Saving Love

Capítulo 20


Uma semana já havia se passado depois que Barry tinha descoberto que Savitar era... ele. Todas essas noites tinham sido horríveis, não conseguia dormir direito e tinha pesadelos.

Faltavam apenas 24 horas para tudo acontecer. A arma que mandaria Savitar para a Força de Aceleração novamente, estava sendo feita por Tracy e estava quase pronta. Apesar de todos estarem confiantes nessa arma, apelidada, carinhosamente, por HR de Bazuca da Força de Aceleração, eu sentia que algo ainda estava para acontecer.
...

Deitada na cama, mais uma noite sem dormir, olhei para o lado e vi Barry dormindo. Ele parecia sereno e ficava tão lindo assim. Eu adorava vê-lo dormindo. Toquei de leve o seu rosto e, sem querer, o acordei.
— Oi. - ele disse com a voz rouca, abrindo um sorriso preguiçoso.
— Oi.

Passamos um tempo nos olhando, até que Barry o quebrou.
— No que está pensando? - ele se ajeitou na cama, apoiando a cabeça em um dos braços.
— Em como eu tenho sorte em ter te conhecido. Você é a melhor coisa que já me aconteceu na vida, Bar.
— Engraçado, eu estava pensando o mesmo. - ele tirou uma mecha de cabelo do meu rosto. - E também estava pensando aqui em como você é linda.

Eu ri.
— É sério! Você é a mulher mais linda e doce que eu já conheci na minha vida. - Barry me puxou pela cintura, me levando mais para perto dele. - Eu te amo. Só fique comigo, ok? A equipe toda está trabalhando e podemos fazer muito ainda em 24 horas.
— Eu também te amo!

Barry então me beijou. Eu sentia vontade e pressa em sua boca, mas ao mesmo tempo respeito e carinho em seus movimentos.

Se aquelas fossem minhas últimas horas viva, eu queria aproveitar cada segundo nos braços de Barry.
...

Já de pé, Barry tinha ido preparar nosso café da manhã enquanto eu trocava de roupa. Eu ia na casa do meu pai, ele tinha me chamado para passar algumas horas com ele. O dia estava frio, então coloquei um casaco grande e confortável.

Chegando na cozinha, percebi que quando Barry me viu, ficou um pouco aflito. Ele olhava para o meu casaco.
— Por que está usando esse? - ele tentava disfarçar o incômodo.
— Porque me sinto confortável com ele. Algum problema?
— Não, não tem problema nenhum. - Barry parecia lembrar de algo.
— É ele, não é? É o casaco que você disse que eu estava usando quando Savitar...

Barry se apoiou na bancada.
— É. Mas isso não quer dizer nada. É só que eu vejo a cena... Mas ela não vai acontecer. Agora senta aqui e come esse café da manhã delicioso que eu fiz para nós.

E ele não estava exagerando. Estava tudo maravilhoso.

Entre uma garfada e outra, Barry perguntou.
— Eu vi dois ingressos daquele restaurante novo ali na bancada... São seus?
— É. O Scott me deu. Ele disse que não ia poder ir.
— Então nós vamos? Para quando é?
— Mês que vem... - desviei o olhar.
— Ótimo, porque nós vamos. - ele segurou minha mão. - Eu tenho que ir agora. Preciso trabalhar e depois vou ver como a Tracy está indo com a bazuca. - ele disse se levantando.
— Barry, espera.

Fui atrás dele e o abracei com força. Fiquei na ponta dos pés para sentir o perfume no seu pescoço.
— Eu te amo. - sussurrei em seu ouvido e em seguida plantei um beijo bem no ponto onde o maxilar e a orelha se encontram.

Senti ele estremecer.
— Eu sei e você vai ter o resto da vida para me dizer isso. - ele me deu um beijo delicado e foi embora.

Antes de sair de casa, recebi uma mensagem do meu pai. Ele pedia para que eu fosse ao STAR Labs ao invés de ir à sua casa. Foi o que fiz.

Lá, procurei por todos, mas não encontrei ninguém. Desci até a sala da brecha e para minha surpresa todos, menos Barry, me esperavam.
— O que fazem aqui?
— Nós temos um plano. – meu pai disse.
— E onde está o Barry?
— É aí que vem o plano. – Cisco disse. - O Savitar sabe tudo o que vamos fazer porque ele lembra de fazer. Ele é um Barry do futuro. Então você vai para a Terra-2 sem o Barry saber. Vai ficar a salvo lá até tudo isso terminar. O Savitar nunca vai saber onde está.
— Tem certeza?
— Claro. Se o Barry não sabe, então ele também não vai.
— Está pronta, filha?
— Você vai comigo, pai?
— Claro, meu amor.

