Durante o percurso até a casa de Keishi, o trio parou em frente a uma loja de armas, era incrível como aquela cidade estava vazia, suponha-se que os habitantes haviam deixado devido à infestação, porém estava tudo tão calmo, mal se podia acreditar que estavam em meio a um apocalipse zumbi. As garotas desceram da moto, seguidas por Keishi, então logo se dirigiram a loja de armas que estacionaram em frente.

- Bem, é aqui que iremos pegar o que precisamos. – Keishi deu um sorriso confiante.

- Mas tenham cuidado, está calmo e vazio aqui, mas não há garantia alguma de que é seguro. – Disse Ayume retirando seu calibre 22 LR da cintura, e mirando-a em sua frente.

- Você está certa, hey Lunancie, você fica no meio, eu na frente, Ayume, você fica atrás, eu cuido de quem vir à frente. – O garoto fez um sinal com as mãos para chamar as garotas enquanto caminhava já com suas tonfas em posição.

- Seria melhor que eu ficasse á frente, não? – Perguntou Ayume.

- De forma alguma, você fica atrás, caso algum nos ataque e eu não esteja me dando bem, você cuida dele. – Keishi olhou para a garota sorrindo.

Ayume corou um pouco, o sorriso de Keishi era tão cativante, era impossível não sentir-se alegre e confiante após um sorriso daqueles, será que era estranho corar com um sorriso de alguém que conhecera a poucas horas? A garota se perdeu em meio aos pensamentos, mas foi acordada quando Keishi chamou seu nome, a voz gentil e firme.

- O-oi? – Disse ela.

- Fique atenta, não fique aí pensando na morte da bezerra. – Disse o garoto zombando.

- Ergh, relaxa, não vou mais pensar na morte dela. – A garota revirou os olhos e deu um sorriso sarcástico.

- Chega disso vocês dois, vamos vamos. – Lunancie era apressada, não via a hora de sair dali, sentia que não era seguro.

- Alias, Ishi... Se pegarmos armas, onde vamos guardar? Não cabe mais nada nas nossas mochilas e bem, não cabe mais nada no porta malas da sua moto... – Ayume levou uma das mãos ao queixo.

- Não baixe a guarda. – Ordenou o garoto percebendo que ela havia desleixado. – Isso a gente resolve tirando algumas coisas da Harley, podemos carregar as mochilas nas costas ou na frente, depende de como puder, eu posso carregar na frente, e quem estiver por ultimo atrás, se acharmos alguma coisa aqui que possamos utilizar para carregar a arma será ótimo. – O garoto parecia bem atento a qualquer coisa dentro da loja.

- Parece não ter ninguém, e... Também acho que ninguém teve a idéia que nós tivemos... – Lunancie coçou o queixo.

- Já disse pra não baixarem a guarda. – O garoto era autoritário.

- Relaxa... – Lunancie balançou a cabeça levando uma das mãos a testa.

Keishi suspirou. – Realmente parece vazio e olha... Tem mais armas do que eu achei que teria. – O garoto sorriu, mas não baixou a guarda. – Ele olhou para os lados, parecia realmente estar vazio. – Ayume, vasculhe para ver se não há ninguém além de nós, Luna, vai com ela. – Keishi fez um sinal com a mão. – Eu vou pegar as armas que precisaremos por enquanto. – O garoto andou até o balcão de armas.

- Ok. – Disseram as garotas seguindo juntas para o outro lado da loja. – Ele está tão autoritário. – Disse Lunancie sorrindo.

- Eu entendo, afinal ele deve se sentir responsável por nós. – A garota levantou os ombros e deu um sorriso um tanto aliviado.

Keishi observava o balcão de armas, e tentou abrir para pegar alguns revolveres, porém sem sucesso.

Acho que fora por isso que ninguém roubou coisa nenhuma, tudo aqui parece estar trancado e pelo visto, há alarme anti-roubo... Como ninguém quer fazer barulho para chamar atenção, ninguém tentou quebrar isso... Até se eu tivesse sozinho eu quebraria e não teria medo de chamar atenção... Mas sou responsável por aquelas duas e...

- KYAAAAAAAAAAH – Um grito com voz familiar alarmou os sentidos de Keishi fazendo com que o garoto perdesse de imediato a linha de raciocínio e tivesse apenas uma coisa em mente: Encontrar as garotas.

O garoto correu o máximo que pode em direção a onde elas foram, e quando chegou lá ficou surpreso com o que assustara as garotas.

- Yoru chapter –

Não posso deixar que me prendam aqui... Meu irmão está lá fora já faz tempo, prometeu voltar rápido e ainda não chegou, não posso ficar parado.

