Paris estava em chamas. Espere, mantenha a calma. Não literalmente. O que eu quero dizer é que hoje é o dia mais quente do ano. Sendo assim, todos estão praticamente derretendo de tanto calor.

Para a sorte de todos, hoje era um sábado. Um sábado muito quente.

Marinette não é uma exceção. Nossa querida Ladybug ja havia tomado um total de três banhos gelados pra amenizar um pouco o calor, porém sem sucesso prolongado, já que ao sair do banheiro já começava a suar instantaneamente. Um ao acordar, um antes de sair pra patrulhar com Chat Noir e um outro a pouco, assim q voltou da patrulha com seu gatinho. E isso porque eram somente treze horas da tarde.

Agora vocês podem perguntar: Mas não tem ar condicionado? Ventilador? E a resposta meus caros é: Sim.

Mas, claro que como todo azar é pouco pra nossa Marinette, o ar condicionado estava neste momento sendo concertado. Sim meus caros, ele tinha parado de funcionar a alguns dias atrás. Claro que o Sr. Dupen-Chang não demorou a chamar um técnico pra concerta-lo, porém, o técnico só teria horário disponível para dali a três dias.

Seu pai lhe tinha arrumado um grande ventilador extremamente barulhento para que ela se “refrescasse” nesses dias, mas, não houve muito sucesso já que o ventilador não “ventava” um ar frio, muito pelo contrário, parece que o ar ficava ainda mais quente com ele “ventando nela”.

— Ai, Tikki! Eu não aguento esse calor mais. Quase desmaiei com o uniforme durante a patrulha.

— Desculpe, Marinette.

— Não há o que desculpar, Tikki.

— O mundo hoje tem um clima completamente diferente de anos atrás, com a antiga Ladybug. Nunca havia sentido esse calor todo como hoje.

— Sim, infelizmente a culpa é dos próprios humanos. Aquecimento global é o resultado de tanta poluição.

— Sim, é muito triste.

— Vamos pra sacada, com certeza lá deve estar ventando.

Subiram as duas para a sacada onde de fato ventava um pouco. Não estava fresco, muito pelo contrário. Mas, estava melhor que aquele ventilador velho. Ela se sentou na varanda enquanto a pequena Kwami se deitava em uma almofada da cadeira ao lado. Numa pequena mesinha entre as cadeiras, havia em grande leque de tecido que Marinette pegou pra se abanar um pouco, pra poucos segundos depois sentir Tikki pousar em sua cabeça e sentar ali apreciando também o ventinho do leque.

— Marinette? – Chama a pequena Kwami levantando voo um pouco acima da cabeça de sua dona.

— O que? – Pergunta abrindo seus olhos.

— Aquele ali no prédio da frente não é o Chat Noir? – Pergunta enquanto voa ate a grade que circula a sacada.

— Chat Noir? Não pode ser... – diz levantando e jogando o leque de volta na mesinha. – Ele disse que iria direto pra casa.

— Mari, ele não parece bem.

No prédio da frente, especificamente no terraço, Chat Noir se arrastava pelo chão ate o único local que tinha sombra. Sua respiração estava rápida e fraca, seu corpo estava quente demais. Ele sentia que a qualquer momento iria desmaiar. Já não aguentava mais. Em meio a ofegos, sua orelhas de gato se direcionam ao prédio do outro lado da rua, tinha a leve impressão de ter ouvido alguém lhe chamar aos berros. Levantando o olhar ele vê Marinette, pulando e balançando os braços o chamando.

— Mari... ne... tte... – Sussurra enquanto se levanta com dificuldade e pega seu bastão que estava jogado ao chão. Com suas últimas forças, ele o estende o suficiente para ser jogado ate a sacada da garota e cai ao seu lado deixando seu bastão rolar de sua mão enquanto tentava respirar.

— Ai meu Deus, Chat Noir. – Ela imediatamente pula pro lado do gato e afasta os cabelos de sua testa encharcada de suor. – Você tá muito quente. Vem, vamos lá pra dentro. – Diz ela logo depois de pegar o bastão do seu gatinho e ajudá-lo a se levantar.

— O... bri... – Ele tenta dizer mas ela o corta.

— Shii... Tá tudo bem. Você vai ficar bem. Vou cuidar de você, gatinho. – Diz enquanto o ajudava a descer a escada ate seu quarto. Porém, como estava fraco, suas pernas falham e ele acaba caindo e levando a garota junto já que ela não tinha forças pra segura-lo, fazendo assim um barulho alto soar pela casa. – Você tá bem? Se machucou? – Pergunta levando sua cabeça até suas pernas e afastando novamente os fios loiros de sua testa vendo o garoto balançar minimamente sua cabeça em negação segundos antes de apagar completamente deixando a garota apavorada. – Vamos gatinho, não faz isso comigo. Acorda! – Fala desesperada dando leves tapinhas em sua bochecha.

— Plagg também não está bem. – Diz Tikki com uma voz preocupada enquanto tocava o anel de Chat Noir com uma de suas patinhas. Olhando para a dona completa. – Eu posso sentir isso.

— Marinette? – Ela ouve a voz de seu pai e o som da portinha de seu quarto sendo aberta no exato momento em que tentava arrastar Chat Noir até sua cama para deita-lo nela. – Você está bem? Eu ouvi um barulho e... Chat Noir?

— Da pra ajudar aqui? – Pergunta quase caindo de novo. – PAI!

— Tá bem. – Corre ate a filha e tira o garoto desmaiado de seus braços o colocando na cama como foi pedido. – Da pra explicar?

Enquanto corria até o banheiro pra pegar uma toalhinha úmida para limpar o rosto do garoto, ela explicou o que aconteceu nos últimos minutos ao pai somente ocultando Tikki da história é claro.

