Saving Love

Capítulo 14


A minha recuperação física depois do acidente foi surpreendente. Em menos de uma semana, eu já tinha tido alta. Mas não diria o mesmo do meu coração.

Eu estava quebrada por dentro. Uma investigação de quase cinco meses deu errado, quase morri, tinha perdido o meu filho sem nem ao menos saber seu sexo, menti para o meu noivo e ele simplesmente não retorna as minhas ligações e em menos de três meses eu vou morrer.

Depois que tive alta, meu pai me levou para a sua casa. Durante as quatro horas seguintes, eu só consegui ficar deitada na minha antiga cama, pensando...

Octávia bateu na porta, entrando em seguida com uma bandeja nas mãos.
— Eu te trouxe um sanduíche e suco. Já faz horas que você está aqui sozinha, sem comer nada.
— Obrigada, pequena. Pode deixar aí, talvez mais tarde eu consiga comer.
— Daphne, eu sinto muito pelo que aconteceu. Eu sei que não está sendo fácil e não tenho nem ideia da dor que você está sentindo.

Olhei para a minha irmã e vi o quanto ela estava diferente.
— Quando foi que você cresceu e ficou tão madura?

Ela riu.
— Eu não sei, mas pode ter certeza que pode contar comigo sempre.
— Eu sei! - a abracei, fechando os olhos e imaginando como ela ficaria sem mim.

Uma batida na porta me tirou desses pensamentos. Olhei para quem estava lá e não pudi deixar de ficar surpresa. Barry estava lá, olhando para mim com aquele seu olhar doce.
— Oi. Nós podemos conversar?
— Claro!
— Acho que essa é a hora em que eu saio... - minha irmã disse se levantando da cama.
— Obrigado, Octávia. - Barry disse, entrando no meu quarto.
— Eu não esperava que viesse me ver tão rápido.
— Rápido? - Barry se sentou ao meu lado. - Eu demorei, Daphne. Eu demorei muito. Na verdade, eu nunca deveria ter saído do seu lado. - ele colocou minha mão sobre as suas. - Me desculpe, ok. Me desculpe por ter sido um idiota hipócrita e ter te deixado no momento em que mais precisou. - ele respirou fundo. - Eu mais do que ninguém sei o que é achar que mentir pode proteger as pessoas que amamos... Eu voltei no tempo, Daphne, sem dizer, nem perguntar a ninguém. Mudei a vida das pessoas que amo... Eu mais do que ninguém deveria te entender.
— Barry... eu não vou mentir e dizer que foi fácil passar esses últimos dias sem você do meu lado, mas você não precisa me pedir desculpas. Eu errei.
— E eu também.
— Talvez nós devêssemos nos perdoar. O que acha?
— Claro. - ele me beijou em seguida. - Eu nunca mais vou te deixar sozinha, ouviu?

O abracei forte e ficamos ali, deitados, calados, com nossas mãos entrelaçadas por um bom tempo.

Barry quebrou o silêncio.
— No que você está pensando?
— Na minha mãe.

Barry se ajeitou na cama, me fazendo olhar para ele.
— E o que você estava pensando sobre a sua mãe?
— Muitas coisas, mas como ela lidaria com tudo isso... Com certeza ela diria: eu te avisei.
— Por que você acha isso?

Respirei fundo.
— Eu te disse que no dia do nosso acidente, eu e ela brigamos, não foi?
— Sim.
— Pois bem. Nós estávamos brigando porque eu disse a ela que Scott havia me convidado para ser repórter investigativa.
— Ela não aceitou?
— Não.
— Mas porque? Você sempre sonhou em ser jornalista.
— A minha mãe era repórter investigativa antes de eu nascer. Ela passou por muitas coisas difíceis e sabia que eu podia me machucar.
— Então por isso vocês brigaram?
— É. - me sentei na cama. - Eu não entendia o porque de ela não querer me apoiar, a briga foi feia Barry. Eu chamei a minha mãe de invejosa, pois eu ia ter uma carreira como repórter, enquanto ela tinha largado o que sonhava para ficar atrás de um balcão de restaurante.
— Eu sinto muito! - Barry me abraçou.
— Eu sinto vergonha de tudo o que eu disse a ela. Ela só largou a carreira por minha causa. Ela engravidou sem planejar, Barry... e nunca vou poder pedir perdão pelas coisas idiotas que eu disse. Hoje eu entendo o porque ela não me apoiava e eu daria tudo para ouvir ela dizer ''eu te avisei'' agora.

