Estou no ônibus, indo para minha casa, ou como digo o meu ''inferno''. Estou tonta ainda, e um pouco elétrica. Fecho os olhos e tento me concentrar na festa, que fará com que toda está semana tenha válido a pena.

Um pouco antes da minha, parada me acordo. Levanto-me do banco, e quase caio, mas me seguro na roleta do ônibus e me equilibro. Olho para minha frente e vejo uma velha com uns sessenta anos. Ela deve ter percebido que eu estava bêbada, pois ela me deu um olhar de censura.

–Tá olhando o quê?! – grito com ela.

A velha, balança a cabeça negativamente e se vira para a janela.

Odeio gente velha, principalmente se essas pessoas forem do tipo ‘‘puritano’’, desta gente que acha que tudo é feio, que tudo é errado, desta gente que não sabe viver, não sabe se divertir.

Desço do ônibus e vou a pé até em casa, olho no meu relógio digital, são quinze para o meio dia, ótimo tenho apenas quinze minutos para fazer comida, para minha mãe, que me trata como se eu fosse à escrava Isaura dela.

Demoro para conseguir abrir a porta de casa, tenho dificuldade de conseguir encaixar a chave na fechadura. Vou para cozinha, mas sinto que o vômito quer sair. Tento correr para o banheiro no segundo piso da casa, mas minha tentativa falha, e eu vomito toda a escada.

Já sem forças e com dor de cabeça sento ao lado do meu vomito, tento não olhar para ele.

–Merda...

Levanto-me, e vou atrás de um pano para limpar a sujeira, limpo tudo. Penso em ir tomar banho para melhorar minha dor de cabeça e ter ânimo para fazer o almoço.

Decido ir tomar o banho. Tiro meu moletom, e logo minha calça jeans. Olho-me no espelho e vejo uma magricela, com pouco busto, mas com um rosto bonito.

Nunca fui dessas garotas, que passam horas escolhendo roupa, ou se maquiando, sempre fui meio desleixada, usando meu cabelo na maioria das vezes presos em um rabo de cavalo.

Solto meu cabelo. E uma lembrança, ruim me vem à cabeça.

''Adoro, quando você deixa seu cabelo solto, ele é lindo... '' - Carl sempre me dizia isso. Balanço minha cabeça para mandar para longe essas lembranças.

Entro em baixo do chuveiro, sinto a água caindo sobre mim, é uma sensação maravilhosa. Sento-me e me encolho, levanto meu rosto e sinto as gotas da água caindo sobre meu rosto. Essa é uma das sensações mais maravilhosas da vida. Lembro-me dos banhos com Carl.

Carl e eu nos conhecemos na sétima série, eu, ele, Frank e Will, começamos a andar juntos dai por diante. Nós quatro éramos inseparáveis. Sempre juntos. Nossa amizade foi virando aos poucos amor. No primeiro ano de ensino médio começamos a namorar. Nunca fui ligada, em carinhos, ou amor, se quer acreditava, que existia esse sentimento. Mas com Carl as coisas foram mudando, e quando percebi eu já estava perdida, atolada até o pescoço. Eu estava totalmente apaixonada por ele. Nosso namoro durou oito meses. Nossas brigas eram diárias, e sempre discutíamos por qualquer coisa, e ficávamos um ou dois dias sem nos falar, mas acabávamos voltando. No ano novo, do ano passado brigamos. Tinha uma festa de ano novo na escola, Carl foi com Frank, e eu com Will e Lea. No meio da festa o vi atracado com outra menina, aos beijos e amassos. Senti uma faca entrando em meu coração, mas engoli o choro e dei o troco. Naquela noite fiquei com três, partir daí nunca mais voltamos. Ele me liga quase todo dia dizendo que sente minha falta, e que quer reatar. Mas isso jamais acontecerá, não perdoo traição.

Estou quase pegando no sono, perdida em lembranças, quando ouço gritos.

–Sarah! Onde você está sua preguiçosa imprestável?! - minha mãe grita.

