A entrada do presídio de segurança máxima de Metropolis estava tomada de curiosos e repórteres de várias redes de TV nacionais e internacionais. Hal saiu do camburão escoltado por vários policiais do regime, ele olhava a multidão de relance e logo baixava a cabeça, muitos repórteres tentava colocar seus microfones e gravadores para que Jordan respondesse as perguntas: Por que você a matou? Onde está o seu anel? O que os guardiões acham sobre isso? Você ficou com ciúmes do alto conselheiro?

Havia tantos em volta do réu que este quase desmaiou. Hal respirava ofegante e não via a hora de se livrar daquelas pessoas, seu desejo maior era apenas de sumir. Enquanto estava a poucos passos do portão de entrada do presídio Jordan ergueu a cabeça viu um humanoide em cima de uma das pilastras que compunha a construção do muro principal do presídio. Este estava com seu uniforme azul e se podia ver que saia um intenso brilho azul de suas mãos, ao reconhecer que era o Santo Andarilho Hal sentiu uma tímida lágrima correr pelo seu rosto, em seguida baixou a cabeça e atravessou o portão. Ouviu o ranger dos portões se fechando atrás de si e uma angústia veio em seu coração. Será que vou sair vivo dessa? Ele pensou.

(...)

Hal Jordan já estava em sua cela com um macacão branco feito de linho e algodão, um número qualquer estava estampado em seu tórax, braços e costas. Estava sentado em uma cama com as costas encostadas na parede, apenas olhava para o teto, não tinha mais lágrimas para chorar e lamentar a desventura que cairia sobre sua vida. Estava perdido em seus pensamentos quando ouviu alguém batendo um objeto de metal em uma das grades de sua cela. Olhou em direção ao barulho e ao ver um guarda se levantou. O guarda destrancou a cela dizendo:

— Tem alguém que quer te ver na sala de interrogatório.

Hal respirou fundo, colocou as mãos na frente para ser algemado e acompanhou o guarda até a sala de interrogatório. A porta se abriu e Jordan não se surpreendeu ao ver Superman do outro lado da mesa com seu uniforme, mas de cor preta com o símbolo da casa El em seu peito de cor branca. O piloto olhou para o alto conselheiro e sentou-se na cadeira frente ao Superman, colocou suas mãos algemadas sobre a mesa e ficou esperando o alto conselheiro dizer algo. Este lançou um olhar de desdém e disse com um sorriso nos lábios:

— Há quanto tempo não nos vemos, Hal! O nosso último encontro foi tão conturbado.

Hal continuou calado e olhando fixo para Superman. Este continuou:

— Que peça do destino! Você veio parar aqui por matar aquela a quem deveria proteger. Se ela estivesse comigo... Ao meu lado, estaria viva. Mas teve má sorte de te encontrar

— Eu não a matei! – disse Hal com veemência e olhos marejados – Eu a amava!

— Amava tanto que a matou! Eu sim queria o bem dela. Eu a salvei das mãos de Brainiac, coisa que você deveria ter feito!

— Você não ama mais ninguém, Kal! A morte de Lois te cegou de ódio!

Kal bateu com força na mesa, a sua íris se acendeu com uma luz avermelhada. Nisso se levantou esbravejou:

— Não fale de Lois!

Jordan sem pestanejar indagou:

— O que é? Vai quebrar minha mão de novo? Vai quebrar uma vértebra minha assim como fez com Batman? Vai me matar espancado assim como fez com o Oliver? Me diz Kal, o que você vai fazer?

Kal—El ficou sem resposta diante das indagações de Jordan, que continuou:

— Quem deveria estar atrás das grades é você! Você se tornou um dos maiores criminosos que eu já vi. Olha o tanto de gente que você tirou a vida. Conseguiu superar o Coringa! De onde ele está deve estar te aplaudindo e dizendo: ‘você era o meu aluno e eu nem sabia. ’

Superman se sentou na cadeira, olhou para o piloto com ira e disse:

— Você vai me pagar por todos esses insultos!

— Quem semeia vento colhe tempestade! Veja o fim que levou os ditadores como você.

— Guardas! – gritou Superman – Tirem esse homem da minha presença!

Os guardas entraram na sala e levaram Hal para a cela deixando Superman na sala sozinho.

(...)

O enterro de Carol Ferris foi por volta das seis da manhã do dia seguinte em Coast City. Fora algo discreto apenas para a família e para os que trabalham na sede do regime. John Stewart observava de longe toda a cerimônia, tudo o que queria é não ser visto pelos presentes principalmente pelo alto conselheiro e seus jagunços. Olhou para o seu anel e disse em voz baixa:

— Como eu queria que Hal Jordan estivesse aqui.

De repente uma voz familiar veio do anel:

— John, você está aí?

— Hal? – perguntou Stewart surpreso – Como você...

— Cyborg está aqui comigo e me trouxe o anel para eu falar com você.

— Pensei em você agora. Estou no enterro dela.

Hal fez uma pausa, depois de alguns instantes perguntou:

— Eles estão te vendo?

— Estou longe deles. Sinto muito por tudo o que aconteceu com você. Eu devia ter voltado contigo.