Barry me abraçou ainda mais forte.
— Eu sei que não sou nada comparado a sua mãe ou ao seu pai, mas eu estou aqui.

Olhei para ele, seus olhos brilhavam.
— Eu te amo.

O telefone de Barry tocou, nos interrompendo. Ele tinha uma expressão de preocupação ao desligar.
— O que aconteceu?
— Jesse está no STAR Labs.
— E por que está preocupado?
— Aconteceu alguma coisa com o Harry e ela veio pedir nossa ajuda.

Levei as mãos a boca, surpresa.
— Eu preciso ir.
— Eu vou com você.
— Mas você precisa descansar.
— Barry, eu já descansei o bastante. Além do mais, eu vou estar em um laboratório. Eu vou estar bem.
— Ok. Então vamos logo.

Chegando ao STAR Labs, vi Jesse abraçada a Wally.
— Barry, por favor, vocês tem que ajudar o meu pai. - ela veio em nossa direção. - Eu não sabia o que fazer, por isso vim.
— Calma, Jesse. - disse, abraçando-a.
— Nós vamos te ajudar, ok. Mas antes você precisa se acalmar e nos explicar o que aconteceu.
— Grodd pegou o meu pai e o levou para a Cidade Gorila.
Fazem duas semanas que ele desapareceu. Ninguém o viu ou ouviu falar dele.
— Desculpem, mas o que é Cidade Gorila? - perguntei.
— Ahm... então, há vários gorilas altamente inteligentes na Terra-2. E eles vivem numa cidade no coração da África.
— Mandamos o Grodd pra lá quando veio atrás da Caitlin. - Cisco disse.

Olhei confusa para Cisco.
— É uma longa história. - ele disse.
— Certo. Mas por que o seu pai iria lá?
— Recebemos criptogramas matemáticos no Laboratório. Eram complexos. Levou uma semana para eu e meu pai decodificarmos.
— E o que dizia?
— Era um convite. Dos gorilas para o meu pai.
— Por que o Harry? - Iris perguntou.
— Eles queriam encontrá-lo. Ele organizou uma expedição com outras 10 pessoas e eles foram para a selva. Mas eles não fizeram vários check-ins e um grupo de busca foi atrás deles e tudo que acharam foram os corpos. Todos espancados até a morte. Mas não viram meu pai. Será que ele... - ela tinha os olhos cheios de lágrima.
— Não. Ele está vivo. - Barry disse. - Eles passaram por muita coisa para levar ele até lá. Precisam dele para algo. Iremos resolver isso.
— Aí estão. - HR entrou na sala. - Estava procurando por vocês. Vamos tomar café ou não?
— Pai! - Jesse disse rindo, indo em direção à HR, o abraçando.
— Sim. É assim que se diz ''bom dia, pessoal''. Com abraços.
— Jesse, esse não é quem você pensa que é. - Caitlin disse. - Esse é o HR. Você o viu antes de ir embora.

Jesse se afastou, seu sorriso foi se fechando.
— Ele é o substituto do Harry. - Wally disse.
— Alguns diriam versão melhorada.
— Essa é a filha do Harry. - Cisco disse. - E ele foi sequestrado.
— Eu não sabia. Foi mal. Eu achei... Foi mal por ter tirado o sorriso do seu rosto.

Percebi que Barry tinha se afastado um pouco, fui até ele.
— No que está pensando?
— No futuro. - ele agora se direcionava a todos. - Quando eu fui pro futuro, eu vi algumas manchetes e uma delas era ''Cidade ainda se recupera do ataque gorila.''
— Acha que a manchete e o sequestro do Harry estão conectadas? - Cisco perguntou.
— Não pode ser coincidência, certo? Harry sendo sequestrado para a cidade gorila? Grodd deve estar planejando algo.
— Parece estar planejando voltar para essa Terra e não sozinho, pelo que parece.
— Se salvarmos o Harry, talvez o que Grodd planeja não aconteça. - E pode ser que isso mude o futuro. - Iris disse.
— Mas você não tem certeza. - eu disse.
— Não, mas irei de qualquer forma. Harry é meu amigo. Não vou abandoná-lo.
— E suspeito que queira alguém para ir com você cujo este possa abrir as brechas. - Cisco disse.
— É.
— Quero ir também. - Caitlin disse. - Tenho uma conexão especial com Grodd. Talvez possamos usar isso.
— Ok.
— Eu irei também. - Jesse falou.
— Não. Sinto muito, Jesse, mas não.
— Olha, não vim aqui pra você ficar com todo o risco. Irei ajudar.
— Seu pai me mataria se eu te levasse.
— Sou uma velocista. Posso cuidar de mim mesma.
— Eu sei. Por isso preciso que fique aqui. Essa cidade precisa de proteção em nossa ausência. E ainda pode ensinar umas coisinhas ao Wally.
— Do que está falando? - ela parecia confusa.

