Saving Love

Capítulo 19


No apartamento, eu olhava, sentada no sofá, algumas fotos antigas. Tinham fotos da minha mãe segurando Octávia recém-nascida no hospital e eu ao seu lado, curiosa, olhando minha irmãzinha. Tinham fotos do meu pai comigo no parque... Eram lembranças especiais. Eu queria tê-las até o final da minha vida... Mesmo que ela só fosse dura mais algumas semanas.
— Daphne? – Barry me observava da mesa.
— Hum... O quê?
— Ouviu o que eu disse?
— Não, desculpa. O que disse?
— Eu disse que, de acordo com o artigo do futuro do cofre do tempo, ainda estou em Central City em 2024. Não tem nenhuma menção ao Savitar, então provavelmente eu o prendi dentro da Força de Aceleração. É para esse tempo que preciso viajar, 2024. E se eu o prendi, eu descobri quem ele era, não é?
— Sim, deve ser...
— O que está fazendo aí? – ele veio até mim, se sentando ao meu lado.
— Hum... Só pensando mesmo.
— Sobre o quê?
— O mesmo que você. No futuro. – guardei as fotos. - E no meu pai.
— O que tem ele?

Segurei as mãos de Barry, suspirando.
— Preciso que me prometa uma coisa.
— Claro. Só é dizer.
— Se os nossos planos não derem certo... Se o Savitar me matar...
— Ele não vai. – Barry me interrompeu.
— Se ele me matar.
— Ele não vai! – Barry soltou minhas mãos e levantou.
— Se ele me matar, Barry. Me promete que você vai estar lá para o meu pai. Eu sei que vocês não estão muito bem um com o outro, mas eu preciso que fique com ele. Ele está sofrendo muito, Bar. E se bem o conheço, se algo acontecer ele vai começar a afastar as pessoas. Não deixe que ele faça isso. Tenha certeza de que ele e a Octávia...
— Para. Eu não quero falar sobre isso. Você não vai morrer. Eu te disse, eu tenho um plano...
— Barry, escuta! – levantei indo até ele. - Eu preciso que você me prometa. Eu preciso! – supliquei. Sentia minha voz sumindo em meio as lágrimas. - Me promete. Promete que você vai deixar o meu pai bem.

Eu via o conflito em seu rosto. Ele então se aproximou, me abraçando.
— Tá. Eu prometo. – ele cedeu. – Eu te amo.
— Eu também! Você não merecia estar passando por tudo isso. Eu sinto muito!
— Ei. Vai ficar tudo bem, você vai ver só.
— Como pode ter tanta certeza? Desculpa, Bar, mas só faltam duas semanas para acontecer.
— Então eu vou fazer isso, vou correr até o futuro agora.
— Espera. Quer fazer isso agora? Mas, Barry, a Caitlin ainda está lá fora.
— Eu sei, mas estamos correndo contra o tempo. Se eu achar o meu eu do futuro, eu posso descobrir quem é o Savitar e como acabar com ele. Eu posso correr até o futuro e voltar no mesmo tempo. Eu já vi fiz isso antes.
— Barry, da última vez que você correu até o futuro foi acidentalmente. Como vai até lá agora?
— Com a ajuda do Wally.
— Tá... Hum... Precisa que eu faça alguma coisa...?
— Não, só que fique bem. – ele segurou meu rosto em suas mãos. – Eu logo vou estar de volta. Eu prometo.
— Ok. – o beijei. – Cuidado.

Ele fez que sim com a cabeça e saiu.

Andei um pouco pela casa, inquieta e depois me sentei no sofá, colocando as mãos do rosto.

