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Sacrifício (parte 2)


Dinah Lance junto com Kuai Liang estavam a caminho da praia para pegarem o submarino especial de Atlantis que os levariam para os seus respectivos trabalhos. Canário estava centrada, pensando na dor de Hal, ficara mais estarrecida quando soube da acusação contra ele de ser o autor do homicídio. Por mais que estivesse ressentida com o Lanterna, não desejava tal lástima a ele. Enquanto caminhava algumas lágrimas ainda insistiam em cair, mas ela as limpava rapidamente.

De repente fora surpreendida por Kuai que oferecia um lenço. Ela o olhou de relance e disse:

— Obrigada, mas não precisa.

— Eu sei como é isso, senhorita Lance. – insistiu Liang – Chorar pela morte de um amigo e pela injustiça que é cometida com pessoas inocentes. Aceite o lenço.

Dinah pegou o lenço feito de uma espécie de algodão com textura bem diferente do que já vira e enxugou as lágrimas que insistiam em cair. Ela voltou o olhar para o ninja que tirava o pano que cobria parte do rosto e o capuz, guardando em um alforje. Assim revelava um rosto viril com algumas marcas do tempo e das lutas que havia passado durante sua vida, seus olhos alvos como a neve gélida lhe chamavam a atenção. Perguntou por curiosidade:

— Você usa lente para não te reconhecerem?

Kuai soltou um riso tímido e respondeu:

— David me deu essas lentes pretas. – ele mostrou a caixinha com as lentes para ela – Falei que não precisava, mas ele insistiu. Nunca tinha usado algo antes.

— Aprendeu rápido a usá—las?

— Sim – respondeu ele colocando-as ali mesmo – bem rápido – virou o rosto para Dinah – está certo, não é?

Dinah deu um sorriso e respondeu:

— Você é bom nisso.

Os dois nem perceberam, mas já estavam a menos de 200 metros do submarino.

(...)

Era por volta das duas da tarde em Atlantis, Kuai e Dinah chegaram e cada um foi para o seu posto. Dinah caminhou em direção à sala do trono, pois sabia que Arthur estaria ali para lhe delegar o que deveria fazer naquele momento. Quando estava próxima ao trono ela percebeu que o rei estava conversando com uma mulher, forçou a visão para reconhecer quem era e ao ver que quem estava ali era Diana, sentiu uma angústia tomando conta de seu peito e colocou a mão em seu coração. Tenho que evita-la, ela logo ira me reconhecer, pensou.

Ela estava prestes a dar meia volta quando ouviu a voz grave e distinta lhe chamar pelo seu nome falso. Dinah respirou fundo e olhou em direção para o rei que estava vindo até ela, Diana vinha logo atrás.

— Laura, quero que conheça pessoalmente Diana de Themyscira.

Dinah voltou o seu olhar para a amazona e a saudou:

— Boa tarde, princesa. Sou Laura Oliver, enfermeira de Sua Majestade Mera.

Diana deu um sorriso matreiro e disse:

— Boa tarde, Laura. Em breve não precisará colocar o termo “Sua Majestade” quando se referir a Mera.

— Por quê? – perguntou Dinah preocupada.

Arthur olhou de relance para Diana e perguntou sussurrando:

— Você vai dizer a ela?

— Já é bom se acostumar com essa ideia. E é bom também que Mera saiba.

Dinah engoliu seco e esperou a resposta. A amazona explanou a ideia para a enfermeira:

— Como Atlantis se aliou ao regime, Superman quis fazer algo para concretizar de forma eficaz essa nova aliança. Ele dará a sua própria prima como esposa de Aquaman.

Lance colocou a mão na boca de súbito, demonstrando sem querer o seu repúdio da ideia. Para disfarçar perguntou:

— Mas ela está sumida a meses. Conseguiram encontra-la?

— Nós daremos um jeito nisso. – respondeu a amazona de ímpeto.

Arthur estava meio sem jeito depois de toda aquela explanação. Vendo que a enfermeira ficara espantada com tudo aquilo disse a ela:

— Vá para a enfermaria. Te encontro lá.

— Como quiser majestade – dizendo isso Dinah se retirou da presença dos dois.

Assim que ela saiu, Diana indagou:

— Essa moça não me é estranha. O jeito dela, a voz... Ela não te lembra de alguém?

Curry respirou fundo e negou. Diana percebeu que ele estava com um semblante pesado.

— Não está pensando em desistir do casamento.

— Diana – o disse se afastando um pouco dela – isso é loucura! Não estamos no século XVIII ou XIX para fazer essas coisas.

— Ah Arthur! Não me venha com esse papo de que o casamento tem que acontecer por amor...

— Mas o verdadeiro casamento é esse! – respondeu Curry – Se Mera tivesse morrido, mas ela está tão perto de mim e... Eu a amo.

— Você não pode continuar com ela e você sabe o motivo. Ela não aceita o regime.

— Diana, eu... Não sei se vou conseguir fazer isso. Kara não me ama e eu não a amo.

