Já havia passado de meio-dia, Kara foi para o seu pequeno quarto que ficava no andar abaixo. Ela foi ao baú de madeira, abriu e tirou de lá o seu uniforme. O símbolo da casa El no peito reluzia como um cristal, ela passou a mão no brasão acariciando—o. Nossa honra foi manchada pela insanidade de um dos seus filhos, mas eu vou recuperá—la nem que para isso eu tenha que...

Os pensamentos da kryptoniana fora interrompido por duas batidas na porta.

— Posso entrar? – perguntou Harley.

Kara deu um sorriso e disse que podia. Harley entrou e ao ver Kara com seu uniforme nas mãos disse:

— Estou ansiosa para ver você vestir esse uniforme de novo. Lembro—me quando você salvou a minha vida em Metropolis.

— Vou usá-lo – respondeu Kara – mas eu olho para esse símbolo e sinto como se ele estivesse...

— Carregado – completou Harley – seu primo virou o pior vilão que já vi.

A kriptoniana reparou em Quinn e percebeu que ela estava com uma maquiagem mais leve e rabos de cavalo mais baixo. Intrigada perguntou:

— Está mais leve na maquiagem, Quinn?

— Ah sim – passou a mão no cabelo – estou tentando economizar na minha maquiagem, elas estão acabando.

Kara colocou a mão no ombro de Quinn e disse:

— Não queria dizer isso, mas a morte do Coringa fez com que você se encontrasse com sua sanidade. Fico feliz por isso.

Harley sentiu lágrimas se formando em seus olhos, ela as secou rapidamente e disse:

— Você me ajudou nisso, loirinha. Vou sentir sua falta, eu tenho medo de...

— De?

— De te perder – respondeu Harley com a voz embargada – vi tanta gente morrer nesse regime...

— Harley – disse Kara limpando as lágrimas da amiga – Nos veremos de novo.

Olhou de volta para o brasão da família e disse:

— Eu preciso colocar a serpente da traição de volta no diamante.

Harley ficou olhando para o símbolo e entendeu rápido o que sua amiga quis dizer. Em seguida olhou para Kara e disse:

— Boa sorte nessa nova missão, loirinha. Espero que você tenha aprendido as lições de teatro que te ensinei.

Kara sorriu e abraçou Quinn. As duas choraram de emoção.

(...)

Faltava pouco para Kara voltar a Metropolis, Bruce foi até o jardim onde Kara estava se preparando para partir e deu a ela um aparelho para que ela pudesse se comunicar com a insurgência e disse:

— Esse aparelho é igual aos que você usava em krypton. Comunicaremos nos por hologramas.

Kara olhou o aparelho e logo reconheceu que a tecnologia era quase a mesma de Krypton, ela sorriu e disse:

— Igual aos de Krypton.

— Você vai saber mexer nele.

— Obrigada Bruce.

— Nós venceremos – disse Bruce pousando uma das mãos no ombro da Kara e esboçando um sorriso esperançoso.

Todos saudaram Kara a seu modo e ela partiu na incerteza se os veria novamente. Sabia que era necessário fazer aquilo ou o regime implodiria o mundo.

(...)

Era tardezinha, um grande movimento de repórteres e curiosos estava em volta do Hall da Justiça. Diana sobrevoava Metrópolis e ao ver aquilo ficou intrigada, chamou Damian pelo comunicador.

— Damian, onde você está?

— Estou na periferia de Metropólis – respondeu Damian enquanto ajudava Adão — Conseguimos achar o esconderijo dos cristãos, estamos colocando-os nos ônibus.

Diana se sentiu incomodada por não ter sido avisada para esta operação, mas o que a incomodava mais era o fato de não saber o que estava acontecendo dentro do Hall da Justiça. Por isso perguntou:

— E o que está acontecendo no Hall da Justiça?

— Ah. Superman resolveu fazer o julgamento de Hal Jordan ali.

— Obrigada Damian.

— Por nada, princesa.

A amazona já aborrecida por ter sida deixada de lado desses assuntos foi para a sede do regime. Entrou pela janela da sala de Superman que já estava vestido para o julgamento, com seu uniforme supremo de alto conselheiro. Ele segurava o roteiro de todo o julgamento e não se surpreendeu com a chegada de Diana pela janela.

