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Refúgio esverdeado


Kara e Koriand’r saíram por volta das 23hs, à lua já estava alta e as estrelas estavam cada vez mais brilhantes à medida que aumentavam a sua altitude. Enquanto a Terra ficava distante as duas heroínas conversavam.

— No tempo em que fiquei em Kahndaq – disse Kara - Diana me contou muitas histórias sobre o começo do Regime, inclusive...

— Do desmantelamento da equipe dos Jovens Titãs? – perguntou Estelar sem olhar para a kryptoniana – pode continuar a dizer o que ela disse.

Kara deu tossiu com um pouco e continuou:

— Ela jurou que havia te matado.

— É o que ela diz! – falou Estelar com um sorriso entre os lábios, mas sua feição mudou ao contar como tudo aconteceu – A verdade é que ela me entregou para Cyborg, para que ele me tirasse à vida. Ravena e Cyborg se renderam a eles enquanto Dick e eu fomos os únicos que fomos capturados pelo regime, lembro que nos levaram em uma parte escura da prisão onde havia vários flagelos. Tinha por volta de três guardas segurando Dick, o amarraram em um pequeno pilar e começaram a bater nele, eu ouvia os gritos dele a cada chibatada, meu coração sangrava ao ver tudo aquilo. Nisso Diana puxou o meu cabelo por trás e sussurrou: Você poderá ter o mesmo fim que ele se não se render! Fui obrigada a assistir todo aquele espancamento, ele apenas lançava um olhar de amor sobre mim.

Koriand’r deu uma pausa enquanto limpava uma lágrima que insistia em cair, depois continuou:

— Dick morreu ali e eu não pude fazer nada, pois minhas mãos estavam com algemas que neutralizavam os poderes. Depois me tiraram dali e me levaram a outra sala, era um lugar frio e com cheiro de concreto, como se tivesse sido construído a pouco tempo. Trancaram-me sozinha com a Diana, pela primeira vez me sentia fraca, eu já sabia o que iria acontecer. A Mulher-Maravilha começou a me bater no rosto com força várias vezes, chutou minhas pernas e minha barriga e um sangue escuro começou a sair da minha boca. A dor que eu sentia nenhum ser terreno suportaria, acabei por desmaiar.

“Acordei sobre um colchão fino em outra sala com Cyborg a me olhar. Quando ele viu que eu tinha despertado pediu em um sussurro para que eu aceitasse o regime, mas eu neguei. Ouvi alguns passos e Diana havia entrado na sala, disse em seguida ordenando para que Cyborg desse um fim em mim. Finalmente ficamos sozinhos na sala, lembro que ele ficou em um canto da sala e começou a chorar como um menino. Lançou-me um olhar de misericórdia e disse que iria me esconder de uma forma que o governo jamais saberia que eu ainda estivesse entre os vivos.”

“Cyborg me levou para uma cidade em Mianmar, mudou meu nome e conseguiu roupas para eu vestir. Fiquei por lá durante todo esse tempo e acompanhei tudo de longe. Mas não pude mais continuar lá e ver o retorno desse monstro. Irei vingar a morte de Dick nem que seja com as minhas próprias mãos.”

Kara ficou perplexa com toda a história relatada por Estelar, estava disposta a pedir perdão por todos os erros que o primo dela havia cometido. Disse segurando uma das mãos da amiga:

— Eu nem sei o que dizer sobre tudo isso que você me contou... Estou tão envergonhada por Kal-El...

— Não se aflija pelos erros do seu primo – disse Estelar olhando para frente – Você não é culpada por ter um parente com atitudes tão insanas.

A garota segurou o riso. Nem percebera que OA estava tão próxima.

(...)

As duas heroínas pousaram com leveza em OA. Logo Kilowog chegou acolhendo-as:

— Bem vindas, doces princesas!

— Bondade de sua parte, Kilowog! – disse Estelar apertando a mão grande e áspera do alienígena.