Yoru revirava-se na cama olhando para os lados, não sabia o que fazer, queria ir atrás de seu irmão, foi quando olhou para a janela e a idéia de sair por ela.

- Keishi Chapter –

- O que é isso...? – Keishi estava surpreso.

- AAHHH! – Ayume gritava desesperada e correu em direção a Keishi agarrando o garoto. – Mata, mata! – A garota estava desesperada.

Keishi ao ver o motivo do grito das garotas, ficou parado, não tinha a mínima reação.

- Eu não acredito... – Disse baixo ele. Os olhos do garoto estavam fixados no que fizera a garota se assustar tanto, Keishi ficara surpreso por ver o que era, era algo absolutamente ridículo, ele nunca achou que Ayume teria pavor de coisas como essas.

- Você gritou tanto por causa de um simples “ninho” de baratas... – Keishi ficara pasmo no mal sentido, achou tão ridículo o susto da garota que não teve qualquer reação.

- Mata... Mata, eu tenho pavor disso, mata! – A garota abraçava Keishi com toda sua força escondendo sua face no peitoral do garoto, deixando algumas lagrimas escapar.

- Eu não acredito nisso... – Keishi fez com que a garota o soltasse e foi em direção as 6 baratas que rodavam em círculos, foi pisando em uma por uma, a ultima estava na parede, por esse motivo dera um chute contra a mesma, porém a madeira estava podre, e acabou quebrando, e um corpo semi-decomposto repleto por moscas varejeiras, lavas e vermes por cima caiu dali de dentro em cima de Keishi, o corpo estava tão nojento, que dava ânsia de vomito só de vê-lo, partes do corpo já eram inexistente, suponha-se que estava morto ali durante muito tempo, o corpo vestia roupas de vendedor, provavelmente era o dono da loja de armas, podia-se ver que havia em sua testa uma marca de tiro, provavelmente ele mesmo havia se matado, deveria estar morto a meses, antes mesmo do apocalipse zumbi começar, o homem não tinha um dos olhos, deles saiam vermes, daqueles brancos pequenos que sempre aparecem em pedaços de carnes quando deixados descobertos, ou dentro de frutos estragados. Keishi se assustou, o odor que o corpo exalava era insuportável, o garoto não teve outra reação a não ser dar um golpe certeiro na cabeça do morto por puro reflexo, mesmo vendo que não era um zumbi, fora a reação que tivera, o garoto assustou-se e caiu para trás, seu estomago revirou, o cheiro forte, os vermes, aquilo faria qualquer um vomitar, e isso aconteceu, mas não com Keishi e sim com Lunancie, a garota não conseguiu segurar o estomago, e acabou soltando tudo para fora, Ayume fechou os olhos e virou-se sentindo também o estomago revirar, mas essa agüentou, enquanto Keishi caiu no chão paralisado pelo susto que levara.

- O que é isso... – O garoto levou uma das mãos à boca um tanto enjoado com o odor do morto.

- Que horror... – Disse Ayume.

Keishi levantou um tanto desnorteado e cambaleou até onde estava Ayume, o garoto a agarrou pelos ombros e olhou-a no fundo dos olhos.

- Ayume... NUNCA MAIS GRITE DESSE JEITO SE NÃO FOR GRAVE! – O garoto pareceu assustador, os olhos enfurecidos encaravam os azuis da garota de forma assustadora, Ayume sentiu mais medo de Keishi do que de qualquer morto vivo que enfrentara até aquele momento.

- De-Desculpe. – A garota sabia que não deveria ter feito aquilo, mas não era culpada, afinal tinha pavor de baratas desde que era criança, talvez não fosse preciso se exaltar como fizera, mas foi seu instinto natural, reação natural, ela não tinha idéia que ele ficaria tão furioso. – É que eu tenho... Pavor dessas coisas... – A garota desviou o olhar e abaixou a cabeça.

Lunancie enquanto recuperava-se do asco olhou para Keishi e Ayume, a garota percebeu que apenas de se conhecerem muito tempo, pareciam se dar muito bem, um leve sorriso foi formado nos lábios da garota que sempre quis que Keishi deixasse de lado o amor doentio que sentia pela garota que ele nunca sequer vira, e talvez Ayume pudesse ajudá-lo a esquecer isso.

Keishi voltou a si, e percebeu o olhar triste de Ayume, sentiu-se culpado por ter sido tão grosso com uma garota que mal conhecia, seu coração apertou por esse motivo, então o garoto abraçou-a.