Wally então correu pelo salão, mostrando sua velocidade.
— Então é um velocista agora...
— Sim. Nós dois somos.
— É... Isso é... Incrível.

Wally e Jesse ficaram se olhando. Percebíamos que eles se gostavam.
— Eu preciso resolver algumas coisas no trabalho. Não vou demorar muito. - Barry disse, saindo em seguida.

Caitlin e Cisco foram pegar o que precisavam para levar e nós descemos para a sala da brecha. Minutos depois Barry voltou, já com o seu traje. Ele se aproximou de mim.
— Por favor, não faça nada estúpido. - eu disse, colocando meus braços ao redor do seu pescoço.
— Tipo voluntariamente ir para a Cidade dos super macacos? - ele disse rindo
— Tipo algo sério. Resgate o Harry, mas fora isso, não tem que fazer nada disso por mim.
— Tudo que faço é por você. - ele disse, me dando um beijo.

Ouvimos uma porta se abrindo e era Julian entrando na sala da brecha, vestido com roupas de expedição.
— Estilo Indiana Jones? - Cisco disse, fazendo todos rirem.
— Cisco, meu amigo, essa não é minha primeira expedição. Esse traje é perfeito.
— Julian, o que está havendo? Achei que você iria me cobrir no trabalho.
— Falei com o capitão Singh. Acha que estou numa conferência de morfologia em Blüdhaven. O mesmo vale para você.
— Obrigado.
— Desde quando o Julian entrou para o time Flash? - perguntei a Barry.
— Aconteceu muita coisa por aqui nos dias que você estava fora.
— Não precisa ir, Julian. Você nem conhece o Harry. - Caitlin disse.
— Uma chance de viajar pra outra dimensão... como eu perderia isso.
— Nós não vamos passear.
— Nem eu. - Julian disse, tirando uma arma da cintura.
— Caramba, ele realmente não está brincando. - HR disse.
— Jesse, Wally. Garantam que a cidade fique segura enquanto estou fora, ok? - Barry disse.
— Ok.
— Ei, Barry. Se vir meu pai, diga a ele que...
— O veremos muito em breve, Jesse. Palavra de velocista.

Barry veio até mim.
— Você vai ficar bem, não é? - ele disse segurando o meu rosto.
— Claro. Não se preocupe comigo, ok? Apenas traga o Harry de volta.
— Eu te amo.
— Eu também.

Nos despedimos com um beijo e então Cisco abriu uma brecha e logo em seguida Caitlin, Cisco, Julian e Barry entraram, sumindo nela logo depois.
— Eles vão trazer o seu pai de volta, Jesse e ele vai estar bem. - Iris disse.
— Obrigada.

Jesse, Wally e Iris saíram da sala, deixando a mim e HR sozinhos.
— Eu acho que você não está bem. Acertei, DD?

Dei um riso forçado
— Está tão na cara assim? - disse, me sentando no degrau da escada.
— Sim. Principalmente porque eu te chamei de DD e você não disse nada.

Me encolhi ainda mais na escada, abraçando os meus joelhos e tentando prender o choro.
— O que aconteceu, Daphne? - ele sentou-se ao meu lado.

Eu olhava para HR com os olhos marejados.
— Você sabe que pode confiar em mim, não é?

Fiz que sim com a cabeça.
— É que... Eu não consigo parar de pensar no meu filho.
— Eu sinto muito pelo que aconteceu.
— Eu foquei tanto no Savitar que esqueci de todo o resto.
— O que você quer dizer?
— Eu achava que o Savitar ia me matar, HR, que só ele poderia me machucar e que o meu filho ia viver. Eu acreditei que esse era o nosso destino.
— Eu sinto muito. Eu vi o quanto você e BA queriam esse filho.
— É, e agora se algo acontecer comigo... - comecei a chorar
— Não pense assim, ok. - HR me abraçou. - Savitar ainda está preso. Nós vamos conseguir mudar esse jogo.
— Obrigada.

HR pigarreou.
— Se me permite perguntar, o que aconteceu com as pessoas que fizeram isso com você?
— Até agora nada, na verdade nem sei como eles ainda não me encontraram para terminar o serviço. Mas de uma coisa eu sei, eles vão pagar muito caro pelo que fizeram com o meu filho, HR. - disse com raiva. - Muito caro.