— Não diga a ninguém que ele tá aqui, por favor pai. Além da mamãe, claro. Ele não está bem, preciso ajudar. – Fala enquanto limpava o suor do rosto e pescoço do garoto e corria novamente ao banheiro para molhar a toalha novamente.

— Claro querida. Você quer que eu te traga algo? O rapaz da manutenção já esta quase acabando o concerto, preciso estar com ele para paga-lo.

— Não, tudo bem. Vou esperar ele acordar pra saber o que aconteceu com certeza e saber como ajudar corretamente. No momento, só posso tentar diminuir sua febre. – Murmura dobrando a toalha molhada e colocando-a em sua testa.

— Esta bem. Qualquer coisa me avise, ok?

— Claro papai. Obrigada. – Diz com um sorriso o vendo sair e fechar a portinha novamente.

— Mari, o anel. Ta apitando. – Tikki informa ao aparecer e ficar levitando sobre o garoto.

— O quê? Ai droga, o que eu faço? A transformação vai se desfazer em... – Pega a mão do garoto e olha o anel. - ... Um minuto? Como um minuto? Não estava apitando antes.

— Eu disse, Plagg não está bem. – Sussurra se aproximando do anel e encostando seu rostinho nele. – Tudo bem Plagg, estamos aqui. Vamos cuidar de vocês dois.

Andando de um lado pro outro tentando encontrar uma maneira de manter a identidade de seu gatinho secreta ate que ela se lembra. – É claro, as máscaras que fiz pra Manon brincar, tem uma do Chat Noir. – Corre ate as caixas de brinquedos que ela fez e revira a procura da mascara de Chat Noir. Ao encontrá-la, corre ate o garoto ouvindo o anel apitar mais rapido que antes indicando que a transformação não duraria muito mais, mal teve tempo de encaixar a máscara por cima da do gato e sua transformação se desfez. Pelo canto do olho, viu Plagg sair do anel e cair sobre a barriga de Chat Noir, completamente cansado e vermelho como seu dono. Levantando um pouco a cabeça dele, Mari passa o elástico da máscara por trás dela prendendo-a firmemente.

— Tikki? – Plagg chama.

— Tô aqui. Tudo bem, Plagg. Já passou, vai melhorar.

— Eu tô bem. *bolhas*? Coff, coff... – Tosse um pouco pelas bolhas. – Meu garoto. Como ele tá?

— Com febre. Ele tá muito quente. – Marinette diz enquanto pegava o pequeno Kwami com todo cuidado e colocava a ponta do mindinho em sua testa. – E você, Plagg? O que ta sentindo?

— Só tô cansado, Marinette. Gastei muito do meu poder tentando amenizar o mal estar desse cabeça dura e manter a transformação ao mesmo tempo. To esgotado. Eu disse várias vezes que ele não tava bem. Mas quem disse que esse garoto me dá ouvidos. – Diz pegando a ponta do dedo dela e abraçando. – Obrigado! Por cuidar dele.

— Não tem que agradecer. – Passa seu dedo atrás da orelhinha dele, ouvindo um baixo ronronar. – Daria minha vida por ele. Não só numa batalha. – Sussurra olhando seu gatinho ainda molhado de suor. – Fique aqui enquanto eu vejo se tem Camembert pra você la na cozinha. – Fala colocando o pequeno gatinho no travesseiro ao lado do rosto de seu dono. – Não demoro. – Sai pela portinha rapidamente.

Tikki se aproxima de Plagg e o abraça. Como um conforto ao pequeno que olhava o garoto com lágrimas nos olhos.

— É meu dever cuidar dele. E... – Soluça desabando num choro dolorido.

— Não, não faça isso. Não se culpe assim. – Repreende a joaninha enquanto o abraça mais forte. – Você mesmo disse, ele é cabeça dura. Adrien é o Chat Noir com mais personalidade que você já conheceu.

— É. E como é. – Diz risonho sentindo Tikki secar suas lágrimas. – Obrigado, docinho.

— Gatinho bobo. – Fala com um pequeno sorriso ao sentar ao seu lado.

No mesmo momento a porta é aberta e por ela passa Marinette, equilibrando um bacia media com alguns medicamentos dentro, uma garrafa de agua e um copo numa mão e um prato com o queijo na outra mão. Fecha a portinha com o pé e vai ate a escrivaninha colocando as coisas la. Leva rapidamente o pratinho com o queijo ate a cama. – Aqui, Plagg! – E volta correndo pra escrivaninha tão rapido que nem sequer ouviu o obrigado do Kwami de seu parceiro.

Deixando tudo na escrivaninha, ela pega a bacia e vai ate o banheiro colocando agua nela e volta rapidamente para o lado da cama. Colocando-a no criado mudo, pega delicadamente a toalha que ainda estava na testa do garoto desde que seu pai saiu do quarto, molhando-a novamente e torcendo. Volta a passar a toalha pelo rosto de seu gatinho limpando o suar e amenizando um pouco do calor pra ele. Passa por seus braços e volta a molhar a toalha repetindo o processo sem nunca reclamar.

Ladybug podia não admitir nunca, mas Marinette sim e ela se preocupava, e muito, com seu gatinho. Vê-lo desmaiar em seus braços a deixou completamente apavorada. Uma situação que ela em momento algum imaginou acontecer. Não com ele. Chat Noir esbanjava saúde e disposição. Nunca o viu sequer dar um espirro, tirando é claro o caso do Sr Pombo, onde ele espirrava loucamente por ser alérgico a penas. Vê-lo assim, frágil e vulnerável, a faz sentir-se culpada. Como não notou? Como não viu que ele não estava bem hoje? Estava tão perdida em pensamentos que se assustou ao sentir Tikki abraçar sua bochecha dizendo pra não chorar, que não era culpa dela.

