Luca e Marla apareceram na casa onde Stephen agora ocupava sozinho, mas que no passado era ocupada pelos três e por Roger. Stephen levou um esporro da mãe por ter acabado de acordar e por atender a porta ainda de pijama, mas instantes depois foi recebido por calorosos abraços e beijos.

– Ainda acho um absurdo você morar aqui sozinho. – Comentou Marla enquanto o trio almoçava.

Marla e Luca levaram a comida, já que Stephen não era muito bom na cozinha. Stephen estava faminto, pois não provava da comida da mãe faz algumas semanas.

– Não tem sido tão ruim assim, sabe? Eu só preciso arrumar um emprego. É ruim ficar sem dinheiro.

– Nisso eu devo concordar. Você vai se formar no final do ano. Arrumar alguma coisa de leve para você ter uma noção já vai ser muito bom.

– Stephen já tem experiência. Ele não trabalhava naquela organização do nosso tio? – Perguntou Luca inocentemente. Parou de comer e revirou os olhos quando percebeu o que tinha feito. – Desculpem.

– Não. Tudo bem – Disse Stephen, lembrando-se de que tinha perdoado Russell por entregar seu pai ao Fundador, então desculpar Luca por citar a Ultra e Jedikiah durante o almoço não deveria ser difícil – Na verdade, já que estamos falando do Jedikiah, como era a relação dele e do meu pai?

Marla encarou Stephen, pensativa e bloqueando sua mente para que Stephen não a lesse. Pensou em perguntar ao filho o porquê de ele não ter perguntado isso ao pai, mas citar a guerra numa hora dessas não seria muito legal, então Marla simplesmente respondeu:

– Jedikiah amava o irmão. Apesar de tudo o que aconteceu. Ele só era um pouco ciumento do Roger.

– É, ouvi dizer que eles pesquisavam sobre os três T’s juntos.

– Sim. Os dois tinham um laboratório onde passavam a maior parte do tempo juntos. O que deixava Jedikiah com inveja era a mesma coisa que unia os dois. – Marla sorriu para si mesma ao lembrar-se do marido.

– E onde ficava esse laboratório?

– Porque você quer saber? O que vocês e os Seres Do Amanhã estão aprontando?

– Não estamos aprontando nada. Eu só queria falar com Jedikiah, só isso.

– Então por que eu estou com a impressão de que você está mentindo?

– Porque você é a minha mãe e me ama. – Stephen sorriu e abraçou a mãe enquanto Luca observava a mãe cuidadosamente.

“Stephen, você conseguiu alguma coisa?”

“Nada ainda, Cara. Minha mãe disse que meu tio e meu pai compartilhavam um laboratório. Acho que se ele não estiver lá, pelo menos deve ter deixado algum rastro sem perceber.”

“Eu concordo, mas não posso ficar esperando. Eu vou com Irene procura-la. Russell vai ficar aqui.”

“Ok, se eu souber de qualquer coisa eu te falo.”

– Aonde vamos? – Perguntou Irene à Cara. As duas estavam com Russell e Charlotte na antiga sala de Jedikiah. – Você tem algum lugar de onde podemos começar a procurar pela Morgan?

– Jedikiah e ela tinham uma casa no litoral, vou dar uma passada por lá. Tim a encontrou por lá. Se você não quiser ir, tudo bem.

– Não ligo de ir. Até porque não tenho nada melhor pra fazer, já que o laboratório não está intacto depois do que aconteceu aqui.

– Obrigada por jogar isso na minha cara todo santo dia, só que eu não tenho dinheiro para arrumar.

– É. Eu entendi. Desculpe.

– Russell, você toma conta de tudo até voltarmos?

– Lógico. Adoro sentar-me aqui sem fazer nada.

– Porque logo hoje todo mundo decidiu usar ironias comigo? – Disse Cara à si mesma. – Tim, você também não vai ficar à toa. Continue procurando por vestígios de John ou Jedikiah.

Irene e Cara desapareceram, uma após a outra. Charlotte encarava Russell, que girava na cadeira enquanto revirava os olhos, pensando no que haveria de legal no prédio para se divertir.