Enrolo-me rapidamente em uma toalha. Esqueci-me completamente do almoço.

Desço as escadas correndo. Pelo menos limpei o vomito. Dou de cara com minha mãe na cozinha. A cara dela não é das melhores.

–De novo! De novo! Você não fez a merda do almoço! - começa ela gritando, e balançando as mãos no alto - Fico o dia todo trabalhando, pra te dar do melhor, e só te peço que faça a comida e você nunca faz!

Minha mãe senta-se em um banquinho, e começa a respirar com dificuldade, ela acende um cigarro e olha para a pia cheia de louças para lavar.

–Jesus! Nem a louça você lavou! - grita ela.

Minha mãe trabalha em uma delegacia de proteção á mulheres, que sofreram qualquer tipo de abuso. Foi lá naquela delegacia que ela me encontrou.

Sou adotada. Minha verdadeira mãe era uma prostituta que engravidou de um de seus clientes, até hoje ninguém sabe de qual foi. Um dia ela foi espancada por outra garota de programa e as duas foram parar na delegacia. Resultado minha guarda foi tira da de minha mãe. Eu iria para um orfanato, porém minha mãe adotiva (Lauren) se comoveu e me adotou. Desde os meus quatro anos de idade moro com ela. Minha relação com a Lauren nunca foi boa. Sempre brigamos, e tenho a impressão de que ela se arrepende de ter me adotado.

Quando fui morar com Lauren, Karen ainda morava com ela. Karen é filha de Lauren. Karen desde cedo implicava e me batia. Minha relação com minha ''irmãzinha adotiva'', também nunca foi muito boa. Mas hoje ela mora em Londres e vem pouco em casa graças a deus. Nunca tive uma figura de pai, não sei qual é o meu verdadeiro. E Lauren é viúva.

–Mãe, me desculpe tive alguns problemas... - falo baixinho.

–Sim deve ter tido muitos! Devia estar na rua matando aula com aquele seu amigo veadinho!

Sinto o sangue ir todo para meu rosto. Minha mãe não gosta dos meus amigos, principalmente de Will por ele ser gay. Minha mãe não tolera gays ou lésbicas, ela acha que eles são uma afronta a deus. Controlo-me para não xinga-la. Mas ela continua.

–Esses seus amigos, te levam para o fim do poço, sempre bebendo, e fumando, vocês todos são um desperdício de espaço! - ela fez uma pausa e tragou o cigarro.

Olhei nos olhos redondos da minha mãe, olhei dos pés a cabeça. Ela era gorda, com cabelos cacheados e ruivos. Rabugenta, antiquada, e crítica. Senti raiva dela, muita raiva. Fui até a secadora de louças, e a joguei no chão, quebrando vários pratos e copos.

–JÁ QUE SOU UMA PERDA DE ESPAÇO! VOCÊ FARÁ A COMIDA E LAVARÁ A LOUÇA DAQUI POR DIANTE! - gritei.

Um ''o'' se formou na boca de minha mãe, que ficou vermelha de raiva, tanta raiva que ela quase não conseguiu falar.

–Sua vadia inútil! Sempre gritando e xingando os outros! - parei, e respirei fundo, tinha que me controlar, ou eu iria esbofeteá-la - Eu não tenho culpa se a sua vida é uma merda! Se você é infeliz!

Foi muito rápido. Tanto que parece que fui perceber segundos depois. Minha mãe tinha levantando-se e me dado uma bofetada na cara. Virei o rosto para ela. Eu estava ofegante, e com o rosto ardendo.

–Mãe? - falei baixinho incrédula, ela sempre foi agressiva com palavras, mas aquela tinha sido a primeira vez que ela tinha encostado a mão em mim. Minha mãe desviou o olhar, e por um segundo rápido acho que vi seus olhos encherem de lágrimas.

–Viu o que você me faz fazer? - falou ela, com as mãos tapando o rosto.

Tento me aproximar dela, mas ela sai da cozinha e me manda ir para meu quarto.