— Como não seria? Fizemos uma ronda de quase 3 horas. E eu nem notei que tinha algo errado com ele? Que tipo de parceira de merda eu sou?

— Ele não queria. – Começa Plagg comendo o último pedaço de queijo. – Acredite, se você não notou é por que ele não queria. Ele é um ótimo ator pra esse tipo de coisa, ele precisa ser. Eu sou o único que sabia que ele tá doente. Literalmente o único. Se alguém aqui tem culpa... – Voa ate o rosto de seu dono e passa a mãozinha pela bochecha febril. – Está pior que hoje cedo. Esse calor, piorou quase 100% o estado dele. Ah, garoto! Você vai ouvir muito de mim depois. – Diz abraçando sua bochecha enquanto uma lágrima rolava por seu rostinho novamente.

Marinette observava o pequeno gato com um sorriso. – Fico tranquila em saber que você ta com ele sempre. Cuidando dele. Ele é um gatinho travesso. – Diz ela passando os dedos entre os fios dourados. – É Estranho. – Sussurra ainda acariciando seus cabelos enquanto ouve um breve “o quê?” vindo do Kwami do loiro. - Vê-lo sem as orelhinhas. – Sussurra com um sorriso e ouvindo dois risinhos. – O que foi?

— Nada, Mari/Marinette! – Dizem ao mesmo tempo os pequenos entre mais risinhos.

— Ok, vão falando.

— Você gosta dele. – Plagg fala de uma vez.

— Claro que sim. É meu parceiro, meu amigo... – Senti suas bochechas quentes.

— Não, Mari... Você GOSTA dele.

— Isso é ridículo, você sabe que eu gosto do Adrien.

— E do Chat Noir também. Sabe, não é impossível gostar de duas pessoas. – Tikki fala trocando um olhar e um sorriso com Plagg ao mencionar “duas pessoas”.

— O que os faz pensar isso?

— Bom, talvez o fato de você estar a uns cinco minutos fazendo cafuné nele? – Tikki ri da maneira que ela corou ainda mais e tirou a mão dos cabelos do rapaz como se levasse um choque. Plagg ate cai no travesseiro de novo de tanto rir.

— E tambem pela parte que você me afirmou que “daria minha vida por ele, não só em batalhas”. – O pequeno afina a voz tentando imitar a voz da garota.

— Eu... Eu... – Levanta-se enquanto procurava gaguejar alguma resposta coerente. Sentindo suas bochechas formigarem tanto quanto a palma de sua mão que a segundos atrás acariciava os fios macios de seu parceiro. – Ah, parem de me confundir. Ele... Ele gosta da Ladybug, não de mim. Não da Marinette. – Sussurra a última parte sentindo um aperto em seu peito.

— Confusão é bom. Significa que existe um sentimento ai nesse coraçãozinho. – Tikki paira em frente ao seu rosto. – E não me venha com essa de “ele gosta da Ladybug, não de mim”, você É a Ladybug. São a mesma garota em roupas diferentes. Assim como ele.

— Sim. *bolhas*, coff coff... – Plagg se interrompe novamente tossindo bolhas. – Malditas bolhas! Ah... MEU GAROTO é doido por você. E por mais que vocês não saibam quem são fora das mascaras, tenho certeza que ele não deixara de gostar de você quando suas identidades puderem ser reveladas.

Mari desvia o olhar pensativa.

Tikki voa ate Plagg novamente e o puxa até o travesseiro. – Agora você cala a boca e descanse. Precisa repor suas energias e só queijo não vai resolver, gatinho.

— Mas... Mas o garoto... Ele... – Plagg tenta dizer sendo interrompido por Tikki.

— Ele vai ficar bem. Mari ta cuidando dele. Agora deita e durma. Ou preferi que eu apague você?

— Não. Calma aí, docinho. Não precisa de violência. Miau.

Plagg deita no travesseiro e fecha os olhos. Abrindo-os minimamente ao sentir um movimento ao seu lado, vendo Tikki sentar ali. Respirando fundo o pequeno vira-se para o lado oposto, vira-se novamente para o outro, assim fazendo por um longo tempo enquanto Tikki o observava começando a ficar irritada. O estopim de sua irritação, foi o momento em que Plagg solta um suspiro e vira-se novamente pela décima segunda vez.

— Chega! – Ela diz irritada enquanto segurava o pequeno gatinho pela orelha e o arrastava ate a escrivaninha de Marinette. – Você vai ficar longe dele até que eu ache que dormiu o suficiente.

— M-mas eu... – Sua frase não foi completada pois Tikki já havia entrado na sua gaveta, onde Mari tinha montado um mini quartinho para que a Kwami pudesse descansar sem ser incomodada, por lá ficando junto com o gatinho preto.

Marinette que so observava a interação dos dois dá risada enquanto lembrava-se de outro gatinho teimoso.

Se aproximando novamente de Chat Noir, ela pega a toalhinha e a bacia indo ao banheiro para trocar a água e lavar a toalha, voltando com água limpa e fria. Seca o suor do rosto do loiro novamente e coloca a mão em sua testa a fim de medir a temperatura. – Parece que está abaixando. – Sussurra em um tom alegre e um suspiro de alivio.

