Save Me

Em um lugar escondido


Faz alguns meses que Kara não tinha aquela sensação do vento batendo em seu rosto, mesmo que ela ainda não conseguisse voar por conta própria já sentia a liberdade em suas mãos, algo que seu amigo Nuclear não pode desfrutar em seus últimos momentos de vida. Não queria imaginar o alvoroço que seria ao descobrirem sua fuga, ela queria desfrutar da liberdade que lhe fora dada de uma hora para outra.

Estelar e Supergirl sobrevoavam a América Central enquanto o sol despontava no horizonte. Olhando para o arrebol Kara perguntou:

— O seu nome é Estelar mesmo? O é só um apelido? Pelo visto você não é da Terra.

A morena sorriu e respondeu:

— Sou Koriand’r, princesa do planeta Tamaran, mas fui vítima de um complô feito pela minha irmã Estrela Negra, acabei sendo exilada para a Terra e virei mais uma heroína do seu mundo.

Kara queria corrigi-la e dizer que não era terráquea, mas resolveu guardar suas palavras. Soltou uma risada e perguntou:

— E quem te mandou me resgatar?

— Você logo descobrirá! – dizendo isso Estelar diminuiu a sua altitude bruscamente e desceu uma floresta equatorial amazônica. Kara sentiu o chão em seus pés novamente, sentia que os seus poderes estavam voltando quando sentiu os tímidos raios de sol atravessar as folhagens das árvores. Ela sentia um vigor novo, enquanto caminhava com Estelar, que sorria enquanto via sua nova amiga esticando os braços para o alto dizendo:

— Estou voltando quem eu sou.

A garota de Krypton observava as árvores frondosas da floresta amazônica, pássaros das mais diversas espécies cantando cada um com sua melodia que deixava-a encantada. Estelar e Kara caminharam até uma clareira onde havia uma casinha de sapê, que parecia muito aconchegante. Elas chegaram à porta da casa, Estelar bateu levemente na porta e uma mulher ruiva de olhos esverdeados atendeu.

— É esta que vocês queriam? – perguntou Estelar com um sorriso nos lábios.

Hera sorriu para kryptoniana e disse:

— Que bom vê-la sã e salva.

Em seguida abriu a porta e permitiu que os outros a vissem. Harley soltou um grito estridente:

— Loirinha!

E foi correndo abraçá-la, trazendo-a para dentro da casa. Estelar fechou a porta atrás de si e disse:

— Foi mais fácil do que imaginei neutralizar a guarda da prisão.

— Você usou bem o gás que formulei – disse Espantalho sentando em uma cadeira próxima.

(...)

Kara acordou depois de completar o seu sono atrasado. Ao lado da cama Selina colocava uma bandeja com uma vitamina de frutas e alguns pães feitos de centeio.

— Que bom que a garotinha de aço acordou bem na hora.

A kryptoniana se levantou assentando-se na cama e deixando os braços sobre suas pernas. Disse com um sorriso:

— Pensei que a minha fuga fora apenas um sonho.

— Estou muito feliz por estar conosco, Kara – disse Selina colocando a bandeja do café da manhã sobre as coxas da jovem - Estelar veio na hora certa, pois não tínhamos ideia de como resgatá-la.

— E onde estão Barry e Hal?

Kyle respirou fundo e disse:

— Fugiram para OA, onde fica a bateria central dos Lanternas Verdes. Nossa comunicação com eles é muito restrita e estou preocupada com Hal.

— O que tem ele?

— Seu primo quebrou a mão dele no dia da invasão de Brainiac.

Kara sentiu um aperto em seu coração e sentiu uma parcela de culpa devido a tal delito. Depois de beber um gole da vitamina perguntou:

— E vocês não foram para OA ainda?

— Estelar chegou a poucos dias e a primeira missão que demos a ela era te resgatar. Agora com vocês duas aqui podemos manda-las para lá.

— Seria uma honra. – disse Kara sorrindo.