Ouvi um barulho na porta. Barry tinha voltado.
— Esqueceu alguma coisa?
Não, na verdade eu já fui.
— O quê? Mas... – fiquei confusa. – Isso foi rápido.
— Pois é.
— E você conseguiu saber quem é o Savitar?
— Não. Mas eu consegui uma pista, uma coisa que podemos usar para parar ele.
— E o que é?
— O meu eu do futuro me disse que daqui a quatro anos uma cientista, Tracy Brand, vai inventar a tecnologia que prende o Savitar na Força de Aceleração. Como só é daqui a quatro anos, talvez ela já esteja trabalhando em um protótipo. O Cisco já está tentando achar ela.
— Certo. E você descobriu algo sobre a Caitlin?
— Eu descobri que ela se aliou ao Savitar.
— Por que ela faria isso?
— Eu não sei. Mas precisamos acha-la antes que a gente perca ela para sempre.
— Além disso... Como foi lá no futuro?
— Foi... bem ruim.
— O que você viu?
— Hum... O meu eu do futuro estava prestes a se casar com a Iris.
— Sério?
— É. Mas ele não estava bem. Ele parecia infeliz... Estava completamente quebrado. Não entendi muito bem porque eles iam se casar. Ele não a amava.
— Isso foi... pesado.
— É... A equipe inteira tinha se separado também.
— Mas e o meu pai, você o viu?
— Sim... - Barry desviou o olhar.
— O que...?
— Eu não deveria estar te contando essas coisas.
— Fala logo, Barry!
— O seu pai não estava bem, Daphne. Uma noite, depois do que Savitar fez com você... Josh foi atrás dele e... o Savitar quebrou a coluna dele.
— O meu pai... O meu pai ficou...
— É, ele ficou paraplégico.
— Meu Deus!
— Ei. - Barry se sentou ao meu lado, segurando minha mão. - Não vai acontecer. Nós vamos atrás da Tracy Brand e ela vai nos ajudar a fazer a arma para derrotar Savitar, você vai ver.
...

No dia seguinte, eu tinha ido até o Picture News trabalhar. Por mais que eu não estivesse bem, precisava ocupar minha mente com outra coisa.

Eu estava na minha mesa quando Scott chegou ao meu lado.
— E aí, como está?
— Bem e você?
— Também. Então... Sabe esse novo restaurante que vai abrir daqui a um mês?
— Sei. - falava concentrada na tela do computador. - Ouvi falar que já não tem mais reservas para o primeiro mês.
— Pois é. Então... Há alguns meses eu fiz uma reserva para mim e para a Iris. Mas como sabe... Não estamos mais juntos. Queria saber se você não quer a minha reserva. Pode levar o Barry.

Aquilo me fez tirar a atenção do computador. Barry tinha me dito uma vez que gostaria de ir nesse restaurante. Mas, o que fez minha cabeça doer foi escutar que a reserva era para daqui a um mês, ou seja, Savitar já teria me matado.
— Hum... Desculpe, Scott. Mas eu não posso aceitar.
— Por que? Você vai estar ocupada nesse dia?
— Não exatamente...
— Ah, por favor, Daphne. Eu não vou poder ir. Aceite como um presente pela matéria incrível que fez sobre Marcus. Por favor!

O olhei e ele parecia quase suplicar.
— Tá. Está bem, eu aceito.
— Ótimo. - ele estendeu a mão, me entregando dois ingressos. - Vai precisar disso para entrar.
— Obrigada, Scott.
...

Passei o dia todo com a cabeça a mil por hora. Pensava no meu pai, em Octávia e em Barry. A sensação de deixá-los era perturbadora, por isso decidi sair um pouco, precisava de ar.

Já saindo do CCPN, me sentia um pouco desorientada, foi quando esbarrei em alguém. Ele me segurou firme.
— Ei. - olhei para cima e era Barry. - Você está bem?
— Hum... Sim. Só estava me sentindo um pouco sufocada.
— Sei...
— Conseguiu alguma coisa com a Tracy?
— Sim. Ela vai nos ajudar. Mas eu vim aqui por outro motivo.
— O que foi?
— O que eu tenho para contar tem que ser dito a todos do time Flash. Todos já estão nos esperando no STAR Labs.
— Então vamos logo!

Barry olhou para os lados, e vendo que não havia ninguém, me tomou pelos braços, nos levando ao STAR Labs em segundos.

Chegando lá, vi que todos nos esperavam, inclusive o meu pai.
— E então, já pode contar o que aconteceu? - Cisco disse curioso no salão principal.
— Onde é que o HR está?
— Advinha?

Enquanto Barry foi atrás de HR, me aproximei do meu pai, o abraçando.
— O que faz aqui?
— Não faço ideia. O Barry só foi lá em casa e disse que tinha algo importante para dizer. Sabe o que é?
— Nem um pouco.
— Desculpem pela demora, meus caros. - HR disse. - Eu estava fazendo café.
— Então, Barry, o que tem para nos dizer?