Segurei firme sua mão.
— Nós estamos prontos, Cisco.

Ele então abriu a brecha, mas antes de irmos, fui até HR.
— Quero que cuide do Barry para mim. Me promete?
— Claro, DD. Se cuida. – ele me abraçou.

Meu pai e eu passamos pela fenda e, do outro lado, encontrei Harry apontando uma arma para nós.
— Meu Deus, Dean. Da próxima vez diga ao Cisco que avise primeiro.
— Oi, Harry. – o abracei.
— Oi. Olá, Josh. O que fazem aqui?
— O Savitar está atrás de mim... A propósito, você já sabe que ele é um resquício do tempo do Barry?
— O quê? Está brincando, Dean?
— Eu bem que gostaria. Senta aí que eu vou te contar tudo.
...

Já tinham se passado horas desde que fomos fara a Terra-2. Vi meu pai brincando com uma das ferramentas de Harry. Fui até ele.
— Ei. Você está bem?
— Bem que eu gostaria.
— Já pensou alguma vez o que a mamãe iria fazer se estivesse aqui?
— Ela com certeza estaria histérica.
— É.

Nós rimos.
— As vezes eu te olho e lembro daquela menina pequenininha que eu colocava no braço. Lembra quando íamos ao parque?
— Sim. E eu saia correndo, me escondia atrás das árvores e você ficava apavorado sem saber onde eu estava.
— Verdade. – ele riu. - Eu sinto saudades daquilo.
— Eu também.
— Daphne. – ele segurou minhas mãos. – Você é a filha que qualquer pai gostaria de ter. Eu tenho muito orgulho da mulher que você se tornou.

Senti meus olhos se encherem de lágrimas.
— Eu te amo, pai.
— Eu também te amo, filha. Muito!

Nos abraçamos.

Ao me afastar dele, tirei minha aliança e o entreguei.
— Fica com isso pra mim, por favor? Caso algo aconteça... Assegure-se de devolver ao Barry.
— Tudo bem. – ele pegou, me abraçando novamente.

Do nada, uma fenda começou a se abrir. Harry veio apressado com uma arma.
— O Savitar está vindo.
— O quê? – disse. - Mas como ele sabe?
— Fique atrás de mim, querida. – meu pai disse. – Ele só vai te pegar por cima do meu cadáver.

Savitar então passou pela brecha e Harry começou a atirar.

Depois de várias tentativas, a armadura se desligou. Ficamos sem entender o que tinha acontecido, até que senti algo atrás de mim. Era Savitar, agora sem a armadura. O seu rosto era desfigurado de um lado e era assustador ver a face de Barry naquele monstro.
— Meu Deus, é verdade mesmo. – meu pai disse, me puxando para trás.
— Sim, é. – ele tinha um sorriso cínico. – Mire essa arma para mim e eu vou te matar. – ele disse a Harry, que colocou a arma no chão.
— Me escuta, você já foi um homem bom. – meu pai disse. - O que quer que eu tenha feito para fazer você se sentir assim, eu sinto muito.

Savitar riu.
— Por favor, Barry.
— Não... Esse não é o meu nome.
— Barry...
— Esse não é o meu nome! – ele esbravejou.
— Por favor! Parem, ok? – falei. – Eu vou com você. Só, por favor, não mate eles.
— Não irei mata-los agora. Eles precisam te ver morrer primeiro.
— Daphne, não.
— Está tudo bem, pai.
— Olha só, Josh, ela já aceitou seu destino. Você também deveria.

Harry então sacou uma arma, que estava escondida e antes que pudesse atirar, Savitar me pegou e nos levou de volta a Terra-1.
...

Savitar tinha me levado para um galpão e estava amarrando minhas mãos. Percebi seu incômodo em ficar tão perto de mim.
— Não precisa fazer isso.
— Na verdade eu preciso sim.
— Não, não precisa. Nós sempre temos uma opção.
— Essa é a opção que eu escolhi.
— Então por que não consegue olhar nos meus olhos?

Ele parou de atar o nó por um instante e depois de um longo minuto hesitando, finalmente me olhou.
— Acho que você não está muito afim de ver um rosto tão... assim.
— O que aconteceu com você?
— Nada. – ele retornou a dar o nó e dessa vez amarrou mais forte. – Não tenho nada contra você, mas eu preciso disso para nascer. Preciso que o Barry sofra.
— Não precisa ser assim. – aproximei meu rosto do dele. – Eu sei que aí dentro ainda existe aquele Barry.
— Ei, Savitar. – Nevasca disse. – A sua armadura está um pouquinho danificada, esqueceu?
— Não. – ele ficou de pé e me olhou por uma ultima vez, indo até a sua armadura.

