Estava tomando café da manhã, com os meus pais. Agora eu sempre tentava aproveitar cada momento com eles. Minha mãe percebeu que algo não estava bem.
— Meu menino lindo. O que aconteceu?
— Não chame o garoto assim, Nora. Ele já é um homem, não é batedor? - meu pai disse rindo.
— Não tem problema, pai. Eu gosto!

Minha mãe abriu um sorriso.
— Então, Bar. O que aconteceu?
— Não... é nada, mãe.
— Como nada. Eu te conheço, filho.

Eu olhava para os meus pais hesitante, mas eu tinha ganhado uma nova chance com eles, não podia desperdiçar momentos assim.
— É que... eu encontrei um antigo amor.... e ela está com outra pessoa. - forcei um sorriso.
— E você ainda não à esqueceu.

Fiz que sim com a cabeça.
— Eu sinto muito, meu menino.
— Eu também sinto, mãe.
...

Estava no CCPD, quando Iris chegou.
— E aí, Barry.
— Iris! Oi!
— Você viu o meu pai por aí?
— Não...
— Então... Nós não conseguimos conversar muito. Me fale mais sobre você... Mãe e pai?
— Vivos e bem. - sorri.
— Que legal. Vocês são próximos?
— Sim. Muito. Eu não conseguiria imaginar a vida sem eles. Eles são muito apaixonados. Espero ter o que eles tem um dia. - pensei em Daphne.
— Você só não conheceu a garota certa ainda, é isso?
— Esse é o ponto, a garota certa.
— Talvez um dia você a ache. - Iris riu. - É... Então... eu, o Wally e a Daphne vamos sair hoje. Vamos jantar. Você não quer ir com a gente?
— É que... Eu não sei...
— Vamos, Barry. Por favor! Por favor! Vai ser legal. Nós vamos poder conversar mais...
— Eu não sei...
— Vamos lá, Barry. Vai ser legal.
— Ok... Você venceu.
— Então a gente se vê.

Quando saí do departamento, fui até o galpão onde tinha deixado Thawne preso.
— Trouxe o seu jantar.
— Pensei que tinha me esquecido aqui.
— Seres humanos podem ficar quase três semanas sem comer, então... acho que devia me agradecer por isso.
— Não faria isso comigo, Barry. Afinal você é o herói. Ou esqueceu disso? Estava muito ocupado vivendo sua vida dos sonhos? Então, como devemos chamar esse magnifico mundo novo que criou para nós? Pensei em ''Flashpoint''.
— Então não vai querer isso? - apontei para o jantar.
— Pode ter descoberto como neutralizar minha velocidade com essa gaiola, mas vou sair daqui e destruirei sua vida, Flash, de um jeito ou de outro.
— Não, não vai. Nunca sairá daqui. - disse, com um sorriso vitorioso. - E nunca mais machucará alguém de novo. Recuperei tudo o que você tomou de mim. Estou em casa.
— Aqui não é sua casa, Barry. É uma miragem. Uma ficção que acabará com nós dois, a menos que me deixe sair dessa porcaria.
— Você não está me escutando, Thawne. Por que eu iria querer sair daqui? Me sinto bem aqui. As pessoas que perdi estão vivas, tem até um Flash, então eu não preciso ser.
— Enquanto fica aí se escondendo como um garotinho perdido e solitário, deixando outro arriscar a vida protegendo a cidade, nosso inimigo em comum está vindo nos pegar.
— Que inimigo em comum seria esse?
— O tempo. Já está ferrando com você e com aqueles que ama e logo vai me levar junto com você.
— Uau! - ri. - Sabe, você é corajoso. Tenho que admitir. Me avisando sobre mexer com a vida de outras pessoas. Sabe que a razão de eu ter feito isso é por causa do que fez com a minha vida? Com minha família. Com a minha mãe.
— Sim. E em um dia próximo, Barry, você vai estar me implorando para mata-la de novo.

Ouvir aquilo de Thawne me dava raiva, por isso saí de lá e fui para o restaurante, em que Iris tinha mandado por mensagem.
...

Chegando lá, vi Daphne já sentada, esperando na mesa. Tive vontade de ir embora, mas aquela era a minha nova realidade. Eu não ia poder fugir dela para sempre.

Entrei e fui até ela, dizendo a mim mesmo: - Ok, você já falou com ela um milhão de vezes. Só diga algo inteligente.