— Não se martirize por conta disso.

John engoliu seco e disse:

— Eu sei que não foi você que matou a Carol.

— Jamais faria uma coisa dessas – disse Hal sussurrando e com voz embargada – Adão Negro quebrou... o pescoço dela na minha frente e... me senti impotente diante de tudo isso...

— Não diga mais nada, amigo. Farei de tudo pra te tirar dessa.

(...)

Após o enterro, Superman foi para casa enquanto os demais foram para a sede com os outros funcionários. Na sede Diana foi para a sua sala e decidiu que ia para casa também para estar com o alto conselheiro. Ela estava prestes a sair da sala quando Adão entrou no cômodo, vendo que a amazona já estava de saída perguntou:

— Pra onde você vai?

— Vou para casa! Consolar Kal pela perda lastimável que tivera.

Adão se aproximou de Diana, segurou-a pelo braço e perguntou:

— Você não vai dizer nada a ele, não é?

— Por que eu diria? – respondeu ela tirando o braço da mão dele – Eu salvei a sua pele dizendo que quem a tinha matado era o Hal.

— Você é uma caixinha de surpresas, Diana. Você sabe muito bem que se ele souber que matei a Carol ele vai me matar e destruir Kahndaq.

— Fique tranquilo. Esse segredo está bem guardado.

A amazona estava prestes a chegar a porta quando foi surpreendida por uma pergunta de Adão.

— Por que você a queria morta?

Diana engoliu seco e Adão continuou:

— Eu a matei por mágoa de ele ter nos machucado. Mas eu não sou tolo – ele foi se aproximando dela – Sei que você a queria morta. Por quê?

A amazona olhou para Adão e respondeu:

— Ela já está morta, isso não importa mais.

Adão começou a acariciar os cabelos da amazona, em seguida passou seus dedos na maçã do rosto dela levemente aveludado pela maquiagem e disse aproximando mais seu rosto do dela.

— Eu vou descobrir.

Em seguida beijou os lábios da amazona, que logo o repeliu dizendo:

— Nunca mais faça isso!

Dizendo isso saiu da sala fechando a porta com força.

Chegando a casa Diana deixou sua bolsa no sofá e foi direto para o quarto, Kal estava na sacada do quarto onde se podia ver o a praia do lado deserto, ele estava com uma taça de uísque na mão e com o olhar distante. A amazona o abraçou por trás, deu um beijo em sua nuca e perguntou:

— E então? Já pensou no que vai fazer com Hal Jordan?

Kal deu um suspiro e respondeu:

— Ainda não sei. Pensei em mata-lo na frente de todos...

Diana o puxou para dentro do quarto e disse:

— Ah Kal, isso é muito clichê!

— Clichê? Como assim?

— Os governadores do mundo antigo faziam muito isso em casos como esse. Por que você não o usa como isca para pegar o Batman ou a sua priminha?

Superman sentou-se na cama, Diana sentou ao seu lado e ele respondeu:

— O que eu quero menos pensar é nesses dois que só me trouxeram dores de cabeça.

Diana fez com que Kal deitasse na cama percebendo que ele estava confuso pelo excesso de bebida que consumira e disse:

— Descanse um pouco. Você está precisando.

Em seguida a amazona aproximou-se mais dele deu-lhe um longo beijo. Naquele momento Kal—El era só seu e queria tirar o peso do mundo das costas dele. Apesar de tudo o que estava acontecendo a sua volta os dois conseguiram se distrair, pelo menos naquele momento.

(...)

Era por volta de duas da tarde, Diana acordou e estava sozinha na cama. Fazia tempo que não tinha um tempo a sós com Kal, mas sentiu que foi proveitoso. Pegou o controle que estava no criado—mudo do lado da cama e ligou a TV, estava para começar um pronunciamento ao vivo do alto conselheiro. Diana ficou sentada e se atentou no que Superman iria dizer. E então começou.

Kal estava ainda com seu uniforme preto, o fundo era o símbolo do regime. Com os olhos vidrados na câmera Superman começou:

— Povos de todo mundo! Tenho certeza que todos já souberam da morte prematura de Carol Ferris, minha representante da mídia. Ela foi covardemente assassinada por Hal Jordan, um Lanterna Verde, antes herói agora um assassino frio. Não quero condená-lo a morte. Pode ser que alguém que faça parte da insurgência esteja me assistindo e tenho uma proposta a fazer a vocês. Eu anulo a culpa de Hal Jordan e o liberto se Supergirl ou Batman se entregarem, e se vier os dois, melhor ainda. Espero que a proposta seja boa para vocês.

(...)

Na sede da insurgência, todos assistiam o pronunciamento do alto conselheiro. Kara estava disposta a tudo para ver Hal vivo e em liberdade e ao ouvir esse pronunciamento sentiu uma inquietude dentro de si.

— Eu me entrego ao regime – disse Bruce com veemência.

Kara de ímpeto disse:

— Não Bruce! Eu vou. Ele irá te matar se você se entregar. Creio que ele não terá coragem de fazer o mesmo comigo.