurou o pequeno ser em seus braços, que berrava forte, e sacudia os pequenos bracinhos enrrugados. Emocionada com os olhos cheios de água ela me entregou me filho nos braços.

–Nosso garoto nasceu amor, ele nasceu Sarah! - dizia ela com um sorriso cheio de felicidade, que se misturava com as lagrimas de emoção.

Com meu filho nos braços, encarei-o. E as minhas lágrimas também caíram, eu o bejei na teste e sussurrei para aquele ser lindo.

–Seja bem vindo ao mundo Frank.

***

Tudo estava perfeito. Eu tinha uma família. Minha esposa Juliet, meu irmão que eu já amava Harry, e agora um filho Frank. Eu tinha certeza que eu estava destinada um futuro feliz ao lado das pessoas que eu amava.

Finalmente eu tinha tudo o que eu queria. Eu Sarah Wesley, viveria feliz para sempre ao lado da minha família.