Sim, sou má, muito quando quero. Mas ver minha mãe daquele jeito me deu um nó no coração, ela quase nunca demonstra sentimento, eu devo ter magoado muito ela, para ela chorar daquele jeito. Subi para meu quarto, e me atirei na cama. Acordei horas depois com Lea me ligando.

–Alô? - falei meu grogue.

–Sarah, estou indo ai! Para nos arrumarmos para ir para festa, ok?

–Mas não está meio cedo...? - me levantei e comecei a procurar meus óculos, (uso óculos para enxergar melhor).

–Sarah, são dez horas.

Levei um susto. Como eu podia ter dormido por tanto tempo assim?

–Ta bom, pode vir.

Eu não estava muito a fim de ter que aturar Lea, porque deus sabe como ela é chata às vezes, mas fazer o que, ela continua sendo minha amiga.

–Carlie vai comigo! Ela acabou com o Paul, de novo.

Reviro os olhos, Paul e Carlie acabam pelo menos uma vez na semana.

–Ta bom vem logo - desligo o celular, antes que ela possa falar mais.

Carlie e Lea são irmãs. Conheço as duas desde pequenas, mas convivi mais com Lea. Lea sempre foi muito mimada, prepotente e egocêntrica, desde pequena, ela sempre se achava melhor em tudo. Eu era a única que aturava ela. Porém no inicio da adolescência eu me afastei um pouco dela. Pois suas atitudes chatas começaram a piorar. Antes via ela todo santo dia, sentávamos juntos na escola. Porém conheci novos e melhores amigos como Will e Frank, e comecei a não falar ou andar com Lea muito frequentemente. Geralmente só nos finais de semana. Já Carlie, essa nunca andei muito. Mas ela como Lea também não é flor que se cheire. Desde pequena Carlie sempre foi... Como posso dizer...Acho que, meio precoce... Com doze anos, Carlie já se achava adulta, com treze começou a beber e a fumar, perdeu a virgindade, antes de todos. Com uns quinze, ela começou a namorar Paul. Mas todo mundo percebe que ela não ama ele. Trata o cara mal, o trai, faz de gato e sapato.

Em pouco tempo já estou pronta. Pois não sou de ficar me arrumando. Logo desço para avisar minha mãe que vou sair, e que as meninas vão vir. Procuro ela pela casa toda e não a acho. Vou até o quarto dela. Ela está dormindo. Com um cinzeiro no bidê cheio de tocos de cigarro, e uma garrafa de wisky vazia no chão. Fecho a porta do quarto dela. E sei que aquilo tudo é culpa minha.

Ouço a campainha tocar, vou atender. Lea e Carlie, haviam chegado. Olho parar as duas, que estão vestidas como duas stripers.

–Oi amiga! - diz Lea alegremente, me abraçando.

Fico paralisada, não sou do tipo de pessoa que demonstra ou recebe carinho.

–Eai -falo sem corresponder o abraço.

Carlie é menos exagerada e apenas sorri e da um ''Olá.''

Carlie e Lea, apesar de serem irmãs são bastante diferentes. As duas tem alguns meses de diferença de idade.

Carlie é mais alta, tem um corpo com bastante formas, cochas grossas, seios cheios, e quadris de dar inveja. Ela não é do tipo de garota magra, mas não pode ser considerada gorda. Pele muito branca e cabelos ruivos naturais. Já Lea tinge os cabelos de preto, mantêm eles na altura do maxilar, e com um corte picotado. Lea é mais baixa que Carlie, e bem magra.

–Então nós duas estamos prontas, só falta você! - diz Lea dando pulinhos.

–Mas eu estou pronta.

Lea me olha dos pés a cabeça.

–Tem certeza? – pergunta ela, me olhando novamente dos pés a cabeça.

Estou pronta para xinga-la, mas Carlie me interrompe.

–Lea, mostra para ela!

Faço cara de curiosa. Lea revira sua bolsa, e tira dela um saquinho com vários adesivos de LSD. Um sorriso se abre em meu rosto.

