Secrets

Capítulo 3 - Nervos à flor da pele


Chat Noir ficou parado, perplexo com a atitude repentina da joaninha. Ao retornar a si, se pôs atrás dela.

— Chat Noir, eu já não falei que era cada um para o seu lado?! - ela dizia, enquanto "voava" pelos prédios sem nem olhar para trás.

— Ladybug, espera - disse ele indo mais rápido para tentar alcançá-la. - Eu não fiz por mal, eu só queria saber se você o tinha achado, eu jamais te acusaria sem ter provas, My Lady.

— Sério? - disse Ladybug sarcásticamente. - Pois não foi o que me pareceu!

— Olhe... não queria que você me entendesse mal! Só queria saber se você sabia sobre meu livro... - tentou se explicar Chat, se enrolando cada vez mais.

— Eu não sabia e nem quero saber sobre esse livro. - disse rígida. - Agora vamos fazer a ronda! Já estamos atrasados!

— Ok! - disse o gatinho já se pondo ao lado da garota.

— CADA UM DE UM LADO! -gritou Ladybug, que logo em seguida saiu do lado do garoto, a estava deixando de cabelos em pé. Ao terminarem a ronda, ainda sem falar um com o outro, cada um retornou à sua casa.

Ladybug foi para casa sem ver realmente por onde estava indo, parecia que estava no piloto automático. Com uma mistura de sentimentos dentro de si e acima de tudo arrependida por ter tratado seu parceiro daquele jeito, ela continuou seu caminho até ver um prédio claro e bonito. Sua casa. Chegando nela, abriu a clarabóia e entrou em seu quarto caindo diretamente em sua cama, ela sabia que haveriam dias em que estaria demasiada cansada para andar até sua cama, que ficava do outro lado do quarto - então um belo dia com a desculpa de que queria dormir sob as estrelas, seu pai e ela arrastaram a cama para debaixo da clarabóia - e adentrou o quarto, porém não era mais Ladybug e sim Marinette que havia acabado de cair confortavelmente em sua cama.

— Marinette você sabe que foi dura com ele, não sabe? - começou Tikki.

— Ele se dirigiu a mim com um tom acusatório, - respondeu Marinette. - eu não achei nada e ele duvidou de mim.

— Marinette me escuta, por favor - suplicou Tikki. - ele não te acusou de nada, ele só perguntou se você havia visto o livro...

— Mas... - interrompeu Marinette.

— E sinceramente, eu entendo sua raiva, hoje realmente foi um dia e tanto. Laila, o akuma, o livro, Volpina, seu ciúmes do Chat Noir... - continuou Tikki como se não houvesse sido interrompida.

— Ei ei ei, espera um pouquinho aí mocinha - disse ela - eu não fiquei com um pingo de ciúmes do Chat Noir, ele é livre e-eu acho, mas enfim... ele é livre e pode fazer da vida o que quiser. Aquilo foi apenas uma desconfiança. - disse ela se referindo ao momento em que a akumatizada parou o meteoro falso e pensando também no momento da estratégia para achar o falso Hawk Moth - eu não tenho sentimentos por ele, além de uma grande amizade e admiração.

— Tudo bem, Mari - disse Tikki confortando a amiga. - Entendo que você está nervosa, mas não desconte em mim e não pense em mais nada, você precisa dormir... amanhã você tem aula bem cedo. Lembre-se que você precisa entregar o trabalho.

Maldito trabalho. Maldito Chat Noir. Maldita Volpina. Maldito dia em que Ladybug foi brigar com seu parceiro. A jovem só queria que o dia acabasse.

— Tudo bem Tikki - disse Marinette em um tom de choro. - Boa noite minha pequena kwami. - Mari deu um beijo em Tikki, que foi para a cama que a azulada fez pra ela.

Marinette estava deitada de barriga para cima em sua cama, contemplando as estrelas. A menina olhava as estrelas e pensava em Chat Noir. Malditas estrelas que formam a figura de um gato. Ela estava arrependida. Essa era a palavra. Arrependida por tudo o que havia dito ao seu gatinho. Arrependida por o ter tratado daquela forma. Agora estava confusa com seus sentimentos em relação ao companheiro de lutas. Essa mistura de sentimentos a fez ficar com a cabeça cheia e a jovem não conseguiu dormir a noite toda. Ou quase a noite toda.