Nevasca então se aproximou.
— E aí, bonitinha, está gostando da hospedagem?
— Caitlin, eu sei que ainda está aí. Tem que me ajudar. Não precisa fazer...
— Blá, blá, blá... – ela me interrompeu. – Não cansa de tentar nos fazer desistir, apelando para os nossos ''eu'' antigos? Isso é muito chato.

Ela revirou os olhos e foi embora.

Enquanto Savitar mexia em sua armadura e Caitlin o ajudava, escutei um barulho. Era HR.
— Oi. – ele disse. – Vamos tira-la daqui.
— Oi. Onde está o pessoal?
— Eu não podia contar ao Barry, ou o Savitar saberia. – ele cortou a corda que me amarrava. – Vamos sair daqui.

Sem querer, derrubamos algo no chão, fazendo barulho. Corremos até o lado de fora do galpão, mas não achamos a saída.
— Não podemos fugir deles. – eu disse.
— Não, nós não podemos.

HR me levou até uma grade e fez uma pequena brecha com seu canivete.
— Não temos muito tempo. Confia em mim?
— Sim, mas...

HR tirou do bolso sua caneta, apontando para o seu rosto e em segundos ele tinha se transformado em mim.
— Mas o que você acha que está fazendo?
— A culpa é minha de o Savitar ter te encontrado. Preciso dizer que ele me enganou direitinho, mas agora preciso compensar isso. - ele agora a apontava para mim, me transformando nele.
— Não, HR. Você não pode fazer isso!
— Daphne, lembra quando disse que tínhamos uma relação quase de pai e filha? Pois bem, é isso que um pai faria por um filho se pudesse.
— HR...
— Você ainda tem muito o que viver, DD! - ele abriu um sorriso. - Não desperdice essa chance, ok? E por favor, não se culpe tanto pelo que acontece e se perdoe mais.

Nos abraçamos.
— Fique com isso. - HR estendeu a mão, me entregando suas baquetas. - Vocês todos me deram tanto, sabe? Um lar, um propósito. Agradeço muito por tudo o que fizeram por mim.

Ouvimos passos vindo até nós.
— Adeus, DD.

Antes que eu pudesse protestar, Caitlin chegou, me acertando com uma rajada de vento gelado e levou HR, com a minha aparência, para dentro novamente. Desmaiei em seguida.
...

Algum tempo depois, acordei com a cabeça doendo. Coloquei minha mão e vi que tinha sangue, foi quando me lembrei de HR.

Corri o mais rápido que pude até a rua Infantino, onde tudo aconteceria.

Ao chegar lá, percebi que já era tarde. Barry chorava ao lado do corpo de HR, que ainda tinha minha aparência.
— Barry! – gritei de longe.

Ele me olhou confuso.
— Ai meu Deus! – corri até o lado de HR. – Ei, ei. Por favor! Olha pra mim. Olha pra mim! – segurava seu rosto. Ele ainda parecia consciente.
— Oi. – ele falou com dificuldade.
— Oi. – senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto. – Por que fez isso?
— Eu... precisava. Eu precisava ser um herói pelo menos uma vez na minha vida. – ele sorriu, fazendo uma careta em seguida. – Você promete que vai fazer o que eu te pedi?
— Eu prometo.
— Que bom. – ele olhava para Barry agora. – Foi um prazer te conhecer, BA.

Barry, por sua vez, o olhou confuso.

HR tirou mais uma vez sua caneta do bolso e nos transformou em nossas verdadeiras identidades.
— Oh, meu Deus! – Barry disse surpreso.
— Ei, BA... Me promete que vai cuidar dessa menina.
— Eu prometo, claro que eu prometo.
— Ótimo. Agora vá impedir o Savitar, ok?
— HR...
— Foi um prazer conhece-los. Eu amo vocês, pessoal.

HR parecia perder a consciência. Seus olhos começaram a se fechar e a sua respiração a parar.
— HR? HR?! Não, não, não! Por favor, não... – eu chorava.

Barry então me abraçou forte.

Depois de um longo minuto assim, finalmente nos olhamos. Barry também chorava.
— Quando eu vi que a bazuca não funcionou e o Savitar estava com você nos braços... Eu tive tanto medo de te perder. A cena se repetiu da mesma forma como eu tinha visto... Eu pensei que tinha te perdido... Te perdido pela segunda vez.

Em meio as lágrimas, eu o beijei.
— Eu também pensei que ia te perder. Eu te amo, Barry. - disse ainda com a voz embargada.
— Eu te amo. Eu te amo muito, Daphne!

O abracei novamente, mas forte ainda dessa vez.