As horas foram passando, Tikki em alguns momentos aparecia para ver se ela precisava de ajuda e afirmar que o pequeno após um pouco de trabalho, dormiu como um anjo. Seu pai em algum momento também apareceu por la para avisar que o ar condicionado fora consertado e que já poderia liga-lo. Após uma breve atualização e tambem uma afirmação de que estava tudo sob controle, pois a febre já baixara muito nesse tempo e que ela tinha fé que brevemente ele acordaria e assim seria mais rápida sua melhora. Seu pai se despediu indo para a padaria ajudar a esposa que estava sozinha.

Exatamente as dezesseis horas e trinta e três minutos, seu gatinho começa a dar sinais de que estava acordando. Marinette que estava aproveitando a melhora do rapaz e o frescor do ar condicionado para adiantar algum trabalho escolar, larga tudo e corre para perto dele.

— Chat Noir? – Chama suavemente tentando não assusta-lo.

— Hmm... *resmungos inaudíveis* My... My lady? – sussurra tentando abrir os olhos e cobrindo-os com a mão por causa da claridade. – Ai...

— Err... Não. Sou eu, a Marinette. – Diz enquanto se perguntava porque sentia suas bochechas quentes.

— Marinette. O que foi que... – Ele começa a dizer e trava ao olhar para sua mão, sem luvas pretas. Seu corpo, sem o uniforme. Rapidamente leva a mão novamente ao rosto sentindo que havia uma máscara ali, mas, pela textura não era a sua máscara de Chat Noir. – Mas o que...

— Calma, gatinho. Sua identidade continua secreta. Eu juro que não espiei. Como se sente?

— Bem melhor. Mas, minha cabeça dói um pouco. – Leva a mão a cabeça.

— Ah, espera. Eu peguei um remédio pra quando você acordasse. – Levanta e pega o comprimido e um copo de água. – Aqui. É pra febre e dor de cabeça também. Consegue se sentar?

— Acho que sim. – Ele tenta se sentar mas ainda não tinha força suficiente nos braços. – Parece q não. – Admite sorrindo.

— Eu te ajudo. – Pegando em sua mão o puxa pra frente.

— Uou... – Se arrasta pra trás ate encostar na cabeceira da cama. – Obrigado! – Toma o remédio fazendo careta.

— Ah, não é tão ruim. – Ri das caretas que o gato faz.

— Ah meu Deus. PLAGG! Cadê o Plagg? – Em um 'estalo' na sua mente ele se lembra de seu Kwami e chama por ele olhando para os lados e tentando se levantar, sendo impedido por Mari.

— Ei, ei... Calma! Seu Kwami ta bem. Ele ta dormindo numa das gavetas da minha escrivaninha. E acredite, deu trabalho fazer ele dormir. Você o preocupou muito, sabia? – Fala enquanto o impedia de levantar.

— Oh, imagino o quão bravo ele deve estar comigo. Eu preciso vê-lo. – Fala novamente tentando levantar. – Ter certeza que está bem.

— Ei, rapazinho. Você que não se atreva a sequer pensar em sair dessa cama.

— Mas...

— Eu pego ele. Você já foi imprudente o suficiente pra um dia só, gatinho. – Levanta e vai ate a escrivaninha, não notando o rubor que surgiu nas bochechas do gato.

— Você falou igualzinho a ela. – Diz com um sorriso.

— Ela?

— Ladybug. É exatamente o tipo de coisa que ela me diria.

— Ah, claro. – Abre a gaveta lentamente pra não acordar os Kwamis. Tikki já estava acordada, deitada ao lado de Plagg que dormia profundamente. Tikki se afasta um pouco para que Marinette pudesse pegar Plagg em suas mãos fazendo o possível para não acorda-lo.

— Não se preocupe em acordar ele. Tem sono pesado. – Avisa ao notar o cuidado que ela tinha pra não acorda-lo.

— Oh, é que ele é tão pequenino que dá até medo de machuca-lo. – Fala enquanto fechava a gaveta novamente empurrando com a ponta dos dedos de ambas as mãos juntas que seguravam o pequeno gatinho dorminhoco. Caminha ate a cama e o passa às mãos de Chat Noir.

— Eu sei. – Ri enquanto acomodava o pequeno em uma almofada que havia encontrado largada ali na cama e colocado em seu colo. – Eu também tinha medo de pega-lo quando o conheci. Me passou um sermão enorme por isso, com uma carinha irritada ele disse: 'eu não sou de porcelana, garoto'. – Ri ao se lembrar disso, vendo Plagg abraçar um de seus dedos e esfregar seu rostinho nele enquanto sussurrava: 'meu camembert'. – Gato esfomeado. – Acaricia sua orelhinha com o indicador. – Que bom que está bem.

Marinette por sua vez o observava, encantada com a maneira carinhosa que seu parceiro tocava e falava de seu Kwami. Nunca o tinha visto assim, despreocupado e tranquilo. Com um sorriso carinhoso e um olhar amoroso. Ela solta um suspiro... Apaixonado? Desviando seu olhar, ela se levanta da beira da cama onde nem notou que havia sentado, gagueja uma desculpa qualquer pra sair do quarto e some rapidamente pela portinha, deixando Chat Noir confuso.

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Ah, Deus. Como assim? Que suspiro foi esse? É exatamente igual aos que solto pelo Adrien. Não pode ser. Não, eu não posso estar... – Ahhh, não pode ser. – Falo enquanto ando de um lado pro outro na cozinha. Ouvi um risinho e me assusto.

— O que foi? Surpresa por soltar suspiros pelo gatinho? – Tikki aparece voando atraves do teto e rindo descaradamente.

— Olha aqui, eu não... Não... – Suspiro novamente fechando os olhos e me encostando na pia. – Merda! Como é possível? Por que logo agora? Depois de três anos dando foras nele? – Começo novamente a andar pela cozinha.