Me aproximei da sua mesa.
— Barry! Oi!
— Oi, Daphne. Como você está?
— Bem e você?
— Bem. - dei uma risada nervosa.
— Você não viu a Iris ou o Wally? Faz quase 15 minutos que eu cheguei e nada deles.
— Eu não vi nenhum dos dois.
— Senta. - ela apontou para a cadeira em sua frente. - Mas e então, como anda a sua vida?
— Bem... E a sua?
— Também. Um pouco ocupada com o trabalho, mas bem. - ela abriu um sorriso. - A Iris disse que você trabalha no CCPD.
— É... Eu sou um forense.
— Sério? Eu acho isso incrível... Sabe, ser um CSI e solucionar vários crimes através da ciência. Mas... você não tem um pouco de receio de mexer com... cadáveres?

Nós rimos.
— Até que não. Eu gosto do meu trabalho.

Daphne se calou. Ela me olhava com curiosidade.
— Barry... nós já nos conhecemos?
— Não...
— Eu sinto como se te conhecesse a muito tempo. Isso é estranho de se dizer?
— Não... Não.

Nós rimos.

De repente, seu telefone tocou. Ela não parecia muito feliz com o que estava ouvindo.
— Aconteceu alguma coisa?
— Era o Wally. Ele e a Iris não vão poder vir. Parece que tiveram um imprevisto...
— E você está bem com isso?
— Sim... É só que... desde que eu e Wally começamos a namorar, ele desmarca quase sempre os nossos compromissos.

Daphne estava visivelmente chateada. Ela colocou os cotovelos em cima da mesa, apoiando a cabeça em uma das mãos.
— O Wally não se abre comigo. Ele já apareceu machucado várias vezes e sempre que eu pergunto o que aconteceu, ele tenta mudar de assunto... Olha, desculpa por estar enchendo o seu saco. É que é difícil...
— O quê? Não... não tem problema. Você pode falar do que quiser.
— Obrigada! - ela tomou um pouco da sua bebida.
— Como vocês se conheceram?
— Eu tinha me mudado a pouco tempo para Central City. Um dia eu estava andando pela cidade, já muito tarde, e um cara veio me assaltar. Me levou para um beco escuro, talvez fosse se aproveitar de mim... Então o Wally chegou. Ele me salvou daquele cara e eu sou muito grata a ele até hoje.

Quando eu ia falar, o garçom chegou, trazendo nossos pedidos.

Tivemos um jantar agradável. Conversamos bastante... Era bom estar ao seu lado novamente.
— Eu já falei bastante sobre mim. Agora me fale mais sobre você. - disse.

Ela riu, pensando no que dizer.
— Eu tenho uma vida boa. Tenho um bom emprego. Tenho um namorado. - ela parou de falar. - Mas eu não sei... Acho que tem algo errado, é como se algo estivesse faltando.
— Quem sabe um dia você ache essa peça que está faltando...
— Espero que sim.

Nós rimos.

Ao terminarmos, a acompanhei até o seu carro.
— Foi uma noite muito agradável, Barry Allen. Você é... especial.

Daphne ainda me olhava com curiosidade.
— Boa noite, Daphne.
— Boa noite, Barry.

Ela entrou em seu carro e foi embora.

Comecei a correr para casa, mas fui parado por uma tontura. Cenas passavam pela minha cabeça e em seguida se apagavam da minha memoria. Algo estava errado comigo.

Fui até o galpão, falar com Thawne. Precisava de respostas.
— E eu estava começando a achar que você já tinha esquecido de mim. - Thawne disse.
— Do que estou esquecendo? O que está acontecendo comigo?
— Estava imaginando quando você iria notar...
— É como seu eu tivesse pensando em algo do meu passado e sumisse. Não consigo relembrar. Por que?
— Flashpoint. Efeito colateral. Te avisei que você não sabia o que estava fazendo. Essa nova realidade que você criou está começando a sobrepor a realidade que conhecemos. Sua vida original, amigos, família... logo tudo irá desaparecer.
— Por que isso não acontece com você?
— Não tenho certeza. A menos que... - Thawne parou de falar.
— O quê?

Ele começou a rir. Aquilo me deixou furioso.
— O que é tao engraçado? - esbravejei.
— Sua velocidade. - ele continuava rindo. - Quanto mais você usa, mais rápido perde suas memorias.
— Não. Não, você está mentindo. Quer que eu te tire daqui. Isso não vai acontecer.
— O ''você do futuro'' que conheço não é tão estupido assim. Logo você nem irá lembrar que é o Flash e quando isso acontecer, este mundo se tornará permanente. O tempo vai ficar firme como concreto e nada poderá muda-lo para o jeito que era.
— Tudo bem para mim.

Comecei a me retirar dali.
— Você sabe o que deve fazer. Tem que voltar aquela noite e me deixar terminar o que comecei.

Me detive ao ouvir aquilo.
— Vá pro inferno. - esbravejei.
— Você está nos levando ate la.

Continuei meu caminho, saindo do galpão. Mas antes, ainda escutei Thawne gritar.
— Agora quem é o vilão, Flash?! Quem é o vilão agora?