Ele olhou Kara minuciosamente e ao ver o símbolo que tinha em seu peito disse:

— Ela é irmã naquele maluco que instaurou o regime na Terra?

Kara respirou fundo e sentiu-se coberta de vergonha. Estelar percebeu a reação da amiga e disse a ela:

— Não fique envergonhada.

— Como não ficar? – disse Kara ficando de costas para Estelar e Kilowog e escondendo o brasão que tinha em seu peito – Kal manchou a nossa raça e olha o que dizem de nós.

— Não precisava falar assim com ela! – disse Hal se aproximando fazendo Kara voltar o seu olhar em direção.

Hal e Barry ficaram estupefatos ao verem Kara diante deles. A garota de aço foi ao encontro de Jordan e o abraçou dizendo:

— Hal, que bom ver você bem!

O Lanterna se sentiu surpreendido ao receber o abraço de Kara. Ele retribuiu o abraço e disse:

— Fico feliz que você está livre!

Os dois saíram do abraço e se encararam. O olhar de Hal trouxe calma e uma paz que há muito tempo Kara não sentia, fazendo-a respirar fundo de alívio e um sorriso fez-se brotar entre os seus lábios. Olhou para a mão dele e disse:

— Pelo visto a sua mão está inteira de novo.

— Graças a Deus foi uma recuperação rápida. – disse Jordan olhando para sua mão e esticando os dedos – Aqui tem alguns amigos que tem o dom da cura.

Ela deu uma olhada para Barry e disse:

— Pensei que vocês tinham morrido ou...

— Ou se rendido ao louco do Clark? – perguntou Flash com sarcasmo – Nunca!

— Bruce te ajudou a fugir da prisão, não é? – perguntou Hal

Kara e Estelar se entreolharam, a menina de aço voltou o olhar para Hal e respondeu com lágrimas nos olhos:

— Ele se tornou um deles...

— Mas como? – perguntou Barry indignado.

— Superman o transformou em uma espécie de robô. – respondeu Koriand’r – Depois que Clark matou Brainiac absorveu os poderes dele e colocou Bruce em uma espécie de transe.

— Não – disse Hal colocando a mão na cabeça preocupado – Não pode ser...

— Quando eu penso que já vi tudo é aí que me surpreendo – disse Kilowog com a mão no queixo.

— Precisamos de vocês – disse Kara se recompondo – para tirar Bruce dessa.

Kara orava em seu coração para que os dois aceitassem voltar. Barry pousou a mão levemente no ombro da loira e disse:

— Precisamos salvar o nosso mundo desse tirano.

Hal engoliu seco e baixou a cabeça. Kilowog percebeu o gesto do amigo, se aproximou dele e perguntou:

— Você não está com medo, não é?

Jordan respirou fundo e respondeu:

— Não consigo te enganar. Mas tenho que vencê-lo. É o meu mundo que está em jogo.

— É assim que se fala cara! – disse Kilowog sorrindo.

(...)

Os heróis partiram de OA deixando os seus habitantes atentos para ajudarem no que for preciso para derrubar o regime de Superman.

Era por voltas das oito horas da manhã quando chegaram ao lugar secreto. Os quatro caminhavam pela ramagem, podiam-se ouvir de longe os heróis calcarem as folhas secas que estavam no caminho. Kara foi à frente e antes de bater na porta ela ouviu uma voz conhecida de dentro da cabana, o seu coração estremeceu e uma expressão de pavor se fez surgir em seu rosto. Barry notou a expressão da colega e perguntou com um ar preocupado:

— O que aconteceu?

— Ouça – disse Kara em um sussurro.

Os demais fizeram silêncio fazendo-se ouvir a respiração de cada um e uma voz familiar. Barry olhou para Hal e disse:

— É a voz do Cyborg!

Kara tomou coragem e empurrou a porta que abriu fazendo um barulho assustando a todos que estavam lá dentro. Cyborg olhou para a porta e fez sinal de rendição enquanto Supergirl e os demais ficaram em posição de ataque.