– Russell...

Charlotte engole em seco. Russell continua girando na cadeira.

– Sim?

– Você me ensina a lutar?

Russell parou de girar e encarou Charlotte... ou tentou, já que estava tonto.

– Você quer aprender a lutar?

Charlotte fez que sim com a cabeça, enquanto Russell a encarava pensando se deveria ou não ensinar a menina a lutar.

Cara e Irene apareceram na casa de Morgan e Jedikiah. Cara tentou usar a telepatia, mas não adiantou. Irene percebeu um borrão passando no corredor e avisou Cara.

De repente, sem saber de onde ou como, Cara voou através da porta para o lado de fora da casa. Irene se teleportou para perto da amiga. Dois homens altos apareceram ali.

– Onde está Jedikiah? – Perguntou um deles à Cara.

Cara não respondeu. Teleportou-se para trás do homem e o nocauteou, jogando-o contra o chão fazendo-o bater a cabeça. O outro homem agarrou Cara por trás, deixando a menina sem ar.

Irene, com certa dificuldade, removeu a porta da casa usando telecinese para acertar o homem, mas este se teleportou para o lado com Cara e a porta passou direto.

Uma pedra flutuou, sem ninguém saber de onde, e acertou o homem na cabeça.

– Obrigada. – Disse Cara à Irene.

– A ideia da pedra não foi minha.

Morgan saiu da casa e fitou as meninas que foram lhe visitar.

As três entraram e esperaram silenciosamente por Morgan, que fazia um chá para oferecer às duas. Tentava não olhar nos olhos das meninas enquanto as servia.

– Não – Morgan se encostou próxima à pia refletindo sobre cada palavra que sairia de sua boca a partir dali – Não faço ideia de onde ele esteja.

– Como sabe que estamos procurando por Jedikiah? – Perguntou Irene

– Porque vocês demoraram? – Morgan fitou-a, fazendo-a perceber que era apenas questão de tempo.

– O que aqueles caras queriam com você? – Disse Cara antes de tomar um pouco do chá.

– O mesmo que vocês. Só não foram tão delicados assim. – Morgan forçou um sorriso, mas olhava para o chão, pensativa.

– Você não sabe onde ele está ou não quer saber? – Perguntou Irene antes de levar uma cutucada de Cara.

– Os dois.

– Ao menos você sabe onde é o laboratório que ele e Roger usavam?

– Não. Eu queria ajudar, mas não vai dar.

– Se importa? – Cara queria ler a mente de Morgan para ter certeza.

Morgan fez que sim com um aceno de cabeça e, após um suspiro profundo Cara entrou na mente da jovem. Além de ver John salvando-a de Jedikiah quando este descobriu que ela estava grávida, não via mais nada.

– Provavelmente é um de nós. – Disse Cara séria.

– Quem? – Perguntou Irene, sentindo-se completamente excluída.

Morgan pôs a mão na barriga e começou a chorar.

Longe dali, numa sala mal iluminada, estava Jedikiah analisando alguns papéis. Havia dois em suas mãos e um sobre a mesa. O que estava sobre a mesa apresentava uma foto do sobrinho Stephen e várias informações do mesmo. Os que estavam em suas mãos, eram fichas de Cara e Russell. O cientista levou um susto quando seu primeiro soldado apareceu.

– Um dia você vai me matar de susto, filho.

– Não creio. Você é teimoso demais para isso. – John abriu um sorriso – Você disse que gostaria de falar comigo. O que houve? Você parecia preocupado.

– É meu sobrinho. Ele é especial.

– Stephen?

– Sim. Hora de vocês se conhecerem.

– E os outros Seres Do Amanhã? Achei que Cara e Russell seriam os primeiros recrutas.

– E seriam, mas eu andei fazendo as contas depois que você matou o senador, e percebi que Stephen é mais importante. Assim que convencermos ele a se juntar à nós, poderemos então ir atrás dos Seres Do Amanhã.

– Sem mortes, eu presumo.

– Se você puder evitar matar meu sobrinho eu agradeceria. – Jedikiah riu do próprio comentário. – Posso contar com você?

– Claro. Quando eu começo?