–Como vocês conseguiram?!

–Paul arrumou para mim, eu pedi e ele deu um jeito - Carlie disse aquilo de uma forma, que deixou claro que ela conseguia tudo o que queria de Paul. Decidimos deixar para usar na festa. A festa que esperamos durante a semana toda, foi uma verdadeira decepção. Na tal boate, que era em uma fábrica abandonada, não tinha vinte pessoas.

E lá ficamos nós sentados na calçada. Todos decepcionados. Bebendo vodka pura. E para piorar, Carl tinha ido com Frank e Will, e Paul tinha descobrido que Carlie estava lá, e tinha ido também, e o clima estava tenso demais. Todos quietos.

No outro lado, da rua estava um cara fumando, com outra garrafa, em mãos, ele era muito bem vestido, relógio de ouro no pulso, parecia ser cheio da grana.

–Ei alguém conhece aquele cara? - pergunto.

Todos olham para ele.

–Se não me engano é o James... Ele acabou a escola ano passado... - me responde Frank.

–James?

–Sim, o cara é filho de um cara podre e rico, ele é esnobe para caralho se acha e tal... - continuou Frank.

James foi se aproximando lentamente de nós, com um sorriso malicioso no rosto. O cara era lindo.

–Eae, gente - disse ele.

Todo mundo respondeu o ''Eae''.

–Esperava mais desta festa e vocês? - disse ele, sentando-se do lado de Lea, juntando-se a nós como se fosse intimo.

–Pois é... - respondo, pois sei que ninguém iria responder.

–Que acham de todos vocês irem para minha casa fazer uma festa?! Afinal nós que fizemos a festa! - sugere ele.

Todo mundo se olha, perguntando se é uma boa ideia. O silêncio reina quase por um minuto, quando vejo que ele está prestes a se levantar respondo.

–Porque não? Vamos gente será legal! - falo.

–Isso ai garota! - diz ele, dando um tapinha em minhas costas.

No inicio ninguém pareceu gostar da ideia, mas quando entramos na limosine dele, e vimos que era carregada de álcool, cigarros, e todo o tipo de drogas, todo mundo passou a amar a ideia. James mandou o motorista dar voltas pela cidade. Em pouco tempo estávamos todos bêbados. James já mostrava suas garras para Lea, sentado ao lado dela com as mãos em suas pernas, mas Lea não se importava estávamos todos altos, todos bêbados, ninguém sabia o que estava fazendo. Quando me dei conta, todos haviam usado os adesivos de LSD. E a partir dai as coisas começaram a acontecer muito rápido. Estávamos na piscina da casa de James, todos dentro, dançando bebendo, começamos a cheirar cocaína.A música ficou mais alta. Frank e Will se beijando na frente de todos, todos surpresos, eu braba por ele não ter me contado nada. Carlie brigando com Paul e o esbofeteando várias vezes. Todo mundo saindo da piscina e indo para a sala de jogos, jogar sinuca e beber mais. Carl me pedindo desculpas, eu beijando ele. James e Lea subindo para o andar superior indo para alguma suíte. Eu e Carl deitados em um sofá, nos beijando ele tirando minha blusa, meu sutiã, olhamos para o lado, e Will e Frank estão sem camisa no chão se agarrando. Meu coração acelera, começa a bater mais rápido. Sinto o corpo de Carl em cima de mim, eu arranhando suas costas. Transamos. E depois eu apago.

Acordo com um raio de sol no meu rosto. Minha cabeça parece estar sendo rachada ao meio, meu coração ainda está acelerado, mas o efeito do LSD e cocaína passou, como eu não morri eu não sei.

Meu corpo todo dói. Olho para meu lado e vejo Carl deitado do meu lado. Assustada, caio do sofá, levo outro susto, e quase grito. Vejo Will e Frank os dois adormecidos apenas de cueca deitados no chão, Will com a mão dentro da cueca de Frank.