— É um contrato, Arthur! – a amazona se aproximou mais dele e sussurrou – Você sabe bem o que Kal fará caso você não queira casar com a Supergirl.

Dinah estava em um corredor próximo de onde a amazona e o rei estavam, e acabou ouvindo esta última parte do diálogo. Engoliu seco e foi direto para a biblioteca, assim que abriu a porta a fechou atrás de si e acionou o ponto onde tinha comunicação com David, através de um pequeno botão que tinha colocado em sua blusa próximo aos seios e ligava o ponto via wireless. O sinal estava bem criptografado e era praticamente impossível algum dispositivo de Atlantis captar o sinal. Lance caminhou para mais fundo da biblioteca, atrás de uma estante de livros que quase ninguém lia, ouviu um chiado vindo do ponto e chamou:

— Dav, você está aí?

— Sim – respondeu Arraia – conseguiu alguma coisa?

Dinah respirou fundo e respondeu:

— O pior que sim. Superman irá casar a prima com Aquaman assim que a encontrarem.

Houve uma pausa na comunicação. Lance ficou preocupada com a demora na resposta de David e perguntou:

— Está tudo bem?

Ela ouviu um ruído como se fosse um suspiro e a voz distinta de David respondeu:

— Estou tentando processar essa ideia maluca do Superman. O que ele quer afinal?

— Só Deus sabe. Será que Kara sabe?

— Estou acompanhando a imprensa, que agora só fala do possível aparecimento da Supergirl. Não citaram nada até agora a respeito de casamento.

— Kal deve estar planejando isso por debaixo dos panos. Temos que arranjar um jeito de falar isso a ela. – falou Dinah que parou ao ver um homem que tinha por volta de cinquenta anos de idade e que estava como se estivesse a vigia-la todo aquele tempo.

Discretamente ela desligou o ponto e perguntou ao homem:

— Posso ajuda-lo?

Ele se aproximou de Dinah fazendo-a recuar até encostar-se a uma parede próxima. O homem perguntou:

— Você é mesmo Laura Oliver ou tem outro nome?

Os olhos azuis do homem faziam Dinah ficar um pouco intimidada, mas mesmo nessa situação o enfrentou:

— Por que pergunta isso? Por que teria outro nome?

Ele deu um sorriso discreto e disse sussurrando:

— Arraia me falou que te conheceria.

Dinah deu um suspiro de alívio e perguntou:

— Você então é o cara da biblioteca que ele me falou.

— Sim – ele respondeu – todos aqui me chamam de Danvers, mas em meu planeta tenho outro nome.

— Então você não é terráqueo?

— Sou kryptoniano. Já deve ter ouvido meu nome, me chamo Zor-El.

Todos na sede da insurgência ficaram calados e atônitos da decisão de Kara em se sacrificar pela soltura de Hal Jordan. Barry se aproximou de Kara e perguntou:

— Como você vai fazer isso? Tenho certeza que ele fará o mesmo que fez com Bruce. Quer mesmo virar um robô do regime?

Kara permaneceu calada diante da indagação de Barry. Só de pensar em voltar para aquele ambiente hostil sentia um frio na barriga, mas precisava se sacrificar, sabia que Hal corria o risco de perder a vida nas mãos de seu primo. Era o que ela menos queria.

De repente um ruído peculiar veio do notebook de Harley, ela logo foi ver o que era – uma chamada de vídeo. Mas ela estranhou a origem da chamada fazendo uma careta.

— O que houve, Harley? – perguntou Selina.

— Uma chamada de vídeo, mas não é do Cyborg.

Os que estavam próximos se aproximaram mais do notebook, Harley abriu o vídeo e viu apenas uma tela preta, mas conseguiam ouvir uma voz.

— Tem alguém aí? – perguntou uma voz grave, mas distorcida devido a algum programa de alteração de áudio.

— Quem é que está aí? – perguntou Quinn com sua voz estridente – e como conseguiu nosso contato?

— As respostas dessas perguntas não são importantes agora. – respondeu a voz misteriosa – O que mais importa agora é o destino da filha de Krypton.

Kara logo se aproximou do computador ao se identificar com o termo “filha de Krypton”. Sem paciência Harley disse:

— Diga logo o que quer!

— Superman não quer apenas que sua prima se junte a ele no governo do mundo – disse a voz – Ele quer usá-la como símbolo de aliança entre o regime e Atlantis.

Bruce desconfiado perguntou:

— Como?

— Superman irá casar sua prima com o rei de Atlantis.

Todos ficaram espantados com o que acabara de ouvir. Ainda desconfiado Wayne perguntou:

— Como podemos confiar na veracidade das informações que está nos dando?

— Estou fazendo a minha parte de avisar a vocês. Se acreditarem ou não já não é problema meu.

Nisso o sinal da chamada cessou desaparecendo a tela do vídeo.

Naquele momento Kara teve a certeza que era isso mesmo que deveria fazer, não importasse qual fossem as consequências. Depois de um tempo de cabeça baixa olhou para os que estavam ali presentes e disse:

— Eu preciso fazer isso, não tem outra saída.