- Desculpe... Eu apenas fiquei preocupado. Não quero que nada aconteça com você ou com a Luna... Tive medo de que estivesse sendo atacada por um morto-vivo e não pudesse chegar a tempo, por isso me exaltei tanto, perdão. – O garoto abraçava-a com ternura, sentindo o perfume doce de morango dos cabelos da garota, pode também perceber o quão macios eram seus cabelos, e quão pequeno era seu corpo, sentiu os seios da garota espremer-se contra o peitoral dele, podendo sentir o conforto dos seios de uma garota, mas ele abraçou para tirar proveito e sentir os seios da menina, fora apenas uma forma de desculpar-se, ele realmente havia se assustado, tinha medo de perder alguém que acabara de conhecer, Keishi quando gostava de alguém, era de imediato, não se importava com anos de amizades ou dias, apenas com a personalidade e essência que a pessoa lhe daria.

Ayume surpreendeu-se com a força que fora abraçada após ter sido repreendida daquela forma, mas sentiu-se um tanto confortada pelo abraço que o garoto lhe dera, e o retribuiu, não na mesma intensidade, mas apenas para sentir-se mais confortável, apenas para aceitar o perdão do garoto. Keishi soltou-a aos poucos, sentindo o calor e o perfume de morango de forma mais fraca.

- Nunca mais me assuste daquele jeito... – Ele a olhou nos olhos, um olhar preocupado e penetrante.

- Desculpe. Eu não farei. – A garota retribuiu o olhar de Keishi, encarando-o no fundo dos olhos.

- Gente, desculpa atrapalhar o clima, mas... Temos problemas... – Lunancie apontou para a porta com o dedo indicador aproximando-se do casal de amigos.

Keishi virou os olhos para onde a amiga apontara, realmente estavam com problemas.

- O barulho deve ter atraído essas coisas. – O garoto mordeu o lábio.

Ayume sentiu-se culpada, ela fizera o barulho, caso contrario não teriam problema algum.

- Desculpem, foi culpa minha. – A garota abaixou a cabeça. Keishi a olhou e deu-lhe um sorriso. – Não se preocupe pequena, a gente pode dar um jeito nisso! – O garoto foi até a porta que era de vidro, os zumbis não estavam exatamente na porta, estavam se aproximando, Keishi fora rápido o suficiente para conseguir trancá-la antes que eles pudessem entrar.

- Bem, agora que já chamamos atenção, temos que dar um jeito de pegar armas para matá-los e sair daqui.

- Mas fazer mais barulho só vai atrair mais. – Disse Lunancie preocupada enquanto olhava para um dos mortos que batia contra a porta.

- Quantos são? – Ayume se aproximou.

- Parece haver uns cinco... Estão amontoados por isso será difícil acertá-los com golpes físicos. – Disse Keishi analisando o grupo de mortos-vivos.

- Caso eles atravessem a porta, eu os mato. – Ayume mirou contra a morta.

- Relaxa garota. Só use essa arma se for preciso, provavelmente esses estavam próximos e por isso ouviram seus gritos, mas com tiros o barulho se triplica, e até os que estão mais distantes poderão ouvir. – Keishi disse isso enquanto colocava os dedos por cima do cano do revolver.

- Tu-Tudo bem. – Ayume admirava as atitudes de Keishi, como o garoto conseguia manter a calma mesmo quando estavam praticamente cercados.

Keishi respirou fundo. – Eu acho que aquele cara morto ali deve ter a chave do balcão de armas... Provavelmente ele era o proprietário, assim não iremos acionar o alarme e poderemos pegar as armas, bem, me desejem sorte. – O garoto acenou com os dois dedos da “paz e amor” e então seguiu para onde o morto estava, só de estar perto já começava a sentir o odor, os vermes e moscas ao redor eram perturbadores, o garoto tentou espantá-las fazendo vento com os braços, ele não conseguiu totalmente, mas alguma porcentagem de moscas saiu de perto, agora só faltava conseguir enfiar a mão no bolso do homem. Keishi engoliu seco ao perceber que os vermes passavam pela boca e nariz do homem que já eram quase inexistentes, Keishi reuniu um tanto de coragem o suficiente para colocar a mão no bolso do homem, e se decepcionou ao sentir que ali não havia nada.

- Apresse-se Keishi, eles podem quebrar o vidro. – Disse Ayume mirando em frente um tanto assustada.

Keishi ouviu o que a garota disse e apressou-se, mesmo que fosse nojento verificou os dois bolsos da calça, e os da blusa, sem sucesso, então percebera que no pescoço dilacerado do homem havia um colar, engoliu seco novamente, viu que no mesmo havia alguns vermes andando.

Há alguns deles lá fora, sozinhos não daremos conta deles e poderemos acabar mortos, se atirarmos sem silenciador iremos chamar ainda mais atenção, então é melhor arriscar a ter alguns vermes subindo pela minha mão do que ficarmos sem saída...