Barry se encostou em uma das bancas e cruzou os braços.
— Bem... Eu descobri quem é o Savitar.
— O quê? - falei surpresa. - Mas como?
— Eu juntei todas as peças. Tudo dele tem a ver com o tempo. Ele sabe tudo. Tudo sobre mim, sobre todos nós. Sabe nossos pontos fracos, nossos pontos fortes, nossos medos... E também sabe o quanto nos amamos e como usar esse amor contra nós. Esse tempo todo nós achamos que não podíamos detê-lo porque ele estava um passo a frente, mas não era isso.
— Espera, Barry. O que você está querendo dizer?
— Ele não só sabe o que vai acontecer com a gente... Ele estava lá. Ele viveu tudo isso. Ele lembra porque era eu.
— O quê? – disse surpresa.
— Eu não entendo. – meu pai falou confuso. – Como o Savitar pode ser você?
— Ele não sou eu. Não exatamente.
— Ele é um resquício do tempo. – Cisco disse.
— É. - Barry falou. – Criado quando eu voltei no tempo ano passado para derrotar o Zoom. Ele tinha morrido salvando o universo, mas aí eu voltei no tempo e criei o Flashpoint e mudei tudo.
— Ele é as piores partes de você.
— Por isso a Caitlin está disposta a seguir ele. – Julian disse. – Ele tem o rosto em que ela confia.
— Metade de um, pelo menos.
— Espera um pouco. – Joe disse, ainda confuso. – Você disse que criou o Savitar. Como?
— Daqui a quatro anos o Flash do futuro cria um resquício do tempo para lutar contra o Savitar. Mas o Savitar deixa esse resquício viver para que depois ele possa se tornar o Savitar. Então quando o Savitar é preso na Força de Aceleração, esse resquício começa a ficar louco e ele volta no tempo, no passado, e se torna o Savitar.
— E ele mente dizendo que foi o primeiro velocista, espalhando o mito. – Julian disse
— Não faz sentido. Qual vem primeiro? O Savitar ou o resquício do tempo. – meu pai perguntou.
— É um círculo fechado. Sem começo nem fim, só um círculo infinito.
— Que nem aquela história clássica do ovo e da galinha, não é? – HR comentou.
— Ele é um resquício do tempo, como uma cópia sua, não é? – Wally disse. – Então ele tem os seus sentimentos, as suas memórias... Por que ele ia querer nos machucar então?
— Por que ia querer machucar a Daphne? – Iris completou.

Barry ficou em silêncio. Depois de alguns instantes, ele saiu da sala. Fui atrás dele até o laboratório de velocidade.

Ele estava sentado. Parecia triste e pensativo.
— Como ele estava?

Barry levantou seu olhar para mim.
— Arrasado.

Me sentei ao seu lado.
— Sabe, esse tempo todo eu estava achando que o Savitar era um monstro. É difícil imaginar o que pode acontecer e sendo você que... Quer dizer, eu sei que não é você.
— Parte dele é. Ele disse que era como olhar num espelho e estava certo. Mas não só pela aparência... Eram os olhos dele. A dor que tinham dentro deles. Eu vi isso em mim mesmo, quando eu penso sobre como os meus pais morreram de forma tão violenta. Às vezes eu quero revidar essa violência com mais violência. Eu quero fazer outra pessoa sofrer tanto quanto eu.
— Mas você nunca faz isso. Você não é ele, você é uma boa pessoa, Bar.
— Mas está aqui dentro. Isso existe em mim... essa dor... é daí que o Savitar vem. Ele vem da perda. De perder você. – ele me olhou triste.

Pela primeira vez eu via Barry devastado dessa forma. Eu via a dor em seus olhos de saber que alguém, que um dia já foi ele, iria me matar. E foi a primeira vez também que eu senti que deveria reagir a toda essa situação. Eu não suportava a ideia de saber que a minha perda era o que faria Savitar nascer. Não suportava a ideia de saber que Barry ficaria mal.
— Você não vai me perder, tá ouvindo? Não vai. - segurei sua mão. - Nós dois vamos deter o Savitar. Você não está sozinho, Bar, e ele não é um deus.
— Fico pensando em que tenho que me tornar para deter esse cara.
— Não precisa se tornar nada, meu amor. Você precisa ser apenas você. Tentar se tornar algo diferente foi o que Savitar fez e agora ele é dessa forma. Você não é ele e nunca vai se tornar ele, porque eu não vou deixar isso acontecer. - o abracei.