Eram por volta das oito horas da manhã, Superman convocou novamente seus aliados para uma reunião de extrema urgência. Damian, Adão e Diana já estavam na esperança de onde poderia estar Batman e a insurgência, mas Victor estava com o coração apertado com certo receio de ter sido descoberto e acabar como o Nuclear.

Os quatro chegaram à pequena sala de reuniões e ficaram surpresos ao ver Aquaman do lado de Superman.

— Ora, ora, resolveu ficar do nosso lado de vez? – perguntou Adão com sarcasmo na voz.

— Ele já está ao nosso lado faz algum tempo. – respondeu Kal colocando sua mão no ombro de Arthur – só estava esperando um momento certo para tornar isso oficial. Há alguns dias estávamos conversando sobre essa nova aliança entre Atlantis e o Regime. Mas agora precisamos tornar isso oficial o quanto antes.

— Por quê? – perguntou Damian timidamente com medo de uma possível repreensão de Superman – só uma curiosidade em saber o motivo de se tornar algo tão urgente.

Arthur deu um passo à frente e expôs a situação para os presentes:

— Ontem a noite Mera descobriu que voltarei a fazer aliança com o Regime e ela sempre foi contra. Agora ela está em Atlantis reunindo um punhado de habitantes de lá para atacar a superfície.

— Estamos prontos para isso – disse Diana com um sorriso determinado.

Superman virou—se para Cyborg e ordenou:

— Avise os soldados e deixe-os apostos para qualquer ataque que vier.

Victor anuiu com a cabeça e saiu da sala. No caminho da sala de controle, Victor enviou uma pequena mensagem aos insurgentes dizendo sobre a possível invasão de Atlantis comandada por Mera. Entrou na sala de controle e avisou a todos do exército para ficarem prontos para a invasão.

Enquanto isso os outros vestiam seus uniformes e aqueles que tinham suas armas a poliam. Um toque de recolher foi ativado para toda Metropolis e os que puderam se esconderam em esconderijos subterrâneos.

(...)

O mar começou a se agitar, as areias das praias de Metrópolis já estavam debaixo d’água. Começaram a surgir das águas salgadas muitos homens e mulheres armados com escudos, espadas, arpões e várias outras armas típicas de Atlantis. Atrás deles vinha Mera, subindo sobre um redemoinho de água, seu olhar procurava apenas uma pessoa: Arthur Curry. Quando os guerreiros submarinos enfim chegaram à terra firme foram atacados pelos soldados do exercito do Regime. Mera desceu na superfície e ajudou derrubando alguns soldados inimigos, ela conseguia ver que alguns os aliados do Regime também estavam atacando.

Quando acabara de abater um soldado, Mera sentiu algum objeto bater em sua cabeça na parte de trás, ela se virou e viu Diana arrumando sua tiara na cabeça perguntando com sarcasmo:

— Por que não lutamos? Seria algo justo!

As duas se entreolharam. Metrópolis estava carregada de lembranças, de tantas lutas contra vilões que a olhos humanos era impossível de serem derrotados, mas que ficou no passado. O sol brilhava intensamente. A intensa tempestade de tiros fazia com que elas não se enxergassem muito bem, visto que estavam sobre uma distância considerável. Cada uma estava numa esquina de rua, as rajadas de disparos de armas de fogo a elas quebrava o silêncio, até que Mera resolveu se pronunciar:

— Vamos resolver isso de uma vez por todas. – Mera, já com as águas em forma de serpentes ao seu redor preparada, mantinha a mesma voz fria de sempre – E lembre-se: A luta só terminará quando uma de nós sucumbir.

— Eu sei – Diana respondeu desembainhando sua espada. Seu olhar firme para a rainha de Atlantis escondia a lembrança da cumplicidade que teve há alguns anos atrás – Podíamos resolver isso de outra maneira. Mas você escolheu a forma mais difícil.

— Que seja! – Após a exclamação liberou as serpentes de água para atacar a amazona.

Diana tentava lutar contra essas serpentes, mas não conseguia. Elas agarraram-na pelo pescoço dando tempo para que Mera se aproximasse e desferisse um soco em Diana fazendo-a cair no chão e rachando o asfalto. Mera flutuou até Diana, mas esta lançou seu escudo com intenção de derruba-la. Com agilidade Mera desviou do escudo e lançou um jato de água no rosto de Diana, está bloqueou com seus braceletes, mas a rainha continuou a soltar água com mais força e advertiu:

— Não vai aguentar esse jato por muito tempo!

— Você que pensa!