Não muito longe dali, não demorou muito para Chat Noir cair em si e então sem nem perceber, seus pés se moveram automaticamente no caminho para casa. Tudo o que ele sentia era raiva. Raiva por ela ter achado que ele a havia acusado. Raiva por não ter palavras à boca para dizer que a ama. Raiva dele próprio por a ter deixado ir. Raiva por ter perdido esse maldito livro. Tudo o que ele queria era chegar à sua casa, deitar em sua cama, dormir... e esquecer que esse dia aconteceu. Chegando ao seu quarto, ele voltou a ser Adrien Agreste e seu kwami estava cansado, mas ao ver uma bandeja de camembert ele recuperou suas forças e saiu voando para ela.

— Como eu pude ser tão idiota? Idiota. Idiota. - Adrien estava chutando a cabiceira de sua cama de tão nervoso que estava.

— Calma garotão, o estresse gera rugas - disse Plagg em um tom zombeteiro - você não escutou seu pai não?! - gargalhou enquanto desviava, pois Adrien tacava almofadas nele.

— Para com a brincadeira, Plagg - ordenou Adrien - seu gato idiota. Você faz alguma ideia do que são sentimentos? Porque eu amo aquela garota, mas ela não me escuta. E a próxima ronda que vamos fazer juntos é só semana que vem. - sua voz foi sumindo enquanto ele terminava - Queria tanto que um akuma aparecece na cidade. - pensou alto demais, porém não passou de um sussurro. Ele não queria realmente que um akuma aparecesse. Ele não queria que ninguém se machucasse. Ele só queria falar com Ladybug e explicar para ela o que era necessário ser explicado.

— Em primeiro lugar galãzinho, eu sei o que é o amor. Eu já o senti e não foi só com o camembert. Em segundo lugar: cuidado com o que deseja. Isso é horrível, você por algum acaso pensa? APARENTEMENTE NÃO, PORQUE SE PENSASSE, SABERIA QUE OS AKUMAS DO HAWK MOTH FICAM MAIS FORTES A CADA MALDITO DIA E VOCÊ COMO UMA PESSOA EGOÍSTA QUE É, SÓ PENSA EM SI MESMO. - gritou Plagg. - O QUE FOI? ACHA QUE ESTOU ERRADO? VOCÊ NUNCA PAROU PARA PENSAR NISSO NÃO É? ESTÁ TÃO OCUPADO EM VANGLORIAR SUA JOANINHA QUE SE ESQUECEU DE TUDO AO SEU REDOR.

Sua repentina mudança de humor acabou assustando Adrien, que ficou em choque. Perplexo com a atitude do amigo. Não sabia porque havia agido dessa forma, mas sabia que ele estava escondendo algo do garoto. Algo muito grande e perigoso. Então, após o acontecimento, Adrien tentou acalmar o pequeno kwami que havia até perdido a fome e estava tremendo de tanto nervoso.

— Plagg, me desculpa pela minha rebeldia, mas tenta me entender poxa, hoje o dia foi muito difícil. - disse ele se referindo à luta com a Volpina e todo o resto que ocorreu depois - E-eu não quis te machucar, tampouco te magoar - disse ele se segurando para não desabar - eu não queria te fazer lembrar de coisas que são dolorosas pra você. - ele entendia como era estar sozinho e sentindo dor o tempo todo sem ter com quem conversar.

— Tudo bem, Adrien - Plagg respondeu sinceramente - Eu só preciso que você entenda que não é só você ou a Ladybug ou Paris que está em jogo. Mas algo muito maior. - bocejou ele pronto para dormir.

— Ei Plagg - chamou Adrien baixinho e ao vê-lo levantar as orelhinhas em sinal de que o estava ouvindo, continuou - eu queria que você me explicasse esse negócio do akuma do Hawk Moth ficar mais forte a cada dia. - tentou persuadi-lo.

— Adrien... querido Adrien, bem tu lembra quando eu te disse que os kwamis não mentem para seus donos? - ele assentiu uma vez - E que nós temos que dar as respostas que nossos mestres pedem? - ele assentiu mais uma vez, fazendo uma careta ao ser chamado de "mestre" - Pois então, eu não vou dar essa resposta agora, primeiro porque é um segredo muito maior do que sua identidade e da Ladybug e mais coisas estariam em risco e segundo você não iria ouvir uma palavra do que eu disser porque está com muito sono e precisa ir para a escola amanhã. Logo, boa noite Adrien. - respondeu Plagg em seguida adormecendo.