— Ai, Mari. Não é de agora. Serio que não notou? Você ta sempre o observando. Sempre se preocupando. Você sabe cada gesto dele e seu significado, cada olhar e cada expressão facial. Vocês muitas vezes nem precisam de palavras pra saber o que o outro vai fazer numa batalha. Vocês se completam. Como Plagg e eu. Não diga a ele que eu disse isso. – Ela diz a última frase baixinho e vejo um rubor subir por suas bochechas. – Ele vai ficar insuportável.

Será? Será que só eu não reparei nessa mudança? Ok que eu sou meio lerda, mas não notar em três anos de convivência? Poxa, eu ja tenho dezessete anos.

— Ok, digamos que esteja certa. Isso não quer dizer que ele sinta o mesmo... Por mim... Afinal, ele deixa bem obvio seus sentimentos pela Ladybug. Mas ele não sabe que ela sou eu. Ele é inalcançável. Exatamente como Adrien.

— Lembra o que eu disse uma vez? Sobre ter cuidado de todas as Ladybug's anteriores? – Eu afirmo com a cabeça. – Obviamente, Plagg cuidou de cada Chat Noir tambem. A escolha não é por acaso, Mari. A escolha é do destino. Se vocês são nossos donos hoje, é porque assim estava escrito que seria. Sabe o que sempre foi igual? O que sempre aconteceu? – Eu nego desta vez, curiosa. – Em todas as vezes, Ladybug e Chat Noir eram o casal perfeito. Feitos um para o outro. Sempre ficavam juntos. Não é diferente entre você e ele. Vocês nasceram um pro outro, Mari. Só não estão juntos ainda por causa das circunstâncias. Não havia um Hawk Moth como hoje. Ele é o único que os impede de estarem juntos.

— Casal perfeito... – Mari sussurra sentindo suas bochechas esquentarem. – Ah, Tikki. O quê eu poderia fazer? Gostar de dois garotos? Como isso pode ser possivel? Eu ainda amo o Adrien, mas… Santo Deus… - Digo parando de andar em círculos ao redor da mesa e olhando estática pra escada que leva ao meu quarto e sem nenhuma duvida na voz digo. - Eu tambem amo o Chat Noir.

— Finalmente admitiu o obvio.

— Tikki! – Falo alto sentindo minhas bochechas quentes.

— Me desculpa, Mari. Mas só você não notou isso. Ate o Plagg que é bem lerdinho já sabe.

— Ai meu Deus!

— Então, acho que talvez deva pegar algo pra ele comer. Plagg me disse que ele não come direito desde ontem.

— Sim, acho que é melhor. Vou pegar algo na padaria e levo pra ele.

— Esta bem. Vou ficar na minha gaveta esperando. – Diz e some pelo teto novamente.

Eu vou ate a padaria ainda sentindo meu rosto quente. Deus, eu não imaginei admitir isso em voz alta antes. Ta certo, sempre achei ele um gatinho, não o chamo assim atoa. Sempre tão fofo comigo e tá sempre la quando preciso. Mas ate eu admito que sim, eu sentia algo por ele já a muito tempo mas meu amor por Adrien me deixava cega pra qualquer outro sentimento. Mas não vou mais negar, eu amo esse gatinho. Mas... Ah, e agora? O que eu faço? Adrien ou Chat Noir?

-x-

— Será que eu disse algo errado? Adrien pergunta pra si mesmo. – Espero que não.

Soltando um suspiro pesado ele olha novamente para a almofada na qual Plagg se remexia um pouco como se estivesse tendo um pesadelo. O pequeno se revirava de um lado pro outro, pequenas lagrimas escorriam de seus olhos enquanto ele murmurava algo que quebrou o coração de Adrien. – É minha culpa... Minha culpa... Adrien...

— Ah, Plagg. - Murmura enquanto fazia carinho em sua barriga na tentativa de acorda-lo. O pequeno gatinho abre seus olhos devagar e passa suas patinhas a fim de tirar as lagrimas para enxergar melhor. Ao olhar para o loiro e ao notar que ele estava acordado e aparentemente melhor, novamente seus olhinhos se embaçam e ele voa ate o peito do garoto e ali fica agarrado enquanto sussurrava.

— Você acordou! Finalmente acordou!

— Plagg, desculpe. Eu devia ter te ouvido. Não é culpa sua. Por favor não se culpe. Eu fui irresponsável, eu sai sabendo que não estava bem. Não chore. – Diz pegando o Kwami nas mãos e vendo que ele limpava seu rostinho envergonhado.

— Chorar. Eu não tô chorando. E nem me culpando. Claro que a culpa é sua. – Ele flutua pra fora das mãos dele e vira de costas enquanto murmurava.

Nesse momento, Marinete retorna ao quarto sem que eles notem.

— Chorar... Eu não choro, garoto. Você é o sentimental aqui.

— Ah é? E o que é essa umidade nas suas bochechas em? – Ele fala cutucando o gatinho de leve nas costas.

— Eu... Eu não... – O pequeno começa a falar se vira de volta para o loiro. – Escute aqui, você que não tente me enrolar, garoto. – Voa ate seu rosto e lhe aponta uma patinha no nariz. – Da proxima vez que você sequer pensar em sair nesse estado de novo, eu juro que arranco esse anel do seu dedo e o escondo ate que eu tenha certeza absoluta de que não está mais doente. Fui claro, pirralho? – Ele grita com um tom bravo que Adrien nunca ouviu em sua voz. O que deixa muito claro o nível de preocupação que ele causou no pequeno, mesmo que ele morra sem nunca admitir tal fato.

— Sim, senhor! – Ele o pega novamente com as mãos e o aperta em uma de suas bochechas. – Desculpe. Serei mais cuidadoso, Plagg. Prometo.