Keishi suspirou e receoso puxou pelo colar, infelizmente teve de encostar na pele dilacerada do homem e alguns dos vermes passaram a subir pela sua mão como havia planejado, apenas de todo o asco algo o deixou feliz, um som de chaves, era ótimo, o garoto vendo que não conseguiria tirar o colar, puxou-o arrancando-o, o molho de chaves fora o suficiente para que o garoto deixasse de lado o nojo, e antes de levantar-se limpou as mãos para retirar os vermes na calça do homem que estava parcialmente limpa.

O garoto correu até onde as garotas estavam sorrindo. – Consegui as chaves. – Disse ele mostrando-as e balançando-as.

- Mas vá rápido, Lunancie, pode achar ele? – Disse Ayume com o olhar fixo na porta que já havia se trincado.

- Vamos Kei. – Disse Lunancie se apressando, Keishi assentiu, e então foram para trás do balcão de armas que estava trancado, Keishi pegou o molho de chaves e tentou abrir, inútil, a chave que usava não servira, Keishi estava sendo apressado por Lunancie, não havia como separar as chaves, o garoto tentava ser calmo, mas ao mesmo tempo rápido, mas sob pressão ninguém trabalha direito desse jeito. O garoto tentava manter a calma como sempre fazia. Sucesso, na quarta chave conseguiu abrir o balcão de armas, neste havia armas de pequeno porte, atrás dele alguns acessórios como coldres e silenciadores, exatamente o que queriam.

Um barulho de vidro se quebrando e caindo contra o chão fizera com que todos olhassem em direção a porta, Ayume deu dois passos para trás, afastando-se para não correr o risco de ser pega.

Keishi já estava preparado, com um calibre 45 com silenciador, o garoto mirou de onde estava, possuía uma mira um tanto boa já que sempre jogou jogos de primeira pessoa e pra essas coisas, mesmo sendo vídeo game, deve-se mirar certo, então tinha idéia de onde a arma deveria estar posicionada para acertar o crânio do maldito, um leve ruído fez a arma e pode-se ver a trajetória da bala em direção ao zumbi que acabara de entrar pela porta, o mesmo caiu ao chão quando a bala atravessou seu nariz.

- Droga... Eu mirei na testa. – Keishi deu um sorriso irônico.

- Ayume sorriu para ele indo em direção ao garoto de imediato. – Também quero um silenciador, faz algum tempo que não mato nenhuma dessas coisas. – A garota foi para trás do balcão e ficou ao lado de Keishi.

- Eu nunca atirei na vida, então prefiro não gastar munição... – Lunancie suspirou. – Eu quero... – Disse baixo.

- Relaxa, você vai ter muito tempo pra isso. – O garoto sorriu atirando num segundo zumbi e em seguida em um terceiro.

Ayume seguiu o garoto lançando mais dois tiros derrubando os zumbis seguintes, assim todos caíram.

- Hehe, Ayume formamos uma ótima dupla. – O garoto levantou a mão.

- Realmente. – A garota bateu na mão do garoto e sorriram um para o outro.

Lunancie olhou para eles e virou os olhos “to sobrando” pensou consigo. Mas a garota estava feliz, afinal era um começo para que Keishi esquecesse sua ex.

- Bem, não vamos perder tempo. – Keishi olhou para as armas. – Bem, somos... – O garoto contou na mente a quantidade de armas que precisaria pela quantidade de amigos. – Bem... Acho que precisaremos de uma bolsa... – O garoto coçou a nuca.

- Vamos pegar uma das mochilas e esvaziar, apesar de tudo, armas são mais importantes. – Disse Ayume olhando para Keishi.

- Realmente, podemos pegar a minha, é a maior, as tonfas eu carrego no braço, a gente pode tirar as garrafas de água e enfiar na bolsa de uma de vocês. – O garoto continuava a coçar a nuca.

- Certo, eu vou com você. Lunancie, pode por as armas em cima do balcão, os coldres e os silenciadores? – Disse Ayume fitando a garota dessa vez.

- Claro. – A garota sorriu.

Keishi e Ayume foram até a Harley, retiraram de lá a mochila então separaram os itens, felizmente podiam carregar tudo o que precisavam lá dentro, desde que fossem armas pequenas. O trio preparou as armas pequenas, a maioria calibre 45, 38 e 22, eram pequenas, mas de grande potencia, alguns coldres e claro, silenciadores, um para cada arma. Keishi ficou deslumbrado com uma shotgun, e pegaria de qualquer jeito, ele a carregou-a na cintura, porém essa não tinha silenciador, por isso ele só a usaria quando estivesse cercado, afinal essa possuía dois canos, então duas balas saiam em um puxão de gatilho. Agora o grupo estava pronto para seguir pelo mundo repleto de criaturas malignas com fome de carne viva.