Levamto-me rápido e percebo que estou sem meu sutiã, olho para a sala que esta uma bagunça, garrafas cigarros, tudo espalhado pelo chão. Não acho meu sutiã, mas acho minha blusa, a visto e saio correndo daquele lugar. Aquilo não podia estar acontecendo. Era errado, tudo o que tinha acontecido, eu não podia ter transado com Carl, ele era um idiota. Will ficando com Frank, fico furiosa porque sei que eles devem ter ficado antes, e fico indignada por ele não ter me contado.

Vou para o jardim, da casa do James, perto da piscina Carlie, está caída dormindo, e em uma cadeira ao lado dela está Paul, que também está adormecido. Estou prestes a sair, quando Will, entra no jardim só de cueca.

–Ei... - começa ele meio sonolento. - Que loucura tudo aquilo ontem.

Me seguro para não explodir.

–Você e Frank... - começo meio confuso.

Will ri, e olha para o chão meio corado.

–Sim nós ficamos ontem...

–Só ontem?

Will me olha sério, e pensa por um tempo.

–Porque está me perguntando isso?

–Apenas responda.

–Não, ficamos aquele dia que matamos aula...

–E porque não me contou?!

–Porque não sabia se ele gostaria que os outros soubessem.

Meu sangue sobe para minha cabeça.

–Seu idiota! Ele está te usando, quando ele acordar e se lembrar do que aconteceu, vai sentir vergonha! Burro!
Vejo uma expressão de choque se formar no rosto de Will.

–Pode ser... Mas ele não será o único a se arrepender de algo que fez! Você transou com Carl, eu vi, Frank viu! - rebate Will.

Sinto mais raiva ainda dele, pois sei que Will tem razão. Saio furiosa, Will me agarra pelo braço, mas eu dou um tapa em sua mão.

–Sarah volte aqui! Temos que conversar! - grita ele.

Corro mais rápido que posso para o portão da casa de James.

Lá tem um segurança.

–Quero sair! - falo ríspida.

–Só com autorização do Sr. James! - responde ele sério.

–Ele está fudendo com minha amiga seu idiota! - eu grito.

O homem faz cara de assustado. Eu chego bem perto dele e o agarro pelo colarinho.

–ABRA! - eu berro, tanto que chego a cuspir na cara dele.

O segurança abre o portão e eu saio correndo pelas ruas. Nunca senti tanta raiva e nojo de tudo. Raiva de mim, por ter ido para aquela casa, de ter tido uma recaída e ter transado com Carl, e perceber que eu ainda amo ele. Raiva de Will, por ele ter mentido para mim, me escondido segredos dele, raiva de James por ter nós levado para lá, mais raiva ainda por eu ter concordado em ir e ter levado todos. Corro o mais rápido que posso pelas calçadas, não tem ninguém na rua, já que é sábado de manhã. Torço meu pé e caio feito um jacá na calçada. Ali caída começo a chorar descontroladamente, soluçando. O celular toca. É Carl. Atendo.

–Sarah... Onde você está amor? - pergunta ele com uma voz de quem acabou de acordar.

Ele me chamou de ''Amor''. Isso me faz sentir mais ódio ainda.

–NÃO SOU SEU AMOR! ESQUEÇA O QUE ACONTECEU ONTEM! FOI UM ERRO! - grito.

–Ma... Mas... Nos acertamos ontem, tudo deu certo voltamos, você disse que ainda me ama! - disse ele aflito.

–Não, eu não te amo - eu menti.

Só ouço a respiração de Carl. E sinto que ele chora do outro lado da linha.

–Sabe qual é o seu problema Sarah?! Você fode com tudo garota! Você não sabe amar ninguém! Você tem que fuder com tudo, com Will, que está aqui do meu lado chorando, porque você é uma idiota! - ele fala calmamente, mais com firmeza e raiva - E comigo! Você fode com minha cabeça, meu coração!

Sinto as lágrimas correrem pelo meu rosto, sei que Carl está completamente certo. Desligo o telefone. E fico ali na calçada, me perguntado por que as coisas estão tão confusas na minha cabeça.