— Assim espero! – Ele diz fungando e tentando disfarçar seu alivio em ver o loiro bem novamente.

— Awn, vocês são muito fofinhos. – Marinete diz com seus olhos brilhando. Deixando os dois corados de vergonha por não ter notado que ela estava de volta. – Serio, da vontade de apertar vocês dois.

— Ah... – O loiro solta envergonhado enquanto olhava a garota indo em sua direção com um prato cheio de croissants, seus olhos brilharam ao ver aquilo.

— Hum, parece que acertei ao achar que alguém ia ta com fome. – Sorri e entrega o prato pra ele.

— Ah, desculpe. Não como nada desde ontem. – Envergonhado ele pega um e morde. – Hummm!... – Seus olhos se arregalam e olha pra Marinete. – Seu pai definitivamente é o melhor padeiro de Paris. – Afirma enquanto morde com mais vontade ainda o croissant.

— Ah, não foi ele quem fez esses. – Diz ela um pouco envergonhada ganhando um olhar surpreso do gatinho. – Fui eu... Hoje de manhã... – Levanta da cama que havia sentado e caminha ate a escrivaninha remexendo em suas anotações pra disfarçar sua vergonha e felicidade, afinal, não é todo dia que alguém solta um elogio tão sincero sobre seus pães.

— Uau! Mari, isso aqui tá maravilhoso! Sério! Tem mais? – Pergunta ele terminando o último dos croissants.

— An, sim. Acho que ainda deve ter alguns. Eu posso colocar num saquinho pra você levar, se quiser.

— Hum... Você é maravilhosa! – Comenta enquanto colocava o prato de lado. Mari, é claro que fica ainda mais envergonhada.

— Gato bobo. – Ela diz vendo o rapaz olhar pra ela com uma sobrancelha arqueada. – O que foi?

— Nada. – Fala enquanto espirrava.

— Saúde. – Marinete deseja logo após. Levantando ela pega um termômetro que estava na escrivaninha e um algodão com álcool. Enquanto caminha até a cama ela desinfeta o termômetro. – Abre a boca, ‘pirralho’. – Diz entre risinhos e arrancando risadas do kwami que ainda flutuava por cima dos cabelos do rapaz que estava com as bochechas vermelhas.

— Ah! – Abre a boca enquanto ela guiava a mão com o termômetro pra medir sua temperatura.

— Eu nunca imaginei que o nosso gatinho herói seria chamado de pirralho algum dia. – Fala dando leves risadas enquanto pousava sua mão na testa dele pra medir a temperatura da pele enquanto deixava ele envergonhado.

— Plagg ama me importunar.

— E eu to mentindo? Eu tenho mais de cinco mil anos garoto. Não há ser vivo nesse planeta que não seja um pirralho comparado a mim.

— É, levando por esse lado. – Os dois dizem juntos e coram ao notar a sincronia da fala deles.

O termômetro apita e Marinette pra disfarçar o pega e se levanta da cama.

— Hum! 38,5⁰. Ainda não é o ideal. Está com febre. Mas já baixou muito. Logo deve melhorar totalmente. – Fala soltando um suspiro de alívio. – Como se sente?

— Meu corpo todo dói. Parece que fui atropelado por um ônibus. E eu sei como é, eu já fui mesmo.

— Talvez seja melhor voce se deitar de novo. Plagg ainda ta fraco tambem. Acho que talvez vocês tenham que passar essa noite aqui. Seria um problema pra você?

— Hã, até que não. Eu to sozinho em casa essa semana. Ninguém vai notar que não to la. – Diz cabisbaixo enquanto se deita novamente com ajuda de Marinette. – Obrigado, minha princesa encantada.

— De nada, gatinho fofo. – Diz fazendo uma reverência como de uma princesa que puxa um vestido.

— Não vou causar problemas? Sabe, não quero incomodar vocês. Talvez seja melhor eu ir logo pra casa e...

— Nada disso. – Ela o empurra novamente ate que se deite, já que estava levantando pra ir embora. - Não é incomodo algum. Meus pais sabem que você ta aqui e não se importaram em nada. E eu não vou ficar nada tranquila se te deixar ir sem ver que ta realmente melhor.

— Ela ta certa, garoto. Você ainda não está bom o bastante pra ficar sozinho em casa o resto da semana. E eu também não to com poder suficiente pra transformar você. Então, o jeito e dormir por aqui hoje mesmo, já que vc não ta com dinheiro pra taxi e muito menos condições de ir andando pra casa.

— Combinado então. Vocês ficam aqui ate que melhorem 100%. Assim eu fico tranquila e de quebra tenho boa companhia já que não tem aulas e minhas amigas estão fora da cidade.

— Esta bem. Se não sera incomodo mesmo, eu fico.

Marinette abre um sorriso enorme enquanto voltava a sentar na beira da cama novamente.

—Aliás… - Ela murmura colocando uma mão tapando a boca enquanto ria. - Belo pijama. - Diz olhando o pijama vermelho de bolinhas pretas que ele estava usando.

—Ah droga, esqueci que tava com isso. - Diz completamente envergonhado.

—Ah, Chat Noir. Você é muito lindo, meu Deus. - Fala como se dissesse que o clima está quente hoje.

—Ah… O que disse? - Desvia o olhar sem jeito.

—Eu disse… - Se aproxima dele e segura seu rosto. - Que você é lindo. - Da um demorado beijo em sua testa e se afasta. - E muito fofo também. - Levantando enquanto deixa o gatinho envergonhado na cama, com Plagg rindo horrores enquanto estava caido numa almofada, ela vai ate a porta e sai. - Vou pegar algo gelado pra gente tomar. - E sai soltando uma piscadinha pro garoto.

