Já era por volta das seis horas da tarde em Atlantis. Dinah preencheu o que faltava no prontuário de Mera, colocou a prancheta dentro do suporte que ficava ao pé do leito e foi até Mera. A rainha deposta estava em observação, pois sua pressão e glicose estavam bem baixas, sem contar sua palidez. Colocou a mão sobre a fronte da rainha, que cochilava e disse:

— Espero que você melhore Majestade.

Dinah deu as costas e antes que saísse do quarto, Mera a chamou e disse:

— Obrigada por tudo o que está fazendo por mim.

A enfermeira deu um sorriso e disse:

— Estou aqui para isso.

Em seguida saiu da sala limpando as lágrimas que, timidamente queriam escapar de seus olhos. Quando fechou a porta atrás de si se assustou ao ver que Arthur estava a aguardando.

— Preciso falar com você, Laura. – disse o rei se aproximando da enfermeira.

— Pode falar. – falou Dinah arrumando a bolsa em seu ombro.

— Quero agradecer por tudo o que você está fazendo por Mera e...

— Já falou com o alto conselheiro em relação a esse casamento arranjado? – interrompeu Dinah já impaciente com a ladainha frívola do rei.

— Vou falar com ele... Ainda mais com tudo o que aconteceu com Mera...

Dinah deu um sorriso e disse:

— Sabia que isso o tocaria. Mas agora preciso ir. Qualquer coisa pode me ligar.

— Obrigado por tudo – agradeceu o rei.

Em seguida Dinah deixou o palácio de Atlantis indo em direção à superfície com o submarino especial.

(...)

Já na praia de Southwold, Dinah caminhava pela areia com os pés descalços, segurando seus sapatos com uma mão e sua bolsa na outra. Olhava para o mar e pensava em Mera, na sua dor em ser traída, mas também vinha à lembrança do que tivera com Sub zero. Desde a morte de Queen, Dinah não firmara um relacionamento com ninguém, pois achava que nenhum homem chegaria aos pés de seu finado esposo. Mas essa concepção havia se alterado após conhecer o ninja Lin Kuei, sentia vontade de sempre estar perto dele, de conhecê-lo mais.

Quando Dinah estava próxima de sair da faixa de areia e pisar o calçadão, sentiu que alguém levemente puxava sua bolsa. De ímpeto ela puxou a bolsa e ao virar para trás se deparou com Sub zero que ainda segurava sua bolsa com força.

— Só quero ajuda—la a carregar, está muito pesada.

— Sub zero – disse Lance soltando a bolsa – não sabia que era você.

O ninja respirou fundo, colocou a bolsa de Lance em seu ombro e a acompanhou no caminho para uma estação de trem. Os dois caminhavam em silêncio até que Dinah disse:

— Desculpa.

Sub zero a olhou e perguntou:

— Desculpa pelo que?

— Você deve pensar que eu sou muito atirada pelo que aconteceu hoje.

Um sorriso se formou nos lábios do ninja ao se lembrar do episódio daquela tarde. Olhando para frente soltou:

— Não achei você atirada em momento algum.

Dinah voltou o olhar um pouco surpresa para o ninja, pois temia em acha-lo conservador ou que não quisesse falar sobre o assunto. Ele continuou:

— Acabamos nos entregando a um clima propício. Somos adultos e sem compromissos com ninguém...

Dinah sorriu e disse:

— Esperava outra reação sua.

— Meus amigos falam que sou uma caixinha de surpresas.

Os dois não perceberam, mas já estavam bem próximos a estação do trem que levaria Dinah para Londres.

(...)

Kara Zor-El foi deixada em uma sala separada na sede do regime. Olhava os móveis, os quadros e demais objetos com atenção e estava vislumbrada com a arquitetura de cada móvel daquele lugar. Quanto será que custou tudo isso? Mas os seus pensamentos estavam presos na cena de sua chegada ao Hall da Justiça. Ao lembrar-se das súplicas de Jordan para que ela não fizesse esse sacrifício, algumas tímidas lágrimas começaram a brotar. Mas ela logo limpou, não queria demonstrar algum sinal de arrependimento ou medo.

Diana adentrou na sala fazendo Kara se levantar do sofá de ímpeto.

— Kal quer falar com você em particular. Vou te levar até ele.

— Você sabe sobre o que ele quer conversar?

— Ele não me adiantou nada. – disse a amazona fazendo um sinal com mão para que ela saísse primeira da sala para a porta ser fechada

Kara saiu da sala acompanhada da Diana que ficou calada durante uma caminhada pelo grande corredor da sede.

De repente as duas foram interceptadas por Cyborg que aparentava certo nervosismo em sua feição.

— O que há com você, Stone? – perguntou Diana atônita.

— O alto conselheiro está chamando vocês duas na sala dele.

— Ele disse o que é? – voltou Diana a perguntar – Ele me passou a tarefa de levar Kara até ele para conversarem em particular.

— Sei que o alto conselheiro está bem irritado. Apenas me pediu para chamar vocês duas.

Diana saiu na frente deixando Kara e Cyborg para trás.

— O que aconteceu, Victor? É com relação ao Batman? Ou é sobre o meu... casamento?

— Eu queria saber... Nessas horas eu sinto falta do Jon J’onzz.

— Quem é ele? – perguntou a kryptoniana.

— Um marciano telepata. Seu priminho o matou há uns cinco anos atrás.

Em seguida ele seguiu em direção a sala do alto conselheiro. Kara também o seguiu com uma ponta de angústia em seu peito.

. Ao chegar frente a sua mesa os três puderam vê-lo olhando a janela, sua capa de cor encarnada dançava ao ritmo do vento que entrava pela janela aberta.

— Estamos aqui, Superman – disse Diana após um longo suspiro.

Kal se virou para eles e seu rosto mostrava grande ira, nisso Kara e Stone chegaram na sala quase juntos e se sentiram um pouco intimidados com a feição de Kal, mas Kara fez questão de não externar isso.

Superman olhou para Diana e disse:

— Sem pestanejar, Arthur desistiu do casamento.

Diana engoliu seco e perguntou:

— Ele disse o motivo?

— Vá a Atlantis e converse com ele pessoalmente. Tente o convencer de que está cometendo um erro.

Kara comemorava por dentro, mas temia que seu primo pudesse cometer mais um crime agora contra o próprio rei de Atlantis.