Selina sorriu também para a jovem, mas Kara percebeu que não havia um olhar triste na amiga. Sabia que era por causa de Bruce, ela o amava, mas lamentava por ele estar “enfeitiçado” pelo Superman. Kara segurou uma das mãos de Selina e disse:

— Eu sinto muito pelo Bruce.

A Mulher-Gato baixou a cabeça e as lágrimas vieram. Supergirl a abraçou e Selina continuou entrecortada pelos soluços:

— Ele foi muito cruel com o Nuclear... Não precisavam transmitir a morte dele pela TV. Bruce morreu pra mim.

Kara a abraçou com mais força, sentiu as lágrimas descerem pelos seus olhos ao imaginar aquela morte horrenda. Apenas dizia para Selina:

— Não foi Bruce que o matou.

(...)

Depois que todos almoçaram, Harley pediu que todos ficassem na mesa para uma pequena reunião que precisava fazer com o grupo e eles permaneceram. Nem todos puderam sentar, a mesa era pequena e a maioria ficou ao redor da mesa. Com seu jeito de sempre, a ex-companheira de Coringa se pôs de pé e disse com sua voz estridente:

— Como podem ver, conseguimos resgatar nossa loirinha! Mas o monstrengo alien já está atrás dela junto com sua trupe.

Atrás de Harley tinha um televisor antigo e ela o ligou saindo da frente dele e deixando todos verem a notícia de plantão. O sinal não era muito bom, mas se podia ver Superman dando um discurso a nível mundial falando sobre o desaparecimento de sua prima e que daria uma recompensa bem generosa para quem a encontrasse. Kara não estava prestando atenção em nada o que ele falava, mas em sua expressão maquiavélica e um olhar de fúria, aquele olhar bondoso e cheio de esperança foi embora com Lois. Ao lado dele estava a Mulher-Maravilha com seu jeito imponente e do outro lado Batman com seu olhar vidrado e sem vida. A garota de aço respirou fundo e engoliu o choro que vinha, sentiu a mão peluda de Cheetah sobre seu ombro e sua voz rouca dizer:

— Temos que ter fé que isso irá acabar.

Kara assentiu fazendo um sinal afirmativo com a cabeça. Harley desligou a TV e disse:

— Sei que é muito arriscado, mas precisamos trazer o Lanterna e o Flash para cá.

— Como faremos isso? – perguntou Deadshot - Se já estamos encrencados com a prima do vilão aqui.

— Calma, queridinho! – disse Harley com seu sorriso sarcástico – Precisamos dos dois para tirar o Morcego daquela hipnose.

— Fique tranquilo – disse Hera acariciando o ombro de Deadshot – temos todo um plano no papel para derrubarmos o Superman. Precisamos agora que Estelar e Supergirl busquem nossos amigos em OA.

— E quando iremos? – perguntou Estelar.

— Hoje à noite! – falou Quinn enquanto lixava uma de suas unhas. – O nosso foco agora é trazer os meninos para cá.

— Certo! – disse Supergirl se aproximando de Estelar – Vamos nos preparar.

(....)

A noite chegará naquele lugar que poucos sabiam onde era. As corujas piavam e os sapos coaxavam em uma lagoa próxima. Kara estava sentada em um banquinho de madeira tosca pensando: “Até os pássaros estão lamentando a dor que esse regime está trazendo ao mundo.”. Tentava não pensar que sua cabeça estava valendo ouro para o governo, lembrou-se de tudo o que passara nas mãos de Diana no tempo em que tivera em cativeiro e sentia um embrulho em seu estomago. Harley se aproximou dela e disse pousando a mão em seu ombro:

— Quem diria que heróis e vilões se uniram dessa forma?

— Tudo por uma boa causa – disse Kara com um sorriso forçado.

— Vocês partirão daqui a duas horas. – dizendo isso Harley saiu para pegar um chá.

Kara olhava para as estrelas e disse:

— Só queria que isso fosse um pesadelo.