Adrien ainda envergonhado ralha com Plagg mandando-o se calar enquanto sentia suas bochechas cada vez mais quentes, mas, dessa vez não era culpa da febre.

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Marinette descia as escadas até a cozinha com um enorme sorriso, Tikki aparece ao seu lado e a segue somente a observando.

—O que foi aquilo? - Pergunta a kwami.

—Ah Tikki, eu não sei. Quando notei, ja dinha falado e beijado a testa dele. - Sente suas bochechas esquentarem. - Como aquele garoto todo fofo no meu quarto pode ser aquele gato todo seguro de si? Eu não consigo entender.

—E como a Ladybug pode ser uma garota td sem jeito e completamente desastrada fora do uniforme? - Rebate a pequena kwami.

—Ok, me pegou nessa. - Entra na cozinha e abre a geladeira a procura de sorvete e leite. - Sera que ele gosta de milk shake?

—Posso perguntar pro Plagg se quiser.

—Ok, mas cuidado. Ele não pode te ver. Você sabe.

—Não se preocupe, Mari.

-x-

No andar de cima, Adrien se encontrava deitado e olhava fixamente para o teto com uma das mãos na testa. Vendo que o loiro estava distraido, Tikki aparece através da parede e chama a atenção de Plagg que sai disfarçadamente.

—Ta tudo bem com ele? - Pergunta ela baixinho para não ter o risco dele a ouvir.

—Ta sim. So ta muito confuso em relação ao que ta sentindo pela Marinette nesse momento.

—Vamos lá na cozinha. Mari quer saber do que ele gosta. - Diz puxando o pequeno gatinho pela pata e atravessando o piso.

-x-

Na cozinha, Marinette estava esperando o retorno de Tikki com a resposta de sua dúvida enquanto comia um biscoito.

—Eu trouxe o Plagg, Mari.

—Ah, Plagg. Chat gosta de milk shake?

—Ta brincando? Aquele lá é uma formiga. Ama tudo que seja doce. O trabalho dele não permite que ele como muito e sempre passa dos limites quando lhe é permitido comer algo doce. Opss… - O kwami tapa a boca ao notar que falou mais que o necessário. Tikki olha torto pra ele.

—Ah, Plagg. Você sempre fala mais que o necessário. - Tikki ralha com o pequeno gatinho.

—Desculpe docinho. - Fala cabisbaixo e de orelhinhas caídas.

—O trabalho dele não o deixa comer doces? Por que é que… NÃO. Para Marinette. Você não pode saber quem ele é. Não ainda. Não posso ficar pensando nisso ou vou querer saber em que ele trabalha e isso pode me levar a saber quem ele é. Não.

—Ta vendo? Se ela descobrir, eu juro que te caço por toda Paris. - Fala brava batendo uma mãozinha em punho na palma da outra mão. Plagg assustado se esconde atrás de Marinette.

—Tikki, não briga com ele. Ele não falou por querer.

Ela passa uns minutos na cozinha fazendo dois milk shakes. Lava o que sujou rapidamente e sobe as escadas sendo seguida pelos pequenos kwamis. Tikki se separa deles e entra atraves do teto indo para sua gaveta enquanto Plagg a seguia, ja que não tinha porque se esconder.

Chegando no quarto ela vê aquela cena fofa que só a faz querer apertar mais aquele garoto. Chat Noir deitado de lado em sua cama, uma das mãos na testa onde ela o tinha beijado e no outro braço, ele abraçava sua pelúcia de gato que sempre ficava em sua cama.

—Na boa, eu vou esmagar esse garoto num abraço ainda. - Sussurra pra Plagg ouvindo uma risadinha e um "Pois faça, ue. Garanto que ele não vai achar ruim".

Se aproxima da cama e coloca os copos no chão por enquanto. Leva sua mão direita ao rosto do loiro e afasta alguns fios de sua franja vendo-o abrir seus olhos verdes.

—Pensei que tivesse dormido.

—Não. Você demorou um pouco e eu fiquei meio… solitário. - Fala envergonhado enquanto se sentava na cama e recolocava a pelúcia onde tinha tirado. - É um gato bonito. - Fala se referindo a pelúcia.

—É lindo, sim. - Fala distraida olhando pra ele.

—Marinete… - Murmura sem graça ao notar que ela o olhava fixamente.

—Desculpe. - Sorri pra ele. - A pelúcia também é bonita. - Se abaixa e pega os copos com dois canudos de aço inox dentro. - Gosta de milk shake de morango? É tudo que eu tinha pra fazer.

—Obrigado! Eu gosto muito. - Pega o copo e toma um pouco

—Verdes. - Diz olhando-o nos olhos. - Seus olhos são verdes mesmo. Eu achava que era só çela transformação. São bonitos.

—Ah, sim. São verdes. E obrigado pelo elogio. - Murmura envergonhado e tomando um gole do milk shake pra tentar inutilmente diafarçar.

—Vejo que sua forma civil é bem mais timida que a de herói. - Diz vendo-o olhar pra ela com surpresa.

—Bem, de fato. Grande parte da minha personalidade de Chat Noir vem desse serzinho aqui. - Fala apontando para seus cabelos loiros onde sentia Plagg deitado.

—De nada. - Diz o pequeno convencido enquanto assistia a interação dos dois de camarote. - Um herói timido não seria muito legal, não é? Algo nele eu preciso mudar quanto o transformo. So dou um pouco mais de coragem e mando a timidez dele pra…

—Ouuu, ta bom. Ja entendemos. - O loiro interrompe o pequeno, arrancando assim uma risada de Marinette.