— Sabia que você viria pela janela – disse Superman com um sorriso sarcástico.

— Como você me deixa de fora de tudo com o que está acontecendo? – perguntou a amazona se sentindo injustiçada.

— Calma, Diana – disse Superman segurando Diana pelos ombros – você terá uma tarefa bem interessante.

— O que seria?

Kal foi até a janela onde dava pra ver o Hall da Justiça do alto.

— Logo, logo minha prima irá chegar. Você irá tomar conta dela para que tudo saia como planejado.

— Eu vou ser a guarda—costas de Kara?

— Até ela ir para Atlantis. Você irá orientá—la como deve se portar e... Essas coisas.

— Como quiser – respondeu a amazona saindo da janela. – E o que farei enquanto isso?

— Iremos juntos para o julgamento. – respondeu Kal se aproximando de Diana. – Com os cristãos presos, iremos descobrir através dele onde está a insurgência.

(...)

Hal Jordan havia chegado ao julgamento. O tempo todo ele estava de cabeça baixa, alguns do júri o olhavam com dó, outros com revolta. Hal não imaginava que um dia estaria naquela situação, se sentia só, que entraria na lista dos mártires do regime. Uma advogada chegou e sentou ao seu lado, Jordan disse sem esperanças:

— Não imaginava que eu teria uma advogada.

— Todos tem esse direito, senhor Jordan – respondeu a advogada que vestia camisa branca e um conjunto de suéter e saia de cor creme, sua tez era negra e tinha seu cabelo escovado – vou ajudar você, me chamo Megan Morse.

— Espero que não perca seu tempo – disse Hal se debruçando sobre a mesa

Uma porta do lado direito abriu de repente assustando a todos no local. De lá vem com sua imponência e soberba Superman junto com Diana, que também tinha um olhar altivo aos presentes. Ela permaneceu ao lado do júri enquanto Superman subia na tribuna para fazer seu papel que era julgar o Lanterna Verde Hal Jordan.

O silêncio pairava no local, ninguém ousava dizer uma palavra. Kal olhou para o alto de um lado para o outro como se esperasse por alguém, respirou fundo e disse:

— Vamos começar.

De repente uma estranha movimentação dos guardas na entrada do Hall chamou a atenção de Kal e de alguns jurados. Hal e Megan ficaram curiosos e olharam para trás. Escoltada por quatro guardas, Supergirl aparece andando no corredor central até parar frente ao seu primo. Kal olhou para ela e disse com um sorriso sarcástico nos lábios:

— Bem vinda, Kara.

Impávida, Kara disse:

— Estou conforme o acordo que propôs frente a todos os habitantes da Terra. Devolva a liberdade a Hal.

— Senti muito sua falta – respondeu Kal se aproximando de sua prima – Temos muito o que conversar.

Hal se levantou e gritou com lágrimas nos olhos:

— Kara! Por que está fazendo isso?

— Senhor Jordan – disse Megan convencendo—o de se sentar.

Os guardas o seguraram. Kara ficou de frente para todos e ao ver Hal sentiu um aperto em seu coração e fez o possível para não demonstrar dor ao ver aquela situação. Superman pediu para que os guardas trouxessem Jordan na frente enquanto ele descia da tribuna. O réu não estava acreditando no que estava acontecendo, olhava para Kara como que suplicando para que ela desistisse daquilo. Superman se aproximou e disse:

— Resolvi fazer um acordo, Kara viria e eu soltaria você. A vinda dela aqui significa que ela aceitou o acordo. Você está livre.

Cyborg veio com o anel dentro de um cubo de vidro. Os guardas tiraram as algemas de Hal, este tirou o anel do vidro e logo colocou em seu anelar fazendo ficar com seu uniforme da tropa.

— Kara – disse Hal segurando—a pelos ombros – não precisa fazer isso.

— Vá, Hal! – disse Kara com um olhar decisivo – Vá embora.

A kriptoniana sentiu um nó na garganta, Diana se aproximou e disse a ela:

— Você vem comigo.

As duas saíram da presença de todos entrando pela porta onde Superman havia saído. Hal acompanhou Kara com o olhar até a porta direita se fechar.