Ao dizer isso Diana deu um brado fazendo um forte brilho sair de seus braceletes. Nisso Mera foi jogada para trás batendo as costas com força em um poste e em seguida cair no chão de bruços no concreto molhado. Mera tentou se levantar dando impulso com as mãos, mas sentiu uma forte pisada em suas costas, ficou com o ouvido direito colado no chão enquanto ouvia insultos vindos de Diana. A rainha reuniu todas as suas forças e se levantou fazendo a amazona cair no chão. Mera reuniu um punhado de água e formou uma espada em suas mãos, Diana estava desarmada, devido a ultima queda a sua espada e o escudo foram parar longe de seu alcance. Com a espada de água na mão Mera pisou no abdômen de Diana e estava prestes a desferir um golpe fatal na amazona quando sentiu um golpe em suas pernas fazendo cair ajoelhada. O golpe não viera de Diana, Mera virou para trás e viu Arthur com seu tridente na mão. Ela olhou perplexa para o marido e algumas lágrimas surgiram em seus olhos, deixou que elas caíssem molhando a maçã de seu rosto e murmurou:

— Você...

— Mera – disse se aproximando da esposa – Você não me deixou escolha!

— Lutou contra o seu próprio povo! – Mera gritou revoltada com o comportamento de seu esposo.

Diana se aproximou de Mera e lhe desferiu um tapa na sua face e disse próxima a ela:

— Insurgentes só servem pra ferir a paz que esse Regime traz.

Com ira no olhar, Mera bradou:

— Você é o câncer desse governo imundo! – Mera pegou Diana pelo pescoço e estava a sufocando.

Arthur sem pensar apontou o lado pontiagudo do tridente no pescoço da esposa e disse:

— Já chega, Mera!

Mera olhou para o marido e ficou sem reação diante daquele ato que ele acabara de fazer. Diana injetou um medicamento em Mera que anulava seus poderes. Nisso o som das rajadas de tiros e os gritos de guerreiros cessaram. Superman e seus demais aliados apareceram e Arthur disse:

— Já está tudo sobre controle.

— Bom trabalho Curry! – disse Superman dando dois tapinhas nas costas de Aquaman.

Arthur lançou um olhar de pena para a esposa que mantinha a cabeça baixa. Ela conseguia ver alguns sobreviventes de seu povo fugir para o mar e os corpos dos outros que não tiveram a mesma sorte espalhados pelas ruas de Metrópolis. Damian e Diana a levantou e a fez caminhar até um carro do exército onde se levavam os presos metahumanos. Enquanto ela caminhava via os cadáveres e murmurava:

— Vocês serão vingados.

(...)

A alta cúpula do Regime decidiu que Mera ficaria encarcerada em um dos calabouços de Atlantis. Diana foi designada para acompanhar a ré até sua cela.

Em Atlantis o povo que ficou contemplava sua rainha sendo levada a prisão. Alguns a olhavam com pena, outros choravam pelo destino cruel que ela tivera, mas ninguém ousou falar uma palavra enquanto Mera caminhava para o calabouço, algemada e de cabeça baixa e com a Diana segurando-a pelo braço e um soldado do regime segurando-a pelo outro. Arthur caminhava logo atrás de cabeça erguida apenas olhando para frente.

(...)

Chegando a cela, o guarda do regime tirou a algemas da rainha. Diana a virou para que ela ficasse na frente dela e ordenou:

— Olhe para mim!

Mera continuou de cabeça baixa, Diana ergueu o queixo dela e disse:

— Fomos bondosos com você. Seu marido é muito misericordioso, pois a nossa intenção era mandar te matar.

Arthur veio logo atrás e ouviu o que Diana disse. Mera olhou para o lado e ao ver Aquaman disse:

— Eu quero que ele vá se ferrar!

O guarda abriu a porta da cela, Diana largou Mera e deixou que ela entrasse na cela. Arthur se aproximou e pediu que o guarda esperasse um pouco antes de fechar o portão. Curry entrou na cela e disse:

— Queria que as coisas fossem diferentes.

— Eu pensava tudo de você, Arthur, menos isso. Antes eu tivesse ficado em Xebel do que ter me casado com você.

Arthur procurava o olhar da esposa, mas essa o negava. Ele disse:

— Ainda dá tempo de mudar tudo isso, Mera.

— Prefiro morrer a aceitar o Regime. Você se juntou com esses mercenários, ficou contra mim, contra... Ah o que irá adiantar eu falar. Estou fadada a passar os restos dos meus dias aqui.

— Você optou por isso.

Arthur foi saindo da cela. Mera apenas olhou para ele indo embora de relance e baixou sua cabeça olhando para suas vestes. Diana se aproximou da cela e advertiu:

— Agora você provou do castigo de quem desobedece ao Regime.

Enquanto Diana virava as costas, Mera se levantou, segurou as grades e murmurou:

— Você irá pagar com seu sangue todo mal que causou a esse mundo.

Diana pensou em encará—la, mas saiu.

(...)

Na sala do trono Arthur cumprimentou Diana e disse:

— Peço perdão por Atlantis, pelo que houve...

— Não se preocupe, Curry. Sabemos que esse ataque não foi em seu nome.

— Agora terei que governar Atlantis sozinho. – disse olhando em direção ao calabouço — Mera me ajudava tanto.

A amazona olhou de um lado para o outro para ver se ninguém a escutava. Quando viu que não tinha tal risco disse:

— Não se preocupe. Vamos arranjar uma rainha à altura para Atlantis.