—Bom, já são quase dezoito horas. - Ela fala olhando para o relogio na proteção de tela de seu computador. - Você quer tomar um banho agora ou prefere mais tarde quando estiver mais fresco?

—Ah, pode ser agora. To todo pregando de suor. Isso e um nojo. Eu odeio ficar sujo. Fico agoniado. Acho que vai precisar ate troxar sua roupa de cama.

—Não se preocupe com isso. Eu troco quando você estiver no banho. - Levanta da cama onde tinha sentado pra tomar seu milk shake e caminha ate seu guarda roupa. - Bom, eu tenho umas roupas que fiz pro meu amigo Nino e não pude entregar ainda. Acho que te servira. - Pega a roupa e a coloca na escrivaninha enquanto procurava uma toalha limpa. - So não terei roupa de baixo, desculpe.

—Não importa. Acho que da pra ficar sem. Por enquanto. - Diz envergonhado por se imaginar sem cueca no quarto da sua melhor amiga, não que ela saiba dessa última parte.

—Achei. - Pega uma toalha preta e cheira. - Não ta cheirando a roupa guardada. Vai servir. Vem cá, gatinho. Não tenha vergonha. - Diz enquanto pegava tudo e caminhava ate seu banheiro após ver que o garoto se preparava pra levantar. Coloca tudo na bancada do banheiro e volta ate a porta. - Precisa de ajuda?

—Não, tudo bem. - Fala ja na metade do quarto, caminhando ate o banheiro devagar por estar um pouco tonto.

—Bom. Ali no armário tem escova de dentes nova, fica a vontade pra pegar uma. No do lado tem buchas e sabonetes novos tambem, caso prefira. Mas não me importo se usar o meu sabonete. La no chuveiro tem shampoo e condicionador se quiser lavar o cabelo. Coloca a sua roupa aqui de fora que eu vou por na máquina. - Explica tudo rapidamente e olha novamente para ele vendo-o meio pálido. - Você ta melhor mesmo? - Pergunta preocupada chegando perto dele e colocando a mão em sua testa. - Pode esperar mais um pouco se quiser descansar um pouco mais antes. Eu não ligo, sério. Você tá meio pálido.

—Não, não. Eu to bem. Não se preocupe. - Ele fala enquanto sentia Plagg sair de sua cabeça e rapidamente o pega com uma das mãos. - Onde acha que vai? Nem tente fugir. Você vai pro banho também. Você é um gato ou um porquinho?

—Um porquinho. Oinc, oinc… - Tenta imitar um porco e escapar, mas não teve sucesso. - Você sabe que posso sair da sua mão se quiser ne?

—Sei, e sei que você também sabe o que acontece caso você fuja.

—Você é mau comigo. - Faz olhinhos tristes e voa ate a pia do banheiro e senta de costas e de bracinhos cruzados em cima da toalha que foi deixada ali.

—Dramático. - Revira os olhos e entra de vez no banheiro.

—Eu adoro ver vocês interagindo. Sério. É muito bonitinho. Se precisar de mim é so chamar. Bom banho. - Fecha a porta depois de dar outra piscadinha pro garoto que novamente fica envergonhado. - E não esquece de colocar sua roupa aqui fora.

—Ta bom. - Fala alto pra ela poder ouvir.

Tira toda sua roupa e como pedido pela azulada, coloca tudo do lado de fora vendo-a sentada na cadeira da escrivaninha esperando. Da um sorriso pra ele e se levanta pra demonstrar que iria pegar a roupa. Ele volta novamente pra dentro so banheiro e fecha a porta. La de dentro ele ouve ela pegando suas roupas e seus passos se afastando e ao longe o barulho da portinha de seu quarto fechando. Ela havia saido so quarto.

Mais tranquilo, ele fica de frente ao grande espelho na parede que separava os dois armarios que ela guardava as coisas dela. Retira a mascara que ela havia colocado em si e a coloca na pia. Passa seus dedos pelos seus cabelos e se olha no espelho. - O que eu tô fazendo? - Sussurra pra si mesmo com um suspiro.

—Ah, para com isso. Não é pra tanto. Ela é uma boa moça, realmente não espior você depois que te destransformei. E não vai espiar agora.

—Não é isso. Eu sei que ela é uma boa garota. Sei que não olharia por baixo da máscara.

—Então o que foi? - Pergunta flutuando de frente ao seu rosto.

—Eu só penso em como ela é linda e tão prestativa. Ela cuidou da gente sem querer nada em troca. E … - Sussurra novamente sentindo suas bochechas esquentarem. - Pode ser impressão minha, mas, parece que ela ta flertando comigo.

—Descaradamente eu diria. - Plagg diz sem duvidas.

Ele olha assustado para o pequeno. - Mas não pode ser. Ela gosta do Luka. Porque flertaria comigo?

—Ela disse com todas as letras que gosta do Luka?

Adrien para pensativo por um momento. - Não que eu me lembre.

—Adrien, não faça suposições. E sinceramente, também não se faça de bobo quanto ao que ta sentindo por ela. Ta muito na cara que você gosta dela, tanto quanto da Ladybug eu diria. - Diz vendo-o olhar pro lado com vergonha. - E ela gosta de você. Ta bem na cara também que ela sente algo. Ela não ia ta soltando flertes descarados se não gostasse de você.

—Eu não sei. Tenho medo de fazer algo que a magoe. Embora ela não saiba que eu sou eu. E se ela ficar brava? Quando souber quem sou?

—Ei, para de se basear em suposições. Você nunca saberá se não arriscar. Ela é uma boa garota, da uma chance. Como Chat Noir ou como você mesmo.

Pensativo, Adrien vai para o banho arrastando o pequeno junto a si para o chuveiro.

Continua...